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segunda-feira, 11 de novembro de 2024

Aniversário

 


Plagiando o que disse o poeta espanhol Antonio Machado: o caminho fez-se andando. Quinze anos de vida do Arpose, contabilizando 13.182 postes registados, até hoje, no blogue.

quinta-feira, 19 de setembro de 2024

Dos "Provérbios e Cantares", de Antonio Machado, em versão portuguesa



 XXXVI

Fé empirista. Nem somos nem seremos.
Todo o nosso viver é emprestado.
Nada trazemos; nada levaremos.
...

LXII

Para dar trabalho ao vento
cosia com fio duplo
as folhas secas da árvore.


Antonio Machado (1875-1939).

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Uma década


Olhando para trás, parece-me pouco mas, se memorizar a ocasião (noite de 11/11/2009), sei que muitas coisas ocorreram entretanto, por aqui e pelo mundo, algum (muito?) trabalho se foi fazendo no Arpose, sem muito alarde, sem muita estridência, paulatinamente, como Antonio Machado dizia...
Também criámos vivos contactos, enriquecedores diálogos, amáveis conversas. Até, nalguns casos, relações muito próximas da amizade. E também perdemos, nestes dez anos, alguns e algumas seguidoras e seguidores, que nos eram bastante chegados.
Dos Blogues que seguíamos, mais de metade ficaram pelo caminho. Ainda mais alguns arrastam uma existência residual ou moribunda, penosa de se ver e mais do que rara nas espaçadas aparições.
Nós, cá vamos andando, cada vez mais claudicantes, mas  já contando, nestes 10 anos, 10.925 postes (com este último) publicados.
Até quando?

P.S.: Ao S. Martinho, de hoje, invocativo, preferimos esta simpática coruja de Edward Lear..:-)

sábado, 11 de novembro de 2017

8 anos : um balanço


Há quem leve o seu blogue a sério, quem o leve a brincar. Quem lhe ponha exigência e quem  se balde, de forma ligeira, divertida ou, às vezes, infantil.  Eu lembro-me quase sempre de Ricardo Reis: "...põe quanto és no mínimo que fazes." E, às vezes, é quase um castigo para lançar mais um poste no Arpose. Mas já lá vão mais de 9.500 postes, nestes 8 anos de exercício, até agora consistente. Como dizia Machado : o caminho faz-se andando. Não hipoteco nem comprometo o futuro por estados de alma momentâneos, nem por restrições à minha liberdade. Até porque as compensações de uma exposição pessoal, em visitas e comentários retributivos são pouco mais do que exíguas. Mas também mal vai quem, sendo minimamente generoso nas partilhas, espera gratificantes recompensas.
Já vi muita gente desistir, no decurso destes 8 anos. Dos 11 blogues que acompanho, vários se apagaram e outros são bissextos, presentemente, ou asseguram uma presença activa meramente residual, que parece prognosticar a morte absoluta a médio prazo. (Entretanto, vou seguindo mais 5 blogues, de forma livre e descomprometida - por não os ter inscritos - para compensar o vazio deixado...) Pragmaticamente, também não quero omitir a realidade crua dos números: o Arpose, que já teve uma média de 360 visitas, tem hoje pouco mais de 70 visitantes diários, dos quais apenas 11 ou 12 são presenças fiéis e constantes, todos os dias. Assim seja! Porque a vida também é isso - uma espécie de ilha com mais melancolia do que júbilos e com mais ligeireza do que fidelidade.
E talvez a conquista maior, mais sábia e difícil de qualquer ser humano seja mesmo a modéstia do silêncio, como matriz suprema da Criação ou, em termos para-científicos, do momento antes do Big Bang inicial. Creio que ainda não estou preparado para isso. Assim, há que celebrar este 8º aniversário do Arpose, mas com singeleza.

segunda-feira, 10 de julho de 2017

Ressonâncias


A princípio foram os campos de Soria (Machado? Lorca? Jiménez?), pouco depois, o deste sabor de fruta inexistente, que se me perfilou, ostensivo, na corrente do pensamento.
Às vezes, subitamente, e sem que nada o pressentisse ou motivasse, somos suscitados por um verso, ou por uma cantilena. Melhor dizendo, convocados, porque é de voz que se trata.
Talvez por que a similitude do momento ou de uma situação se identifica com outra do passado. E o ritmo do coração é o mesmo, na sua batida sensível e humana.
Mas as palavras exactas muitas vezes se nos escapam e não ocorrem. Mesmo que tenham sido nossas. Temos, então, que ir à estante procurá-las. E recordar a sua perfeita exactidão original.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Um lustro, com poesia à mistura...


Como dizia Antonio Machado, "o caminho faz-se andando...", muito embora, e ao longo destes cinco anos, tenha havido encruzilhadas, esmorecimentos temporários, hesitações.
Lembrar Wordsworth (Five years have past; five summers with the length/ of five long winters! And again I hear...) não será bem o retrato do que tem sido, porque há, também, a benefício de inventário: 249.264 visitas, até agora, e 6.935 (com este) postes colocados.
Neste 5º aniversário do Arpose, quero agradecer as colaborações (directas e indirectas), manifestando a nossa gratidão a quem nos acompanha diariamente, e àqueles que, com os seus amigos comentários, nos vão estimulando a prosseguir.
Oxalá, daqui por 2 anos, eu possa vir a citar Camões: "Sete anos de pastor Jacob servia..."

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Música e Poesia LVI

Joan Manuel Serrat (1943) canta Antonio Machado (1875-1939).

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Antonio Machado, sobre Poesia


"O intelecto nunca cantou, não é essa a sua missão. Ele, no entanto, serve a poesia, recorda-lhe o imperativo do essencial. Mas as ideias do poeta não são categorias formais, cápsulas lógicas, elas são intuições directas do ser e que se transformam na sua própria existência; elas são por isso temporárias... O poeta professa, mais ou menos, conscientemente uma metafísica da existência, onde o tempo adquire um valor absoluto."

Antonio Machado (1875-1939).

quarta-feira, 27 de março de 2013

O araújo sulista volta ao local do crime


Eu dispensava bem esta visita torpe, mas ele lá vai insistindo, por inanidade mental, por falta de inspiração a ver se encontra alguma coisa para sugar. A penúltima vez, foi aquando da morte de Óscar Lopes. Mas, hoje, achei piada às, preguiçosas de intento, search words que dirigiu ao Google. Assim mesmo:
"torga escreveu no diário IV um pequeno poema que chamou fado do limoeiro" (sic).
O pachorrento do araújo é como o Jesus Cristo do Alberto Caeiro ("não consta que tivesse biblioteca") mas, pior do que isso, é não se querer incomodar a ir a uma biblioteca pública ou à BNP. O homenzinho não quer ter trabalho e prefere, refestelado e gordinho no seu sofá, que lhe sirvam as informações numa bandeja, para depois fazer um brilharete no seu blogue (agora muito mais cheio de imagens do que de palavras - sempre dá menos trabalho, com um vídeo à mistura...), junto dos pacóvios dos seus amigos. Mas o motor de busca, que não percebe nada de citrinos, encaminhou o araújo sulista para um poste sobre Antonio Machado (21/9/12), aqui no Arpose. Lá se foi a inspiração.
Se o copista nato trabalhasse um pouco, e não fosse um plagiador por vocação, abrindo o livro de Torga, na página 157, havia de encontrar o poema. Muito fraquinho, de qualidade, diga-se de passagem. E, com esta preciosa informação que dou ao araújo chupista, espero que ele - ao menos, por vergonha - me desampare a loja (Blogue) de vez, e para sempre.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Sobre Poesia, em geral, e Antonio Machado, em particular

Donde vêm os poemas? Se eu tivesse que dar uma resposta simples, diria que são provocados por um conflito interior que procura um equilíbrio exterior; que resultam do desejo humano de perpetuar um momento ou, nebulosamente, de uma violência íntima que exige expressão concreta. E do desejo, na sua forma mais ampla. Seja como for, os temas matriciais ou arquétipos com que se exprime um poema, não serão muitos e penso que os cinco dedos de uma mão chegarão para contá-los. Não os vou referir.
Há pouco mais de dois anos e meio (6/2/2010), traduzi para o amigo blogue Prosimetron um poema, de que gosto muito pela simplicidade aparente, de Antonio Machado (1875-1939). Tentei, cumulativamente, traçar uma explicação pessoal para o desenvolvimento criativo da poesia, assim: a Torre seria a Giralda (Sevilha), a dama seria Leonor Izquierdo (mulher do poeta, que morreu muito jovem), e o cavaleiro seria a Morte. Esqueci-me de referir, na altura, o peso da tradição, ou seja, o que fica do que passa.
Recentemente, tive conhecimento de uma canção sefardita, castelhana, do séc. XII, onde os genes do poema de Antonio Machado se podem, quase todos, encontrar. Não sei se o Poeta a conhecia. A canção está, aqui, num poste de 19/9/2012, e chama-se: En la mar hay una torre. Se substituirmos a dama pela pomba (paloma), a praça pelo mar e o cavaleiro pelo marinheiro, a sobreposição do tema é evidente. Porque, também, o desejo, instintos e preocupações do Homem se perpetuam, interminavelmente...
Segue o poema traduzido, de Antonio Machado, para cotejo:

A praça tem uma torre,
a torre tem um balcão,
o balcão tem uma dama, 
a dama uma branca flor.
Passou lá um cavaleiro
- quem sabe porque passou! -
e levou consigo a praça,
com sua torre e balcão,
com o balcão e a dama,
a dama e a branca flor.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Dos "Proverbios y Cantares", de Antonio Machado


XXXVI
Não é o eu fundamental
o que procura o poeta
mas o tu essencial.

LXVIII
Todo o néscio
confunde valor e preço.

LXXXVIII
O pensamento barroco
pinta línguas de fogo,
incha e complica o decôro.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Um soneto de Manuel Machado


Manuel Machado (1874-1947), que nasceu em Sevilha, era irmão mais velho de Antonio Machado. Ambos, poetas. Manuel formou-se em Filosofia e Letras. Sendo mais ortodoxo do que o irmão Antonio, trabalhou uma boa parte da sua vida como bibliotecário. O soneto que irei traduzir (Alfa y Omega) e transcrever, em seguida, insere-se num tema ou exercício intelectual que já tentara, como desafio, séculos atrás, Guilherme de Aquitânia quando inicia um poema a dizer que queria fazer uma poesia " de puro nada". Quevedo também aceitou o repto, num soneto bem interessante. E, entre nós, Alexandre O'Neill também não resistiu ao desafio. Entre o lúdico e o difícil exercício intelectual, aqui vai a tradução do soneto de Manuel Machado:

Cabe a vida inteira num soneto
começado com lânguido descuido,
e, apenas começado, já terá passado
a infância, imagem da primeira quadra.

Chega a juventude com o seu segredo
da vida, que passa, inadvertido,
e que se vai também, que já se foi,
antes de entrar o inicial terceto.

Maduros, olhando o ontem regressamos
magoados e, ansiosos, à manhã,
e assim o primeiro terceto dissipamos.

E, quando no último terceto entramos,
é para ver com experiência vã
que se acaba o soneto...E que nos vamos.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Antonio Machado : Provérbios e Cantares


XXIX

Caminhante, as tuas pègadas
são o caminho,mais nada;
caminhante, não há caminho,
faz-se o caminho ao andar.
Ao andar se faz caminho,
e, para trás, ao olhar
vemos veredas que nunca
se hão-de voltar a pisar.
Caminhante, não há caminho
senão os sulcos no mar.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

O castanheiro de Anne Frank, como motivo


O "Diário de Anne Frank" publicado pelo pai, em 1947, que foi o único sobrevivente da família - morta em campos de concentração - , foi um livro de leitura transversal a muitos jovens, e das obras mais traduzidas no mundo. Em Portugal, traduziu-o Ilse Losa, para a Livros do Brasil.
Na ausência de notícias mais importantes, o jornal "Público" de hoje, na última página, destaca e refere a morte definitiva e queda, motivada por uma tempestade em Amesterdão, do castanheiro secular que Anne Frank, quando escondida com a família, num sótão, para escapar aos nazis, via da sua janela. Fala dele, aliás, algumas vezes, no seu diário ("O castanheiro está coberto de flores e acho-o ainda mais belo do que no ano passado", 13/5/1944). Na sua existência limitada e claustrofóbica, em plena adolescência, era um sinal de beleza e mudança.
As árvores foram sempre portadoras de esperança, tiveram valores simbólicos e eram, muitas vezes, sinal de estabilidade e permanência na mudança (vida/morte), ao olhar humano, e apoio à imaginação devota. Da árvore de Jessé à figueira de Judas, do carvalho de Guernica (que inspirou a Wordsworth, em 1810, um poema: "Oak of Guernica! Tree of holy power..."), resistente ao bombardeamento de 1937, até à oliveira da Colegiada de Guimarães; do olmo de Antonio Machado ("Al olmo viejo hendido por el rayo / y en su mitad podrido...") à azinheira de Fátima, as árvores perpetuam-se no coração dos homens. Ou na adolescente e vibrante esperança de Anne Frank. Mas os homens envelhecem e morrem, algumas árvores conseguem ser centenárias e, mesmo, milenares. Parecem eternas aos homens, ou para usar palavras e lembrar Sá de Miranda:

"...Eu vira já aqui sombras, vira flores
vi tantas águas, vi tanta verdura,
as aves todas cantavam d' amores.

Tudo é seco e mudo; e, de mestura,
também mudando-m'eu fiz doutras cores;
e tudo o mais renova: isto é sem cura."

P. S.: para c. a., que anda a reler Sá de Miranda. E faz muito bem.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Laranjeiras de Machado



O poema de Antonio Machado (1875-1939), que vamos traduzir, está incluído no livro "Soledades" que abrange poesias ente 1899 e 1907. E é o primeiro editado pelo poeta.
A praça de laranjeiras em fogo
com seus frutos redondos e risonhos.

Tumulto de pequenos colegiais
que, saíndo em desordem da escola,
enchem o ar da praça sombria
da algazarra de vozes cristalinas.

Alegria infantil pelos recantos
das cidades mortas!
E alguma coisa do que nos foi ontem
vemos vaguear nas velhas ruas!

quinta-feira, 20 de maio de 2010

« Os poetas nunca mentem»



No seu livro "Poetas Españoles Contemporáneos"(Gredos, Madrid, 1969), e nas páginas dedicadas a Antonio Machado (1875-1939), capítulo "Los poetas nunca mienten"(pg.110), Dámaso Alonso(1898-1990) refere, e passo a traduzir:
"Na introdução às «Páginas escogidas» (edição Calleja), Machado escreveu: «É meu costume não voltar nunca ao que está feito e não reler nada daquilo que escrevi...». Vamos ver repetidas vezes quão inexactas são essas palavras. Mentia Machado? Não; aqueles que o conhecemos e o amamos sabemos como era incapaz aquela nobre alma de mentir ou fingir. Esses «prólogos» são sempre perigosos. É numa espécie de prólogo que Frei Luís (de León) fez esta afirmação: «... na minha mocidade, e quase na infância me cairam como de entre as mãos estas obrazinhas...». As «obrazinhas» são nada mais nada menos que as suas odes... Frei Luís, que através dos séculos em tantas coisas se pode comparar com Machado (em profundidade, altura e intensidade de inspiração), não era homem de mentiras. Quando um poeta fala da sua poesia, não lhe peçamos rigor; não: ele mergulha o seu olhar num vago mundo poético. Os dados mais inexactos - muita atenção, crédulos e probos investigadores! - são os mesmos que o poeta proporciona sobre a sua própria pessoa ou sobre a sua poesia. E tomai nota disto: um verdadeiro poeta nunca mente."

P. S.: para MR que gosta de Antonio Machado.

domingo, 16 de maio de 2010

Antonio Machado/ Patxi Andión/ Baltasar Garzón

Porque os cogumelos venenosos do franquismo, às vezes, voltam à tona.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Citações IX : Antonio Machado



Entre adágio e poema, Antonio Machado (1875-1939) incluiu, nos seus "Provérbios e Cantares" (XXIV), esta quadra plena de sabedoria:


"De dez cabeças, nove

investem e uma pensa.

Não estranhes que um bruto

se desunhe por uma ideia."