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quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Sentenças ou máximas de um velho códice quinhentista (3, e último)


18.
Que meios são as verdades
para perder os amigos!
Boas obras e amizades
têm as mesmas qualidades,
contém os mesmos perigos.

40.
Quem se louva ou se deslouva
dá de si prova bastante
de hipócrita ou d'arrogante.
Quem cala, a tempo se louva
mais que todo o bom falante.

45.
O acertar de repente
é dom mais que natural
e o cuidar é de prudente:
achar-se-á, raramente,
quem cuide sem acertar.

Nota: procedemos, uma vez mais, a algumas actualizações ortográficas.

domingo, 30 de dezembro de 2012

Sentenças ou máximas de um velho códice quinhentista (2)


10.
As vontades que apetecem
cousas que são da vontade,
alcançadas, aborrecem;
com muita mais brevidade
a mesma vontade esquecem.

14.
Perigosa ocasião
que a vida mais inquieta,
é muita conversação;
o fugir à multidão
sempre foi coisa mais certa.

17.
Que voz é tão pregoeira
do homem que faz e cala?
A que somente é vozeira
como trombeta grosseira,
nela só o vento fala.

D. Francisco da Costa, in Cancioneiro chamado de Maria Henriques.

Nota: procedeu-se a alguns ajustamentos ortográficos.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Sentenças ou máximas de um velho códice quinhentista (1)


1.
Quanto mais mundo envelhece
mais se entende que empiora,
quem mundo também conhece
e às suas leis obedece,
nele, está de si bem fora.
3.
Consolam palavras muito;
de grandes bens são o meio:
custam pouco e obram muito;
quem se dói do mal alheio,
no seu próprio fará fruto.
6.
Quem não sobe, pouco desce;
e não cai quem nunca salta;
quem não urde, pouco tece;
quem suas faltas conhece,
se não quer não cai em falta.

D. Francisco da Costa, in Cancioneiro chamado de D. Maria Henriques.

Nota: procedeu-se a algumas actualizações ortográficas.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Bibliofilia 71 : Cancioneiro




Feito com grande esmero tipográfico e com numerosas e importantes notas e indicações para a época, embora, hoje, desactualizadas, esta pequena obra, em tamanho, foi publicada, em Madrid, por Caetano Lopes de Moura (1780-1860), no ano de 1849. Mulato brasileiro, o patrocinador-mecenas chegou a ser médico pessoal de Napoleão, tendo acompanhado o Imperador francês, pelo menos, nas batalhas de Marengo e Wagram. Lopes de Moura teve vida atribulada e acabou por morrer em Paris, em más condições económicas, apesar de D. Pedro II, imperador do Brasil, lhe ter atribuído uma tença.
O livrinho, que não é frequente aparecer à venda, foi feito sobre o manuscrito da Biblioteca da Vaticana, e impresso por Alexandro Gomes Fuentenebro, rua de las Urosas, nº 10 (Madrid). Contém dois fac-similes do Cancioneiro original, de que se reproduz, em imagem, um. Terá pertencido a Angel Uriarte, ostentando o ex-libris do bibliófilo. O nosso exemplar foi comprado num leilão da Livraria Antiquária do Calhariz, no início dos anos noventa do século passado. Mas não tenho elementos que me permitam indicar o preço por que foi adquirido. O livro está encadernado e em magníficas condições de conservação.