"Pessimismo e Optimismo", Giacomo Balla, 1923
O Venerando,AQUI / O Cantigueiro Samuel, AQUI / Juvenal, AQUI / Cid Simões, AQUI
Nas palavras que vou lendo encontro a indignação, a denúncia, a revolta. Um apelo à sublevação interior na forma de consciencialização e a crença de que isso significará passagem à acção transformadora.
Admiro o optimismo destes "crentes", a persistência na ideia de luta. Pelos interstícios, é certo, assoma aqui e ali a impaciência face aos "lorpas" que se deixam manobrar, aos "fracos" que abandonaram a primeira linha.
Mas admiro, de facto, a generosidade destas palavras que nos fazem crer que todo o homem é bom, só uma minoria é corrupta e exploradora da maioria. O que me leva a ter saudades do tempo em que, também eu, tinha essa fé inocente na bondade do ser humano, no bom selvagem que todos somos quando saímos à luz após os nove meses de paraíso.
O que me fez mudar?
O estudo da História. Longe de me confortar com a ideia de que a Humanidade caminha do escuro para a luz, esse estudo mostrou-me que, quase sempre, o homem é lobo do homem. Só uma minoria se eleva acima da lei da selva e compreende que a Humanidade pode ser outra coisa.
É certo que houve progressos, mas eles apenas chegaram a uma minoria da Humanidade.
Ao ler e reler Raul Brandão ( "A história é dor, a verdadeira história é a dos gritos"...etc), sinto que o mais profundo do meu sentir a História está aqui bem expresso. Vem ao encontro do que penso e sinto.
Optimismo, apesar de tudo?
Sim! Por imperioso dever cívico. Porque o pessimismo não melhora as coisas.
Cerrar os dentes e calar o negrume das palavras de desistência. Porque...« é preciso acreditar que SIM, apesar de sabermos que NÃO..."
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Já depois de ter publicado este post, peguei casualmente num livrinho com textos dispersos de Fernando Pessoa, intitulado "Sobre a República". Logo numa das páginas iniciais encontro isto:
« Toda a tristeza é reaccionária; todo o pessimismo é retrógrado - porque, como sentimentos, pertencem sempre à corrente social que é desintegrante na vida das sociedaddes.»
Tudo dito!