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sábado, 22 de março de 2025

poemas com propósito

renovar


da verde árvore
cai a folha morta
renova-se a árvore
putrefaz a folha


Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 15 de Outubro de 2016, (in Esperança Velha e outros poemas, Letras Lavadas, 2020)



perfídia


o poeta 
trocou o futuro
pelo passado

o poeta
trocou o sonho
pelo pesadelo

o poeta
acabou só
só, como um prostituto
num quarto vazio de ideias

o poeta
acabou só
só, como um prostituto
num quarto lotado pela perfídia

o poeta
acabou só
só, como um prostituto
num quarto sem palavras      nem poesia


Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 19 de Outubro de 2016, (in Destroços à Deriva, Letras Lavadas, 2024)




domingo, 3 de novembro de 2024

agradecer

Agradeço à Organização do Outono Vivo, o convite para participar na 19.ª edição do Festival Outono Vivo para apresentar do meu mais recente livro de poemas. 

A minha gratidão estende-se à Câmara Municipal, na pessoa da sua Presidente e da Vereadora da Cultura que me honraram com a sua presença no lançamento, mas também ao vereador Ricky Batista que me apresentou ao público presente.

Endosso à Dra. Tânia Santos uma palavra de reconhecimento pelo trabalho desenvolvido na estruturação e realização deste festival das artes que, sendo da Praia da Vitória, há muito galgou as fronteiras do concelho, da ilha, da região e, este ano, as fronteiras do país.

Uma palavra de amizade para o Carlos Lima que continua a dar o seu contributo na realização da Feira do Livro que é, talvez, a face mais visível do festival.

Não posso deixar de referenciar e agradecer aos trabalhadores e voluntários que erguem e apoiam este festival das artes e, sem os quais, não seria possível a sua concretização.

Agradeço a presença dos meus estimados amigos e dos leitores que estiveram presentes pois, sem a sua presença, o momento vivido na tarde do dia 1 de novembro no bar da Associação de Juventude e das Artes da Ilha Terceira não teria grande significado.


Ainda uma referência à editora Letras Lavadas que me acolhe na sua chancela e que se tem vindo a afirmar no panorama regional e nacional como um parceiro das artes literárias e como agente ativo na divulgação e promoção cultural.

Por fim uma palavra de apreço e gratidão à Ana Rita Afonso que continua a ser a minha companheira de viagem nas minhas incursões literárias.

A expressão é do ano passado, mas mantém-se atual e reflete o que desejo para este festival das artes: Que este Outono continue a ser uma imensa Primavera para as artes e para a divulgação cultural!

Bem hajam!

Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 3 de novembro de 2024


quarta-feira, 10 de abril de 2024

a caminho das livrarias

É chegada a hora de desvendar alguns pormenores do livro de poemas “Destroços à Deriva”.

Um novo projeto com a habitual parceria de Ana Rita Afonso, autora da capa e das ilustrações concebidas para os poemas.

Fica a capa e um pequeno excerto do texto introdutório.

(…) A Ana Rita Afonso, companheira de viagem nas minhas incursões literárias, junta-se, de novo, a este projeto editorial. A fusão das palavras com as artes plásticas valoriza, diversifica e atrai novos públicos. As palavras chegam mais longe em virtude da arte pictórica e, esta, por sua vez chega a outros públicos, ainda que as ilustrações, por si só tenham um valor intrínseco e possam constituir-se como uma expressão artística autónoma, ou mesmo independente dos poemas, o mesmo se poderá dizer das palavras. (…)


sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

O Encanto dos Sonhos e Esperança Velha e Outros Poemas no PRL


Os livros “O Encanto do Sonhos”, Aníbal C. Pires (conto), ilustrado por Ana Rita Afonso, Letras Lavadas e “Esperança Velha e Outros Poemas", Aníbal C. Pires (poesia), ilustrado por Ana Rita Afonso, Letras Lavadas, fazem parte da lista do Plano Regional de Leitura (Açores).

É sempre motivo de contentamento que o nosso trabalho seja alvo de reconhecimento e divulgação.

Obrigado!


quinta-feira, 16 de novembro de 2023

da toada do mar e da terra


Fragmento da nota introdutória ao volume I da "Toada do Mar e da Terra", Aníbal C. Pires, Letras Lavadas, 2017


(...) Esta toada, dita do mar e da terra, não se confina às ilhas açorianas nem ao mar que as circunda. Aqui chegam outras melopeias vindas do Mundo trazidas pelas frentes frias, depressões, tempestades tropicais, furacões, que o anticiclone nem sempre consegue dissipar. Aqui chegam notícias de além-mar, seja qual for o quadrante de onde o vento sopra tempestuoso, ou as que a brisa suave carrega. Não estamos confinados, nem nunca estivemos. Esquecidos e abandonados à nossa sorte, Sim, mas nunca prisioneiros de vidas limitadas pelo horizonte. Fomos e somos a centralidade do Atlântico Norte e, se o sonho não vem até nós, vamos nós atrás do sonho. (...)

quinta-feira, 28 de abril de 2022

da árvore e da poesia na Letras Lavadas

foto by Aníbal C. Pires

O dia da Poesia e o dia da Árvore serviram de mote para uma interessante e inédita iniciativa da livraria Letras Lavadas.

Durante o dia 21 de março de 2022 foram distribuídos, em Ponta Delgada, aos transeuntes, forasteiros ou não, postais com imagens de diferentes exemplares de árvores que ponteiam na paisagem urbana da cidade. No verso da imagem um poema de alguns autores açorianos e açorianófilos.

foto by Aníbal C. Pires

Já passou mais e um mês sobre este acontecimento, mas é sempre tempo de dar pública conta da originalidade desta iniciativa da Letras Lavadas e, também agradecer o convite que foi formulado para participar nesta peculiar comemoração da árvore e da poesia.



árvores de Ponta Delgada

de folha caduca ou perene
em jardins, praças, avenidas e ruas
enfeitam a vida na cidade

frondosas ou aprumadas 
afloram sobre o casario 
da urbe com portas e mar

as árvores matizam 
de esperança a vida
e de verde a cidade

Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 17 de março de 2022 (inédito)

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

Reconhecer e agradecer

Declamar poesia é, talvez, a melhor forma de a divulgar e de lhe conquistar novos públicos. O Grupo Palavras Sentidas tem contribuído, de forma ímpar, para a promoção da poesia e da cultura. Não sendo, e ainda bem, um caso único nos Açores este grupo de cidadãos, coordenados pelo Mário Sousa, têm desenvolvido um trabalho notável na difusão de cultura ancorada na poesia. Cultura sem geografias que a confinem ao espaço, ao tempo, ou aos poetas, ainda que, os autores açorianos, ou açorianófilos, sejam privilegiados nas suas tertúlias. 

O Grupo Palavras Sentidas e a Livraria Letras Lavadas promoveram, no passado dia 18 de fevereiro (sexta-feira), mais um sarau poético. Como já fizeram noutras ocasiões dedicaram esta iniciativa à divulgação de um autor. Desta vez coube-me a mim ser o alvo desta singela homenagem, o que muito me honrou e que agradeço publicamente. Foi com satisfação, e alguma emoção, que ouvi o som das palavras que um dia derramei no papel. Palavras que ao serem ditas ganharam uma nova dimensão. Grandeza que só os leitores podem conferir às palavras escritas.

O meu obrigado à Fátima Mateus Ramos, ao Grupo Palavras Sentidas e à Livraria Letras Lavadas. Foi um prazer estar convosco e abraçar-vos.


Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 18 de fevereiro de 2022


domingo, 2 de maio de 2021

Bem hajam - na apresentação do livro "Esperança Velha e Outros Poemas"


Intervenção de agradecimento 
na Apresentação do livro

Esperança Velha e Outros Poemas, 

Aníbal C. Pires, poemas, Ana Rita Afonso, ilustrações 

Letras Lavadas, 2020“

Às 18h Açores, 19h Lisboa, de 2 de maio de 2021, 

live streaming no Facebook e no Youtube da Letras Lavadas

Boa tarde!

Não é apenas por cordialidade, ou porque é esperado que os autores enumerem um rol de agradecimentos, Não. Não é por isso que agradeço ao Vamberto de Freitas. Mais do que pela apresentação que fez deste livro de poemas, agradeço ao Vamberto Freitas tudo aquilo que com ele tenho aprendido e todos os momentos em que nos juntamos para conversar. Conversar do que quer que seja. Nem que seja do tempo meteorológico, do tempo que vivemos, de outros tempos, ou do que esperamos do porvir.

Muito obrigado Vamberto!


O meu agradecimento vai, também, para a Ana Rita Afonso que aceita, sem relutância, os desafios que lhe tenho feito. Sejam os desafios para embarcar nestas viagens pela escrita e pela ilustração, sejam outros que ao longo da nossa vida profissional, foram acontecendo.

A Ana Rita Afonso é uma boa amiga. Uma amiga que muito prezo e pela qual tenho uma admiração incomensurável.

Bem hajas Ana Rita!

Não posso deixar de registar uma nota de agradecimento ao poeta e ficcionista Henrique Levy, pela leitura do manuscrito, pelas sugestões que formulou e pelos reflexos que tiveram no produto final.

Obrigado Henrique Levy.

Quero, também, agradecer ao Mário Sousa. E este agradecimento não diz respeito apenas à sua participação com a leitura de alguns poemas durante esta apresentação. Agradeço ao Mário Sousa por tudo o que tenho aprendido com ele, sobre poesia e, sobretudo, como dizê-la.

Obrigado Mário Sousa e conta comigo para continuar a dar corpo e voz a outros projetos.

Ao Rafael Carvalho que, mais uma vez, disponibilizou um dos seus temas originais para a realização do pequeno vídeo promocional que abriu e, julgo, irá encerrar este evento virtual.

O Rafael merece todo o nosso reconhecimento pelo excelente trabalho que tem vindo a desenvolver na promoção da viola da terra e na sua aprendizagem. Obrigado Rafael, também por isso. 

À Patrícia Carreiro uma palavra de reconhecimento e apreço, mas também de agradecimento. Reconhecimento e apreço pelo excelente trabalho que tem vindo a desenvolver na divulgação dos livros, mas também da promoção da leitura. Uma palavra de agradecimento pela disponibilidade e forma como está a conduzir a apresentação do livro Esperança Velha e Outros Poemas, mas também, pela divulgação que tem feito deste livro com a leitura de alguns dos poemas.

Uma palavra de agradecimento ao todos os trabalhadores do grupo Publiçor/Nova Gráfica. Pela disponibilidade, simpatia e profissionalismo. Sem eles nada disto seria possível.

Muito obrigado o senhor José Ernesto Rezendes, o editor que me tem acolhido, mas também o criativo das artes gráficas a quem é reconhecido um valor inestimável no mundo das artes gráficas.

Por fim uma palavra de agradecimento à Madalena Pires, minha mulher, sem a qual não seria possível fazer tudo o que, ao longo da nossa vida em comum, tenho feito. 

Mas também aos meus filhos (Ana Amélia, Ana Catarina e João Miguel), e netas (Maria Margarida, Maria Benedita e Maria Luísa) que me inspiram e me enchem de alegrias.

Obrigado aos amigos e leitores que nos estão a acompanhar.

Obrigado a todos!

Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 2 de maio de 2021


domingo, 25 de abril de 2021

leitura para gente madura e despida de preconceitos




Apresentação do livro

Memórias de Madre Aliviada da Cruz, 

Henrique Levy, Letras Lavadas, 2021“

Às 18h Açores, 19h Lisboa, de 25 de abril de 2021, 

live streaming no Facebook e no Youtube da Letras Lavadas





(…) pensada por homens e destinada a mulheres (…)

Henrique Levy


Leitura para gente madura e despida de preconceitos

Quero antes de mais, agradecer o convite do autor para apresentar o seu mais recente romance, agradeço também à Editora e Livraria Letras Lavadas o acolhimento desta iniciativa e a disponibilidade deste espaço virtual para partilhar com os leitores uma leitura, a minha leitura, destas memórias.

Ainda antes de vos falar de Madre Aliviada da Cruz julgo ser importante fazer menção ao Henrique Levy e à sua, já vasta, obra poética e ficcional.

o autor e a obra

Henrique Levy, poeta e romancista, é portador de uma identidade com várias pertenças. Cidadão português, nascido em Lisboa, com nacionalidade cabo-verdiana. Viveu em diversos países da Europa, Ásia, África e América. Reside, por opção, na ilha de S. Miguel. É autor de cinco romances: Cisne de África, 2009; Praia Lisboa, 2010; Maria Bettencourt Diários de Uma Mulher Singular, 2019; Segredo da Visita Régia aos Açores, 2020; e o novel Memórias de Madre Aliviada da Cruz, 2021.

O Henrique é também autor de seis livros de poesia, aliás a poesia é, direi eu, o seu território literário de eleição. São os seguintes os títulos de poesia publicados: Mãos Navegadas, 1999; Intensidades, 2001; O Silêncios das Almas, 2015; Noivos do Mar, 2017; O Rapaz de Lilás, 2018; Sensinatos, 2019. 

Editou em coautoria com Ângela Almeida, em 2020, o livro de poemas Estado de Emergência.

Editou e anotou A Sibylla Versos Philosophicos, 2020, de Marianna Belmira de Andrade, cuja primeira edição data de 1884.

O Henrique Levy é coordenador da editora açoriana Nona Poesia.

Deixei esta nota sobre o autor, embora tenha consciência de que o autor das Memórias de Madre Aliviada da Cruz é sobejamente conhecido nos meios literários, mas, ainda assim, julgo ser relevante esta informação.

o primeiro registo

Quando finalizei a leitura das memórias da longeva Madre Aliviada da Cruz publiquei nas redes sociais, como faço habitualmente, uma foto da capa com a seguinte legenda: uma sugestão de leitura para gente madura e despida de preconceitos. E assim é como tentarei explicitar, mas antes gostaria de olhar para a capa que, como todos sabemos, é um elemento importante do livro. 

a capa 

foto by Madalena Pires
E esta é, diria, uma capa muito bem conseguida que nos remete para um ambiente monástico, recatado e bucólico tão adequado a quem se dedica a escrever, sejam memórias, ou não. A mancha do lettring remete-nos para outras épocas, embora como poderão, depois, constatar as memórias foram escritas, pela própria Aliviada da Cruz, em maio de 2020, a cor também não será, de todo, inócua pois, a sua proximidade com uma das cores do Vaticano é uma evidência. Nada ficou ao acaso, nem mesmo o pequeno círculo, no canto superior direito, bordeado a vermelho e onde se pode ler: “aconselhável a mais de 18”, ou seja, este será um livro para gente adulta. 

Eu direi que este livro, independentemente da idade cronológica dos leitores, se destina a pessoas que tenham estórias de vida e, a maturidade que só essas estórias lhes pode conferir, por outro lado, e como já referi, para esta ficção de Henrique Levy é, também, aconselhada uma abordagem despida de preconceitos, ou seja, não será uma leitura para todas as almas, mas estou certo agradará a muitas mais.


as memórias – uma breve abordagem

Madre Aliviada da Cruz relata-nos, na primeira pessoa, as suas memórias ainda que tenha obliterado, por opção sua, um período da sua vida partilhada com Constança, ou melhor com Cacilda este sim o verdadeiro nome de uma santomense que veio servir para Lisboa, em casa dos tios de Madre Aliviada da Cruz.

Bento de Castro, Virgulino, Madre Benedita da Cruz e, mais tarde, Madre Aliviada da Cruz, estes são os nomes pelos quais, Benedita de Portugal e Castro, assim é o seu nome de batismo, foi conhecida em diferentes momentos da sua longa vida, alguns por opção, outros fruto da necessidade que a sua atribulada existência lhe impôs.

Já me referi, por mais de uma vez, à longevidade de Madre Aliviada da Cruz, importa, por isso, dizer as suas memórias atravessam o século XIX, o século XX e são escritas, pela própria, em maio de 2020.

O registo das memórias de Bendita de Portugal e Castro não obedece a uma ordem cronológica mais se parecem como a escrita de uma partitura, como a própria justifica: “(…) Optei por fazer seguir o ritmo destas Memórias como quem escreve uma partitura. (…)”. Esta escolha de Madre Aliviada da Cruz em nada prejudica a leitura e a compreensão, fiquem os leitores descansados, e tem uma justificação. Benedita de Portugal e Castro tem uma sólida formação humanística onde a música tem um papel importante como se verá quando, no Convento de Santo André, em Vila Franca do Campo, propõe a criação de um Orquestra de Câmara composta por algumas das freiras em clausura.

Não vou tirar, aos potenciais leitores, o prazer de página a página, irem descobrindo esta inspiradora mulher. Mulher e religiosa que se eleva para o seu Deus através da sexualidade:“(…) As línguas humanas não encontraram nem sintaxe nem léxico para comunicar a relação das mulheres com o divino através do orgasmo. (…)”, ou “(…) nesta mulher destinada a encontrar no amor-dos-homens a consagração ao divino (…), mas também uma mulher libertária para alguns, proscrita para outros, pelo entendimento que tem dos ensinamentos de Cristo e que, em sua opinião, contrariam as práticas da sua igreja. Como quando se refere às contradições que encontra entre o que Jesus pregou e uma prática religiosa ao serviço dos poderosos. Esta nobre, duquesa, marquesa e duas vezes condessa, ao dirigir-se ao povo no dia em é empossada destes títulos nobiliárquicos e dá início a uma revolta dos trabalhadores da terra contra os proprietários que os exploram e animalizam, afirma o seguinte: “(…) Os senhores das terras, apoiados pela hierarquia da Igreja Católica, pressagiam ser a pobreza consequência do pecado e, nesse sentido, castigo de Deus. O objetivo é claro! Continuarem a explorar-vos, meus sagrados irmãos em Jesus Cristo. (…).

Este novo livro de Henrique Levy, se dúvidas tivesse, confirma o autor como um escritor de causas e, claramente, um homem de convicções, mas também um profundo conhecedor da sociedade em que vive, não só a sociedade açoriana, em particular a de S. Miguel, mas a sociedade global.

As mulheres e as suas lutas contra a misoginia e a sociedade patriarcal continuam a ser o objeto da sua intervenção literária, intervenção sim, escolhi a palavra. Henrique Levy dá um propósito interventivo á sua ficção. Diria, como Henry Miller: “If you can’t make words fuck, don’t masturbate them”, assim é, na minha opinião, a escrita de Henrique Levy, as palavras atingem o âmago, não escorrem por entre os dedos das mãos que folheiam as páginas dos seus livros.

Mas se o Henrique é um escritor que dá propósito à sua obra ficcional, e também um autor que domina a linguagem com uma mestria invejável, seja a linguagem popular, sejam os códigos mais eruditos.

Como exemplos deixo-vos algumas passagens que, procurarei não contrariem a promessa que há pouco vos fiz, ou seja, não vos retirar o prazer da descoberta destas Memórias, assim e para ilustrar o que atrás ficou dito sobre o estilo, a criatividade e o domínio da língua portuguesa, leio-vos estes excertos das Memórias de Madre Aliviada da Cruz:

(…) A sala de música pareceu pequena para o arredondado silêncio que a percorreu (…)

(…) Escusado será dizer que nessa noite me senti como Deus. Escrevi direito por linhas tortas. Os leitores que me perdoem, se este texto vos parecer um enviesado. É o que dá, escrever como Deus. (…)

(…) Misturávamos as línguas e a saliva com o mesmo ímpeto com que se amassa o pão. (…)

(…) A madre meteu esse homem na conversa e eu fiquei baratinada. Mas que homem, Diabo-a-Sete!? Que homem! Mulher de Deus! Esse tal Advérbio (…)

(…) Juro não mais pronunciar o nome desse tal seu eleito e, quem sabe, para sempre amado, senhor Advérbio (…)

(…) Daí ter-me entregado à clausura monástica feminina, pensada por homens e destinada a mulheres. (…)

(…) Vestia um luto que de tão negro era assustador. Não lembrava uma andorinha. As andorinhas são leves, frágeis e esvoaçantes. Minha mãe era pesada, nunca levantando voo. Assemelhava-se mais a uma panela bojuda, assente na trempe da cozinha, tisnada pelo fogo. (…)

Estes pequenos excertos exemplificam, em minha opinião, a dimensão literária deste novo romance de Henrique Levy. Livro sobre o qual muito mais virá a ser dito por quem, devidamente qualificado, venha a avaliá-lo através de recensões e ensaios de crítica literária, por mim sempre direi, como já o fiz em outras ocasiões que: a prosa literária de Henrique Levy é surpreendentemente provocadora e a sua leitura um prazer indizível.

Para terminar apenas mais duas breves notas. 

Estas memórias estão depositadas, segundo nos diz Benedita de Portugal e Castro, na Biblioteca Pública e Arquivo Histórico de Ponta Delgada dando até a referência à cota para mais fácil pesquisa.

Pode, ainda, o leitor endereçar correspondência a Madre Aliviada da Cruz pois encontrará no livro o endereço para tal. Se o fizer espero que venha a ter a sua resposta.

Obrigado pela Vossa atenção!

Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 25 de Abril de 2021


sábado, 27 de março de 2021

Gratidão

Recebi, pelo correio, um bloco de notas personalizado. Capa dura, preta, letras douradas, guarda personalizada.

Não encomendei, não comprei, nem está relacionada com publicidade.

Com o bloco de notas vinha uma carta de agradecimento pela minha participação, com um poema, no livro “Mulher Coração da Liberdade”.







Esta é a minha forma de dizer OBRIGADO. 

Obrigado à Letras Lavadas, à Nova Gráfica e à Publiçor pela oferta.









Mas a minha gratidão não é, apenas, pela oferta com que me brindaram. O meu público agradecimento vai para o conjunto de atividades da Nova Gráfica e da Letras Lavadas, e para o esforço que têm levado a cabo para afirmarem as artes gráficas e a atividade editorial dos Açores como uma referência nacional.


Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 26 de março de 2021


domingo, 22 de novembro de 2020

Há um ano. Contos Bizarros, de João Pedro Porto

 

Escrita incomum, Leitura estimulante (*)

Antes de vos falar do livro e do autor, razão maior que nos mobilizou para, nesta tarde quase noite, nos juntarmos neste espaço que, sendo novo, é um lugar recuperado à nossa memória coletiva, permitam-me algumas palavras de agradecimento.

E agradeço, desde logo, a Vossa presença. Presença sem a qual pouco sentido faria este momento. Os livros cumprem a sua finalidade por via dos leitores e, neste caso, os leitores não faltaram à chamada.

Estamos num lugar de livros, de leitores, de escritores, de editores e livreiros e, por isso, quero deixar um agradecimento, na pessoa do Senhor Ernesto Resendes, ao Grupo Publiçor/Nova Gráfica/editora LetrasLAVAdas que hoje inaugura oficialmente  esta livraria, num espaço retomado para o presente da cidade de Ponta Delgada e que, permitam-me a ousadia, é um contributo para nos devolver a alma da cidade. Não só, mas também por isso, fica o meu reconhecimento público à LetrasLAVAdas.

Ao João Pedro Porto, não sei se agradeça o convite para esta empreitada, afinal eu gosto muito mais de estar do Outro Lado, gosto muito mais de ouvir do que falar. Mas sim, agradeço convicta e sinceramente o convite do João Pedro para fazer, em partilha com a Leonor Sampaio, a apresentação pública do seu livro Contos Bizarros

Convite que me surpreendeu, mas que me muito me honra e ao qual acedi sem reservas, mas com a consciência de que pendia sobre mim uma enorme responsabilidade. Ainda assim aceitei o desafio pois, não sou pessoa de recuar perante os reptos que me colocam, sejam eles de que natureza forem.

O João Pedro Porto e a sua obra não necessitam de apresentações, contudo, não posso deixar de referir que este jovem escritor, sendo micaelense de nascimento, é antes de mais e depois de tudo um autor do Mundo, com vasta obra já publicada. Este é o seu sétimo título, e é tido no contexto nacional como um dos autores de referência da nova geração de escritores portugueses. 

O João Pedro tem quatro romances publicados. O Rochedo que Chorou, 2011, O 2egundo M1nuto, 2012, Porta Azul para Macau, 2014, A Brecha, 2017.

O João Pedro publica agora o seu terceiro livro de contos, para trás ficam O Homem da Mansarda, 2014, e Fruta do Chão, 2018, este último em versão bilingue, traduzido para o espanhol por Blanca Martin-Calero. Mas as experiências literárias do João Pedro não se ficam por aqui, são, também, suas as letras dos álbuns musicais Terra do Corpo e Sol de Março, de Medeiros e Lucas. A produção literária do João Pedro Porto não se esgota apenas nos seus títulos, mas avancemos.

O seu último romance A Brecha, de 2017, foi finalista do Prémio Casino da Póvoa, Correntes d'Escritas. O blogue literário “Somos Livros”, referencia João Pedro Porto como um dos cinco autores portugueses a conhecer, sobre João Pedro e o seu último romance disse Valter Hugo Mãe: “Reverberam séculos nas suas construções. Um invasor absoluto, um denunciador. João Pedro Porto é cénico, performativo, esdrúxulo, temperamental, mas sem arrogância. Apenas luxuoso, desse luxo de poder fazer.”

Também por cá foram produzidas algumas opiniões sobre o último romance de João Pedro Porto de entre as quais destaco o magnífico texto de Leonardo Sousa, “Atrelai o pensamento à popa destes navios – uma abordagem ao universo d’A Brecha”, publicado no blogue “um elefante na loja de cerâmica”.

E foi com a Brecha, ainda antes dos concursos e das opiniões oriundas dos meios literários regionais e nacionais que conheci o João Pedro Porto escritor e cidadão, ou seja, esta é uma relação que nasceu da leitura do seu último romance. Foi o gosto pela leitura e pela escrita que nos aproximou. Essa será, quem sabe, a razão pela qual estou aqui para vos apresentar Contos Bizarros.

Mas, ainda antes de vos falar destes contos, e assim como uma espécie de aperitivo, permitam-me citar A Brecha e Fruta do Chão para se perceber de que escrita laboriosa e densa, mas encantadora, estamos a falar.

(…) A terra terá sido sempre lida com as páginas e as cabeças erigidas a Norte, salvo pelos povos da meia-lua. Desse Norte se disse, por anos, ser o hemisfério superior, que é como quem diz: de superior condição. O Sul será sempre algo selvático, onde se dançam os tangos e se matam os homens por ninharias. A futilidade é mortal, no Sul. Será por isso que lá vamos. Não há banalidade no Sul. Se o mistério tiver esconderijo, esse será sempre austral. Até o órgão mais carnal e o pórtico mais recôncavo de todo o éden moram no lugar sulino do corpo dos homens e das mulheres. (…)

Dirão que bem podia ser dito de uma outra e simples forma. Sim podia, mas, para nosso deleite, a linearidade não é uma caraterística da escrita de João Pedro Porto.

A propósito deste trecho de A Brecha, do qual gosto particularmente, acrescento da minha lavra: O meu Norte é o Sul. 

Fica um outro fragmento da escrita de João Pedro, agora de um dos contos de Fruta do Chão.

(…) A filha da lavadeira, essa, era cereja-brava, embrulhada em alfazema. Dançavam-lhe as bordas da saia num vento que não fazia. Parei de olhar sem modéstia nem tempo. Ela olhou também, e sorriu vermelha. Como uma cereja, pensei, e olhei mais um pouco. Oh quantas glórias trocariam beligerantes guerreiros por uma vida de alfazema. (…)

Há, certamente, muitas formas de descrever e cantar o balancear do corpo feminino. Vinicius de Moraes aborda esse balancear na conhecida canção A Garota de Ipanema quando diz: “(…) o seu balançado é mais que um poema (…)”, mas João Pedro Porto fá-lo de um jeito inigualável e sem recurso à utilização de uma referência, que seja, à anatomia feminina, e recordo: 

(…) Dançavam-lhe as bordas da saia num vento que não fazia (…). Esta é uma escrita que não está ao alcance de todos. Valter Hugo Mãe tem razão quando afirma que o João Pedro Porto é: (…) “cénico, performativo, esdrúxulo, temperamental, mas sem arrogância. Apenas luxuoso, desse luxo de poder fazer.” (…).

Depois desta breve introdução à escrita de João Pedro Porto vamos então ao que nos traz e junta aqui, os Contos Bizarros.

Este livro tem algumas peculiaridades que importa, antes de mais, referir. 

É uma edição bilingue, mas não tem tradutor. Pois é, o João Pedro Porto escreveu, também, em inglês. Não faço outras considerações sobre esta, julgo que, invulgaridade pois, para isso temos aqui a Leonor Sampaio. Mas sempre direi que este é um ato de coragem, quer do autor, quer do editor.

A ilustração da capa é do João Pedro Porto.

Estes dois aspetos de pormenor dizem, só por si, muito do espírito inquieto, culto, criativo e corajoso deste miúdo, sim um miúdo de 35 anos, que hoje partilha connosco os seus Contos Bizarros.

À semelhança dos que o precederam, também, este livro necessita de tempo. Estes contos não são para leitores apressados, cada uma das onze estórias que o compõem são para ser saboreadas. Se preferem uma refeição rápida então peguem num policial, se pelo contrário se deleitam com um repasto de degustação, então leiam os Contos Bizarros

Não será a melhor abordagem para divulgar um produto!? Talvez não. Vivemos num tempo de pressas e de imediatismo e eu estou a pedir-vos tempo. Tempo que é o nosso bem mais precioso. Mas é por isso, por o tempo ser escasso e precioso que não o devemos desperdiçar com o lixo mediático e virtual descartável, mas que degrada, tal como a fast food danifica o nosso equilíbrio fisiológico. Regressemos, pois, à dieta mediterrânica que é como quem diz: à literatura, ao pensamento crítico e ao equilíbrio entre a razão e a emoção.

Quando acabei a leitura de Contos Bizarros publiquei, em diferentes redes sociais, uma foto da capa com a seguinte legenda: Escrita incomum, Leitura estimulante. E assim é a escrita de João Pedro Porto, diria que esta forma de escrever, goste-se ou não, é um ato de rebeldia que poderá afrontar os clássicos cânones literários, E eu gosto, e admiro, quem não se resigna.

Uma outra ideia que retive foi a de que, neste como em outros livros, o autor utiliza uma criativa paleta de cores para construir ambientes. Eu diria, se me permitem, que estes contos são, também, uma construtiva orgia cromática, vejamos: cor de cimboa, avioletada, azul prussiano, um turquesa, e o outro de areia-molhada-a-seca, azul meia noite, hialinos e esbranquiçados, cabelos cor de vime ratã, azul cobalto a caribenho, veneno e morte anil, fato pardo a gris, caravelas garrafa-azul, avermelhar a cor lívida da morte, um mar malhado de céu, cor de cardo, exangue e alabastrino, cor de gamboge-a-tangelo-vivo, um céu daquele azul que não faz fronteira com o mar. 

Estas são algumas das cores dos Contos Bizarros, outras há, sendo que os gradientes de azul são criativamente infindáveis.

Estes contos, não sendo só, são estórias que se aproximam muito de notas autobiográficas. Se em todas as narrativas e em todas as geografias se pode encontrar muito do que foi, e é, o seu autor, nestes contos deparamos com o João Pedro ao virar de cada página. Nem sempre será fácil encontrá-lo, mas ele está por aqui, nestas páginas, ou pelo menos um pouco de si. O que já é muito. Nem todos os escritores, aos 35 anos terão coragem para se desnudar perante os seus leitores.

O primeiro dos contos, a Torre de Palha, tem um protagonista. Um daqueles seres que não encaixa no padrão com que os Homens costumam categorizar tudo, e todos. Catalogação que está na origem dos muitos males que se perpetuaram à sombra da medieva ignorância e da pós-moderna estupidificação global.

Anton Moller assim se chama o jovem que tinha “sede por torcer o pescoço ao mundo”, ia a Sorenga pelas madrugadas sublimar a “dor jovem do desprezo” nadando nas águas frias do fiorde no estreito de Skagerrak, talvez assim como o equivalente ao nosso Pesqueiro.

Não vou dissecar, nem este, nem os restantes contos, isso seria retirar-vos um pouco do prazer da vossa leitura, mas Torre de Palha despertou o meu interesse particular pelo facto de se iniciar com a saída de um navio cargueiro do porto norueguês de Narvik que trazia no bojo minério e hulha, e, no convés o protagonista que viaja clandestinamente, com a cumplicidade do imediato do navio. Narvik fica no Noroeste da Noruega, no círculo polar ártico, e por aí se escoa o minério de ferro extraído nas minas suecas de Kiruna e Gallivare.

Mas se estes territórios são bem reais, outros como Halm destino temporário de Anton Moller, quer outras geografias, são lugares criados pelo autor, territórios imaginados e descritos, como se de lugares reais se tratassem para servirem o objeto de cada uma das estórias.

Os Contos Bizarros, não serão tão estranhos como título nos pode fazer crer. O nascimento, a infância e a juventude mais ou menos invulgar, a descoberta da leitura e as viagens que esse e outros novos nasceres nos permitem, que Oleandro Sandoz, faz e cito: “Montado no dorso dos verbos mais corridos. Aos ombros de adjetivos alados”. Ou a tentativa do médico legista de fugir à morte porque, e volto a socorrer-me das palavras do autor, “viver era a coisa mais importante das coisas importantes” e “demasiada morte estava a matá-lo”.

Mas Contos Bizarros também nos fala do drama dos escritores quando são atormentados por momentos de bloqueio criativo, ou como diz o autor “… um embargo da imaginação.” Não vai, caro leitor, encontrar a solução, porque receitas não existem, mas ficam muitas pistas para vencer o bloqueio, desde logo não desistir, lutar contra o embargo ainda que seja escrever às escuras, de costas ou com a mão esquerda. Fazer o pino pode ser uma hipótese, não muito aconselhável, está bom de ver, porque lhe farão falta as mãos.

O autor de uma forma mais ou menos explícita não deixa a sua ilha e cidade fora destes contos e surpreende-nos com a “crónica de um futuro ido” onde nos fala do passado, não muito distante. Mas também do presente e do futuro, assim, com esta formulação, e cito, 

“Se o presente já durava pouco, agora também o futuro é vivido com a urgência de o tornar passado”.

Sobre o “Guardador de Ondas”, pouco direi. Ou melhor direi muito utilizando, ainda que parcas, mas, eloquentes palavras do autor.

E cito da página 69, o parágrafo que encerra este conto: “(…) Como se recebesse uma visita que esperava há muito, o homem arregaçou o linho e roçou a face. Sentiu o pêlo do fim do dia. Abandonou Úrsula com um único beijo nas obras mortas. A grande alforreca estendeu-lhe os galhos venenosos. O velho também. E naquele abraço, a noite surgiu e o sol desceu também abaixo das ondas.”

Entenderão agora razão pela qual eu estava reticente em agradecer ao João Pedro o convite para apresentar este livro, ainda que partilhando essa responsabilidade com a Leonor Sampaio. O que é que eu, um leitor comum, é o que sou, nem mais nem menos, tem para dizer de um autor que trabalha a escrita como o artesão lapida a forma alotrópica do carbono até obter dele um diamante.

Que falar de um autor que escreve desta forma sublime!? Mas cá estou a fazer o melhor que posso, afinal não sou homem de voltar as costas aos amigos e, muito menos de fugir perante as dificuldades que a vida nos apresenta.

O medo da mudança no quotidiano pacato, mas qualitativamente bom e os erros que podem ser cometidos na luta contra as alterações ao nosso modo de vida. São, digo eu, o mote do conto “Águas Assopradas”.

Já alguma vez pensaram como se deitam os Canários. Como será!? E o que isso poderá ter a ver com a feira de livros de Calcutá, uma porta que não abria, mas que depois do canário se deitar facilmente se franqueou para a libertação de uma jovem aprisionada e dependente de um certo modo de vida e de pensar. É no bizarro conto “Como se deitam os Canários” que encontrarão as respostas, se é que o são, ou tudo não passará de um conjunto de evidências que por serem tão visíveis nem nos damos conta delas. 

A procura da eternidade, o fim da vida na terra, um pinhão que já foi um homem, mas que sendo agora um pinhão cumpre o seu fim, ou seja, e volto a utilizar as palavras do autor, “Todos os pinhões fazem propósito em ir longe, e chegar sem saber aonde.”

Não resisto, e devia fazê-lo, para não vos privar do prazer da descoberta, quando lerem, mas aqui vai o trecho que encerra o conto “A cintura de Vénus”, “Agora a esfera de Collodi roda na imensidão com a sua incessante barriga brunida. Aproxima-se de um Vénus solitário. E sonha com gente.”

E estamos a chegar ao fim. Contos Bizarros encerra com o Homem de Andas. Aqui o autor fala-nos de alguém que caminhava, desde que tinha adquirido a verticalidade, sobre umas andas que um tio, “amante de todos os cumes”, lhe fez em madeira de pau santo. Olhar de cima, para gente rasa que habitava o chão, Talvez. Talvez denote uma atitude de superioridade e distanciamento, um afrontamento. Mas não é assim que o entendo. Prefiro outra leitura deste conto e que poderei referir como olhar de um outro ponto de vista. Uma opinião que contraria o pensamento e a cultura dominante. Alguém a quem é pedida uma opinião alternativa, uma justificação do que não se entende, mas na qual se acredita piamente. É claro que o destino final do Homem de Andas, irá ser o mesmo de todos os Homens e Mulheres que ousam ser diferentes, a pira onde se queimam os que ousam.  

Para terminar e a propósito, mas também com um propósito, diria numa adaptação livre dos primeiros versos da canção Manifesto de Vítor Jara que rezam assim: 

Yo no canto por cantar/Ni por tener buena voz/Canto porque la guitarra/Tiene sentido y razón

Diria que, João Pedro Porto/não escreve por escrever/escreve porque a escrita/tem de ter sentido e razão.

E a produção literária de João Pedro Porto, para além de muitos outros atributos, tem sentido e tem razão.

Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 22 de Outubro de 2019

(*) texto que serviu de base à apresentação pública de Contos Bizarros/Odd Tales), de João Pedro Porto, na Livraria Letras LAVAdas, Ponta Delgada, 22 de Novembro de 2019.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Leitura das leituras(*)

A este espaço, onde hoje nos reunimos para uma vez mais celebrar a literatura, foi dada uma nova utilidade. Veja-se só, neste edifício recuperado do núcleo histórico da cidade de Ponta Delgada, no lado Sul da Matriz, abriu uma livraria. Neste lugar difundem-se uns objetos culturais a que chamamos livros e acolhem-se os seus autores e leitores.
Já esta semana aqui, onde hoje nos juntamos, a escritora e ensaísta Lélia Nunes disse: “(…) Neste espaço, pode-se dizer que as Letras Lavadas estão ao lado da Matriz, mas também que a Matriz está ao lado da catedral da literatura e do livro. (…)”
E assim é. Esta não é mais uma livraria em Ponta Delgada. É uma livraria. A livraria que será, a mais açoriana de todas as livrarias dos Açores.

Renovo, hoje, o agradecimento e reconhecimento à Letras Lavadas por este projeto que complementa a atividade editorial e gráfica do grupo Publiçor/Nova Gráfica/LetrasLAVAdas. Desejo ao Senhor Ernesto Resendes e a todos os trabalhadores, dos diferentes setores da sua atividade empresarial, os maiores sucessos.
Por fim, ainda que seja por ele que aqui estamos, um agradecimento muito especial ao Vamberto Freitas pelo convite para a apresentação do 5.º volume de borderCrossgings/leituras transatlânticas. Obrigado Vamberto pela confiança que em mim tens depositado.
Saiba eu corresponder condignamente, pois, como devem imaginar não é tarefa fácil falar de alguém que dedica, eu diria, militantemente, grande parte do seu tempo a escrever sobre escritores, poetas e ensaístas.

Vamberto Freitas é figura sobejamente conhecida, desde logo por ser professor na Universidade dos Açores, mas também pelos suplementos literários, pelas suas colunas de crítica na imprensa regional e da diáspora, pela sua presença e voz acutilante, humorada e recheada de generosidade.
Sim, o Vamberto Freitas é um ser generoso. Ninguém mais do que ele tem aberto as portas ao conhecimento e à divulgação da produção literária nos Açores e na diáspora, e ainda lhe sobra tempo para estender o seu olhar sobre os autores de outras geografias culturais, seja o continente português, seja de forma particular e apaixonada sobre os autores estado-unidenses.
Mas, já lá vamos a esse olhar sobre este novo volume de borderCrossings 5, antes disso e apesar do Vamberto Freitas dispensar apresentações, não posso deixar de referir algumas notas biográficas e deixar uma nota pessoal sobre o Vamberto.


É natural da ilha Terceira, freguesia da Fontinhas, emigrou aos treze anos de idade para os EUA com a família. É Licenciado em Estudos Latino-Americanos pela California State University, Fullerton, em 1974 e, pela mesma Universidade, concluiu uma pós-graduação em Literatura Americana e Literatura Comparada.
Docente na Universidade dos Açores, foi correspondente e colaborador, a convite de Mário Mesquita, do suplemento literário do Diário de Notícias (Lisboa) durante largos anos. Tem prestado colaboração a periódicos no Brasil, como é o caso do Jornal de Letras do Rio de Janeiro, e em Santa Catarina, no suplemento Cultura do Diário Catarinense e na revista Cartaz: Cultura e Arte. A nível regional tem uma presença assídua em periódicos regionais, salientando-se a coordenação do Suplemento Açoriano de Cultura do Correio dos Açores, e o Suplemento Atlântico de Artes e Letras (SAAL) da revista Saber Açores.
Integra o Conselho Consultivo da Gávea-Brown: A Bilingual Journal Of Portuguese-American Letters And Studies e ainda, a Comissão Editorial do Boletim do Núcleo Cultural Da Horta.
Autor de diversas obras, como Jornal da Emigração: A L(USA)dândia Reinventada, O Imaginário dos Escritores Açorianos, A Ilha Em Frente: Textos do Cerco e da Fuga, Mar Cavado: Da Literatura Açoriana e De Outras Narrativas e, também, a coleção borderCrossings, que já vai no seu quinto volume, que reúne os textos que regularmente publica no Açoriano Oriental. É colaborador regular do Portuguese Times, de New Bedford e no Portuguese Tribune, publicado na Califórnia.
Coordenou, com Álamo Oliveira, o suplemento literário mensal do Açoriano Oriental, Artes e Letras.
Mas, para além destes breves apontamentos sobre Vamberto e, para quem tiver interesse e quiser compreender o Homem e o intelectual maduro deve iniciar a leitura deste livro pela página 29. Um texto do autor, como todos os outros, é certo, mas um texto em que Vamberto fala sobre Vamberto.
Deixo-lhes apenas uma breve passagem que é, em minha opinião, elucidativa da generosidade, autenticidade e sobriedade deste professor, ensaísta e crítico literário.

“(…) Lembremos sempre quem nos fez bem, e faremos o mesmo aos outros. Vejo com alegria e gratidão os meus colegas e amigos quase todos os dias. Quanto mais engrandecem nas suas vidas, mais me engrandecem a mim. Os seus triunfos e felicidades são as minhas também, com eles partilho as suas dores familiares ou profissionais. O resto não interessa nada. Quando alguém que não nos topa se desvia de nós, deveremos agradecer a delicadeza e o bom senso. A vida é nossa, mas quando partilhada é infinitamente mais rica e feliz. (…)”

Tenho uma grande admiração pessoal pelo Vamberto e, um imenso e profundo respeito pelo seu trabalho o que me leva a deixar-vos a seguinte nota pessoal.
O Vamberto Freitas não é apenas um ensaísta e crítico literário. Vamberto Freitas é, se me permitem, uma verdadeira instituição de utilidade pública para a literatura. É-o em particular para as temáticas literárias de matriz açoriana escritas em português e inglês, mas é mais, muito mais do que isso pois, a dimensão da sua obra não se confina à apreciação e, por conseguinte, divulgação dos autores que escrevem nos Açores, sobre os Açores, ou sobre a diáspora açoriana e, mais genericamente sobre a diáspora portuguesa. O seu trabalho e a sua obra não têm fronteiras culturais, nem está eivada de qualquer visão redutora da literatura.
Fica, assim, registado o meu reconhecimento e agradecimento pelo trabalho que o Vamberto tem desenvolvido e continuará a desenvolver pois, tenho para mim que o seu trabalho não se esgota com a publicação deste 5.º volume das leituras transatlânticas, nem com este formato. Sei que existem outros projetos em carteira e espero que venham a público o quanto antes. Mas sobre isso, se assim entender, nos falará o Vamberto.

O reconhecimento público pelo valioso contributo que o Vamberto tem dado à literatura que se produz nas margens deste rio Atlântico tem tido, felizmente, reconhecimento institucional. A Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores (ALRAA), em 2015, agraciou-o com uma Insígnia Honorífica de Reconhecimento e o Congresso dos EUA concedeu-lhe, em 2017, o Certificate of Special Congressional Recognition.

Sendo que estes reconhecimentos institucionais são importantes e, sem lhes querer retirar o valor, diria que mais importante do que as insígnias e os certificados foi a justa homenagem que os seus pares lhe fizeram durante a II edição do Arquipélago de Escritores que se realizou, em Ponta Delgada, no passado fim de semana. E é o reconhecimento quotidiano expresso pelas editoras e autores quando lhe solicitam uma recensão, uma opinião e crítica, sobre o que editam e escrevem.
É, também, o reconhecimento público que hoje lhe estamos a prestar.
borderCrossings 5 teve já um momento alto de divulgação e opinião especializada durante a edição do Outono Vivo deste ano, mais precisamente no dia 26 de Outubro, na cidade da Praia da Vitória, onde o Professor Ernesto Rodrigues, docente da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e especialista em Literatura e Cultura Portuguesas fez uma apresentação magistral. Ou seja, este livro de Vamberto já foi dissecado e avaliado por um especialista em literatura, coisa que eu não sou. Sou apenas um amigo do Vamberto que gosta de ler e que com ele muito tem aprendido e quer continuar a aprender.

O quinto volume de borderCrossings/leituras transatlânticas segue na rota dos anteriores. Ensaio e crítica literário que o autor organiza em três grandes tópicos e uma última parte, a que chama Coda onde são publicadas duas entrevistas que o autor concedeu, aos diários Açoriano Oriental e Diário dos Açores, aquando da publicação do quarto volume de borderCrossings que ocorreu fez por estes dias 2 anos.
O primeiro dos tópicos, Açorianidade Negada ou Reafirmada, reúne os ensaios e críticas literárias de autores açorianos, ou ainda de quem sobre os Açores escreveu mesmo que noutra língua que não o português, como é o caso de Diana Marcum jornalista californiana que depois de um trabalho jornalístico no Vale de S. Joaquim quis vir conhecer a terra de onde partiram aqueles estoicos homens e mulheres. E veio, e esteve largos meses por cá, sentiu o pulsar das gentes e dos lugares e sobre isso nos dá conta no livro The Tenth Island, ao que julgo ainda sem tradução para português (já está editado em português). E que o Vamberto apresentou, em Ponta Delgada, com a autora, em 2018, no âmbito da programação da I Edição do Arquipélago de Escritores.
Nesta primeira parte, em forma de ensaio ou de crítica literária, Vamberto percorre alguns dos títulos editados entre nós, ou nos Estados Unidos, como é o caso já referido de Diana Marcum, mas também a poesia de Pedro da Silveira no olhar de George Monteiro, a poesia de Lara Gularte, ou ainda do livro Sonhos à Solta: Rostos da América organizado por Francisco Henrique Dinis e José do Couto Rodrigues, este livro segundo nos diz Vamberto “(…) passa a ser uma das nossas mais eloquentes fontes sobre a vida quotidiana e da imaginação do nosso povo na distante Califórnia. (…)”.
E a propósito do nosso povo e do seu imaginário não resisto a ler-vos um poema de Pedro da Silveira, do qual Vamberto diz serem os cinco versos mais citados da sua geração.

Só isto:
O céu fechado, uma ganhoa pairando.
Mar. E um barco na distância:
olhos de fome a adivinhar-lhe à proa
Califórnias perdidas de abundância.

Depois desta sublime síntese sobre a ilha e os ilhéus que a geografia e a história colocaram a meio canal entre a Europa e América, onde as elites olhavam para Oriente e o povo para Ocidente, e, para que se compreenda toda a amplitude da análise de Vamberto Freitas vou socorrer-me de uma frase sua, página 16, do ensaio que fez sobre o Amanhã Não Existe, de Urbano Bettencourt. “(…) Ler Urbano é perceber como a partir de pequenas ilhas se universaliza uma escrita, a condição humana nas suas versões cercadas de mar por todos os lados, mas em viagem perpétua nas mais inesperadas ou longínquas geografias literárias e culturais. (…)” 

E é isto. Como é que se explica que, por aqui, nestas ilhas dispersa no Atlântico Norte, a produção literária tenha esta dimensão que nos liberta.
Talvez seja o Mar, Não sei. Mas sim, talvez seja o mar e a pequenez da terra polvilhada por uma vasta área oceânica, Talvez. Mas é certamente tudo isso e mais as gentes que a Lava pariu e se miscigenou com o Mundo.
Perdoem-me este devaneio e a incursão por territórios que não seu meus. Nesta sala estão algumas personalidades que podem, sustentadamente, dissertar sobre as razões que estão na origem de tamanha produção literária nos Açores e sobre os Açores. Produção literária que se projeta pelo país e pelo Mundo.

Não é possível, nem sequer aconselhável, aludir nesta apresentação todas as recensões, ensaios e crítica literária que Vamberto Freitas reúne no borderCrossings 5. Ainda sobre o primeiro tópico que, no essencial, abarca as publicações de autores açorianos que aqui residem, com as exceções já referidas, apenas a menção à revisitação, agora e sempre, de Adelaide Freitas, mas também a Gregory Rabassa. Duas personalidades, por razões diversas, sempre presentes no espírito e nas palavras de Vamberto. Da mesma forma que Nancy T. Baden, Michael Holland e William Koon, seus professores na Universidade onde fez os seus estudos na Califórnia, nunca são esquecidos, nos escritos e nas conversas que Vamberto partilha com quem o lê e com quem o ouve, seja nos fóruns literários, seja na informalidade da mesa de um café, de preferência com esplanada.
Vamberto Freitas é hoje um reconhecido especialista em literatura portuguesa porque num dia, já distante, no Oeste americano Nancy Baden o orientou para leituras de expressão portuguesa. E o Vamberto como é público e notório, nunca se esquece de a mencionar como a sua principal mentora. Aqui não posso deixar de voltar às palavras de Vamberto, “(…) Lembremos sempre quem nos fez bem, e faremos o mesmo aos outros. (…)”. Esta é a herança que o Vamberto carrega consigo e que não se cansa de transmitir quando escreve e quando fala.

O segundo tópico, De todas as Diásporas, é dedicado ao ensaio e à literatura escrita em português, ainda que nem todos os autores residam em Portugal, como é o caso de Onésimo Teotónio de Almeida que vive em todo o lado (sei que o sentido de humor que carateriza o Onésimo encaixará bem a expressão que acabo de utilizar). Vamberto abre, porém, duas exceções. David Grossman e Amos Oz, escritores israelitas que têm uma visão multilateral do conflito entre o estado judaico e o estado palestiniano facto que para além da qualidade literária, justifica a sua inclusão neste tópico, e, por outro, lado encaixa no que à pouco referi, e lembro, O seu trabalho e a sua obra não têm fronteiras culturais, nem está eivada de qualquer visão redutora da literatura.

Antes de fechar a apreciação a este tópico, também eu abro uma exceção e refiro uma das obras e o seu autor. KNK, de Luis Filipe Sarmento para exemplificar o efeito que este volume e todos os que o precederam provocam em mim e, estou certo disso, nos seus leitores e alunos. Ao ler a recensão do aludido livro para além de ficar a conhecer melhor este autor, cresceu em mim o desejo de ler KNK, mas não só, a vontade amplia-se, e outros títulos do autor são objeto do meu interesse. Muito desse despertar para, em breve, ler KNK fica a dever-se ao que Vamberto diz sobre seu autor: “(…) São estes os chamados escritores “malditos”, repita-se, nas mais variadas literaturas, os que dizem em voz alta ou serena as misérias que todos vivemos ou sentimos nos espaços sem convivência. (…)” e mais à frente, “(…) Serão estes, digamos também assim, os escritores que no futuro passam de uma certa marginalidade para o centro do cânone. (…)”.
E como sabemos e conhecemos isto acontece, tem acontecido, e em Portugal os exemplos são vários. Como dizia, quando Vamberto faz as suas apreciações literárias fornece aos leitores um conjunto de informação e opinião que, por ser, especializada nos conduz na descoberta de velhos, novos e escritores malditos.

Para não dizer que não falei do terceiro tópico, A América de Todos e de Ninguém, deixo-vos a lista de autores sobre os quais pendeu o olhar de Vamberto. Clara Ferreira Alves, Sinclair Lewis, Philip Roth, Richard Zimler, Bob Woodward e Jonathan Franzen. Perguntarão porquê Clara Ferreira Alves, eu também me perguntei, mas como o livro recenseado tem por tema os Estados Unidos, encontrei aí a justificação.
As leituras de borderCrossing, seja este volume 5, sejam os que o precederam têm sido, para mim uma grande utilidade e, sobretudo, uma fonte inesgotável de aprendizagens e de conhecimento. A coleção de livros border Crossings/leituras transatlânticas tem um amplo público destinatário. Desde logo os leitores comuns que gostam de estar informados do que, em termos literários se vai produzindo, um pouco por todos as geografias culturais, mas também os estudantes que se iniciam, ou se especializam em literatura, tenha elas a forma que tiver, mas também se destinam aos escritores consagrados e aos próprios editores. Eu diria que ler borderCrossings/leituras transatlânticas é, assim, como fazer a leitura das leituras.

Julgo que talvez agora se compreenda melhor o que disse na primeira parte desta intervenção.
Vamberto Freitas é, se me permitem, uma verdadeira instituição de utilidade pública para a literatura. O seu trabalho e a sua obra não têm fronteiras culturais, nem está eivada de qualquer visão redutora da literatura.

(*) Texto que serviu de base à apresentação de borderCrossings (volume 5), de Vamberto Freitas, na Livraria Letras LAVAdas, Ponta Delgada, 23 de Novembro de 2019.
Foi publicado no Portuguese Tribune e no Diário Insular.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

não é mais uma, É uma livraria

imagem retirada da internet
Lá para a segunda quinzena de Março abre em Ponta Delgada uma nova livraria. Dirão os mais distraídos, Mais uma. Eu direi que não é apenas mais uma pois, espaços para os livros e para o encontro dos leitores com os autores, os editores e quem os divulga, nunca serão a mais.

A Letras Lavadas Livraria & Edições anuncia-se como um espaço multifacetado e situa-se no centro histórico da cidade de Ponta Delgada. Mas não é só, a nova livraria está ligada a uma chancela editorial, a “Letras Lavadas” e à “Nova Gráfica”. Quer a editora quer a gráfica são sinónimo de qualidade. Qualidade reconhecida a nível nacional.

Imagem retirada da internet

Sim, É a minha editora. Mas não é pelos afetos ou interesse material que deixo este registo. Faço-o tão-somente pelo reconhecimento do trabalho e afirmação de uma empresa regional no contexto nacional, mas também pelo devido respeito ao homem que tem sido o mentor deste projeto, o Senhor Ernesto Resendes.

Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 26 de Fevereiro de 2019