Consequência de uma pausa...
Sim, eu sei que sou uma desnaturada. Sei que fiz promessas e não as cumpri. Também estou ciente que inutilmente tentei organizar meu tempo a fim de escrever, no mínimo, uma vez a cada semana. Realmente, fracassei mais uma vez e, pior, não cumpri com as minhas palavras. Isso me deixa absurdamente chateada, mas de certa forma tenho o consolo de que o blog, no fundo, sempre foi uma maneira que eu encontrei de expor meus pensamentos para não fundir meu cérebro. Confesso que durante o ano de 2012 quase explodi minha mente com tantos pensamentos, tantas mudanças, tantos acontecimentos, tantas passagens e histórias na minha vida e, mesmo assim, não consegui escrever uma linha sequer. Muitas dessas vezes, nem mesmo tentei, em outras situações sinto que evolui meus métodos de escape e de todas as situações busquei um aprendizado e uma forma de crescer como ser humano.
Depois de tanto tempo impondo outras prioridades à minha vida é bem provável que tenha perdido minha maneira de escrever. O que é interessante, visto que a maneira é inerente a mim, logo, impossível perdê-la. Entretanto, como já foi dito, são muitos acontecimentos, muitas transformações para um ano só.
É engraçado como eu achava que me adaptava facilmente a qualquer situação, como me achava independente e madura para a minha idade. Em 2012 percebi que, realmente, sou bastante madura para minha idade se comparar-me a maioria dos meus colegas, porém, talvez não seja tão independente como esperava que fosse, principalmente se falarmos em independência emocional. Foram muitos momentos de fraquezas emocionais co-relacionados a problemas familiares, e são em momentos como esses que percebemos o quanto a menor distância um do outro pode parecer infinita. Além disso, é necessário acrescentar outro contribuinte às fraquezas emocionais: a adaptação a um novo ambiente, a um novo estilo de vida, a um novo método de estudo. Dei-me conta de que não é fácil simplesmente ir cursar uma faculdade de medicina em uma cidade totalmente desconhecida, na qual nem mesmo um parente você possui.
Então, eis que se passou um ano. Um ano pode ser pouco para muitas realizações e muito para outras, ainda mais em um mundo como o nosso que exige tudo da forma mais rápida possível, em que é tudo "para ontem" - muitas vezes esquecendo-se da qualidade -, entretanto, um ano foi suficiente para que eu amadurecesse mentalmente, para que mudasse minha perspectiva de vida, para que eu pudesse conhecer e re-conhecer outros estilos de vida, pessoas e ambientes, para que eu aprendesse a dar valor ao que deve e desapegar-me do desnecessário. Um ano passa rápido, muito rápido! Um ano voa e você nem se dá conta, quando vê está sentado numa tarde de domingo se perguntando "o que eu fiz desse ano na minha vida?". Pode ser que a resposta não seja o que você gostaria ou o contrário, pode ser que ao invés de responder com uma palavra, você sorria, e tenha certeza, sorrir é a melhor resposta. Sorrir é afirmar que seu ano foi ótimo, que você atingiu o esperado, e se não atingiu tentou, buscou, chegou perto, ou que simplesmente você se surpreendeu da melhor maneira possível com tudo o que ocorreu. Meu ano de 2012 teve mais lágrimas que sorrisos, contudo, muitos momentos de sorrisos valeram mais que muitas lágrimas que rolaram pelas minhas fartas bochechas. E, mesmo assim, apesar de todos os momentos de tristeza, o balanço final foi positivo, pois o que pude aprender em todo esse ano foi incrível, e, afinal, acho que é isso o que importa, de forma que 2013 seja diferente com base nos aprendizados passados, ou, que seja diferente trazendo-me outras fraquezas, outros acontecimentos inesperados que me tragam outros aprendizados. Como podem perceber, tornei-me uma pessoa mais forte também.
No decorrer de 2012 cheguei a pensar, na maioria do tempo, que estivesse perdendo minha essência, meu jeito de ser que construí ao longo de 19 anos. E, só hoje, percebi que não é bem assim - pode ser que tenha algo relacionado à "crise dos 20". A evolução não vem sozinha, ela traz consigo uma bagagem de experiências e fatos que te transformam de dentro para fora, para tanto, é preciso um tempo para se adaptar ao "novo peso", às novidades e, no meu caso, foi necessário um ano inteiro de ajustes até eu poder aprimorar o que carreguei comigo nesses 19 anos. Posso dizer que foi uma evolução brusca e sofrida, um ano foi pouco para tudo o que vivenciei e aprendi. Hoje, agora, nesse exato momento, sinto que minha alma está renovada, aperfeiçoada e que as coisas boas que possuía continuam, algumas ruins também, outras foram dispensadas e muitas chegaram sem nem pedir licença. Isso é ótimo, ninguém é perfeito. Como diz aquele clichê: "imaginem se todos fossem perfeitos?", concordemos que o mundo seria sem graça...
Mudanças positivas são sempre bem vindas, bem como momentos em que devemos parar um pouco algo em nossa vida para podermos subir mais um degrau. Por exemplo, um professor de língua estrangeira sempre deve parar um pouco de lecionar e tornar-se aluno novamente ou fazer uma viagem para que ao final suba um degrau quando retornar às salas de aula. Em sua maioria as transformações não são fáceis, mas são ótimas maneiras de aprendermos ao longo da vida. Uma vida patética, monótona não te traz muitos benefícios, pois é sempre tudo do mesmo jeito, é sempre um hábito, uma rotina. É preciso arriscar-se, buscar alternativas e enfrentar tudo o que chegar até você de mente e coração abertos, recebendo os fatos e transformando-os em ensinamentos sempre presentes. Antes disso, é necessário o reconhecimento do que realmente deve ser mudado, do que deve ser deixado para trás, do que deve se transformar apenas em lembrança, do que deve ser um aprendizado a ser repassado às próximas gerações, enfim, é necessário estar de olhos abertos para perceber todas as oportunidades e áreas de crescimento interior. Não é nada fácil, porém, pode ser a melhor coisa que aconteça em sua vida.
Dessa forma, quem sabe em 2013 eu consiga expor um pouco mais o que vivi em 2012 e estou vivendo no presente, afinal, muitos aprendizados devem ser compartilhados. Sinto que estou em débito e quero quitar o quanto antes. Assim, estou com novos planos para o blog nesse ano que já está no seu vigésimo sétimo dia - Uh lá lá, quase um mês!
P.S.: Pelo visto, textos grandes com vários assuntos misturados ainda são minha marca pessoal...
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domingo, 27 de janeiro de 2013
sexta-feira, 21 de setembro de 2012
"O Médico"
Consequência de uma pausa...
Como seria um médico perfeito, ou melhor, um bom médico para você?
Talvez não seja aquele que apenas medica, mas sim aquele que orienta, escuta, observa, distribui atenção e carinho, preocupa-se, doa seu tempo e seus pensamentos para que o melhor seja proporcionado ao próximo.
Romantismo da minha parte? Creio que estamos muito mal acostumados com os ruins, de forma que os bons não estão tendo a visibilidade e os devidos merecimentos. Existem inúmeros espalhados mundo afora, e eu tenho o maior prazer em ter contato com muitos professores bons médicos na minha faculdade, os quais sabem orientar e ensinar seus alunos os caminhos a serem seguidos para tornarem-se médicos humanos, e não médicos, apenas. Vale ressaltar que eles ensinam, tentam, estão dispostos a isso, no entanto, nem todos os alunos estão dispostos a receber essas orientações e a levá-las à sua prática.
Médico qualquer um que se forma pode ser, mas ser médico, ser um médico humano, é diferente, nem todos têm esse dom, nem todos são capazes ou estão aptos a tratar o próximo como gente igual a ele, como um ser humano que está sofrendo, que precisa de apoio, de auxilio, de ajuda, que precisa de alguém ao seu lado. E mesmo que o melhor não possa ser feito, que não exista condições, garanto que o esforço e a força de vontade em levar saúde - psíquica e física - para as pessoas já valem o bastante para ser reconhecido como um bom médico.
Pergunto-me, às vezes, o que me levou a querer ser médica. Por enquanto acredito que seja por gostar de conviver, por gostar de gente, por gostar de ajudar os que precisam, por sentir prazer em um sorriso recebido após um ato por mais simples que seja. Hoje, por exemplo, tinha um seminário de microbiologia para ir, fiquei esperando o elevador, e assim que a porta abriu, duas senhoras de idade, uma de muleta, inclusive, apareceram a minha frente, dei um sorriso e um bom dia, e fui retribuída com outros sorrisos e bom dias, com carinho, elas sentiram-se a vontade para me perguntar onde poderiam fazer o exame de ultrassom. Acho que é por aí que um bom médico é formado, quando as pessoas se sentem a vontade com ele, pois vejo e tenho contato, diariamente, com pessoas que não se interessam pelo próximo, que são indiferentes à dor de quem está ao seu lado e mesmo assim estão cursando medicina. O que as trouxe aqui? Dinheiro e status são as primeiras palavras que me vêm à mente. Estudantes de medicina que acham ruim ter contato com gente, que reclamam das práticas médicas na comunidade que temos durante o curso inteiro, que não se dão "ao trabalho" de desejar um bom dia aos pacientes que cruzam nos corredores do prédio em que temos alguns seminários, não deveriam ser estudantes de medicina. Apesar de tudo, ainda tenho esperanças de que durante esse processo em que são simples estudantes possam amadurecer e repensar suas atitudes.
Um bom médico não se faz sozinho, um médico só se torna bom médico com a ajuda dos pacientes, é um trabalho construído aos poucos, a cada consulta e, principalmente, juntos. Não imagino como seja perder um paciente, mas creio ser muito doloroso. E como se portar diante de tal acontecimento? Nosso médico da obra de arte observa, expressa tristeza, dúvida, talvez aquela sensação inacreditável de impotência, de que quem comanda tudo ainda é Deus, compartilho minha ideia sobre isso assim que estiver ganho mais experiência...
O interessante é que o bom médico também é relativo, de acordo com cada paciente. Quem nunca foi à um médico por indicação de um amigo ou parente e saiu do consultório decepcionado porque não foi o que esperava? Isso acontece, não é porque é um bom médico para um que será para todos, assim como, não são todos que estão prontos a receber os cuidados de um médico, seja ele bom ou não.
O que é ser bom ou ruim? O que é normal ou anormal? São questões próprias a cada um de nós, com certeza, entretanto, educação, respeito e dedicação ao próximo devem ser constantes. Tornam não só o médico bom, e sim toda a humanidade boa. E, tudo o que é trabalhado em conjunto, em sintonia, com vontade de todas as partes, possui chances de dar mais resultados positivos, satisfatórios. Acho que falta um pouco de coragem por parte dos próprios pacientes, em dizer ao médico o que está achando da consulta, o que achou disso ou daquilo. Pois saibam, médico não é o Deus na Terra, médico é um instrumento de Deus, assim como qualquer outra pessoa, de qualquer que seja a profissão, ele pode estar errado. Ele também é humano e tem seus problemas, também precisa de alguém para auxiliá-lo, ouvi-lo. Então, se algum dia não estiver gostando da consulta, por que não ir aos poucos dando sinais de que algo está te incomodando, por que não desviar um pouco o foco daquilo que está te causando mal estar, por que não falar ao médico que ele está diferente, que você esperava isso e aquilo? Não são todos os médicos que estão dispostos a receber críticas de pacientes, embora eu pense que isso ajuda na construção da relação médico-paciente. Muitos deixam com que o status que a profissão ainda tem em meio a sociedade subam à sua cabeça, tornam-se arrogantes, prepotentes e "donos da verdade", o que é lastimável, visto que muitas pessoas estão deixando de receber os devidos cuidados, de ter uma boa relação com seu médico porque o mesmo acha que está acima de tudo e de todos, que não precisa melhorar em nada e que "quem não gostou que procure outro e vá se arrepender longe". Sinceramente, esses não são médicos, esses são pessoas que sabem a teoria e desconhecem a boa prática. E, para mim, é uma desculpa esfarrapada aqueles que dizem que não recebem incentivos para melhorar, que o "sistema" o faz agir de tal maneira, que a falta de um salário digno o deixa desestimulado...O.K., desestimula, porém, não a ponto de esquecer todos os princípios, de acreditar que os sofrimentos da pessoa a sua frente são menores que os seus.
Enfim, ser bom médico vai muito além de apenas cursar uma faculdade de medicina com boas notas, ser bom médico é uma construção ao longo do tempo, que depende não só do médico e também de todos os que o cercam, de sua criação, educação e caráter. Ser bom médico é um desafio. Desafio esse que merece ser aceito por todos os estudantes e solucionado com louvor. Rubem Alves tem minha admiração, ao menos como escritor e emissor de mensagens reflexivas e verdadeiras, que podem, inclusive, orientar estudantes que estão perdidos em meio a um mundo de conceitos tão deturpados quanto o nosso!
Como seria um médico perfeito, ou melhor, um bom médico para você?
Talvez não seja aquele que apenas medica, mas sim aquele que orienta, escuta, observa, distribui atenção e carinho, preocupa-se, doa seu tempo e seus pensamentos para que o melhor seja proporcionado ao próximo.
Romantismo da minha parte? Creio que estamos muito mal acostumados com os ruins, de forma que os bons não estão tendo a visibilidade e os devidos merecimentos. Existem inúmeros espalhados mundo afora, e eu tenho o maior prazer em ter contato com muitos professores bons médicos na minha faculdade, os quais sabem orientar e ensinar seus alunos os caminhos a serem seguidos para tornarem-se médicos humanos, e não médicos, apenas. Vale ressaltar que eles ensinam, tentam, estão dispostos a isso, no entanto, nem todos os alunos estão dispostos a receber essas orientações e a levá-las à sua prática.
Médico qualquer um que se forma pode ser, mas ser médico, ser um médico humano, é diferente, nem todos têm esse dom, nem todos são capazes ou estão aptos a tratar o próximo como gente igual a ele, como um ser humano que está sofrendo, que precisa de apoio, de auxilio, de ajuda, que precisa de alguém ao seu lado. E mesmo que o melhor não possa ser feito, que não exista condições, garanto que o esforço e a força de vontade em levar saúde - psíquica e física - para as pessoas já valem o bastante para ser reconhecido como um bom médico.
Pergunto-me, às vezes, o que me levou a querer ser médica. Por enquanto acredito que seja por gostar de conviver, por gostar de gente, por gostar de ajudar os que precisam, por sentir prazer em um sorriso recebido após um ato por mais simples que seja. Hoje, por exemplo, tinha um seminário de microbiologia para ir, fiquei esperando o elevador, e assim que a porta abriu, duas senhoras de idade, uma de muleta, inclusive, apareceram a minha frente, dei um sorriso e um bom dia, e fui retribuída com outros sorrisos e bom dias, com carinho, elas sentiram-se a vontade para me perguntar onde poderiam fazer o exame de ultrassom. Acho que é por aí que um bom médico é formado, quando as pessoas se sentem a vontade com ele, pois vejo e tenho contato, diariamente, com pessoas que não se interessam pelo próximo, que são indiferentes à dor de quem está ao seu lado e mesmo assim estão cursando medicina. O que as trouxe aqui? Dinheiro e status são as primeiras palavras que me vêm à mente. Estudantes de medicina que acham ruim ter contato com gente, que reclamam das práticas médicas na comunidade que temos durante o curso inteiro, que não se dão "ao trabalho" de desejar um bom dia aos pacientes que cruzam nos corredores do prédio em que temos alguns seminários, não deveriam ser estudantes de medicina. Apesar de tudo, ainda tenho esperanças de que durante esse processo em que são simples estudantes possam amadurecer e repensar suas atitudes.
Um bom médico não se faz sozinho, um médico só se torna bom médico com a ajuda dos pacientes, é um trabalho construído aos poucos, a cada consulta e, principalmente, juntos. Não imagino como seja perder um paciente, mas creio ser muito doloroso. E como se portar diante de tal acontecimento? Nosso médico da obra de arte observa, expressa tristeza, dúvida, talvez aquela sensação inacreditável de impotência, de que quem comanda tudo ainda é Deus, compartilho minha ideia sobre isso assim que estiver ganho mais experiência...
O interessante é que o bom médico também é relativo, de acordo com cada paciente. Quem nunca foi à um médico por indicação de um amigo ou parente e saiu do consultório decepcionado porque não foi o que esperava? Isso acontece, não é porque é um bom médico para um que será para todos, assim como, não são todos que estão prontos a receber os cuidados de um médico, seja ele bom ou não.
O que é ser bom ou ruim? O que é normal ou anormal? São questões próprias a cada um de nós, com certeza, entretanto, educação, respeito e dedicação ao próximo devem ser constantes. Tornam não só o médico bom, e sim toda a humanidade boa. E, tudo o que é trabalhado em conjunto, em sintonia, com vontade de todas as partes, possui chances de dar mais resultados positivos, satisfatórios. Acho que falta um pouco de coragem por parte dos próprios pacientes, em dizer ao médico o que está achando da consulta, o que achou disso ou daquilo. Pois saibam, médico não é o Deus na Terra, médico é um instrumento de Deus, assim como qualquer outra pessoa, de qualquer que seja a profissão, ele pode estar errado. Ele também é humano e tem seus problemas, também precisa de alguém para auxiliá-lo, ouvi-lo. Então, se algum dia não estiver gostando da consulta, por que não ir aos poucos dando sinais de que algo está te incomodando, por que não desviar um pouco o foco daquilo que está te causando mal estar, por que não falar ao médico que ele está diferente, que você esperava isso e aquilo? Não são todos os médicos que estão dispostos a receber críticas de pacientes, embora eu pense que isso ajuda na construção da relação médico-paciente. Muitos deixam com que o status que a profissão ainda tem em meio a sociedade subam à sua cabeça, tornam-se arrogantes, prepotentes e "donos da verdade", o que é lastimável, visto que muitas pessoas estão deixando de receber os devidos cuidados, de ter uma boa relação com seu médico porque o mesmo acha que está acima de tudo e de todos, que não precisa melhorar em nada e que "quem não gostou que procure outro e vá se arrepender longe". Sinceramente, esses não são médicos, esses são pessoas que sabem a teoria e desconhecem a boa prática. E, para mim, é uma desculpa esfarrapada aqueles que dizem que não recebem incentivos para melhorar, que o "sistema" o faz agir de tal maneira, que a falta de um salário digno o deixa desestimulado...O.K., desestimula, porém, não a ponto de esquecer todos os princípios, de acreditar que os sofrimentos da pessoa a sua frente são menores que os seus.
Enfim, ser bom médico vai muito além de apenas cursar uma faculdade de medicina com boas notas, ser bom médico é uma construção ao longo do tempo, que depende não só do médico e também de todos os que o cercam, de sua criação, educação e caráter. Ser bom médico é um desafio. Desafio esse que merece ser aceito por todos os estudantes e solucionado com louvor. Rubem Alves tem minha admiração, ao menos como escritor e emissor de mensagens reflexivas e verdadeiras, que podem, inclusive, orientar estudantes que estão perdidos em meio a um mundo de conceitos tão deturpados quanto o nosso!
segunda-feira, 23 de julho de 2012
"Doutores"
Um fato, no mínimo, engraçado é quando se entra para
a faculdade de medicina, os familiares já começam a fazer perguntas,
brincadeiras, os amigos e até mesmo os desconhecidos idem. E mais real e
engraçado ainda é o status que o estudante de medicina possui no meio
social, mesmo que ainda esteja no primeiro período...
Sempre tive muito contato com pessoas mais
humildes/de baixa renda. E não só o carinho e a fidelidade que elas têm pelos
que as tratam com respeito e afeto chama a atenção, mas também a forma como se
colocam submissas a estes que elas consideram superiores. Assim que cheguei de
férias no interior de Goiás fiz algumas visitas com meus pais, dentre elas,
fomos comer um frango caipira na casa simples de uma família muito querida pela
minha. Fui recebida com abraços calorosos, perguntas de como está a faculdade e
tratada como “Doutorinha”. Sempre respondo que não precisa falar assim, até
mesmo porque, atualmente, ainda faltam 5 anos e meio para eu ser uma médica
generalista, fora o tempo de residência e outros estudos. Só que as pessoas insistem
no vocativo, e argumentam da seguinte maneira: “ah, mas você tem que ir se
acostumando, e agora vai ser nossa Doutora né?!”.
No fundo, porém, eu entendo que isso é cultural, uma
tradição. Apesar de contestar o vocativo, acho bonito quando bem empregado,
porque é uma forma de prestígio, de orgulho que sentem por quem conseguiu "chegar lá". Não o acho necessário, entretanto, não fico contestando a todo
o momento quem assim me chama, até mesmo para não causar algum constrangimento
ou evitar mágoas. Nesse momento nada melhor do que sorrir, acenar e receber de mente aberta esse "elogio"!
Muitos estudantes de medicina acham-se melhores do
que os outros somente por cursarem medicina. O que também é cultural, afinal, as
turmas de medicina são as que têm as formaturas mais esbanjadoras e caras
(coitados dos meus pais) desde o início dos tempos, o curso mais caro, o curso
de mais prestígio e o mais aclamado pela sociedade. Porém, até que ponto isso é
necessário? Concordo que medicina é um curso magnífico, lindo, tanto que o
escolhi para ser meu futuro, ao mesmo tempo é difícil, duro e cruel. Para quem
ama de verdade, o retorno de todo o trabalho é o melhor e mais esperado, acredito
que poucas coisas são melhores do que receber um sorriso sincero após salvar
uma vida ou auxiliar no bem estar da pessoa, do que um abraço verdadeiro
ou do que ganhar um pote de doce de presente – como ainda acontece no interior.
Ah, sim, esqueci-me do dinheiro não é mesmo? Pois é, muitos estudantes ainda
são ingênuos ao ponto de entrar para a faculdade acreditando veementemente de
que sairão ganhando rios de dinheiro, esquecem-se do propósito da medicina, do
juramento de Hipócrates, do objetivo humanitário e, principalmente, do quanto
terão que “ralar” para conseguir essa quantia que tanto almejam. Um médico só
ganha rios de dinheiro logo no início se tiver muitas influências e QI (quem
indica), e olhe lá ainda! E mesmo assim, de qualquer maneira, terá que
trabalhar mais do que imaginava que fosse capaz de aguentar, terá que enfrentar
inúmeros plantões e adversidades, ou seja, terá que esperar para construir/fazer
reconhecerem seu nome, que não passa da consequência do seu trabalho.
Estudantes de medicina são apenas estudantes, como
outros quaisquer. Estão no mesmo barco dos estudantes de farmácia, biomedicina, fisioterapia, odontologia, direito, letras, música, engenharias e tantos outros cursos, pois estão todos aprendendo e fazendo acontecer para concretizarem seus sonhos, para no final poderem se orgulhar do canudo que encontrarão em suas mãos. Cursar medicina não os torna diferentes de ninguém, muito menos mais inteligentes ou melhores. Portanto, privilégios não se fazem necessários. Não é por
estudarem medicina que são superiores do que os outros. Em termos
informais, acho ridículo quem se acha melhor, o dono da verdade por estar cursando
medicina. E entendo que é a própria sociedade que constrói, conserta e reforma
esse pedestal para os estudantes, afinal, vivencio isso.
Essa história começa da tradição cultural presente na infância. Nasce uma criança e os pais já dizem: "esse(a) será nosso(a) futuro(a) Doutor(a)!". Incrustam na cabeça das crianças de que a melhor e maior profissão que existe em todo o mundo é medicina. Felizmente, medicina não é a melhor, muito menos a maior, é apenas uma dentre tantas profissões que move o mundo, a humanidade. Na verdade, ela só é a melhor e a maior para quem é capaz de amá-la com toda a verdade e a sinceridade que existe em seu coração. Enquanto adolescentes, na fase de escolha da profissão, soma-se a cobrança que surge por parte das escolas e cursos pré-vestibulares. Segundo a maioria dessas instituições, medicina é o melhor e maior curso também, já que quanto maior o número de aprovações em medicina maior a publicidade e maior o retorno financeiro para elas. Como podemos perceber, ainda hoje as pessoas possuem essa ideia deturpada sobre a medicina, pois ainda hoje as pessoas tratam diferente os estudantes de medicina e os médicos propriamente ditos, e enquanto houver esse tratamento diferenciado, haverá quem faça de tudo para ter um filho médico, mesmo que forçosamente a partir de ideias errôneas e vergonhosas.
É incrível a vaidade de muitos estudantes de
medicina. São capazes de deixar de fazer algo ou achar que os outros o devem
fazer por ser um futuro médico. Repletos de “não-me-toques” e frescuras.
Acham-se, ainda, no direito de enfrentar tudo e todos. Também acreditam que o
mundo inteiro deve saber que eles estudam medicina. Alguns insistem mesmo cursando os períodos iniciais do curso em sair dizendo "sou médico". Vale ressaltar que o número
de estudantes de medicina que estão na faculdade ou no curso pré-vestibular em
busca dessa vaga devido ao retorno financeiro e status social é, geralmente,
maior do que o número de quem cursa medicina por aptidão e amor. E isso se
torna cada vez mais claro à medida que conheço estudantes de medicina em
faculdades particulares. Ah, ainda existem aqueles que só estão seguindo essa
carreira porque os pais, os avôs, os tios e os primos também o fizeram, como se
a aptidão passasse de geração a geração...
Dessa forma, constato que o estudante de medicina
têm razões socioculturais para engrandecer a si próprio, ao contrário, também
constato que a criação que os pais dão ao filho faz toda a diferença. Devo dizer
que ao longo desse tempo e da minha trajetória também conheci pessoas
indescritíveis, de enorme capacidade para amar a profissão, os estudos e os
seres humanos, até mesmo porque, se a pessoa não gosta do ser humano, não devia
ser médica.
Enfim, cursar medicina é indescritível, como qualquer realização de sonho, porém, isso não me torna melhor do que os demais, pelo contrário, me torna cada vez mais e mais humana - em seu sentido positivo -, mais e mais aprendiz. E não é por cursar medicina que vou exigir que me atendam melhor, que me garantam privilégios, que me chamem de doutora, visto que doutora só serei quando concluir um doutorado. Ser médico não significa ser melhor do que os outros ou ter privilégios, significa amar ao próximo de tal maneira que você seja capaz de doar-se a ele. Porque para mim medicina é doação, enquanto não houver doação por parte do médico não haverão ótimas consultas, ótimos tratamentos e pessoas saudáveis. Medicina é realmente para poucos, lamentavelmente muitos "poucos" não merecem, mas quem merece deve lutar até o fim, porque eu acredito - como paciente e como estudante - que são esses que fazem a diferença.
domingo, 24 de junho de 2012
Novos horizontes
Em praticamente um semestre fiz tantas descobertas que seria incapaz de transcrevê-las em poucas linhas. Descobri mais sobre o mundo e, principalmente, sobre mim. Percebi que nada acontece do dia para a noite, que cada decisão deve ser feita com todo o cuidado necessário e que muitos acontecimentos têm motivos para assim o serem, por mais que nos faça sofrer ou que acreditamos serem meras coincidências ou, ainda, que imaginemos ser ações do destino.
Não é fácil sair da nossa zona de conforto e partir rumo a experiências totalmente desconhecidas, como também não é bom seguir sempre pelos mesmos caminhos e não promover mudanças em nossas vidas. Nesse meio tempo aprendi o quanto é bom fazermos transformações, nem que seja no corte de cabelo, no estilo de roupa, ou, que seja, uma mudança para a vida inteira.
Sair de casa, por exemplo, é para muitos sinônimo de liberdade, mas será mesmo? Creio que é o contrário, nos tornamos mais presos do que antes. Quando se é jovem, tem-se muitas expectativas - e ilusões - em relação aos sonhados 18 anos de idade, ao momento de entrar para a faculdade e por aí vai, porém, não dos damos conta de que 18 anos não passa de uma idade simbólica de tempos passados, ainda mais se acompanhados da entrada na faculdade, até mesmo porque, a maioria dos jovens de classe média à alta não precisam trabalhar para se sustentarem, e assim, continuam dependendo dos pais. Outro fator importante, que mostra que ainda mantemos laços com o que deixamos para trás e não estamos nem um pouco livres, é a saudade, que aos poucos vai nos corroendo por dentro, apertando o coração e nos deixando engasgado com músicas e fotos icônicas. Entretanto, o cordão umbilical é cortado de vez e, para muitos, repentinamente - diferente do meu caso, que foi aos poucos, primeiro uma distância de 170km, com caronas praticamente diárias caso eu quisesse e familiares espalhados por toda a cidade, agora, uma distância de aproximadamente 950km, sem caronas e nem mesmo conhecidos na mesma cidade, é...pensando melhor, acho que a minha também foi um pouco repentina, só que de outra forma e já com outros pensamentos e um pouco mais de bagagem de vida, aprendizados.
Querendo ou não, ao sair de casa valorizamos mais nossa família, nossos amigos e todas as histórias que já vivemos e iremos viver. Aprendemos muito mais do que se permanecêssemos no mesmo lugar sempre, estáticos, sem ação, até mesmo porque, a maioria das histórias vivenciadas por nós, são frutos de atitudes - mais marcantes caso verdadeiras.
Além disso, amadurecemos. Mais do que somente amadurecimento, nos desenvolvemos através de responsabilidades antes não delegadas a nós, agora temos que saber equilibrar as finanças de forma que não passemos fome (mesmo que tenhamos que comer macarrão instantâneo às vezes) e também possamos nos divertir (nem que seja tomar um açaí com os amigos no final da tarde), temos que aprender a arte de equilibrar o tempo a fim de conseguir arrumar a casa, cozinhar, estudar todas as matérias e ainda dar uma saidinha no final de semana. Não posso me esquecer de um ponto primordial: saber conviver com pessoas de todos os cantos do Brasil - com as mais variadas características e criações - e com a pessoa com a qual você divide o apartamento. Porém, vou com calma, afinal, ainda não cheguei ao internato para saber como é conciliar tudo isso e ainda permanecer grande parte do tempo no hospital, subordinada a grandes profissionais e lidando com inúmeras vidas diariamente. Enfim, mais do que amadurecimento, é chegada a hora de nos tornarmos verdadeiros adultos, sair debaixo das asas dos pais e partir para o mundo com a incumbência de mostrar a todos tudo o que nossos pais nos ensinaram - e ensinam - ao londo dos anos, além do verdadeiro ser que somos/estamos construindo. Na realidade, alguns nem se importam com essa minha última opinião, talvez seja o tipo de criação, quem sabe a própria personalidade do indivíduo...mas isso fica para outro dia!
Permito-me concluir que sair de casa nos traz mais pontos positivos do que negativos, só devemos reconhecer o momento e a maneira certa para que essa atitude seja tomada, obviamente, de acordo com as opiniões dos pais. Talvez eu tenha esse pensamento porque já nasci com um instinto de liberdade e independência mais aguçado e, também, por ter ido morar fora da casa dos meus pais com 14 anos de idade recém-completados. De uma forma ou de outra, aprendi muito ao longo desses anos morando apenas nas férias com meus pais (desde o início de 2007). Obviamente, já "quebrei a cara" algumas vezes por imaturidade, já passei por crises existenciais e sentimentais, já deixei várias coisas para fazer de última hora - matando meus pais de raiva e preocupação, diga-se de passagem -, já sofri demasiado com a saudade e a falta de controle sobre meus sentimentos, já esqueci de coisas que não deveria - mais uma vez, deixando meus pais bastante irritados, e a mim também -, já tive que fazer muitas abdicações em prol de sonhos e objetivos, já deixei de sair para me divertir a fim de economizar, já fiz estrepolias e sofri consequências - algumas drásticas, por sinal -, já me estressei e irritei, xinguei e discuti por falta de aprendizagem de convivência, já gastei o dinheiro que não tinha por falta de controle ou capacidade de economia - embora eu realmente seja uma pessoa pão dura, extremamente poupadora -, e, acima de tudo, a maior certeza de todas: já deixei/e ainda deixo meus pais preocupados. Pois também aprendi que meus pais serão para sempre meus pais, de amor incondicional e com as mesmas preocupações desde quando me entendo por gente, daqueles que passarão a vida inteira te fazendo recomendações, como esse dias para trás, ao avisá-los de que estava saindo e começarem a dizer todo o discurso: "com quem você vai? (levando em consideração que nessa nova cidade eles não conhecem ninguém, mas sempre pedem as fichas completas), cuidado com as bebidas, não aceite nada de estranhos, qualquer coisa volta de táxi, quando chegar em casa liga - não manda mensagem porque pode demorar ou não chegar"...e por aí vai...ou seja, nossos pais serão para sempre nossos pais! Lamentavelmente, muitos não entendem isso, e acham que só porque não moram mais com eles não devem satisfações, respeito, honra. Sendo assim, pelo menos no início, alguns se rebelam, acham que são os donos do mundo, da verdade e da vida, e só com o passar do tempo descobrem que não funciona dessa maneira, pena que podem tê-los magoados inúmeras vezes ou descobrem de maneiras drásticas, as quais poderiam ter sido evitadas.
E assim, aquela menina nascida no interior de Goiás, mora hoje numa metrópole, na capital mineira. E, aos poucos, vai aprendendo e tentando absorver tudo o que o mundo pode lhe oferecer, sem deixar de ser quem é, sem esquecer de suas raízes ou dos ensinamentos adquiridos ao longo das experiências vividas - mesmo que poucas! -, afinal isso tem grandes contribuições para a mulher na qual está se transformando. A cada mudança, novos horizontes surgem, a visão se amplia e o mundo transcende lhe mostrando tudo aquilo que um dia sonhou e que a alma almeja para se completar. A cada passo, uma conquista, uma somatória e, simultaneamente, uma subtração, mas que fique claro: soma-se o útil e subtrai-se o inútil. E é dessa forma que eu tenho tentado viver: de maneira exponencial - ampliando tudo e aumentando os valores.
Querendo ou não, ao sair de casa valorizamos mais nossa família, nossos amigos e todas as histórias que já vivemos e iremos viver. Aprendemos muito mais do que se permanecêssemos no mesmo lugar sempre, estáticos, sem ação, até mesmo porque, a maioria das histórias vivenciadas por nós, são frutos de atitudes - mais marcantes caso verdadeiras.
Além disso, amadurecemos. Mais do que somente amadurecimento, nos desenvolvemos através de responsabilidades antes não delegadas a nós, agora temos que saber equilibrar as finanças de forma que não passemos fome (mesmo que tenhamos que comer macarrão instantâneo às vezes) e também possamos nos divertir (nem que seja tomar um açaí com os amigos no final da tarde), temos que aprender a arte de equilibrar o tempo a fim de conseguir arrumar a casa, cozinhar, estudar todas as matérias e ainda dar uma saidinha no final de semana. Não posso me esquecer de um ponto primordial: saber conviver com pessoas de todos os cantos do Brasil - com as mais variadas características e criações - e com a pessoa com a qual você divide o apartamento. Porém, vou com calma, afinal, ainda não cheguei ao internato para saber como é conciliar tudo isso e ainda permanecer grande parte do tempo no hospital, subordinada a grandes profissionais e lidando com inúmeras vidas diariamente. Enfim, mais do que amadurecimento, é chegada a hora de nos tornarmos verdadeiros adultos, sair debaixo das asas dos pais e partir para o mundo com a incumbência de mostrar a todos tudo o que nossos pais nos ensinaram - e ensinam - ao londo dos anos, além do verdadeiro ser que somos/estamos construindo. Na realidade, alguns nem se importam com essa minha última opinião, talvez seja o tipo de criação, quem sabe a própria personalidade do indivíduo...mas isso fica para outro dia!
Permito-me concluir que sair de casa nos traz mais pontos positivos do que negativos, só devemos reconhecer o momento e a maneira certa para que essa atitude seja tomada, obviamente, de acordo com as opiniões dos pais. Talvez eu tenha esse pensamento porque já nasci com um instinto de liberdade e independência mais aguçado e, também, por ter ido morar fora da casa dos meus pais com 14 anos de idade recém-completados. De uma forma ou de outra, aprendi muito ao longo desses anos morando apenas nas férias com meus pais (desde o início de 2007). Obviamente, já "quebrei a cara" algumas vezes por imaturidade, já passei por crises existenciais e sentimentais, já deixei várias coisas para fazer de última hora - matando meus pais de raiva e preocupação, diga-se de passagem -, já sofri demasiado com a saudade e a falta de controle sobre meus sentimentos, já esqueci de coisas que não deveria - mais uma vez, deixando meus pais bastante irritados, e a mim também -, já tive que fazer muitas abdicações em prol de sonhos e objetivos, já deixei de sair para me divertir a fim de economizar, já fiz estrepolias e sofri consequências - algumas drásticas, por sinal -, já me estressei e irritei, xinguei e discuti por falta de aprendizagem de convivência, já gastei o dinheiro que não tinha por falta de controle ou capacidade de economia - embora eu realmente seja uma pessoa pão dura, extremamente poupadora -, e, acima de tudo, a maior certeza de todas: já deixei/e ainda deixo meus pais preocupados. Pois também aprendi que meus pais serão para sempre meus pais, de amor incondicional e com as mesmas preocupações desde quando me entendo por gente, daqueles que passarão a vida inteira te fazendo recomendações, como esse dias para trás, ao avisá-los de que estava saindo e começarem a dizer todo o discurso: "com quem você vai? (levando em consideração que nessa nova cidade eles não conhecem ninguém, mas sempre pedem as fichas completas), cuidado com as bebidas, não aceite nada de estranhos, qualquer coisa volta de táxi, quando chegar em casa liga - não manda mensagem porque pode demorar ou não chegar"...e por aí vai...ou seja, nossos pais serão para sempre nossos pais! Lamentavelmente, muitos não entendem isso, e acham que só porque não moram mais com eles não devem satisfações, respeito, honra. Sendo assim, pelo menos no início, alguns se rebelam, acham que são os donos do mundo, da verdade e da vida, e só com o passar do tempo descobrem que não funciona dessa maneira, pena que podem tê-los magoados inúmeras vezes ou descobrem de maneiras drásticas, as quais poderiam ter sido evitadas.
E assim, aquela menina nascida no interior de Goiás, mora hoje numa metrópole, na capital mineira. E, aos poucos, vai aprendendo e tentando absorver tudo o que o mundo pode lhe oferecer, sem deixar de ser quem é, sem esquecer de suas raízes ou dos ensinamentos adquiridos ao longo das experiências vividas - mesmo que poucas! -, afinal isso tem grandes contribuições para a mulher na qual está se transformando. A cada mudança, novos horizontes surgem, a visão se amplia e o mundo transcende lhe mostrando tudo aquilo que um dia sonhou e que a alma almeja para se completar. A cada passo, uma conquista, uma somatória e, simultaneamente, uma subtração, mas que fique claro: soma-se o útil e subtrai-se o inútil. E é dessa forma que eu tenho tentado viver: de maneira exponencial - ampliando tudo e aumentando os valores.
Belo Horizonte, MG |
sexta-feira, 22 de junho de 2012
Onde andará o meu doutor?
Hoje, irei apenas compartilhar uma poesia encontrada em uma página de relacionamento que me deixou estarrecida, principalmente por corresponder a nossa lamentável realidade...
Sinceramente, estamos vivendo em um mundo de doentes!
Tatiana Bruscky
Hoje acordei sentindo uma dorzinha,
aquela dor sem explicação, e uma palpitação,
resolvi procurar um doutor,
fui divagando pelo caminho...
lembrei daquele médico que me atendia vestido de branco
e que para mim tinha um pouco de pai, de amigo e de anjo...
o Meu Doutor que curava a minha dor,
não apenas a do meu corpo mas a da minha alma,
que me transmitia paz e calma!
Chegando à recepção do consultório,
fui atendida com uma pergunta:
“Qual o seu plano? “
Ah, o meu plano é viver mais e feliz!
é dar sorrisos, aquecer os que sentem frio
e preencher esse vazio que sinto agora!
Mas a resposta teria que ser outra...o meu plano de saúde!
Apresentei o documento do dito cujo
já meio suado, tanto quanto o meu bolso, e aguardei...
Quando fui chamada corri apressada,
ia ser atendida pelo Doutor,
aquele que cura qualquer tipo de dor,
entrei e o olhei, me surpreendi,
rosto trancado, triste e cansado...
será que ele estava adoentado?
é, quem sabe, talvez gripado
não tinha um semblante alegre,
provavelmente devido à febre...
dei um sorriso meio de lado e um bom dia...
Sobre a mesa, à sua frente,
aquela dor sem explicação, e uma palpitação,
resolvi procurar um doutor,
fui divagando pelo caminho...
lembrei daquele médico que me atendia vestido de branco
e que para mim tinha um pouco de pai, de amigo e de anjo...
o Meu Doutor que curava a minha dor,
não apenas a do meu corpo mas a da minha alma,
que me transmitia paz e calma!
Chegando à recepção do consultório,
fui atendida com uma pergunta:
“Qual o seu plano? “
Ah, o meu plano é viver mais e feliz!
é dar sorrisos, aquecer os que sentem frio
e preencher esse vazio que sinto agora!
Mas a resposta teria que ser outra...o meu plano de saúde!
Apresentei o documento do dito cujo
já meio suado, tanto quanto o meu bolso, e aguardei...
Quando fui chamada corri apressada,
ia ser atendida pelo Doutor,
aquele que cura qualquer tipo de dor,
entrei e o olhei, me surpreendi,
rosto trancado, triste e cansado...
será que ele estava adoentado?
é, quem sabe, talvez gripado
não tinha um semblante alegre,
provavelmente devido à febre...
dei um sorriso meio de lado e um bom dia...
Sobre a mesa, à sua frente,
um computador,
e no seu semblante a sua dor,
o que fizeram com o Doutor?
Quando ouvi a sua voz de repente:
O que a senhora sente?
Como eu gostaria de saber o que ELE estava sentindo...
parecia mais doente do que eu, a paciente...
Eu? ah! sinto uma dorzinha na barriga e uma palpitação
e esperei a sua reação,
vai me examinar, escutar a minha voz
auscultar o meu coração...
para minha surpresa apenas me entregou uma requisição e disse:
“peça autorização desses exames para conseguir a realização”...
quando li quase morri...
Tomografia computatorizada, ressonância magnética e cintilografia !
ai, meu Deus! que agonia!
eu só conhecia uma tal de abreugrafia...
só sabia o que era ressonar (dormir),
de magnético eu conhecia um olhar...
e cintilar só o das estrelas!
estaria eu à beira da morte? de ir para o céu?
iria morrer assim ao léu?
naquele instante timidamente pensei em falar:
terá o senhor uma amostra grátis
de calor humano para aquecer esse meu frio?
que fazer com essa sensação de vazio? e observe, Doutor,
o tal Pai da Medicina, o grego Hipócrates, acreditava que
A ARTE DA MEDICINA ESTAVA EM OBSERVAR.
e no seu semblante a sua dor,
o que fizeram com o Doutor?
Quando ouvi a sua voz de repente:
O que a senhora sente?
Como eu gostaria de saber o que ELE estava sentindo...
parecia mais doente do que eu, a paciente...
Eu? ah! sinto uma dorzinha na barriga e uma palpitação
e esperei a sua reação,
vai me examinar, escutar a minha voz
auscultar o meu coração...
para minha surpresa apenas me entregou uma requisição e disse:
“peça autorização desses exames para conseguir a realização”...
quando li quase morri...
Tomografia computatorizada, ressonância magnética e cintilografia !
ai, meu Deus! que agonia!
eu só conhecia uma tal de abreugrafia...
só sabia o que era ressonar (dormir),
de magnético eu conhecia um olhar...
e cintilar só o das estrelas!
estaria eu à beira da morte? de ir para o céu?
iria morrer assim ao léu?
naquele instante timidamente pensei em falar:
terá o senhor uma amostra grátis
de calor humano para aquecer esse meu frio?
que fazer com essa sensação de vazio? e observe, Doutor,
o tal Pai da Medicina, o grego Hipócrates, acreditava que
A ARTE DA MEDICINA ESTAVA EM OBSERVAR.
Olhe para mim...
bem verdade que o juramento dele está ultrapassado!
médico não é sacerdote...
tem família e todos os problemas inerentes ao ser humano...
mas, por favor, me olhe, ouça a minha história!
preciso que o senhor me escute, ausculte
e examine!
Estou sentindo falta de dizer até aquele 33!
não me abandone assim de uma vez!
procure os sinais da minha doença e cultive a minha esperança!
alimente a minha mente e o meu coração...
me dê, ao menos, uma explicação!
O senhor não se informou se eu ando descalça... ando sim!
gosto de pisar na areia e seguir em frente
deixando as minhas pegadas pelas estradas da vida,
estarei errada?
ou estarei com o verme do amarelão?
existirá umas gotinhas de solução?
Será que já existe vacina contra o tédio?
ou não terá remédio?
que falta o senhor me faz, meu antigo Doutor!
cadê o Sccot, aquele da Emulsão?
que tinha um gosto horrível mas me deixava forte
que nem um Sansão!
e o Elixir? Paregórico e categórico,
e o chazinho de cidreira,
que me deixava a sorrir sem tonteiras?
será que pensei asneiras?
bem verdade que o juramento dele está ultrapassado!
médico não é sacerdote...
tem família e todos os problemas inerentes ao ser humano...
mas, por favor, me olhe, ouça a minha história!
preciso que o senhor me escute, ausculte
e examine!
Estou sentindo falta de dizer até aquele 33!
não me abandone assim de uma vez!
procure os sinais da minha doença e cultive a minha esperança!
alimente a minha mente e o meu coração...
me dê, ao menos, uma explicação!
O senhor não se informou se eu ando descalça... ando sim!
gosto de pisar na areia e seguir em frente
deixando as minhas pegadas pelas estradas da vida,
estarei errada?
ou estarei com o verme do amarelão?
existirá umas gotinhas de solução?
Será que já existe vacina contra o tédio?
ou não terá remédio?
que falta o senhor me faz, meu antigo Doutor!
cadê o Sccot, aquele da Emulsão?
que tinha um gosto horrível mas me deixava forte
que nem um Sansão!
e o Elixir? Paregórico e categórico,
e o chazinho de cidreira,
que me deixava a sorrir sem tonteiras?
será que pensei asneiras?
Ah! meu querido e adoentado Doutor!
sinto saudades
dos seus ouvidos para me escutar,
das suas mãos para me examinar,
do seu olhar compreensivo e amigo...
do seu pensar...
o seu sorriso que aliviava a minha dor...
que me dava forças para lutar contra a doença...
e que estimulava a minha saúde e a minha crença...
sairei daqui para um ataúde?
preciso viver e ter saúde!
por favor, me ajude!
Oh! meu Deus, cuide do meu médico e de mim,
caso contrário chegaremos ao fim...
porque da consulta só restou uma requisição
digitada em um computador
e o olhar vago e cansado do Doutor!
precisamos urgente dos nossos médicos amigos,
a medicina agoniza...
ouço até os seus gemidos...
Por favor, tragam de volta o meu Doutor!
estamos todos doentes e sentindo dor...
e peço, para o ser humano, uma receita de calor,
e para o exercício da medicina uma prescrição de amor!
sinto saudades
dos seus ouvidos para me escutar,
das suas mãos para me examinar,
do seu olhar compreensivo e amigo...
do seu pensar...
o seu sorriso que aliviava a minha dor...
que me dava forças para lutar contra a doença...
e que estimulava a minha saúde e a minha crença...
sairei daqui para um ataúde?
preciso viver e ter saúde!
por favor, me ajude!
Oh! meu Deus, cuide do meu médico e de mim,
caso contrário chegaremos ao fim...
porque da consulta só restou uma requisição
digitada em um computador
e o olhar vago e cansado do Doutor!
precisamos urgente dos nossos médicos amigos,
a medicina agoniza...
ouço até os seus gemidos...
Por favor, tragam de volta o meu Doutor!
estamos todos doentes e sentindo dor...
e peço, para o ser humano, uma receita de calor,
e para o exercício da medicina uma prescrição de amor!
Por fim, recomendo que assistam ao filme Patch Adams - O amor é contagioso. Muitos já devem ter visto, mas é sempre bom rever para refletirmos um pouco mais sobre nossas ações em prol do bem estar do lugar onde vivemos, das pessoas com as quais convivemos ou não e para a construção do mundo que queremos. Também recomendo que assistam à entrevista do "verdadeiro" Patch ao programa Roda Viva da TV Cultura, a qual está disponível no You Tube.
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