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quarta-feira, 15 de maio de 2024

uma espécie de prólogo

imagem retirada da internet

A
o contrário do protagonista desta pequena estória sou um consumidor de informação televisiva e, quando vi e ouvi a pergunta e a resposta firme e seca a uma daquelas perguntas que roçam o acessório, mas que o público, sedento de um bom “enredo”, tanto gosta e os jornalistas alimentam para garantir audiências subvertendo o objeto da sua função, pensei para comigo: tenho de falar com ele pois, não me parece, face ao que veio a público, mas também ao que conheço dos factos que a resposta corresponda à realidade.   

Ele sabia que a dita pergunta não era inocente e, segundo as suas próprias palavras, estava de alguma forma à espera daquela questão.

Numa das muitas entrevistas para a imprensa, rádio e jornais em que foi o sujeito, perguntaram-lhe: Alguma vez se sentiu prejudicado pela sua opção ideológica e partidária? A resposta saiu pronta e limpa, não. 

Há uns dias num dos recantos paradisíacos deste arquipélago abençoado pelos deuses, para quem neles acredita, ou pela mãe Natureza como eu prefiro dizer pois, não creio em divindades, e, onde a amena cavaqueira pode tomar rumos diversos, confessou-me que aquilo que tinha afiançado com tanta firmeza, não era verdade, acrescentando, sabes a verdade tem o seu tempo e lugar e aquele não era nem o lugar nem e o tempo próprio para me deixar enredar em espúrias estratégias comunicacionais. E continuou: A resposta é, como pensas, sim. Sim fui prejudicado. Então porquê aquele perentório não, perguntei-lhe. 

foto de Madalena Pires

Coloquei a questão sem esperar que a resposta, conhecendo-o bem e sabendo que é uma pessoa reservada naquilo que a si diz respeito, não viesse eivada de subterfúgios, ou mesmo que dele obtivesse uma não resposta. Mas, para surpresa minha, assim não aconteceu e, talvez por ser Verão, respondeu de forma clara e objetiva tal como tinha respondido não durante aquela entrevista, mas desta vez sem qualquer fuga à verdade pois, no contexto de uma conversa de amigos tudo pode e deve ser dito sem rodeios.

Se eu tivesse respondido sim, como era esperado pelos jornalistas, a entrevista que não era pessoal, eu estava ali a representar uma organização política, passaria a centrar-se num tema que podendo ser importante para mim, não era relevante para cumprir o objetivo a que me propunha e ao que era expectável por quem eu estava a representar, ou seja, a partir daí, se eu tivesse respondido sim, as questões que me seriam colocadas passavam para o domínio do acessório e o essencial transitava para segundo plano.

Podes até, diz-me ele, considerar que optei pelo politicamente correto ou que tive medo, podes ajuizar como muito bem entenderes, mas o verdadeiro motivo foi aquele que acabo de te dizer e que nunca o tinha referido a ninguém, aliás, também como já te disse, estava à espera da pergunta o que facilitou aquele categórico não.

Sabes, diz-me ele, temos de nos preparar para todos os cenários e, ainda assim, nem sempre se consegue que tudo nos corra de feição, mas correrá sempre mal se não nos preparamos antes das entrevistas, ou mesmo quando se trata de fazer pequenas declarações à comunicação social, tantas e tantas vezes em cima do acontecimento. É sempre bom escolher as palavras e tentar não ser dirigido pelos nossos interlocutores, nem lhes deixar espaço para a especulação. Bem, esta premissa, como por certo concordarás comigo, aplica-se não só a esse contexto, mas a outros cenários. Não foi este o caso pois, como pudeste constatar não estou a fugir às tuas questões e nunca me passou pela cabeça, quando me convidaste para vir até aqui, que a nossa conversa viesse a tomar este caminho. Percebi perfeitamente, porque o conheço e, porque conheço, ainda que, superficialmente o funcionamento da organização política a que pertence desde a sua juventude. 

Sentindo que ele, talvez pelo cenário idílico, pelo calor do Verão ou pela confiança que em mim deposita, estava com disponibilidade para falar. Ganhei coragem e atrevi-me a continuar.

Ouve lá! Sabia, não precisava sequer que o confirmasses que, de uma forma ou outra, as tuas opções ideológicas, podendo deixar-te bem contigo mesmo, te prejudicaram ao longo da vida, mas em determinado momento foi claro que alguém o fez de forma deliberada. O teu bom nome foi posto em causa e atingiu direta ou colateralmente, como quiseres entender, a tua família. O que estranhei e, como eu, certamente, muitas outras pessoas que te conhecem, e que não duvidam da tua integridade moral e política, o que estranhei foi que não tivesses vindo a terreiro defender-te e esclarecer a opinião pública. Porquê!? Por que te remeteste ao silêncio.

Quando acabei, embora tivesse sido breve, estava com o suor a correr pelas costas e, não era do calor. Para lhe colocar, sem rodeios, esta questão foi preciso alguma coragem. Quem o conhece sabe que ele é afável, simpático e bem-humorado, mas também sabe que há questões sobre as quais ele não fala e se o tentam encurralar pode tornar-se num adversário temível.

Claro que enquanto lhe fiz a pergunta não deixei de olhar para ele, não só por uma questão da urbanidade que ele tanto cultiva, e eu também, mas sobretudo porque era importante ler os sinais corporais que ele ia, ou não, transmitindo. Ele sorria ainda que do seu olhar transbordassem um misto de sentimentos e algumas emoções antagónicas cujo espetro ia da tristeza à raiva, raiva que não chegava a ser ódio e vi, no seu olhar, a deceção. Sorrindo, respondeu-me.

E falou como eu nunca o tinha ouvido falar, falou de si, das suas angústias, dos seus sonhos, os sonhos que se cumpriram, os sonhos que continuam por cumprir, mas dos quais não abdica. E, com as lágrimas que de quando em vez lhe afloravam aos olhos, falou dos sonhos que sabe não poder ver realizados, sonhos que se perderam no tempo, ou porque o tempo, o seu tempo, é finito.

Queres mesmo saber!? Pois bem! Pede aí mais uma imperial e uns amendoins, e, presta atenção. Não só te vou dizer por que não vim a terreiro, mas também quem é que me tentou foder a vida.

foto de João Pires

Estupefacto perguntei: Sabes quem foi!? Claro que sei. Sei quem foram os autores, sei quem foi o mensageiro, sei quem foi instrumentalizado, sei quem foram os lacaios que deram corpo à difamação e, sobretudo, sei qual foi o objetivo que esteve associado a esta trama, que como verás, tem requintes de malvadez, diria mesmo que tem contornos maquiavélicos.

A tarde prolongou-se até noite dentro, muitas outras tardes e noites se lhe seguiram. Partilhou comigo mais do que alguma vez julguei ser possível, mas como ele próprio diz nem tudo pode ser contado e, também eu, me reservo a não divulgar mais do que já ficou dito, desde logo, pela reserva de confidencialidade que lhe assegurei, mas também para não vir a ser uma vítima colateral de uma certa forma de fazer “política”, muito em uso na Região e no País, e, por outro lado, cabe-lhe em primeira instância, a divulgação dos detalhes da estória que aqui foi aflorada.

Hoje não, mas amanhã talvez. Disse ele, com um sorriso nos lábios.


Ponta Delgada, 14 de maio de 2024 

Aníbal C. Pires, In Diário Insular, 15 de maio de 2024

quarta-feira, 31 de maio de 2023

abriu-se uma brecha na muralha

foto de João Pires

A agenda política e mediática regional, nacional e internacional está recheada de temas que instigam apaixonantes discussões e comentários que formam opinião, mais do que informam, e por vezes centram-se, com propósito bem definido, no acessório ofuscando o que realmente é importante. As redes sociais, depois, encarregam-se de amplificar o ruído mediático para criar um clima favorável à tomada de decisões que nem sempre, quase nunca, servem o interesse público. Nada disto é novo, os instrumentos e as técnicas evoluíram, mas a conceção não é de agora. 

Vou continuar a resistir, estoicamente, e não partilhar opinião sobre as agendas políticas e mediáticas, aliás, tenho cada vez mais dificuldade em separar as duas, o que não significa que uma destas semanas não venha a terreiro para opinar, por exemplo, sobre a TAP e a SATA, sobre a entrada da economia alemã em recessão, ou ainda sobre o eminente incumprimento estado-unidense junto dos credores internacionais, mas também sobre o conflito da Ucrânia, ou a abertura de representações diplomáticas do Irão na Arábia Saudita, e vice versa, e a janela de oportunidade que essa aproximação, sob a égide da China, abriu para por fim ao conflito no Iémen. Isto para apenas referir algumas das questões, mais ou menos, divulgadas conforme os interesses das corporações mediáticas e dos poderes que servem.

A resistência tem limites e hoje vou abrir uma brecha na muralha onde me resguardo para tecer um considerando, ou outro, sobre os processos, um em curso outro a ser preparado, de privatização da Azores Airlines (SATA) e da TAP.

foto de Aníbal C. Pires
O procedimento para a privatização da SATA está a decorrer e, ao que me é dado observar, sem vozes que questionem a venda deste importante instrumento estratégico para a Região. Nem a opinião pública, nem as organizações de cidadãos, nem os partidos políticos, salvo raras exceções, nem os trabalhadores e os seus representantes sindicais colocam em causa, com a veemência que seria exigida, a privatização da SATA. Não é difícil perceber esta apatia que gera a inércia, por um lado dizem-nos que resulta das exigências do Plano de Reestruturação imposto pela União Europeia, por outro lado a generalidade da opinião pública regional está intoxicada com a ideia dos avultados prejuízos da SATA e dos custos para o erário público. No primeiro caso seria importante questionar a legitimidade, da União Europeia, para impor um Plano de Reestruturação, quando ajuda financeira é do Estado, no segundo diria que falta a coluna das receitas, ou seja, o cálculo dos fluxos financeiros que entram na economia regional pelo transporte de passageiros, receita à qual se podem somar todos os serviços públicos, desde logo as ligações com Santa Maria, Pico e Faial, que sendo objeto de Obrigações de Serviço Público (OSP) a transportadora não recebe qualquer indeminização compensatória por assegurar estas rotas, bem assim como outros serviços que são (foram) impostos pelo Governo Regional e pelos quais não há (houve) qualquer compensação financeira. O mesmo se passa com a TAP e com a formatação da opinião pública nacional para aceitar, sem ondas, a privatização em virtude de a transportadora aérea nacional ser um “sorvedouro” de dinheiros públicos. É assim que a questão é apresentada, mas talvez fosse avisado na formação de uma opinião sustentada, à semelhança do que referi para o caso da SATA, colocar ao lado das despesas uma coluna com os proveitos, ou seja, apresentar os valores da contribuição da TAP para a economia nacional e para a receita pública, de entre outros ganhos, de que a TAP é direta e indiretamente responsável. Para dar por encerrada esta questão deixo apenas uma opinião que, não sendo nova, mantem atualidade e que deveria ser objeto de reflexão na formação dos diferentes posicionamentos que os cidadãos venham a adotar nos processos que visam privatizar a SATA e a TAP.  Não ter consciência que a eventual privatização da SATA e, por consequência, o aumento da fragilidade financeira do grupo seria dramático para todos nós é, no mínimo, confrangedor. Qualquer cenário do qual resulte a diminuição da atividade das empresas do Grupo SATA terá reflexos negativos na Região, afinal estamos a falar de uma das maiores empresas da Região e que presta um serviço, apesar de todas as críticas que se lhe possam fazer, que nenhuma outra transportadora aérea fará. Os efeitos de uma eventual privatização da TAP apenas diferem na dimensão da catástrofe e, mais não digo. 

Aquando da privatização dos CTT, apenas se levantaram as habituais vozes, hoje o coro de protestos e lamentos pela diminuição da qualidade dos serviços prestados é o que todos sabemos, porém, não é (ainda) suficiente para reverter a privatização do serviço postal nacional. E, por hoje, mais não direi sobre a onda privatizadora que continua a varrer, qual tsunami, as empresas e serviços públicos na Região e no País. À semelhança do que sucedeu após a privatização do BCA e dos CTT virá o tempo dos lamentos, mas, como se costuma dizer, de arrependimentos está o inferno cheio.

a chegada a Ellis Island, New York 
imagem retirada da internet

As migrações humanas, este seria o tema de hoje, ou melhor um aspeto curioso de como se fazia (faz) a regulação dos fluxos migratórios favorecendo um determinado grupo humano tendo por base a sua origem geográfica. Existem muitos outros expedientes de regulação uns mais explícitos no propósito, outros nem tanto, mas o que me vou referir é claro na intenção e conforma uma inequívoca posição de descriminação justificada pelos cânones da época, o que não significa que não possa ser alvo de atenção e estudo, sem outra finalidade que não seja a de compreender as diferentes políticas de imigração e, por conseguinte, os princípios que lhe estão subjacentes.

À entrada da década de 20, do século passado, o governo dos Estados Unidos presidido por Warren G. Harding, aprovou e pôs em execução novas leis de imigração, sendo a mais relevante a Lei de Imigração de Emergência de 1921 (Emergency Quota Act). Esta lei introduziu, pela primeira vez, um sistema de quotas ancoradas numa percentagem (3%) sobre o número de cidadãos de uma nacionalidade já imigrada nos Estados Unidos, sendo o cálculo efetuado tendo por base os dados de 1910. O efeito prático, mas também o propósito, foi a redução do número de potenciais migrantes provenientes do Sul da Europa e do Leste Europeu, favorecendo os cidadãos do Norte da Europa.

imagem retirada da internet
A Lei de Imigração de 1924 (Immigration Act), também conhecida como Lei Johnson-Reed, foi aprovada sob a presidência de John Calvin Coolidge, Jr e os seus efeitos mais restritivos. A data de referência passou a ser 1890 e a percentagem de 2%, beneficiando, ainda mais, os países do Norte da Europa que, naturalmente, tinham maior presença de cidadãos no território dos Estados Unidos. Se o objetivo era o de controlar as entradas não é menos verdade que este mecanismo foi desenhado para diminuir o número de migrantes do Sul e Leste da Europa por, segundo as opiniões predominantes da época, pertencerem a “grupos étnicos” indesejáveis ou inferiores. Este quadro legal permaneceu em vigor até à década de 60, tendo sido, por vezes, excecionado, como por exemplo o Azorean Refugee Act of 1958 que permitiu que muitas famílias açorianas afetadas pelos efeitos do Vulcão dos Capelinhos (1957) pudessem emigrar para os Estados Unidos. Só em 1965, sob a presidência de Lyndon B. Johnson, as leis de imigração da década de 20 foram substituídas pela Lei de Imigração e Nacionalidade que alterou os critérios e adaptou-os com base na reunificação familiar dos candidatos à emigração, nas necessidades do mercado de trabalho e na concessão do estatuto de refugiado. Sendo um tema aliciante talvez regresse ao assunto pois, as políticas de emigração, não só a dos Estados Unidos, devidamente contextualizadas, são uma interessante fonte de informação para a compreensão das motivações que lhe estão na origem e os efeitos produzidos.   

Ponta Delgada, 30 de maio de 2023

Aníbal C. Pires, In Diário Insular, 31 de maio de 2023

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

atrasado, mas terá o seu final

foto by João Pires




Pequeno fragmento de um trabalho em construção.







(…) O encontro de amigos é, sempre, um encontro de festa. De alegria pela partilha do tempo e do pensamento, conversa-se de tudo e de nada. Tudo é importante, tudo tem valor, mesmo que nem sempre se esteja de acordo. Importante é o que nos aproxima. Importante é o tempo que partilhamos, sem querer mais nada do que o tempo em que estamos juntos. E quando chega a hora de partir é do próximo tempo que falamos. Do reencontro, talvez já amanhã, numa das piscinas naturais que ponteiam por toda a orla da ilha. (…)


quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

Não bastam as palavras

foto by Madalena Pires

É tempo de retrospetivas e de previsões, não confundir com predições ou profecias. Não sou dado a uma nem a outras e, assim pretendo continuar. O balanço pessoal, por ser do meu foro íntimo, não é publicamente partilhável, a avaliação social, política, cultural, ambiental e económica do que se passou na Região, no País e no Mundo deixo-a para analistas bem mais habilitados do que eu, quanto às previsões do futuro próximo (2023) opto, também, por me abster de partilhar o que, em minha opinião, se configura no horizonte. Tenho opinião sobre o que se passou e o que se prevê venha a acontecer, mas, de momento, prefiro guardá-la para mim.

É tempo de renovar votos de esperança em futuros prósperos, de paz e amor, mas já nem isso faço. Passados que são algumas décadas da minha existência considero que não vale a pena insistir. Não tem dado resultado, nem se vislumbra que venha a acontecer alguma mudança significativa que resulte de belas palavras ditas e escritas na quadra natalícia e na passagem do ano e, por conseguinte, desisti de as enunciar e, sobretudo de as tornar públicas através de publicações nos hodiernos suportes a que chamam redes sociais ou, mesmo aqui, nas clássicas colunas de opinião da imprensa.

Se isto significa que me demiti da minha intervenção cívica!? Não. Se o que ficou dito expressa a ideia de desistência, ou qualquer abalo nas convicções que sempre guiaram a minha vida pública e pessoal!? Também não. O que terá mudado foi a minha atitude perante a hipocrisia reinante e, porventura, uma crescente intolerância face a agendas políticas apresentadas como vanguardas do mundo ocidental que remetem para segundo plano a essência do que verdadeiramente urge resolver.

foto by Jorge Blayer Góis
Se isto significa que até aqui assumi um papel moderado, ou se preferirem tenho sido, como se instituiu dizer, politicamente correto. Talvez, mas é um pouco mais complexo e, embora não seja meu propósito deixar aqui uma enumeração de motivos sempre acrescento que, embora goste de navegar à bolina e de remar contra a corrente, por vezes tenho navegado com ventos de feição e ao sabor da maré. Também não é um ato de contrição ou de “mea culpa”, é tão-somente a constatação de que em determinadas fases da minha vida joguei com as regras de um jogo intrinsecamente viciado aparentando acreditar em virtualidades que não tem. O meu pecado não foi agir segundo os cânones, se algo de errado houve foi ter representado um papel com o qual, de todo, não me identificava, nem identifico. Como não me trouxe qualquer espécie de benefícios pessoais poderei afirmar, com segurança, que não me prostituí. A coluna vertebral apesar das mazelas da idade, mantém a sua habitual verticalidade.

Os últimos parágrafos podem até parecer, mas não são uma confissão, pois quem comigo priva sabe que este é, desde sempre, o meu pensamento e, por consequência, esta declaração de princípio (ou fim) só é novidade para quem conhece apenas alguns dos aspetos mais relevantes da minha vida pública. Quando muito o que ficou dito nos últimos parágrafos poderá ser entendido, isso sim, como um aviso prévio, para a eventual radicalização do discurso público nos suportes a que tenho acesso. Apenas isso e nada mais do que isso. Como sempre as conclusões, se é que as há, deixo-as para os leitores da “Sala de Espera” que esta semana por aqui passarem.

O meu regresso às colunas do Diário Insular está a completar um ano. Não vou, à semelhança de outras situações, fazer nenhum balanço, direi simplesmente que: o regresso e a presença quinzenal neste espaço têm sido muito prazerosos e enriquecedores.

foto by João Pires

A pertinência, a utilidade e diversidade dos temas foram, por mim, tomadas em consideração sempre com o propósito de não enfadar os leitores que passam pela “Sala de Espera”. Dei a minha opinião, mas como ficou registado no texto em que regressei (edição de 12 de janeiro de 2022), mais do que a minha opinião procurei: “(…) trazer aos leitores do DI opinião aberta sobre temas sem fronteiras, nem verdades absolutas. (…)”. A intenção não era nova. Sempre procurei deixar espaço para os leitores, ou seja, não tenho uma estratégia colonizadora do pensamento alheio, gosto da diversidade do pensamento crítico, mas sou intolerante à opinião papagueada ancorada nos bordões do mainstream.

É bem possível que nem sempre o tenha conseguido, mas este foi o intento e continuará a ser. Confio que os textos que por aqui vão lendo, mais do que serem do vosso agrado, vos despertem para a reflexão e para o contraditório, ainda que os ecos dessa leitura nem sempre cheguem ao autor, daí não vem mal ao mundo, mas estou recetivo a ouvir/ler as vossas opiniões. Por outro lado, agradeço a confiança da direção editorial do Diário Insular que me continua a acolher no seu painel de colunistas, o que muito me honra.

Ponta Delgada, 27 de dezembro de 2022

Aníbal C. Pires, In Diário Insular, 28 de dezembro de 2022

terça-feira, 4 de outubro de 2022

mesmo que





Excerto de texto para publicação na imprensa regional (Diário Insular) e, como é habitual, também aqui no blogue momentos.






(...) As eleições no Brasil interessam, desde logo e em primeiro lugar aos brasileiros, mas o mundo está de olhos postos no Brasil e nas eventuais alterações que esta potência económica mundial possa introduzir no complexo xadrez regional e mundial, se é que algo vai mudar, na política externa brasileira, mesmo que a presidência mude. (...)

quarta-feira, 20 de abril de 2022

Divagações à volta de viagens e do turismo

foto by João Pires
Viajar é sinónimo de conhecer, aprender, experimentar. Não encontramos estes significados no dicionário, mas as viagens, sejam simples passeios pelos espaços que habitamos, ou viagens para locais de não pertença, não digo lugares exóticos pois, tenho sempre a sensação que quando este vocábulo é utilizado traz consigo alguns atributos de valoração nem sempre muito positivos, mas como dizia, viajar é criar oportunidade para aprender e conhecer, experimentando e estando para sentir o pulsar da vida
e a gente dos lugares. Mesmo as hodiernas e, por vezes, mal-afortunadas viagens de estudantes para alguns não lugares. Mesmo dessas viagens poderá resultar alguma aprendizagem para a vida de quem embarca nessa espécie de ritual iniciático. Ou não! A dormência, provocada pelos excessos do consumo, bloqueia os sentidos e, como sabemos, a aquisição de conhecimentos faz-se através de estímulos sensoriais. Uma das aprendizagens, a haver alguma, poderá ser: sentir e usufruir não é compatível com o torpor induzido por substâncias que alteram o comportamento.  

Chicago, Lago Michigan (2016) - foto by Aníbal C. Pires
Viajar é, cada vez mais, fazer turismo. E meu caro leitor da “Sala de Espera” turismo não significa, no meu dicionário de sinónimos, viajar. Conquanto se viaje para fazer turismo. Parece-lhe que estou confuso, e talvez tenha razão, ando profundamente perturbado com o que se passa pelo mundo: são as cheias e as vítimas, os golpes políticos palacianos (Paquistão), o perpetuar das guerras, a censura, a narrativa revisionista da história, os jornalistas presos – Julian Assange, mas também Pablo Gonzalez, ou Gonzalo Lira, recentemente desaparecido, e, por aqui me fico, a lista de preocupações é longa e, só a sua enumeração me afeta e revolta. Se isto é a civilização como será a barbárie para a qual a “comunidade internacional”, ou se preferirem o ocidente, nos está a guiar!?

Turismo é, por definição, a ação de fazer viagens para recreio. Ao fazer turismo nem sempre se viaja com o intuito de conhecer, aprender e experimentar, pode viajar-se apenas com um propósito lúdico. Não tenho nenhuma crítica implícita a este modo de viajar, também tenho feito algumas viagens que não vão além do lazer e do "dolce far niente" e, penso continuar a fazê-las pois, a minha idade já não aconselha a colocar a mochila às costas e partir, por aí, à descoberta.

Marraquexe, Marrocos (2018 - foto by Madalena Pires

Não pense o leitor que tenho uma posição radicalmente contra o turismo, ou seja, às viagens de lazer. Não, não tenho. E a oferta turística é cada vez mais diversificada quanto à sua natureza e à procura: lazer, saúde, aventura, cultura, religião, sexo, ambiente, gastronomia, enologia, espaço, enfim uma enorme panóplia. Procure o leitor e encontrará propostas para todos os gostos, por mais bizarros que possam parecer, haja bolsa para lhe suportar o desejo. O conceito de turismo evoluiu e vai muito para lá das clássicas viagens de lazer.

Os operadores turísticos adaptaram-se bem às necessidades do mercado e, nada tenho contra isso, se os destinos beneficiarem economicamente, o seu património cultural, ambiental e social não seja adulterado, e, a riqueza gerada contribua para elevar a qualidade de vida e o bem-estar das suas populações. Se os destinos não considerarem estas e outras premissas que lhes garantem competitividade e sustentabilidade não serão, por certo, os forasteiros que o farão, nem têm de o fazer, embora um pequeno segmento da população tenha consciência dos impactos negativos da procura massiva de alguns destinos turísticos e até os evite.

Sal, Cabo Verde (2016) - foto by Aníbal C. Pires
Se lhe disser que quando iniciei este texto a ideia era explorar a nostalgia e a sedução das aventuras romanceadas nas crónicas de viagem, estou a dizer-lhe a verdade. Ia juntar-lhe um ou outro apontamento sobre algumas das minhas viagens feitas à margem dos pacotes turísticos, mas a pena, neste caso o teclado, não quis seguir o guião e como constata ando por aqui a vaguear sem rumo, o que não deixa de ser, para mim, uma viagem desafiante. Para si que hoje passou pela “Sala de Espera” e ficou até agora, deixe-se ficar mais um pouco para ver até onde isto nos leva. 

Tenho evitado, neste espaço, abordar de forma direta e objetiva questões relacionadas com a atualidade política. Pretendo continuar nesta linha de evitamento e as referências seguintes sobre um assunto da atualidade política regional mantêm-se dentro da fronteira, por mim, traçada.

O Plano de Ordenamento Turístico da Região Autónoma dos Açores (POTRAA) vai, finalmente, ser revisto depois de vários anos de vazio legislativo. Aguarda-se que as aprendizagens feitas com o crescimento (2019) e as legítimas preocupações daí decorrentes, mas também com os efeitos económicos desastrosos durante o período pandémico (2020), tenham sido suficientes para a ALRAA expurgar, da proposta apresentada, os mecanismos de livre arbítrio e da satisfação de interesses de momento, colocando em causa um modelo que deve ter como prioridade a garantia de sustentabilidade do setor ancorada na qualidade e singularidade do destino Açores. O turismo pode, e deve, dar um forte contributo para a economia da Região, mas não deve haver pretensões de que possa vir a ser substitutivo de outras atividades económicas. 

Ponta Delgada, 19 de abril de 2022

Aníbal C. Pires, In Diário Insular, 20 de abril de 2022

quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

escolhas

 

foto by João Pires

(...) os lugares enchem-se de ruídos e eu procuro silêncios. (...)


Aníbal C. Pires, setembro de 2018

sábado, 15 de dezembro de 2018

A SATA pode e deve crescer - crónicas radiofónicas

Foto by Aníbal C. Pires





Do arquivo das crónicas radiofónicas na 105 FM

Esta crónica foi para a antena a 29 de Setembro de 2018 e pode ser ouvida aqui









A SATA pode e deve crescer

Foto by João Pires (Lisboa, 2018)
A SATA anunciou nos últimos dias um aumento da oferta durante o Inverno IATA, ou seja, durante a chamada época baixa.
Segunda a informação disponibilizada pelo SATA as ligações da Azores Airlines a Lisboa e ao Porto, ao Funchal, à Europa, aos Estados Unidos e ao Canadá vão ser objeto de um aumento de frequências e, por conseguinte, a uma maior oferta de lugares. É um aumento de 21428 lugares e é esperado que a procura cresça 3% face ao período homólogo do Inverno IATA de 2017/2018.
Só posso ficar satisfeito com o esperado crescimento da procura. Mas mais satisfeito ainda com a resposta do Grupo a essa previsão. Resta saber se a capacidade operacional da Azores Airlines consegue satisfazer este objetivo comercial.
Esta minha dúvida fundamenta-se, no essencial, em dois pilares. O primeiro relaciona-se com a descoordenação existente, pelo menos até há pouco tempo atrás, entre a área comercial e a área operacional. De uma forma simplista pode dizer-se que os compromissos comerciais assumidos não tinham em devida conta os recursos operacionais, em particular tripulações. Todos temos na memória alguns cancelamentos e atrasos, de um e mais dias, em voos da Azores Airlines tendo sido dada pública justificação de que essas irregularidades se ficavam a dever a falta de tripulações. O segundo pilar onde escoro a minha dúvida relaciona-se com a prevista saída de pilotos da Azores Airlines, sendo que a sua reposição e até o necessário reforço vai levar alguns meses, ou seja, havendo muitos pilotos disponíveis no mercado é sabido que a sua qualificação, para poderem operar autonomamente, pode demorar alguns meses.
Mas tudo isto deve ter sido pensado e a sua execução deve estar em curso, Assim o espero pois, o que desejo, e sempre defendi, é que o Grupo SATA possa expandir-se no mercado do transporte aéreo e ultrapasse as atuais dificuldades financeiras o que pode ser conseguido sem a alienação de parte do seu capital social ao setor privado.

Foto by Aníbal C. Pires
O que não se compreende é que existindo mercado, aliás a procura tem aumentado, a SATA não se tenha, em devido tempo, preparado para se capacitar com os meios suficientes para responder ao aumento da procura e tenha abandonado alguns negócios, como por exemplo a ligação Terceira/Madrid/Terceira, por manifesta insuficiência de aeronaves e tripulações, pelo menos foi essa a justificação que foi dada publicamente. Outros exemplos há que demonstram estas insuficiências. No Verão foi necessário recorrer à contratação de ACMIs, um Boeing 737 e um A 340 para satisfazer os compromissos comerciais, mas é bom lembrar que o A 330, conhecido pelo Cachalote, se manteve ao serviço e ainda assim foi necessário recorrer, por várias vezes, a um dos antigos A 310 ainda operacionais. Ou seja, existe mercado para a Azores Airlines, mas esta não tem capacidade, por défice de aeronaves e de tripulações, para satisfazer as necessidades da procura tendo de recorrer à contratação de aeronaves e tripulações de outras empresas.
Não estou à espera que o atual e recentemente nomeado Conselho de Administração tenha, no imediato, resolvido estes e outros problemas de que enferma o Grupo SATA, mas o reforço da operação de Inverno pode ser um bom sinal de que outras rotas estão a ser traçadas.
A SATA é um instrumento da autonomia açoriana do qual não podemos, nem devemos abdicar.
O Grupo SATA tem tudo para competir no mercado do transporte aéreo e a privatização de 49% do seu capital, numa tramitação cujos contornos estão envoltos numa densa bruma, resulta de uma opção política que, em minha opinião, era dispensável, para além de ser indesejável pois, trata-se, como por certo concordará de um setor estratégico para a autonomia regional e como tal devia manter-se, integralmente, no domínio público.

Gostei de estar consigo. Fique bem.
Voltarei no próximo sábado. Até lá.

Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 29 de Setembro de 2018

sábado, 3 de novembro de 2018

Do Verão do meu (des)contentamento - crónicas radiofónicas


Foto by Aníbal C. Pires (S. Miguel, 2018)


Do arquivo das crónicas radiofónicas na 105 FM

Esta crónica foi para a antena a 18 de Agosto de 2018 e pode ser ouvida aqui





Do Verão do meu (des)contentamento

Aníbal C. Pires by João Pires 
Não sei que lhe diga, mas este Verão ando perdido. Não sou capaz de me agendar e quando procuro o que me pode dar alguma satisfação encontro sempre, ou quase sempre, um ruído perturbador.
Não fico, não estou. Recuso este estado de festa e de animação permanentes.  Retiro-me para o meu canto e aguardo pacientemente o fim deste Verão. Sei que para o ano tudo se vai repetir, talvez até densificar. Assim, e tendo consciência de que eu é que estou do lado errado, vou ter tempo para me preparar para o embate do próximo Verão. Para o ano já serei capaz de estar numa esplanada e, em simultâneo, ouvir a música que me chega das que rodeiam a que escolhi, exatamente, por não a ter. 
Temo que este tema não lhe interesse patavina, logo a si que gosta tanto do Verão e da animação da estação. Mas vou arriscar, tenho um certo apetite por andar no fio da navalha.
Se não gosto do Verão, Então não gosto. E gosto particularmente do Verão nos Açores. Seja em S. Miguel, ou em qualquer outra das ilhas açorianas. As temperaturas amenas e quase a tocarem-se, a mínima e a máxima, a do ar e a do mar. Os passeios por paisagens deslumbrantes de azul e verde, ou pelos espaços urbanos que nos contam estórias do passado. Sim do passado, mas também do presente em que se desenha o futuro próximo. Gosto de algumas estórias, de outras nem tanto assim. Ah a Calheta de Pêro de Teive o que foi, o que é, como irá ser e como poderia ter sido.
Mas voltemos às dificuldades por que estou a passar este Verão. Pode-lhe ter parecido que não consegui, sem me inquietar, encontrar lugares para fruir o Verão tal como gosto, Não. Se assim o entendeu induzi-lhe uma ideia errada.

Foto by Aníbal C. Pires (S. Miguel, 2018)
Fui ao Planalto dos Graminhais e daí ao Pico da Vara, num daqueles dias cinzentos de Julho, e o passeio foi muito agradável. A ausência de ruído permitiu-nos a observação de Priolos e de outras espécies de aves mais comuns. E quando as neblinas o permitiam estendíamos o olhar pelas vertentes Sul da Tronqueira que se espraiam até às caraterísticas Lombas da Povoação.
Sim, não estava só e cruzei-me ao longo do percurso com outras pessoas que não produziam mais do que os sons de um cumprimento fugaz e dos passos no caminho.
Este é apenas um exemplo pois, ainda há por aí muitos outros trilhos onde é possível desfrutar da paisagem sem nos cruzarmos com viaturas motorizadas que introduzem uma imagem negativa a quem procura e vai continuar a procurar, quero crer que sim, os Açores como um santuário natural, mas esta é uma outra questão que hoje vamos deixar de lado.
Sim é importante, também acho que sim e julgo que mais tarde ou mais cedo será necessária alguma intervenção que regule a circulação de veículos em alguns dos trilhos. Isto não pode continuar ao deus dará.
Haja coragem dos poderes públicos locais e regionais para encontrar soluções adequadas às caraterísticas deste destino, por enquanto, eivado de uma singularidade que é a garantia da sua sustentabilidade.
É sempre um prazer estar consigo.
Fique bem.
Cá por mim conto voltar ao seu convívio no próximo sábado. Até lá.

Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 18 de Agosto de 2018

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

A SATA e o seu Presidente não são compatíveis. Demita-se, ou demitam-no.

A 321 Neo CS-TSG (Sete Cidades) - foto João Pires
Fiquei profundamente incomodado quando ouvi as declarações públicas do Presidente do Conselho de Administração (CA) após a cerimónia de batismo do A 321 Neo que decorreu na tarde da passada segunda-feira, no aeroporto de Ponta Delgada, e, mais tarde direi porquê.
Já a titular da pasta dos transportes, Ana Cunha, no discurso que proferiu na cerimónia de batismo do “Sete Cidades”, assim se ficou a designar o A 321 Neo que tem inscrito a palavra “Wonder”, me tinha deixado perplexo, neste caso por ter falado muito e não ter dito nada. Pronto se preferirem, A Secretária Regional que tem a tutela dos transportes falou muito mas não disse, Nada de novo.
Ana Cunha limitou-se a regurgitar o que todos sabemos sobre as vantagens de ter uma frota homogénea (aeronaves da família dos A 320), os benefícios na poupança de combustível que advêm da eficiência energética dos A 321 Neo e o aumento de rotações com os Estados Unidos e Canadá que este tipo de aeronave possibilita. Mas Ana Cunha, não só se esqueceu de referir o nome da personalidade que apadrinhou o “Sete Cidades”, Milagres Paz, como se esqueceu de referir que tudo o que disse se aplica ao A 321 Neo Long Range(LR), uma vez que os dois A 321 Neo estão transitoriamente ao serviço da SATA. Transitoriamente sim pois, como está anunciado e contratualizado com a Airbus (o fabricante) até ao fim de 2020 estarão ao serviço da SATA quatro A321 Neo LR. As diferenças entre estes dois modelos de aeronave são, no essencial, a autonomia os LR têm um pouco mais de autonomia, o que lhe confere uma maior fiabilidade na travessia do Atlântico a partir dos Açores, em particular durante o Inverno. Este facto, parecendo despiciente, fez toda a diferença na opção pelos A 321 Neo LR cuja produção está atrasada, segundo a Airbus, relativamente ao que estava previsto.

A 310 CS-TGV (S. Miguel) - foto by João Pires
Teria ficado bem à Secretária Regional dos Transportes ter feito uma alusão à importância da frota dos A 310, foram estes aviões que permitiram a expansão da empresa, porque no dia em aconteceu o batismo do “Wonder/Sete Cidades, o “phase out” dos A 310 ficou concluído, mas também uma palavra de referência ao Comandante Carlos Moniz que antes da realização daquele que foi último voo A 310 CS-TGV (S. Miguel) brindou os convidados e os inúmeros populares com manobras de alta performance, uma descolagem duas passagens baixas a alta velocidade e uma aterragem, até porque, também, o Comandante Carlos Moniz realizou, nesse dia, o seu último voo comercial. Mas que importância tem isso face à ação de propaganda do Governo Regional, digo eu que sou dado a sentimentalismos. Ou então, estaria Ana Cunha à espera que o Presidente do CA da SATA o fizesse. Se estava saíram-lhe defraudadas as expetativas pois, a ilustre figura não disse coisa com coisa. 
Mas se a intervenção de Ana Cunha passou à margem e não foi alvo de nenhuma análise crítica, a não ser, para já, esta que está a ler, o mesmo não aconteceu com as titubeantes respostas do Presidente do CA da SATA quando questionado pelos jornalistas no final da cerimónia de batismo do “Wonder/Sete Cidades”.

Imagem retirada da Internet
As palavras com que iniciei este texto referem-se ao meu profundo incómodo com as declarações do Presidente do CA da SATA e comprometi-me a dar conta das razões desse meu mal-estar. Pois bem, Não é aceitável, por inexperiente que seja, que o Presidente do CA da SATA tenha demonstrado um total desconhecimento quer da composição da atual frota da SATA Internacional/Azores Airlines, quer da evolução que ela virá a ter no futuro próximo. E não me venham dizer que é um problema de oratória e de dificuldade em enfrentar os microfones e as câmaras, nada disso, trata-se mesmo como é visível e audível de desconhecimento sobre o que lhe foi perguntado. Não é aceitável e o senhor Presidente do CA da SATA devia, no mínimo, apresentar a sua demissão a quem cometeu a leviandade de o nomear. Se o Presidente do CA da SATA não o fizer, então ao Governo Regional cabe-lhe essa decisão e, já agora, não demorem muito tempo. Se querem que a SATA seja aquilo que a Secretária Regional afirmou, então não percam mais tempo e demitam-no.
Se eu me senti incomodado imagino o que terão sentido os trabalhadores da SATA quando viram e ouviram as declarações do seu Presidente. Isto para não me referir ao que terão sentido os seus colegas do CA, em particular a Dra. Ana Azevedo. Posso também imaginar o que os principais responsáveis na estrutura organizacional da SATA, quando acederam às imagens e ao som, terão sentido. Eu diria que terá sido um misto de sensações que percorreu o espetro que vai da vergonha ao riso, dependendo de como cada um interpretou e reagiu perante aquela grave demonstração de ignorância de quem está à frente da sua (nossa) empresa.
Ponta Delgada, 16 de Outubro de 2018

Aníbal C. Pires, In Diário Insular e Açores 9, 17 de Outubro de 2018

terça-feira, 16 de outubro de 2018

... estamos a chegar ao grau zero

A 310 CS-TGV (S. Miguel - foto by João Pires





Excerto de texto para publicação na imprensa regional e, como é habitual também aqui, no blogue momentos






(...) Teria ficado bem à Secretária Regional dos Transportes ter feito uma alusão à importância da frota dos A 310, foram estes aviões que permitiram a expansão da empresa, porque no dia em aconteceu o batismo do “Wonder/Sete Cidades, o “phase out” dos A 310 ficou concluído, mas também uma palavra de referência ao Comandante Carlos Moniz que antes da realização daquele que foi último voo A 310 CS-TGV (S. Miguel) brindou os convidados e os inúmeros populares com manobras de alta performance, uma descolagem, duas passagens baixas a alta velocidade e uma aterragem, até porque, também, o Comandante Carlos Moniz realizou, nesse dia, o seu último voo comercial. Mas que importância tem isso face à ação de propaganda do Governo Regional, digo eu que sou dado a sentimentalismos. Ou então, estaria Ana Cunha à espera que o Presidente do CA da SATA o fizesse. Se estava saíram-lhe defraudadas as expetativas pois, a ilustre figura não disse coisa com coisa. (...)