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Em 2017, a propósito da guerra de informação e contrainformação na guerra da Síria, desiludi-me com o ator George Clooney, não pelas suas qualidades na arte da representação, mas por ter dado cobertura às produções de propaganda dos “Capacetes Brancos” (White Helmets). George Clooney é um cidadão bem informado e, como tal, o seu ato foi indesculpável.
A guerra na Ucrânia fez cair, na minha consideração, um outro ator estado-unidense. Não enquanto ator, mas como cidadão, igualmente, bem informado, pelo menos assim o considero.
Sean Penn resolveu, não sei bem a troco de quê, assumir a defesa cega do presidente ucraniano, o que não significa bem a mesma coisa de assumir a defesa do povo ucraniano que, ao contrário do que nos querem fazer crer, não está todo ao lado de Volodomyr Zelensky, mas essa história será contada depois.
A minha desilusão com Sean Penn, vale o que vale, está ancorada em três factos devidamente comprovados e do domínio público, só não tem conhecimento quem não quer, a saber:
1 - “Máscaras da Revolução” documentário de uma TV francesa que podem ver no Canal de Documentários do Youtube; o documentário “A Ucrânia em Chamas” do realizador Igor Lopatnok (ucraniano a viver na Califórnia, produzido por Oliver Stone (estado-unidense); ou ainda “Donbass”, um documentário da jornalista francesa Anne-Laure Bonnel; Estes documentários falam de uma questão que Sean Penn sempre ignorou. Não por desconhecimento, mas com o propósito de manter distante dos olhos e ouvidos dos cidadãos ocidentais a guerra civil ucraniana que, como todos sabemos, deflagrou em 2014 e provocou, até ao dia 24 de fevereiro de 2022, milhares de mortos e mais de 1 milhão de refugiados.
2 – Sean Penn, não sei das suas razões, esteve (ou está) na Ucrânia a fazer um documentário sobre a atual situação que se vive naquele país onde a guerra, depois da invasão russa, se alastrou a outros territórios ucranianos. Sean Penn atua como se tudo se tivesse iniciado a 24 de fevereiro pp, o que, para quem está informado como ele, é falacioso e parcial.
3 – Sean Penn fez uma birra para chantagear a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas (Holywood) a aceitar que Volodomyr Zelensky pudesse falar durante a entrega dos óscares. Ao que parece a Academia não se vergou à chantagem de Sean Penn e Zelensky não vai ter a “deixa” para participar no espetáculo. A verificar-se que a Academia não cede à birra do ator aguardo para assistir à quebra, por Sean Penn, das duas estatuetas que lhe foram atribuídas, pela Academia, durante a sua carreira. Essa foi a ameaça do ator, espero que cumpra esta sua intimação.
A atitude de Sean Penn é, para mim, lamentável e incompreensível, pois, para além das suas qualidades como ator e realizador, que admiro, sempre considerei que ele era um ativista social e político que colocava rigor nas suas intervenções. Ao tomar esta atitude Sean Penn está a ser parcial e a demonstrar que está do lado da narrativa unilateral dos “bons e dos maus”, o que não serve o bem maior que é a PAZ, lamento profundamente que Sean Penn, como foi fazendo ao longo da vida, não tenha mantido distanciamento em relação à situação criada pela invasão russa e se empenhe em dar palco ao presidente ucraniano, como se sobre ele não recaíssem muitas dúvidas quanto ao seu papel neste conflito.Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 27 de março de 2022