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quarta-feira, 18 de abril de 2018

Na Síria, Quem é quem

Imagem retirada da Internet
Sobre a agressão à Síria, que não é de agora, dura abertamente desde 2011, a informação que circula na comunicação social portuguesa de referência, seja lá o que isso for, tem sido tendenciosa e, em alguns momentos, manipuladora da opinião pública. Nada que eu estranhe, mas que não fica bem a quem tem por missão informar, mesmo considerando que os conflitos políticos e militares são sempre alvo de tentativas de contrainformação e de propaganda.
Deixo aqui o mais recente exemplo, ou melhor dois exemplos de factos que tendo sido difundidos e confirmados não foram alvo de notícias na tal, de referência, comunicação social nacional.
Segundo a agência espanhola de informação a EFE, nos dias que se seguiram às notícias do suposto ataque com armas químicas, em Douma, “A Síria enviou um convite à Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) para que uma equipa dos seus investigadores visite a cidade de Douma, nos arredores de Damasco, onde houve denúncias do seu suposto ataque químico no sábado.” O convite foi feito e confirmado e os investigadores da OPAQ que se encontram na Síria desde o dia 14, ou seja, poucas horas depois dos bombardeamentos que, supostamente, terão destruído os locais de armazenamento e fabrico de armas químicas. Difícil será agora comprovar o que quer que seja. Os Estados Unidos, a Inglaterra e a França, vá-se lá saber porquê, parece não quererem apurar a verdade. As certezas desta aliança são cada vez mais semelhantes com o logro que Colin Powell apresentou no Conselho de Segurança das Nações Unidas, a 5 de Fevereiro de 2003, e que justificou perante a opinião pública mundial a invasão do Iraque.
O outro exemplo não estando diretamente relacionado com a Síria, mas está com a Rússia, é a confirmação, por um prestigiado e independente laboratório suíço, de que o aposentado espião russo e a sua filha, não foram submetidos ao agente tóxico “novichok”. A filha de Skipral já teve alta do hospital e o antigo espião russo já não se encontra em estado crítico, a terem sido alvo de um ataque com aquele agente tóxico e a sua morte já teria acontecido.
E assim se foram por água abaixo as teses que estiveram na base do azedar das relações diplomáticas entre os Estados Unidos, a Inglaterra, os seus aliados, e a Rússia. Esta questão só parece que não, mas tem tudo a ver com a questão Síria.

Imagem retirada da Internet
Uma outra informação, esta sim, difundida, prende-se com um facto, julgo eu estranho. Vejamos, A embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas, Nikki Haley, afirmou durante uma entrevista a televisões do seu país que as tropas norte-americanas “não sairão da Síria sem que os objetivos da sua presença sejam alcançados”. Para além desta afirmação contradizer o presidente dos Estados Unidos (entendam-se) que, alguns dias antes, tinha afirmado que iria retirar os soldados americanos da Síria, fica demonstrado inequivocamente a presença de soldados estrangeiros em território sírio sem autorização da República Árabe da Síria. O que conforma, face ao direito internacional, uma invasão. Mas nem é bem isso que me causa alguma estranheza. Estranho mesmo é saber onde é que estão, ou têm estado, pois já não há muito território sírio que não esteja limpo de terroristas, os militares dos Estados Unidos, pois bem só podem estar, ou ter estado, nos territórios sob controle do terrorismo islâmico, neste caso nos territórios sírios sob domínio da Al-Nusra/Al-Qaeda, isto se quisermos, ainda assim, diferenciar estas organizações do DAESH. Afinal quem é quem na Síria.
Que os Estados Unidos têm, ou tiveram, soldados em território sírio não é especulação. Foi o presidente Donald Trump e a sua embaixadora nas Nações Unidas que o confirmaram.
Mas esta constatação leva-me a outras notícias que vêm do tempo em que Alepo foi libertada e que agora, com a libertação de Ghouta, se verificaram de novo. Aquando da libertação de Alepo foi divulgada, pelo governo sírio, a captura pelo seu exército de mais de uma dezena de oficiais da NATO de várias nacionalidades. Agora com libertação de Ghouta, muito antes do que se pensava, corre por aí que alguns militares britânicos terão sido capturados pelas forças armadas sírias que libertaram a região de Ghouta Oriental. Dir-me-ão que esta última notícia tem origem numa agência de informação iraniana, É verdade. Mas também é verdade que não dei conta de nenhum desmentido.
Afinal, quem é quem na Síria.
Ponta Delgada, 16 de Abril de 2018

Aníbal C. Pires, In Diário Insular e Açores 9, 18 de Abril de 2018

sábado, 14 de abril de 2018

Somos estúpidos, ou quê

Ao que parece este era um dos alvos (do sítio do DN)
O anunciado, com base em alegadas suposições, aconteceu esta madrugada.
A informação difundida pela troika (Estados Unidos, Inglaterra e França) diz que os bombardeamentos foram eficazes e destruíram os complexos e o comando do armamento químico na Síria.
A pergunta é, Então e os efeitos letais nas populações junto às áreas bombardeadas provocados pelos gases (armas químicas) que teriam de ser libertados face à sua suposta destruição?

A produção de um vídeo em que um capacete branco
se prepara para protagonizar mais um
salvamento de uma criança vítima do "ataque químico"
 
Somos estúpidos ou não paramos para pensar. E a comunicação social alimenta estas merdas e Portugal, não os portugueses, através do Ministério dos Negócios Estrangeiros diz que compreende a ação de bombardeamento de um país soberano. Eu não. Eu condeno esta farsa e esta escalada de terrorismo de estado.

Um outro dado interessante prende-se com o fato de os bombardeamentos e a sua suposta eficácia ter sido feita antes da chegada dos investigadores das Nações Unidas à Síria. Peritos que iam verificar a veracidade do tal ataque com armas químicas. Muito conveniente.

Lembrar apenas que a ação desencadeada pelos Estados Unidos, Inglaterra e França foi executada à margem do direito internacional e sem consulta aos respetivos parlamentos.

Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 14 de Abril de 2018

quarta-feira, 11 de abril de 2018

É alegado, mas já há certezas - Síria

Colin Powell - imagem retirada da Internet
Nos últimos dias a comunicação social e as redes sociais reproduziram mais uma das produções “cinematográficas” dos “White Helmets/Capacetes Brancos” sobre a Síria. O tema não é novo, os métodos também não e, a credibilidade desta organização é a mesma que me merecem os seus financiadores. A projeção no Ocidente foi feita pela comunicação social que já nos habituou às “fakenews” e que está a construir um “fakeworld”. Mas nada disto seria possível sem a ajuda dos serviços de inteligência franceses, ingleses, estado-unidenses e israelitas que, comprovadamente têm estado a apoiar o terrorismo na Síria, Sim porque a guerra na Síria não é feita por rebeldes opositores ao regime, o que não significa que não exista oposição na Síria, a guerra na Síria é feita por mercenários islamitas, mas não só, e poucos terão a nacionalidade síria. Como se sabe depois da destruição da Líbia a atenção da NATO, dos Estados Unidos e dos seus aliados voltou-se para a Síria e um grande contingente de mercenários fundamentalistas islâmicos foi transferido para a Síria.
E tudo isto é preocupante, muito preocupante quando temos governos do Mundo Ocidental a promoverem fakenews, aliás não é necessário fazer um grande esforço de memória para nos lembrarmos que Colin Powell, Secretário de Estado da Administração de George Bush, em 5 de Fevereiro de 2003, fez um discurso perante o Conselho de Segurança da ONU, em que pretendeu demonstrar a existência de armas de destruição massiva nas mãos do Presidente iraquiano Saddam Hussein. A certeza de Powell era tanta que chegou a agitar perante o Conselho um frasquinho com o que dizia ser uma amostra de armas químicas iraquianas proibidas. Mais tarde, quando os EUA reconheceram a inexistência de tais armas, Powell reconheceu também que o discurso ficara como uma "nódoa duradoura" no seu currículo. Não me preocupa a nódoa no currículo de Colin Powell, preocupam-me os milhares, os milhões de mortos e refugiados que a encenação de Colin Powell provocou, preocupa-me que os países europeus tenham acompanhado os Estados Unidos neste logro mundial.
O suposto ataque químico em Guta Oriental estava previsto e faz parte de um plano que permita ganhar o apoio da opinião pública mundial para uma intervenção militar sobre Damasco do triunvirato França, Inglaterra e Estados Unidos que tem executado o plano delineado pelos falcões do Pentágono e da NATA, desta vez sem subterfúgios nem interpostas organizações terroristas, o energúmeno que reside na Casa Branca, anunciou de imediato. E se cumprir o seu anúncio feito pelo “Twitter”, estará para acontecer, nas próximas horas, o bombardeamento a um país soberano. Isto sem estar provado, primeiro a existência de ataque com armas químicas, segundo a ser provada a existência de um ataque com armas químicas, é necessário apurar o seu autor, aliás estas encenações e acusações não acontecem pela primeira vez sem que, no entanto, se tenha provado que o ataque foi feito pelas tropas sírias.
Mas nada disto é novo. A diplomacia Russa e Síria, em sede das Nações Unidas, com base na recolha de informação dos serviços de inteligência destes dois países, já tinham denunciado que iria ter lugar uma encenação pelos grupos terroristas que ainda ocupam uma zona de Guta Oriental. Por outro lado, este novo episódio não está, de todo desligado, das acusações da Inglaterra à Rússia, sobre o ataque de que foi feito a um antigo espião russo e à sua filha, em Salisbury, com um agente tóxico, o “novichok” de origem russa (desenvolvido ainda no tempo da URSS). A Inglaterra acusou, mas como se sabe nem os serviços de inteligência de Sua Majestade, nem os laboratórios conseguiram ligar o ataque e a proveniência do agente tóxico à Rússia.
Os Estados Unidos, a Inglaterra e a França, mas também a Arábia Saudita e as restantes monarquias do golfo não perdoam à Rússia, isto para além de outras questões, a derrota infligida ao DAESH/Al-Qaeda/Al-Nusra, ou lá como se quiserem denominar os grupos terroristas que promoveram a guerra na Síria. Antes do apoio militar russo à Síria o terrorismo ganhou posições e ocupou território sírio, apesar da intervenção dos Estados Unidos e dos seus aliados, com a entrada da Rússia, esta assim a acertar no alvo, o DAESH ou Estado Islâmico, ou qualquer outra das designações porque são conhecidos os terroristas que atuam na Síria, desmoronou-se.

Quase a finalizar este escrito chegou a seguinte notícia:
"Primeira-ministra britânica marca reunião para delinear ação militar na Síria após alegada utilização de armas químicas no país.
A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, convocou para esta quinta-feira uma reunião extraordinária do seu Gabinete com o objetivo de aprovar um plano de intervenção militar na Síria.
A notícia é avançada pela Sky News, segundo a qual o governo britânico se prepara para participar numa força tripartida liderada pelos Estados Unidos e que conta também com a França."

Só posso ficar preocupado. Theresa May não é diferente de Donald Trump, assim como Tony Blair, Aznar e Bush não o eram quando, nas Lajes e também com alegadas suspeições, decidiram invadir o Iraque. Agora as suspeições são sobre a Síria e a Rússia e se a Síria, assim como o Iraque não tinham grande poderio militar, com a Rússia não é bem assim e a China ainda não se pronunciou. Ou seja, o cenário internacional está ao rubro e a qualquer momento pode acontecer uma calamidade que não se confinará apenas à Síria.

Aqui fica o testemunho de uma missionária católica sobre a questão Síria. 

Não deixem de ver e talvez os ajude a perceber que a história que nos têm contado talvez não seja bem assim

Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 11 de Abril de 2018

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Aleppo

Imagem retirada da Internet
É imperativo ir para além da espuma mediática e contaminada dos tweets e da informação das corporações mediáticas referenciadas como ocidentais, onde incluo as portuguesas. Sim, as portuguesas, porque estamos a ocidente de qualquer lugar a oriente, embora estejamos a oriente de um qualquer lugar que nos esteja a ocidente, mas não somos o centro do planeta como nos poderá parecer quando olhamos o planisfério, Há outros pontos de vista, desde logo o dos povos que foram, e são, subjugados pelos interesses “ocidentais”.
A informação circula à velocidade de um clique e o seu acesso está mais ou menos generalizado, diria que no que concerne às televisões e às rádios que há muito está massificado. Não haverá, a não ser por opção própria, quem no Ocidente não tenha a acesso à informação áudio e/ou audiovisual, o que não significa que se esteja bem informado, pois os critérios editoriais, essa vaca sagrada, as leis do mercado e os interesses obscuros conformam a informação, ou seja, nem sempre, ou melhor, quase nunca, a informação que nos vendem é rigorosa, direi até que muita da informação veiculada pelas corporações mediáticas nem sequer corresponde à realidade dos factos, É informação manipulada para moldar a opinião pública. Só assim se entende que a generalidade dos cidadãos ocidentais, sejam do Norte ou do Sul, ou estejam a Oriente, tenham como bom que as “Torres Gémeas” colapsaram devido ao embate dos aviões e aos incêndios que se lhe seguiram, Claro que não. Nem havia armas de destruição massiva no Iraque, Pois não.

Imagem retirada da internet
Mas não é da tragédia do 11 de Setembro que se trata, ou talvez seja, afinal o Afeganistão, o Iraque e tudo o que se seguiu, passando pela Líbia e posteriormente pela Síria tem a sua génese nesse evento. Mas é justamente pela Síria, mais precisamente sobre os recentes desenvolvimentos, que pretendo deixar algumas reflexões face à intoxicação da opinião pública que foi promovida na última semana.
Sobre a Síria a sua economia, os aspetos sociais, culturais, religiosos e políticos, sobre a sua história, antes da deflagração do conflito promovido do exterior, como se sabe, pode encontrar-se muita informação quer na net, quer em diferentes obras e brochuras conforme queiram mergulhar no saber ou, simplesmente, ficar à superfície boiando no conhecimento sobre aquele país soberano.
Aleppo a cidade Síria ocupada por grupos terroristas, que passarei a designar apenas por Daesh pois é disso que se trata, seja lá o que isso for. Não sendo a capital do país, como sabem é Damasco, Aleppo antes da ocupação pelo Daesh era uma cidade cosmopolita muito procurada como destino turístico, a cidade velha de Aleppo foi declarada, pela UNESCO, Património da Humanidade, em 1986. Aleppo era uma cidade onde se respirava paz e tranquilidade e onde não existiam quaisquer sinais de conflitos religiosos, ou não fosse a Síria um Estado laico, tal como era o Iraque, e onde imperava a convivência pacífica entre as diferentes comunidades religiosas.
A Síria é dos poucos países do Mundo e o único país árabe sem dívidas ao FMI, as mulheres têm os mesmos direitos constitucionais que os homens, a exploração de petróleo é do domínio público, poderia continuar a lista e até integrar outros motivos bem objetivos, como o interesse na construção “do gasoduto árabe” pela Arábia Saudita e seus aliados, ou lembrar que a Síria é o único país da bacia do Mediterrâneo fora da área de influência da NATO e tem uma forte ligação com a Rússia. Os motivos do apoio externo a uma suposta revolta de grupos da oposição síria são muitos e diversos e interessam sobretudo aos Estados Unidos e aos seus aliados, Arábia Saudita, Israel, (veja-se só), Turquia, Inglaterra, França e as monarquias do Golfo e têm como fim último atingir o Irão e isolar a Rússia, aliás a construção do “gasoduto árabe” mais não pretende do que acabar com o fornecimento de gás natural da Rússia à Europa.
Hoje é reconhecido que a “Primavera Árabe”, foi um inferno e de árabe só teve mercenários e fundamentalistas a soldo dos aliados europeus e árabes dos Estados Unidos. Depois da Líbia, onde pela primeira vez soldados da NATO lutaram no terreno ao lado, da então, Al-Qaeda, seguiu-se a Síria para onde migraram, via Turquia, os mercenários que colaboraram com o assassinato de Kadafi e com a destruição da Líbia. A Síria, só para recordar, está na famosa lista de países do “eixo do mal” feita durante o consulado de Bush júnior.

Imagem retirada da internet
A estratégia da coligação liderada pelos Estados Unidos que na Síria, desde o início do conflito, combateu o Daesh, obteve os resultados que todos conhecemos, O Daesh fortaleceu-se e ocupou cidades e território sírio, aliás cumprindo o objetivo inicial desta espúria coligação que pretende derrubar um governo legítimo. Legítimo sim, lembro que em 2014 houve eleições na Síria, eleições tão democráticas e livres como as que elegeram Donald Trump, ou Barack Obama.
A demonstração, aos olhos da comunidade internacional, de que a ineficácia do combate ao Daesh, pela coligação liderada pelos Estados Unidos, era uma falácia acontece com a entrada da Rússia no conflito. Se a Rússia tem interesses na região, Claro que sim, desde logo de defesa, para além de interesses de ordem económica.
Com o apoio da Rússia as forças armadas sírias foram reconquistando território e cidades e nos últimos dias tomaram o controlo de Aleppo, que esteve ocupada pelos terroristas durante vários anos, afinal trata-se de repor a legalidade, eis senão quando se levantam as vozes dos “ocidentais” ativistas de sofá em resposta a apelos finais divulgados na net e  fabricados, de entre outros, pelos “Capacetes Brancos”, organização sedeada em Coventry, Inglaterra, e financiada a partir dos Estados Unidos.
Os sírios manifestam nas ruas a sua satisfação pela tomada de Aleppo, não serão todos naturalmente, e os “ocidentais” condenam a libertação da cidade.
Fica muito por compreender e muito mais por explicar, como por exemplo a detenção num bunker em Aleppo, pelas forças especiais sírias, de mais de 20 oficiais NATO, de várias nacionalidades, O que faziam ali. Combatiam o terrorismo ou estavam ao lado dos jihadistas.
Ponta Delgada, 18 de Dezembro de 2016

Aníbal C. Pires, In Jornal Diário e Azores Digital, 19 de Dezembro de 2016