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1.6.08

VERÃO

(Van Gogh)
Entrou Junho, o mês das manhãs gloriosas de sol. O Verão já espreita numa dobra do calendário. As andorinhas novas começam a ensaiar os primeiros voos.
E os poetas saudam o solstício que se aproxima.
Eia, Fernando Jorge Fabião ! Obrigado, Amigo! Poemas maravilhosos que nos deixaste na soleira da porta! Como estes:


VERÃO

Pronuncias a palavra amieiro
e as folhas estremecem
no assombro de um nome

acrescenta: giestas, olmos
juncos ( dobrados pela força da água )


para sair da cegueira
para júbilo da língua

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TIA ILDA

O fôlego de uma pequena ave
a solicitude de um anjo
serena, as lâminas de luz em redor
do rosto

limpa de toda a ferocidade e malícia
dizias
que a aldeia era uma areia íntima
disposta à escassez e à ruína

ao rezar, tocavas as palavras por dentro

nunca as tuas mãos
pousaram na areia cega do real.

(F. J. Fabião, Maio 2008)

22.10.07

POEMAS DE MÃO EM MÃO (IV)



TEMPO




O tempo é um velho corvo
de olhos turvos, cinzentos.
Bebe a luz destes dias só dum sorvo
como as corujas o azeite
dos lampadários bentos.


E nós sorrimos
pássaros mortos
no fundo dum paul
dormimos




Só lá do alto do poleiro azul
o sol doirado e verde,
o fulvo papagaio
(estou bêbedo de luz,
caio ou não caio?)
nos lembra a dor do tempo que se perde.
Carlos de Oliveira (1921 / 1981)