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segunda-feira, 18 de novembro de 2024

poesia da Palestina (3)

As tonalidades da ira

Deixem-me falar na minha língua árabe
antes que também ocupem minha língua.
Deixem-me falar na minha língua materna
antes que também colonizem sua memória.
Sou uma mulher árabe de cor
e viemos em todas as tonalidades da ira.
Tudo o que meu avô sempre quis fazer
foi levantar-se ao alvorecer e observar
a avó prostrar-se a rezar
numa aldeia escondida entre Jafa e Haifa.

Minha mãe nasceu sob uma oliveira
num chão que, dizem, já não é meu;
mas vou cruzar as barreiras, o checkpoint,
os muros loucos do apartheid e voltarei para casa.

Sou uma mulher árabe de cor
e viemos em todas as tonalidades da ira.
Ouviram ontem os gritos da minha irmã,
quando dava à luz num checkpoint
com soldados israelitas olhando entre as suas pernas a próxima ameaça demográfica?
à filha nascida chamou-lhe, Jenin.
E ouviram alguém gritar
«estamos de voltando à Palestina!»
atrás das grades da prisão,
enquanto disparavam gás lacrimogéneo para a cela?
Eu sou uma mulher árabe de cor
e viemos em todas as tonalidades da ira.

Mas dizes-me que esta mulher que há dentro de mim
só te trará o teu próximo terrorista:
barbudo, armado, lenço na cabeça, negro.
dizes-me que mando os meus filhos para morrer?
mas esses são os teus helicópteros,
os teus F-16 no nosso céu.

E falemos um pouco sobre esta questão do terrorismo...
Não foi a CIA que matou Allende e Lumumba?
E quem primeiro treinou Osama?
Meus avós não corriam em círculo, como palhaços,
com capas e capuzes brancos na cabeça
linchando negros.

Eu sou uma mulher árabe de cor
e viemos em todas as tonalidades da ira.
«Quem é essa mulher morena gritando na
manifestação?»
Desculpe. Não deveria gritar?
Esqueci de ser todos os teus sonhos orientais?
O génio da garrafa,
bailarina da dança do ventre,
mulher do harém,
voz suave,
mulher árabe,
Sim, senhor.
Não, senhor.
Obrigado pelas sandwiches de amendoim
que nos atiras dos teus f-16, gosto.

Sim, os meus libertadores estão aqui para matar os meus filhos
chamando-lhe «dano colateral.»

Eu sou uma mulher árabe de cor
e viemos em todas as tonalidades da ira.
Assim, deixa-me dizer-te, que esta mulher que há dentro de mim
só te trará teu próximo rebelde.
Terá uma pedra numa mão e uma bandeira palestina na outra,
Sou uma mulher árabe de cor...
Tem cuidado, tem cuidado,
com a minha ira.

Rafeef Ziadah



sexta-feira, 25 de março de 2022

a perversão dos conceitos

 

imagem retirada da internet
A morte de Madeleine Albright, foi motivo para a comunicação social de “referência”, mas também para alguns líderes da “comunidade internacional” afirmarem as qualidades humanistas e pacifistas da falecida.

Quem conhece a vida pública e política daquela que foi a primeira mulher a exercer o cargo de Secretária de Estado da administração estado-unidense, presidida por Bil Clinton, não pode em consciência, subscrever estes obituários.

Madeleine Albright tem responsabilidades diretas nos bombardeamentos a Belgrado, em 1999, primeira ação ofensiva da NATO (constituída como uma aliança militar defensiva), mas esta pacifista e humanista não se fica por aqui. As sanções económicas impostas ao Iraque, após a invasão ao Kuwait, que duraram de 1990 até 2003, provocaram morte de meio milhão de crianças iraquianas com menos de 5 anos, dados da ONU, fazem também parte do seu mórbido curriculum.

A frieza e a frase com que respondeu à jornalista, Leslie Stah, da CBS, no programa 60 minutos quando esta a questionou sobre se valeu a pena impor as sanções económicas ao Iraque, que mataram meio milhão de crianças iraquianas é reveladora e desmente todas as parangonas que agora, pela sua morte, foram ditas e escritas.

Quando Leslie Stah lhe diz que, segundo a ONU, por causa do bloqueio morreram mais de meio milhão de crianças iraquianas, mais do que em Hiroxima, e lhe pergunta se, sob o ponto de vista dos Estados Unidos esse preço valera a pena? A pacifista e humanista Madeleine Albright respondeu que tinha sido uma escolha muito difícil, mas nós achamos que valeu a pena. Vejam o vídeo que vos deixo abaixo e verifiquem.


Está tudo dito. Ou eu tenho um conceito profundamente errado sobre a paz, a democracia e o humanismo, ou então alguma coisa está muito mal no seio da chamada “comunidade internacional”, que como se sabe se resume a pouco mais do que os Estados Unidos, a União Europeia, o Reino Unido e a Austrália. Isto não é civilização é barbárie.

Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 25 de março de 2022


sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Privações - "Os Porquês?, na SMTV

Foto by Aníbal C. Pires (S. Miguel, 2017)




Para ver ou rever a edição número 13 do programa “Os Porquês?”, na SMTV.

O medo e a insegurança privam-nos de viver

Foi para a antena no dia 23 de Janeiro de 2019






quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

José Afonso, Hoje e sempre

Imagem retirada da internet





Passam hoje 30 anos que José Afonso partiu.
Perduram as canções, as palavras, o exemplo de uma vida dedicada ao seu Povo, à luta pela liberdade e pela democracia.
As suas canções continuam a ser um símbolo de rebeldia, de luta, de indignação contra o poder, contra o capital, contra a barbárie.
A canção que vos deixo dedico-a aos meus atuais alunos. Que tal como os meninos que inspiraram este poema, (meninos do bairro do "Cerco", Porto), ainda um dia irão cantar esta canção e aprender haja o que houver.




quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Este ano não


Este ano as palavras são estas.
Não estou disponível para continuar a alinhar nesta "festa" do consumismo nem de escrever sobre desejos e votos para o futuro.
Não contem, assim, com as habituais palavras de circunstância.
Os meus dias são todos dedicados à promoção e defesa da justiça social e à globalização do bem estar e de uma vida digna para todos.
Tenham um bom dia e fiquem com um discurso de 1940 que bem podia ser de hoje.

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Festa do Avante - 2015


É já no próximo fim-de-semana que, num espaço libertado das amarras do capitalismo e do imperialismo, se realiza a FESTA do AVANTE, edição de 2015.
O vídeo é assim como uma breve antecipação do que vai ser a FESTA.
FESTA do AVANTE! Não há FESTA como esta e, podes crer, mais ninguém te faz festas como esta.

sexta-feira, 11 de julho de 2014

"O tempo não pára"



Em dia de aniversário (o meu) fica este belo poema de amor na voz da Mariza. Chegou até mim recomendado por quem partilha a vida comigo.

domingo, 2 de março de 2014

Dia de 6.º aniversário do "momentos"


GRUPO DE BOMBOS DE LAVACOLHOS - "Moda dos Bombos" from MPAGDP on Vimeo.

O “momentos” completa hoje 6 anos de existência, está vivo e a crescer. Apesar do declínio anunciado pela penetração do Facebook e de outras redes sociais mais voltadas para o imediatismo, às quais naturalmente aderi, continuo a preferir os blogues.
Em dia de aniversário é da tradição abrir as publicações comemorativas com uma ou mais peças de percussão. Este ano é dedicado à Beira Baixa e aos emblemáticos Bombos de Lavacolhos.