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segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Curiosidades 45 : Excelência e Senhoria


Sempre foram muito ciosos dos seus direitos e respeitadores de regras estritas de tratamento, os nobres portugueses, mas não o seriam menos os castelhanos. Era ponto assente, pelo menos para os lusitanos, que apenas o duque de Bragança tinha direito ao tratamento de Excelência, durante a dominação filipina (1580-1640). Já no séc. XVII, o duque de Bragança, D. Teodósio (1568-1630), dirigiu-se por escrito ao vice-rei de Portugal, conde de Salinas e marquês de Alenquer, tratando-o por: Senhoria.
O vice-rei ficou furioso e respondeu, tratando o duque da mesma maneira. Aquando da recepção desta carta, e vendo o tratamento que o vice-rei lhe dera, D. Teodósio deixou cair a carta para o chão e proibiu que os criados a apanhassem, exclamando: "E dizei ao marquês de Alenquer que, quando os seus avós eram lavradores na Chamusca, os meus estavam já cansados de serem reis de Portugal!"

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Pinacoteca Pessoal 11 : o Fresco do Tribunal de Monsaraz


Encantámo-nos com o que vem de fora, raramente nos apercebemos da beleza que temos cá dentro. É, no fundo, o nosso lado pequenino e saloio, fruto, também, de alguma ignorância e fácil deslumbramento. Não serão muitos os exemplos de pinturas murais, antigas, em Portugal. Se, à escolha, juntarmos alguma exigência estética, o número reduz-se, quanto a mim, drasticamente. O Norte, obviamente, é mais rico em frescos. Estou a lembrar-me da igrejinha de Bravães, da de Serzedelo, da igreja de Nossa Senhora da Azinheira de Outeiro Seco, perto de Chaves. E dos frescos do "Pintor delirante" que, actualmente, se guardam no Museu Alberto Sampaio, em Guimarães (ver poste de 10/11/2010).
No Sul predomina, em qualidade evidente, o fresco do antigo Tribunal de Monsaraz, representando o bom e o mau Juiz (questão actual e pertinente), com os respectivos símbolos circundantes. Gosto muito deste fresco, confesso. Por várias circunstâncias e indícios, é possível datá-lo, com bastantes probabilidades, da última década do século XV. E, muito possivelmente, terá sido uma encomenda de D. Jaime, duque de Bragança que, após a morte de D. João II, regressou a Portugal. Infelizmente, da pintura mural, não se conhece o nome do autor. Mas, pelas imagens que reproduzo neste poste, creio ser possível avaliar a qualidade, elegância estética e profissionalismo deste Pintor desconhecido.  

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Civilidade (11) : tratamentos (2)



Sempre foi preocupação maior dos portugueses, o tratamento e suas regras de etiqueta, entre si. Vários escritores e tratados de civilidade falam disso e até especificam, cuidadosamente, a hierarquia dos tratamentos que se devem usar. Poetas abordam também o assunto e o Abade de Jazente, em vários sonetos, fala deste tema ("...Porque vai querendo huma Excellencia/ Quem tinha a senhoria porventura."). Era frequente, pelo menos até há pouco tempo, o estudante universitário que chegava a Coimbra, mesmo sendo caloiro, ser logo tratado por "Senhor Doutor" pelos comerciantes e demais nativos da Lusa Atenas. O tratamento de "Sr. Engenheiro" ou "Sr. Doutor", ao contrário dos países de cultura anglo-saxónica, era ( e é, ainda hoje, muitas vezes) requerido pelos seus detentores de grau académico, para disfarçar porventura a vulgaridade banal dos mesmos. E, isto, já vem de muito longe, em Portugal. O Conde de Sabugosa no livro "Neves de Antanho" conta um episódio interessante e curioso ocorrido entre a Duquesa de Aveiro e o Duque de Bragança. Segue: a Duquesa de Aveiro "conversando um dia com o Duque de Bragança, D. Theodosio, lhe ia dando no decorrer da palestra o tratamento de «Vossa Senhoria». Elle dissimulou cortezmente o despeito, mas na despedida disse-lhe sorrindo: «Advirta Vossa Excellencia ( e sublinhava o tratamento) que cada um dá o que tem comsigo». Ora, n'esse tempo, só a casa de Bragança tinha «Excellencias» de juro."