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quarta-feira, 7 de junho de 2017

Terror, choque, medo

Aquando da apresentação do New Deal, na década de 30, o Presidente dos Estados Unidos, Franklin Delano Roosevelt disse a determinada altura, “(…) a única coisa que devemos temer é o próprio medo (…)”. Esta ideia expressa pelo Presidente Roosevelt, embora tenha sido proferida num contexto muito particular, tratava-se de implementar uma revolução social-democrata nos Estados Unidos, inspirada na teoria económica de Keynes, cujos efeitos se prolongaram até à década de 70, mas como dizia, embora numa conjuntura muito própria, a ideia de que é o medo, o nosso próprio medo, que devemos temer é uma verdade insofismável.
Outros políticos e pensadores desenvolveram esta temática, Eduardo Galeano tem uma excelente reflexão, como só ele era capaz de o fazer, sobre o medo o seu efeito castrador e de dominação do poder sobre os cidadãos e os povos.  Naomi Klein produziu um excelente estudo, “Doutrina/Teoria do Choque”, em que demonstra que é durante e num breve espaço de tempo após uma situação de cataclismo ou de terror, ou seja, quando as populações estão mais fragilizadas e têm a sua atenção centrada na sua própria sobrevivência, que as medidas políticas e económicas mais retrógradas são implementadas e até aceites e apoiadas pelas populações.
O terror provoca o choque e o medo, o medo induz comportamentos passivos e pouco racionais, como por exemplo, a aceitação e apoio à construção de um muro na fronteira do México com os Estados Unidos, ou a onda xenófoba, racista e islamofóbica que se vive no chamado Mundo Ocidental. E não, Não se trata de um choque de civilizações ou de um conflito religioso, como por vezes nos querem fazer crer, se assim fosse o Mundo Ocidental estaria em guerra aberta com a Arábia Saudita, este sim um verdadeiro estado islâmico. Mas não, aliás como pudemos recentemente verificar com a visita de Donald Trump e com os negócios realizados entre os dois países, a maior venda de armamento dos Estados Unidos à Arábia Saudita. Mas este não é o assunto que hoje quero desenvolver, o que não significa que não lhe atribuo importância ou, que a ele não regressarei, até porque algo de insólito aconteceu lá para os lados do Golfo Pérsico. Bahrein, Egito, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Iémen cortaram relações diplomáticas com o Qatar.
Os atentados terroristas acontecem quase diariamente, bem se contabilizarmos todos os atos que infligem sofrimento e terror sobre a população, em qualquer parte do Mundo, então a frequência é tal que diria que os atos terroristas já fazem parte do nosso quotidiano, banalizaram-se. Ainda há alguns minutos foi noticiado mais um incidente, desta vez em Paris, no exterior da catedral de Notre Dame. Não sei mais pormenores, mas para todos os efeitos é mais um momento de terror. Que o digam os cidadãos que estão no interior da catedral e o agente da polícia que foi atacado.

O que resulta de um ato terrorista é o medo, com a alteração do modus operandi, o medo generaliza-se, cresce, sufoca, tolda o pensamento e a vontade. As medidas que vierem a ser implementadas para combater o terror serão aceites sem oposição. A nossa história recente está recheada de exemplos que o comprovam. Sendo que a invasão do Iraque, em 2003, é o paradigma da construção mediática de uma mentira aceite, pela generalidade da opinião pública mundial, como uma verdade. Verdade que justificou a invasão. O que ficou diferente, Tudo. Tudo ficou pior para o povo iraquiano que ainda está a pagar o tributo imperial aos seus invasores.
Sobre muitos dos atentados ocorridos nas capitais europeias, desde os mais recentes, a outros dos quais já nem lembramos, pendem muitas dúvidas sobre a sua veracidade, não da sua veracidade como um evento terrorista, mas sobre os verdadeiros mentores do ato. O jornalista free lancer John Pilger tem alguns artigos interessantes sobre esta temática, bem assim como o sítio canadiano na internet Global Research. As false flags são prática comum executadas por organizações a soldo de interesses que não são, propriamente, os interesses da humanidade.

Sobre o recente ato terrorista de Manchester pendem algumas dúvidas. Os rapazes de Manchester, todos eles referenciados, pelos serviços e inteligência ingleses e estado-unidenses, todos eles a movimentarem-se sem qualquer restrição.
E aconteceu, 
Aconteceu mais uma noite de terror, o choque abateu-se, uma vez mais sobre nós, o medo cresceu e com ele ampliaram-se as condições para o domínio e o controle dos cidadãos.

Ponta Delgada, 06 de Junho de 2017

Aníbal C. Pires, In Diário Insular e Açores 9, 07 de Maio de 2017

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Who fucked Victoria Nuland

Quem fodeu a norte americana e Secretária de Estado Adjunta para a Europa ao divulgar esta conversa telefónica onde a determinada altura a Senhora diz: a UE (União Europeia) que se foda… Expressão que obteve a anuência do seu interlocutor.
Mas quem deve estar fodido com isto tudo são os “democratas” ucranianos, os imparciais jornalistas e comentadores que pululam nas redações da comunicação social nacional de referência e, claro, fodido estará também o presidente Barack Obama, não pela indesmentível ingerência dos Estados Unidos nos assuntos internos de países soberanos, isso não é novidade, mas pela linguagem de Victoria Nuland. Mas que foda, terá exclamado o presidente Obama, quando foi informado do sucedido.
Quanto à UE, ao que foi apurado, ninguém se sentiu fodido com as palavras desta diplomata estado-unidense, pois entre Bruxelas, Paris e Berlin ninguém assumiu que estivesse a ser realmente fodido, o que demonstra o desnorte que reina na EU.
O tema da conversa telefónica de Victoria Nuland e o Embaixador estado-unidense versava a necessidade de uma maior intervenção da ONU e dos Estados Unidos na “crise” política ucraniana.

Não deixem de ouvir a conversa telefónica enquanto a não retiram do Youtube.


sábado, 14 de janeiro de 2012

E assim se combate o terrorismo e os terroristas*

Nos últimos meses chegaram notícias de que um conhecido terrorista internacional se encontrava nos Estados Unidos e passeava, impunemente, pelas ruas de Miami.
O governo estado-unidense confrontado pela comunidade internacional com a presença deste personagem que dá pelo nome de Luís Posada Carriles no seu território, veio, em primeira instância, afirmar que desconhecia o seu paradeiro para, mais tarde, e muita pressão interna e externa depois, enviar ao seu local de acolhimento em Miami quatro agentes que o detiveram e o acusaram de crime por entrada ilegal nos Estados Unidos.
Posada Carriles, conhecido e reconhecido pelo governo dos Estados Unidos, tem um longo e mórbido currículo por toda a América Latina e do qual se pode destacar a responsabilidade pela morte de 73 pessoas durante o ano de 1976 fazendo explodir um avião comercial na costa dos Barbados.
Como explicam a administração Bush, os agentes federais, a polícia de Miami e os serviços de imigração o desconhecimento da entrada e permanência deste conhecido terrorista internacional em território do país que elegeu o combate ao terrorismo como a sua bandeira?
Como explica o governo estado-unidense aos seus cidadãos e à opinião pública internacional que o sanguinário Posada Carriles tenha sido apenas acusado do crime de entrada e permanência ilegal no território dos Estados Unidos?
O que leva a administração Bush a não responder ao pedido de extradição feito pelo governo do país de onde evadiu em 1985 e, no qual se encontrava a cumprir pena de prisão por uma das suas acções terroristas?
Documentos da CIA e do FBI, já desclassificados, comprovam não só a responsabilidade e autoria Posada Carrilles em várias acções terroristas, mas também que todo o seu percurso de terror teve o beneplácito das agências de segurança dos Estados Unidos.
Não tenho respostas para as perguntas que deixei anteriormente mas, o facto de Posada Carriles, tal como Osama Ben-Laden, ser um dos muitos monstros que a CIA criou talvez ajude à compreensão desta estranha atitude da administração de George W. Bush
Talvez ajude à melhor compreensão desta atitude da administração Bush se vos disser que o avião comercial que explodiu em pleno voo era da Cubana Aviaçón e que o país de onde se evadiu Posada Carriles foi a Venezuela que, agora, legitimamente solicita a sua extradição.
Quanto à ineficácia da polícia e dos agentes federais de Miami no combate ao terrorismo e aos terroristas não há nada de novo.
Enquanto os terroristas que perpetraram o ataque às Torres Gémeas se treinavam livremente no Estado da Florida as autoridades norte americanas procuravam empenhadamente agentes da inteligência cubana infiltrados nas máfias cubanas de Miami e que evitaram, com a sua acção, mais de 170 ataques terroristas contra o povo cubano.
Talvez ajude, ainda melhor, à compreensão desta contraditória situação se vos disser que os agentes cubanos se encontravam em Miami na sequência de um acordo antiterrorista entre a administração de Bill Clinton e o governo Cubano, na altura mediado pelo escritor Gabriel Garcia Marques, e do qual a administração estado-unidense fez tábua rasa em 1998.
Um dos muitos monstros criados pelo governo estado-unidense e pela CIA regressou à casa mãe criando um complexo problema à política interna e externa dos Estados Unidos.
Para a maior parte dos leitores tudo isto, suponho, será uma novidade porque este não é assunto dos noticiários nem que interesse aos poderes instituídos.
Vá-se lá saber porquê? Pois terrorismo é terrorismo e Luís Posada Carriles é responsável pela morte de mais de 3 mil pessoas, tantas quantas as que pereceram no ataque terrorista às Torres Gémeas.
Ponta Delgada, 23 de Junho de 2005

*Publicado na imprensa regional em junho de 2005