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terça-feira, 1 de setembro de 2015

Bruschetta de bacalhau fumado com rúcula e o regresso ao Dia Um

Depois de a bruschetta ter sido a eleita do Dia Um, assisti e participei numa conversa engraçada no Facebook. Dizia uma amiga que preferia uma salada rústica a montinhos de comida, ou arremedos, acrescento eu, de 'coisas' empinadas. Faço parte daquele grupo de pessoas que gosta de comida honesta, verdadeira, da que nós, comuns mortais que andamos lá fora a fazer pela vida, cozinhamos e comemos. Não sou rapariga sofisticada e, assim sendo, concordo inteiramente com a minha amiga. Aquela ideia de empilhar tudo em andares não colhe muito cá em casa: primeiro porque não gosto de nada que fique empapado por levar com algo em cima e depois porque por vezes me é demasiado artificial. Por outro lado, também como com os olhos, e muito, e detesto pratos demasiado cheios ou pouco harmoniosos. Pode parecer complicado o equilíbrio entre alguma esquisitice, admito, e a falta de sofisticação quando ela significa falsidade mas é isso mesmo que sou e a minha comida reflecte-me. Vem isto tudo a propósito da bruschetta, por excelência um acumular na vertical de vários ingredientes. O pão deve ser torrado e como não gosto de pão mole embebido seja em que for, a bruschetta é quase uma corrida contra o tempo. A que apresento hoje mostra quem sou no dia-a-dia. Foi feita num fim de tarde, momento do dia que adoro, comida lá fora, com o carvão a crepitar no grelhador, acompanhada de um belíssimo gin tónico, sim, num desses copos imensos cheios de gelo e com lima e hortelã a aromatizar e em belíssima companhia, uma comemoração singela de dias que deixaram de ser tão pesados. Depois o aspecto: exactamente como saiu. E, aqui entre nós, como sou mulher de momentos, saiu muito bem para o nosso gosto. De vez em quando a vida sai-me bem. 

Bruschetta de bacalhau fumado com rúcula

Ingredientes
2 fatias de pão caseiro, pode ser saloio.
Bacalhau fumado
Rúcula selvagem
Queijo creme com ervas aromáticas
Azeitonas verdes
Azeite 
Pimenta preta acabada de moer

Preparação
Torrar as fatias de pão e deixar arrefecer. Depois de frias, barrar com o queijo-creme. Colocar por cima a rúcula, o bacalhau fumado e temperar com um fio de azeite e pimenta preta acabada de moer. Dispor as azeitonas verdes por cima. E comer. 



 Como Setembro é mês de reinícios regresso ao Dia Um... Na Cozinha.


quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Bacalhau caribenho a duas mãos e uma pendura para o Dia Um

Quem gosta de cozinhar começa geralmente por contar como fez e como fazer. Usa-se e abusa-se da primeira pessoa do singular. Eu, eu e eu. Eu fiz, eu disse, eu bati, eu mexi, eu amassei, eu provei, eu tudo. Desta vez a história é diferente e se a contasse exactamente como foi teria de usar a terceira pessoa: ele. Os caminhos mais ou menos longos servem para descobrirmos talentos escondidos, partilharmos prazeres e cozinhar uns para os outros, um para o outro. Ao contrário do que acontece habitualmente não sou eu que cozinho, cozinham para mim. Ele.
“O amor é uma companhia. Já não sei andar sozinho pelos campos” – Alberto Caeiro.

Bacalhau Caribenho

Ingredientes
1 embalagem de bacalhau do Pacífico desfiado
2 cebolas
4 dentes de alho
1 pimento + metade de cores diferentes
1 pimento padrón sem grainhas
2 tomates médios muitos maduros em cubos
1 colher de chá de caril
1 colher de sopa de mostarda
2 colheres de sopa de vinagre
Malagueta a gosto
Tomilho
Pimenta preta acabada de moer
Azeite

Preparação
Pôr o bacalhau de molho de véspera e ir mudando a água.
Numa frigideira larga, deitar um fio de azeite e adicionar a cebola em rodelas. Quando a cebola começar a murchar, juntar o alho em fatias finas. Cozinhar uns cinco minutos até a cebola começar a ganhar cor mas sem deixar que frite. Adicionar o tomate em cubos, um pouco de água e continuar no lume uns cinco minutos até que o tomate comece a misturar-se com a cebola. Juntar o pimento em tiras, os pimentos padrón e o bacalhau demolhado. Rectificar o tempero e adicionar a mostarda, o vinagre e a malagueta a gosto. Deixar ferver 15 a 20 minutos em lume brando. Deitar um pouco de água, caso seja necessário. Acrescentar então o cebolinho picado, o caril, a pimenta preta e sal caso seja necessário. Deixar apurar.

Servir com batata doce  ou branca cozida no próprio bacalhau ou à parte.


Descobrimos esta receita num programa televisivo e desde então tornou-se um prato preferido cá em casa. O meu papel é apenas de apoio, ajuda, rectificação de temperos, cortar legumes e outras ninharias. Que bom que é quando cozinham para nós.

Depois de uns meses de ausência, regressei ao Dia Um... Na Cozinha, nesta edição de Outubro dedicada ao fiel amigo. 



quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

A noite e o insubstituível bacalhau

Eu gosto da noite. Sou noctívaga desde a barriga da minha mãe e se pudesse deitar-me-ia tarde todas as noites, a noite não me dá sonos calmos, dormiria até às dez e faria a vidinha depois. Mas não é assim.
Gosto da noite porque tudo apazigua. A primeira vez que fui a África cheguei à noite. Brindou-me o aroma inebriante e o calor húmido que adoro mal pus pé fora da porta daquele avião gélido que me transportara até aquelas paragens equatoriais. E esperava-me uma noite de breu que como um véu cobria e encobria a realidade lá fora.
Era noite quando entrei em Havana pela segunda vez. Noite quente de Junho e a Praça da Revolução pareceu-me o mais impressionante local, iluminado e apaziguado pela noite. Não é verdade mas a noite assim a tornou.
É à noite que mais gosto do Palácio à sombra do qual cresci. É maior, mais belo, imponente. Tudo por causa da noite.
Conheci o homem com quem trilho caminhos à noite. Era uma noite gélida de Novembro húmido como só Mafra conhece e com ele fiquei até hoje. Noite abençoada.
Há noites, como dias, em que as ementas são fixas cumprindo rituais ancestrais de hábitos culturais e religiosos. E há noites em que podemos dar a volta à ementa, vesti-la de gala para a ocasião, perfumá-la e polvilhá-la com outros aromas. 
O único problema da noite é quando se tem uma modesta máquina fotográfica, a ceia é aguardada com expectativa e as fotografias não saem como eu gostaria. Há sombras. Há o brilho dos pratos. Há a falta de luz que é fundamental para quem anda nestas lides, muito modestas as minhas, de fotografar comida. Aqui ficam as possíveis mas posso garantir que o sabor é muito mais intenso do que estas modestas fotografias. Às vezes a noite trai-nos.
Quando o Dia Um… Na Cozinha lançou o desafio deste mês com iguarias de Natal a escolha foi-me muito difícil, as possibilidades, embora imensas, acabavam por recair sempre nos mesmos doces. Decidi-me pelo fiel amigo. Depois de ter experimentado várias opções para a Ceia de Natal sem que nenhuma fosse o tradicional cozido com batatas, nada por que se morra de amores aqui por casa, este ano optámos por uma receita de confecção mais rápida e de sabores mais arrojados. Se havia 1001 maneiras de o preparar agora passa a haver mil e duas.

Lombo de bacalhau embrulhado em prosciutto com redução de vinho branco e coentros

Ingredientes
Lombos de bacalhau Usei congelados)
Presunto (usei Prosciutto por ser mais suave)
Sal e pimenta
Alho
Azeite

Para a redução:
Vinho branco
Coentros frescos a gosto

Preparação
Descongelar os lombos de bacalhau. Cortar ao meio pela espinha. Retirar a pele e as espinhas. Aquecer azeite com dois dentes de alho picados. Pincelar os lombos com o azeite e alho, deitar pimenta preta acabada de moer e reservar por umas horas.

Embrulhar os lombos de bacalhau nas fatias de presunto. Numa frigideira com um fio de azeite selar o bacalhau embrulhado no presunto. Baixar o lume e ir virando o bacalhau com uma pinça. Quanto ao tempo, usei a intuição, uso-a muito, e assim que vi que o bacalhau estava quase pronto transferi-o para uma travessa quente e levei ao forno pré-aquecido a uns 150º com uma folha de alumínio por cima. Entretanto, preparar a redução. Na frigideira onde se selou o bacalhau, adicionar vinho branco, usei Verdelho, quando o molho tiver reduzido, juntar os coentros cortados. Retirar o bacalhau do forno, regar com a redução e servir. Foi acompanhado com batatas salteadas avinagradas. Dispensámos as couves e nem os bróculos resolveram aparecer.  

Aqui fica mais uma participação no grupo Dia Um... Na Cozinha, um grupo ao qual gosto muito de pertencer e a quem desejo um 2014 bem opíparo. 


Desejo a todos um excelente 2014. Que seja sempre melhor do que o que esperamos. Que na noite haja aromas perfumados e luzes que nos iluminem o caminho.

Nota: mudei a foto e pus esta que de repente me apareceu no Google+ com estes efeitos sem eu saber como. Que a magia do Natal se mantenha ao longo dos outros dias do ano.