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sábado, 7 de julho de 2018

Do que fui lendo por aí... 20


Quem frequenta a História, e com ela convive, conhece com certeza a expressão: "É fartar, vilanagem!", atribuida ao Conde de Avranches (1390-1449), pouco antes de morrer, seguindo o seu amigo das sete partidas, Infante D. Pedro (1392-1449), que antes falecera no desenlace trágico da batalha de Alfarrobeira.
A frase não estará correcta, porém. Assim como correm incorrectas as últimas palavras de Sidónio Pais, ao ser baleado à saida da estação do Rossio, em Dezembro de 1918. Perpetuou-se o dito: "Morro bem. Salvem a Pátria!", em tom épico. No entanto, corrigida por algumas testemunhas presenciais, a frase de Sidónio foi muito mais prosaica: "Não me apertem, rapazes!"
Quanto ao Conde de Avranches, e em abono da verdade, o melhor será dar voz ao licenciado Gaspar Dias Landim, na sua Crónica do Infante D. Pedro, que assim narra os últimos momentos do grande amigo de D. Pedro:

"... O Conde de Abranches, causa desta destruição, depois de por bom espaço ter pelejado e feito grande damno nos d'El-Rei (D. Afonso V), e tendo já recebido algumas feridas, vendo-se cançado, fraco e já desfallecido, tornou à sua tenda, e pediu de comer e ahi soube da morte do Infante (D. Pedro), dizendo logo que nunca Deus quizesse que elle lhe faltasse da promessa e voto que tinha feito de morrer com elle; depois de ter comido  e bebido, se tornou à batalha contra os d'El-Rei, que andavam encarniçados em dar mortes, e se lançou entre elles, fazendo algum damno, como vinha de refresco; mas tardou pouco que cahisse atravessado de muitas lançadas e feridas mortaes, e em lugar do doce nome de Jesus, que naquella ultima hora lhe podera ser de grande bem, acabou com estas palavras: Ora fartar, rapazes, e vingar, villãos." (pg. 114).

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Idiotismos 43


Ao que parece, no inglês norte-americano os hífens têm vindo a desaparecer, ultimamente, enquanto na Grã-Bretanha se têm mantido. O que tem provocado algumas reacções daqueles que costumam escrever para publicações dos dois países, devido às diferentes grafias.
Em Portugal o movimento, se calhar, vai em sentido inverso. Dei-me conta que o antigo regabofe, agora, para ser correcto, deve escrever-se: rega-bofe. Com hífen, portanto. Porquê, não sei, porque o facto já é anterior ao AO. Mas a palavra não deixa de ser curiosa, em si.
Entendida literalmente significaria: molhar os pulmões (bofe/bofes). Mas os dicionários registam que um rega-bofe é uma festa onde se come e bebe à farta ou, então: vida airada; mas também poderá significar folia ou divertimento em larga escala.
Pessoal ou subjectivamente, tenho rega-bofe como muito próximo do ad libitum da praxe académica coimbrã que gritado pelo chefe de trupe permitia que um infeliz caloiro fosse rapado totalmente, pelo grupo. Mas também me lembro do é fartar, vilanagem, que Álvaro Vaz de Almada, Conde de Avranches (1390-1449), pronunciou na batalha de Alfarrobeira, antes de se entregar à morte, lutando.