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quinta-feira, abril 30, 2009

A imagem das brasileiras lá fora

Mestra em filosofia, tradutora e escritora, Rachel Gutierrez escreveu ao colunista Joaquim Ferreira dos Santos, de O Globo: “Num dos jornais de maior tiragem do nosso país, O Globo, você publicou ontem um artigo de meia página, no 2º Caderno, intitulado [perdão] ‘Que Bunda!’ com o subtítulo: ‘Caetano põe música no mais insistente pensamento positivo que move o país.’ Você escreve bem, é engraçado, inteligente. Mas seu artigo me remeteu a uma experiência bastante desagradável que tive em Palermo, na Sicília, num táxi que levava ao aeroporto a mim e minha irmã, duas senhoras moradoras há várias décadas nesta cidade que tanto amamos e que por tantos motivos nos entristece – o Rio de Janeiro. Para nosso espanto, o taxista italiano, assim que percebeu que transportava brasileiras, perguntou: ‘É verdade que no Rio de Janeiro estão as melhores b... do mundo?’ Sentindo-me humilhada, constrangida, envergonhada, respondi que não sabia mas que ouvira dizer, por outro lado, que no Brasil, os italianos são considerados ‘tutti cornutti’! Resposta pronta e grosseira da qual não me orgulho porque reconheço que a nossa reputação no exterior, alimentada exaustivamente pela nudez das mulheres nas praias e no carnaval, ofusca o crescente número de estudantes e profissionais do sexo feminino que já ultrapassa os 60% nas áreas da advocacia e da magistratura, na medicina e na pesquisa científica apesar de que, como escreveu sua colega Míriam Leitão (25/12/2008) ‘as mulheres têm escolaridade maior mas a diferença salarial aumenta quanto mais se estuda’; mesmo assim, a presença feminina sobressai também nas ciências sociais e no magistério secundário e superior. E não vamos esquecer o sucesso das mulheres nas artes, na música, no teatro e na literatura, no atletismo e até mesmo no futebol. Vermos a mulher brasileira como apenas capaz de inspirar um tão reducionista ‘Que b...!’ que você propõe como ‘mantra nacional’ é esquecermos perversamente, desculpe-me, Joaquim Ferreira dos Santos, perversamente, sim, que além de tudo isso, as estatísticas revelam que a cada 15 segundos uma mulher é espancada no Brasil; que a maioria dos assassinatos de mulheres são cometidos por seus parceiros homens, maridos ou namorados; que nas regiões mais sacrificadas da população, 80 ou 90% das famílias são chefiadas por mulheres trabalhadoras; que não apenas no nosso extenso e esquecido interior, pais estuprarem e engravidarem filhas crianças e adolescentes é crime corriqueiro e quase sempre impune; e que a prostituição infantil, o tráfico e o crack destroem a cada dia a vida de milhares de crianças inocentes etc. etc. Joaquim Ferreira dos Santos, a era festiva do Pasquim já passou. Sejamos honestos, não temos mais clima para reduzir levianamente à b..., as mulheres que além da b..., têm o corpo inteiro, personalidade, inteligência, qualidades psicológicas e sociais e um olhar de ser humano como o seu.”

O cronista não é culpado pela imagem da mulher brasileira lá fora. Afinal, ele faz textos – inteligentes, como disse a leitora – e não é responsável pelas imagens divulgadas pela mídia internacional, mostrando as mulheres cariocas na praia, com roupas sumárias. Nem são dele as imagens das mulheres quase nuas nos desfiles de Carnaval, que rodam o mundo todo ano mostrando a grande festa do Brasil.

A culpa não é do cronista e talvez nem seja da imprensa escrita. As imagens, nesse caso, valem mais do que mil palavras. E, infelizmente, a imagem da mulher brasileira que se vê lá fora é de mulheres nuas na praia e nos desfiles de carnaval. Ou mesmo nas praias e piscinas dos hotéis do hemisfério norte, onde nossas conterrâneas desfilam de fio dental em contraste com bem comportados maiôs das senhoras locais.

O resultado é que quando se fala de Brasil, nos filmes e séries, a imagem é sempre a pior possível. O Brasil é o país para onde fogem os criminosos e golpistas e o país das mulheres sensuais e disponíveis. É só dar uma olhada na programação da TV paga. Outro dia, num episódio de CSI, a personagem brasileira era uma mocinha de 16 anos, que se prostituía nas ruas. Em um episódio antigo de House, o Brasil era citado como o lugar onde um funcionário do governo americano tinha sido envenenado, durante os sete dias de Carnaval. E é bom lembrar: foi o Brasil que deu nome à depilação sumária da virilha, grande sucesso nos Estados Unidos. (...)

Mudar essa imagem não vai ser uma tarefa simples. E nem adianta cronistas mudarem o tom de seus textos e passarem a louvar a mulher brasileira por méritos outros que não os de uma bela b... É necessária outra postura de toda a mídia para influenciar a própria atitude das mulheres brasileiras. Aquelas que se destacam por seus feitos no mundo das ciências, das artes, dos negócios – ou ainda as que são espancadas diariamente – não aparecem nos jornais e na TV. O espaço é ocupado pelas que têm belas b...

O papel da mídia – TV e jornais – deveria ser mais educativo. Mostrar que os decotes escandalosos e as barrigas de fora com que as turistas brasileiras costumam escandalizar as ruas de Europa e Estados Unidos são apenas para certas ocasiões e certos locais [na verdade, não deveriam existir]. Mostrar o uso inteligente das tendências da moda. Tentar ensinar, inclusive, as confecções a desenvolverem modelos dentro da moda, mas adequados aos hábitos internacionais, pois as mulheres nem sempre se vestem como gostariam, mas com o que encontram nas lojas, ainda que não seja a seu gosto.

Um segundo passo seria parar de exportar imagens de mulheres nuas no Carnaval e se empenhar mais em defender as mulheres espancadas, estupradas e agredidas. Ou simplesmente aquelas discriminadas no mercado de trabalho, em benefício de homens nem sempre competentes. Quem sabe em uma ou duas décadas os italianos esqueçam que, no Brasil, as mulheres também são mamas e nonas, e não apenas as melhores b... do mundo.

(Ligia Martins de Almeida, Observatório da Imprensa)

Nota: Pior é quando o presidente recebe o líder de outro país. Qual, geralmente, é a primeira atração na recepção? Mulatas sambando em trajes sumários. Isso é realmente o melhor que o Brasil tem a exibir? Samba e indecência representam o todo do nosso país, nossa cultura, nossas preferências? Sinceramente, não me sinto representado nessas situações... Que os cristãos não se deixem levar por essa “onda” e ajudem a melhorar nossa imagem. Que eles sejam os vanguardistas no movimento pela “sensualidade pura”.[MB]

segunda-feira, abril 27, 2009

Biblicamente correta

A revista Veja desta semana reproduziu uma frase de Carrie Prejean, segunda colocada no concurso Miss Estados Unidos, que, segundo uma jurada, perdeu a coroa por se dizer contra o casamento de pessoas do mesmo sexo: “A questão ali não era ser politicamente correta. Preferi ser biblicamente correta.” O blogueiro de fofocas e autor da pergunta que provavelmente custou o título de Carrie, Perez Hilton, manifestou toda a sua intolerância ao dizer: “Se ela tivesse ganho, eu teria subido no palco e arrancado a coroa da cabeça dela.” Entre a consciência e o desejo de vencer que leva muitas a dizer o que os jurados esperam, Carrie optou pela consciência. A vitória, na verdade, é dela.

quinta-feira, outubro 16, 2008

Processo contra Deus é desconsiderado

Um juiz desconsiderou um processo contra Deus nos EUA, dizendo que o Todo Poderoso não tinha endereço fixo. Ernie Chambers (foto), senador estadual dos EUA, entrou com o processo no ano passado procurando um mandato judicial permanente contra Deus. Ele disse que Deus fez ameaças terroristas contra ele e seus constituintes, inspirou medo e causou “mortes, destruição generalizadas e o terror de milhões e milhões de habitantes terrestres”. Ernie disse que entrou com o processo para chamar a atenção para o fato de que todas as pessoas deveriam ter acesso às cortes, não importando se são ricas ou pobres.

Na terça-feira, no entanto, o juiz Marlon Polk decidiu que, sob as leis estaduais, o queixoso deve ter acesso ao réu para que o processo legal possa prosseguir. “Dado o fato de que esta corte não poderá executar no nome do réu essa ação será descartada…”, escreveu o juiz.

Ernie, que é advogado graduado, mas nunca fez o exame da ordem, pensa que encontrou uma falha na decisão do juiz. “A corte em si reconhece a existência de Deus. Uma conseqüência desse conhecimento seria reconhecer da onisciência de Deus. Já que Deus sabe tudo, ele foi notificado de seu processo”, disse ele.

(LiveScience)

Leia também: “Um Deus sanguinário?”

terça-feira, setembro 30, 2008

“Livro Viajante” estimula leitura e espalha esperança

Um livro deixado num banco de uma praça pode parecer esquecimento de algum leitor distraído, mas por trás do aparente descuido está um ato intencional de estímulo à leitura e principalmente por uma literatura que traz conforto e esperança. A idéia, que começa a ser implantada nesta semana na cidade de Guarulhos, SP, recebeu nome de “Livro Viajante” e será expandida para outras cidades do Estado.

O projeto elaborado pelo professor Edmar Ferreira, do Colégio Adventista de Gopoúva, vai além do compartilhamento das obras. Cada “Livro Viajante” recebe um adesivo com um código e instruções para que o leitor entre no site www.livroviajante.com.br e faça o registro. Lá, o internauta tem acesso a uma lista com nomes de pessoas que já leram o livro e seus respectivos contatos e fica sabendo por quais lugares a obra já circulou.

O professor acredita que as visitas ao site criam uma espécie de comunidade dos leitores do “Livro Viajante”, com várias possibilidades de se formar novas amizades e trocas de informações. “A própria curiosidade natural das pessoas irá contribuir para que os registros dos livros sejam efetuados na internet”, afirma o professor Edmar.

“Sou grátis. Não estou perdido, estou viajando!” Mensagens como essa vão fixadas nas capas das publicações indicando a procedência dos livros. Qualquer pessoa pode participar do projeto, basta fazer o cadastro da obra no site, e em seguida deixá-lo em algum lugar público para que ele “viaje” pela cidade.

O projeto “Livro Viajante” ganhou força após o lançamento do “Impacto Esperança”, evento da Igreja Adventista que distribuiu mais de 20 milhões de revistas na América do Sul sobre a volta de Jesus. Com a inspiração e o apoio da Igreja, o “Livro Viajante” se tornou um forte aliado na difusão das mensagens de esperança, com o diferencial da rede de relacionamento proporcionada pelo site.

Para fortalecer essa característica missionária, o projeto recebeu recentemente uma doação do Departamento de Publicações da sede administrativa da Igreja Adventista para o Vale do Paraíba, que se transformou no parceiro oficial do “Livro Viajante”. Cerca de 300 exemplares do livro Esperança para Viver, da escritora Ellen G. White, foram distribuídos para que os alunos do Colégio Adventista de Gopoúva realizem essa atividade nos bairros da cidade. Outras escolas do município e do Estado também participarão do projeto.

(Sandro Ferreira)

quarta-feira, setembro 24, 2008

Para entender a crise financeira nos EUA

O seu Biu tem um bar, na Vila Carrapato, e decide que vai vender cachaça "na caderneta" aos seus leais fregueses, todos bêbados, quase todos desempregados. Porque decide vender a crédito, ele pode aumentar um pouquinho o preço da dose da branquinha (a diferença é o sobrepreço que os pinguços pagam pelo crédito). O gerente do banco do seu Biu, um ousado administrador formado em curso de "emibiêi", decide que as cadernetas das dívidas do bar constituem, afinal, um ativo recebível, e começa a adiantar dinheiro ao estabelecimento tendo o pindura dos pinguços como garantia.

Uns seis "zécutivos" de bancos, mais adiante, lastreiam os tais recebíveis do banco e os transformam em CDB, CDO, CCD, UTI, OVNI, SOS ou qualquer outro acrônimo financeiro que ninguém sabe exatamente o que quer dizer. Esses adicionais instrumentos financeiros alavancam o mercado de capitais e conduzem a operações estruturadas de derivativos na BM&F, cujo lastro inicial todo mundo desconhece (as tais cadernetas do seu Biu).

Esses derivativos estão sendo negociados como se fossem títulos sérios, com fortes garantias reais, nos mercados de 73 países. Até que alguém descobre que os bebuns da Vila Carrapato não têm dinheiro para pagar as contas, e o Bar do seu Biu vai à falência. E toda a cadeia desmorona.

(Folha Online)

terça-feira, setembro 23, 2008

O “bom” ladrão e os maus pais

Esta notícia “curiosa” ocupou alguns noticiários na semana passada, mas só tomei conhecimento hoje: “Depois de furtar um carro na madrugada desta quarta-feira (17), em Passo Fundo (RS), um ladrão percebeu que uma criança dormia no banco traseiro e ligou para a Brigada Militar. Ele avisou os policiais que abandonaria o veículo e indicou o local. Quando o carro foi encontrado, o menino de 5 anos ainda estava dormindo. Segundo a polícia, a mãe e o padrasto da criança estavam em um bar. O caso foi registrado na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) da cidade, mas o inquérito policial será instaurado na 2ª Delegacia de Polícia.

“De acordo com a delegada Claudia Crusius, responsável pelo caso, o Conselho Tutelar também foi acionado. A mãe deve se apresentar ao conselho ainda nesta quarta. O ladrão não foi encontrado.”

“Leia transcrição do áudio da conversa entre o ladrão e a polícia:

“Ladrão: Seguinte, ó: eu vou ser bem sincero contigo. Eu roubei um carro ali, tá, agora. E eu peguei o carro e tinha uma criança dentro, cara. E eu não vi, entendeu, não vi. Então o que que eu fiz, eu peguei o carro e botei o carro atrás do Enave, tá. Então tu manda uma viatura lá e manda o pai dele pegar ele e levar pra casa. Um piazinho, tá.

“Polícia: Tá ok.

“Ladrão: É um Monza. Tem um piazinho dormindo no banco de trás, tá. E diz pro pai dele que ele não ir... próxima vez que eu pegar aquele auto e tiver o piá lá, eu vou matar ele.”

(Gazeta Online)

Nota: Tem pai que é pior que ladrão...

sexta-feira, setembro 19, 2008

Reportagem na Pedra Bela

Há três semanas, fiz uma reportagem para a revista Conexão JA, no município de Pedra Bela, próximo de Bragança Paulista. Foi um desafio triplo: experimentar a segunda maior tirolesa do mundo (250 m de altura e quase 1.800 m de extensão, onde a velocidade pode chegar perto dos 90 km por hora), fazer rapel numa pedra de 50 m e escalar 25 m. Acompanhei um grupo de 20 jovens da Igreja Adventista de Riacho Grande, São Paulo. Além da natureza exuberante (a cidade de seis mil habitantes é cercada por montanhas verdejantes e do alto da pedra dá para ter uma visão de 360 graus a longa distância), experimentei um verdadeiro teste de coragem (pra mim, pelo menos) e resistência. O resultado você pode conferir na matéria da seção "Adrenalina", que será publicada na edição de outubro da revista Conexão JA.

Leia também: "Mergulho no céu" e "O segredo da muralha"

quinta-feira, setembro 18, 2008

Uganda quer proibir minissaias "perigosas"

O ministro ugandense de Ética e Integridade, Nsaba Buturo, afirmou que as minissaias devem ser banidas do país porque mulheres que as usam distraem os motoristas e provocam acidentes de trânsito. Em uma entrevista coletiva na capital, Kampala, Buturo disse que “usar minissaia é como andar nu pela rua. Você pode causar um acidente porque algumas pessoas daqui são psicologicamente fracas”. Para ele, o uso da minissaia deve ser classificado como uma “indecência” sujeita a penalização pela lei de Uganda. Buturo alertou ainda para os perigos que enfrentam os motoristas que se distraem por causa das minissaias. “Se você encontra uma pessoa nua, você começa a se concentrar no corpo da pessoa, mas continua dirigindo”, disse. “Hoje em dia é difícil distinguir a mãe da filha, elas estão todas peladas”, afirmou o ministro.

Nsaba Buturo acredita que o uso de roupas indecentes é apenas um dos muitos vícios da sociedade ugandense. “Roubo e desvio de recursos públicos, serviços abaixo do padrão, ganância, infidelidade, prostituição, homossexualismo e sectarismo”, citou o ministro.

Mmali explica que no início deste ano, a Universidade Makerere, em Kampala, decidiu impor regras para os trajes femininos na instituição. A proibição da minissaia e das calças apertadas ainda não foi implementada, mas o assunto já parece dividir setores da sociedade.

O correspondente da BBC entrevistou mulheres no campus da universidade para saber a opinião delas sobre as posições do ministro Buturo. “Se uma mulher quer usar a minissaia, tudo bem. Se outra quer colocar uma saia mais longa, tudo bem também”, disse uma estudante. Outras, no entanto, são mais solidárias às idéias do ministro. “Acho que coisas mesquinhas não são boas. Estamos mantendo a dignidade da África como mulheres e temos que cobrir nosso corpo”, disse a estudante Sharon à BBC.

(BBC Brasil)

Nota: Enquanto na Uganda alguns se preocupam com a moralidade, veja a proposta de uma estilista brasileira (tinha que ser!).

Ex-Big Brother italiana põe virgindade à venda

Parece que virou moda. Depois da divulgação do caso da estudante americana de 22 anos que anunciou estar leiloando sua virgindade, a modelo italiana Raffaele Fico resolveu vender sua “primeira vez” por um milhão de euros, o equivalente a R$ 2,6 milhões. Raffaele, que ganhou destaque ao participar da última edição do programa Big Brother na TV italiana, disse que precisa do dinheiro para comprar um apartamento e pagar aulas de atuação [!]. Depois de estrear na televisão em um reality show, a beldade quer virar atriz. “Estou ansiosa para saber quem é que vai arrumar o dinheiro para me levar para a cama. Eu não sei o que é sexo, nunca fiz”, diz a modelo, que jura que jamais namorou. “Mas também, caso eu não goste [da primeira vez], vou tomar uma taça de vinho e esquecer.”

“Ela é devota, e reza todas as noites”, conta a mãe de Raffaele, em entrevista à revista italiana Chi.

(G1 Notícias)

Nota: Ela é devota, reza e toma vinho para esquecer as bobagens que faz na vida... Que religião é essa, afinal? É o tipo de religiosidade banal dos últimos tempos; a “aparência de piedade” da qual falou Paulo ao descrever os eventos finais da história deste planeta (cf. 2Tm 3:5). E, para completar a decadência moral sem retorno em que o mundo embarcou, leia também “Lula defende união gay”. Depois leia o comentário do Pr. Sérgio Santeli aqui.[MB]

sexta-feira, setembro 12, 2008

Jovem norte-americana leiloa virgindade

A americana com o pseudônimo de Natalie Dylan, 22 anos, que declarou que iria leiloar a virgindade para bancar seus estudos, está com o caminho mais difícil. Mas vai brigar pelo “sonho”. O site de leilões eBay se recusou a hospedar o leilão, que agora acontecerá num bordel em Nevada, o Moonlite Bunny Ranch, onde a irmã, que é prostituta, trabalha para também pagar as dívidas da faculdade. A data do leilão não foi informada. O bordel fica a sete horas de carro de Las Vegas.

A menina, que é virgem, declarou que terá relações sexuais com a pessoa que der o maior lance no estado, onde a prostituição é legalizada. Natalie teve essa idéia depois que soube de um caso similar. Após o arremate final, Natalie fará exames ginecológicos para comprovar sua condição.

“Não acho que leiloar minha virgindade irá resolver todos os meus problemas”, disse ela no programa de televisão “The Insider”, nesta quarta-feira. “Mas irá dar alguma estabilidade financeira. Estou pronta para controvérsia, sei o que virá por aí. Estou pronta para isso.”

“Vivemos numa sociedade capitalista. Por que eu não posso ganhar com a minha virgindade?”, acrescentou.

Dennis Hof, dono do bordel, apóia a idéia [claro]. “Porque perder a virgindade no banco de trás de um carro com um cara quando você pode pagar pela sua educação?”

Segundo Natalie Dylan, ela e a irmã foram obrigadas a se virar para conseguir dinheiro porque o padrasto das duas teria feito empréstimos em seus nomes sem permissão. A moça pretende fazer mestrado em terapia de família e quem sabe até um doutorado.
A mãe dela, segundo a própria Dylan uma “conservadora”, não aprova a idéia, mas “dá o suporte necessário”. ...

(O Dia Online)

Nota: Vivemos na sociedade dos valores invertidos. Na busca pelo status e estabilidade financeira, vende-se tudo na vida, até a honra. Essa veio a público. Quantos outros(as) fazem coisa parecida para manter o emprego ou ser promomido(a)? E pensar que Natalie ainda quer fazer mestrado em terapia de família. Quando cair em si (se isso ocorrer), será sua primeira cliente...[MB]

quarta-feira, agosto 13, 2008

Álcool altera percepção estética e sexual

Depois de uns copos de cerveja, as pessoas realmente começam a achar os outros mais bonitos, segundo um estudo feito por cientistas da Universidade de Bristol, na Grã-Bretanha, e publicado na revista New Scientist. A equipe liderada por Marcus Munafò, do Departamento de Psicologia Experimental, conduziu uma experiência com 84 alunos heterossexuais, pedindo que eles consumissem uma bebida não-alcoólica com sabor de limão ou uma bebida alcoólica com um sabor semelhante. A quantidade de álcool variava de acordo com o indivíduo, mas foi calculada para ter o efeito que um copo de 250 ml de vinho teria em uma pessoa de 70 kg - ou seja, o suficiente para deixar parte dos alunos levemente embriagados.

Quinze minutos depois, os pesquisadores mostraram fotografias aos participantes de pessoas da sua idade, de ambos os sexos. Tanto os homens como as mulheres que haviam consumido álcool avaliaram as pessoas retratadas como mais atraentes do que os participantes do grupo de controle (que tinham tomado a bebida sem álcool).

A New Scientist destaca como surpreendente o fato de que os resultados não se aplicaram apenas ao sexo oposto, ou seja, homens que haviam tomado álcool também consideraram os homens nas fotografias mais atraentes, assim como as voluntárias, em relação às mulheres fotografadas.

Esse último dado vai além dos resultados de um estudo anterior feito pela Universidade de Glasgow, na Escócia, no qual o efeito do álcool na percepção da beleza só havia sido verificado entre homens olhando para fotografias de mulheres e vice-versa. ...

Um outro estudo citado pela revista, realizado na Universidade de Yale, indica que as pessoas também tendem a assumir comportamentos sexuais mais arriscados depois de beber, o que poderia ser explicado pelo fato de o álcool baixar as inibições das pessoas "por meio de um efeito direto no cérebro ou ao oferecer uma desculpa conveniente para esse tipo de comportamento".

(Terra)

segunda-feira, junho 09, 2008

Mergulho no céu


Enquanto percorro os 16 km que separam a Casa Publicadora Brasileira (onde trabalho) do Centro Nacional de Pára-quedismo de Boituva (SP), sinto minhas mãos suando frio no volante. Durante duas semanas, tentei não pensar muito no assunto, mas... agora não tem mais jeito. O tempo está bom: céu quase limpo e pouco vento. Vai ser hoje.

Somos três no carro, a equipe editorial da revista Conexão JA. O Fernando e eu estamos ali para um salto duplo de pára-quedas. Já a Sueli diz que veio para nos dar ânimo (será?), pois também saltou para uma matéria da revista Superamigo, há 12 anos. Mas, como ela mesma diz, não dá para descrever exatamente o que acontece nos minutos da queda – só experimentando mesmo. Pois é. Por isso, nós estamos prestes a saltar (se a dama da Conexão JA foi, a gente não pode amarelar, né?).

Depois de uma viagem no mínimo tensa, chegamos. Estaciono o carro e vamos procurar o pessoal do centro de pára-quedismo, onde somos apresentados aos instrutores. Para eles, tudo é muito natural, afinal, têm no currículo a experiência de 3 a 6 mil saltos. Mas para nós, a coisa toda é muito... Como é mesmo o nome daquele instrumento que indica a direção do vento? Ah, sim, biruta.

Estamos vestidos com a camiseta da Conexão JA, mas, por cima dela, temos que usar um macacão. É que a quase 4 mil metros de altura o frio é bem intenso e nos faria tremer (ainda mais). Devidamente equipados, sinto-me como um astronauta (o Fernando já achou que era um super-herói). Mas ainda tinha mais: os instrutores logo nos prendem ao harness (mais conhecido como “macaquinho”). São tiras bem resistentes – tão apertadas que é difícil de caminhar –, que conectam o pára-quedista ao instrutor durante o salto.

O avião está a nossa espera. Vamos até ele em um reboque especial de trator e, chegando lá, embarcamos na pequena aeronave – dois instrutores, dois cameramen, um casal recém-formado no curso de pára-quedistas, o Fernando e eu.

À medida que o avião sobe, observo o altímetro do meu instrutor, o Lúcio. O salto será feito quando chegarmos a 12 mil pés, isto é, 3.700 m. O problema é que, na metade do trajeto, ao observar a paisagem pela janela, já acho alto demais.

Até aqui estou relativamente calmo. Começo a ficar realmente tenso quando, a pouco mais de 2 mil metros, o instrutor me conecta aos mosquetões, ganchos capazes de suportar até mil quilos.

Minutos depois, chegamos aos tais 12 mil pés. Alguém abre a porta lateral do avião. O vento ensurdecedor e frio invade a aeronave. Gelo na hora (e não é por causa da temperatura). O instrutor me pede para relaxar. Difícil.

Vejo o casal de pára-quedistas saltar na minha frente e desaparecer rapidamente nas nuvens. O cameraman já está lá fora, segurando-se no avião e esperando meu salto. Agachado, aproximo-me da porta e observo uma cena surreal. Lá embaixo, entre as aberturas nas nuvens, campos em tons diferentes de verde e manchas marrom-amareladas. É semelhante às cenas que eu já havia contemplado em viagens de avião, com a diferença de que não havia fuselagem me separando do céu, do vento, do frio – e do misto de curiosidade e medo.

“Coloque as pernas para fora”, ordena o instrutor. “O quê?!”, penso. “Isso só pode ser loucura! Colocar as pernas para fora num avião a 3.700 m de altura!” Ao ver meus tênis balançando contra aquele fundo “infinito”, com as nuvens passando em alta velocidade, meu coração dispara. Agora não tem volta MESMO!


Se não é o instrutor avançar para o nada, acho que ficaria ali na porta, paralisado. A próxima coisa que sinto é o corpo se inclinar para frente e mergulhar de ponta-cabeça. Parece que vamos “capotar” no ar, mas rapidamente o Lúcio estabiliza nosso vôo, fazendo com que fiquemos na horizontal. A ordem para manter as mãos no peito durante o salto tinha sido tão enfática que até me esqueço de abrir os braços. Quem faz isso é o instrutor. E então...


Estou voando! A mais de 200 km/h em queda livre! O som é ensurdecedor, semelhante a andar com a cabeça próxima a uma janela aberta num carro em alta velocidade. Posso sentir a pele sendo repuxada pelo vento e o lóbulo das orelhas balançando freneticamente. Através dos óculos de plástico, vejo as nuvens passando rapidamente. Multiplique por mil a sensação que teve ao andar pela primeira vez em uma montanha-russa; talvez chegue perto do que sinto nesse momento.

O instrutor move os braços, inclina o corpo e nos faz girar 360 graus. Adrenalina pura! A poucos metros de nós, o cameraman registra tudo e faz sinal de positivo com o polegar. Tento sorrir para a câmera, mas os músculos do meu rosto estão contraídos. É uma sensação ambígua. Por um lado, o prazer da liberdade é incrível. Por outro, é impossível não deixar de lembrar que estou caindo em direção ao chão. São cerca de 50 segundos nos quais percorremos aproximadamente 2 mil metros. Nem sei se estou respirando durante esse tempo.

De repente, sinto um puxão para cima. E a exatos 50 segundo após o salto, o pára-quedas de náilon começa a se abrir. O corpo fica rapidamente na posição vertical e a sensação de peso volta. A impressão é de estar flutuando sob uma enorme maquete. Aliás, só quando balanço os pés é que volto à realidade: estou suspenso por cordas e cabos a mais de 1,5 km de altura!

O instrutor me mostra os batoques (alças que controlam o pára-quedas) e pergunta se quero manobrá-lo. Vamos lá! Já que estou aqui, quero experimentar tudo. Seguro-os firme e puxo lentamente para baixo o batoque da esquerda. Então, começamos a “cair” para aquele lado. Volto o batoque imediatamente para cima e puxo o outro. E lá vamos nós para a direita. “Observe os outros pára-quedistas”, adverte o Lúcio. “Não podemos bater neles.” Consigo visualizar cinco pára-quedistas ao nosso redor, uns mais abaixo, outros mais acima, a metros de distância. Um deles deve ser o Fernando.

Brinco um pouco com os batoques e devolvo o comando para o Lúcio. “Está vendo aquele círculo?”, ele pergunta. “É lá que temos de pousar.” Daquela altura, a rodovia Castelo Branco parece uma linha fina que corta as terras. “Observe a biruta. Temos que pousar contra o vento”, diz o Lúcio. “Biruta sou eu!”, penso.

Treinamos mentalmente o procedimento de pouso. “Levante as pernas e abrace os joelhos.” Ele é bem enfático, pois as pernas dele têm que tocar o solo antes, caso contrário, posso quebrar as minhas.

Nessa altura, a velocidade ainda parece pequena, mas à medida que o chão fica mais próximo e começo a ter padrões de referência, a coisa muda. O solo se aproxima rápido. Obedecendo à orientação do Lúcio, abraço os joelhos e tento mantê-los assim. De repente, algo inesperado acontece: o vento cessa por completo, o que diminui nossa sustentação. Pousamos rápido demais e meus pés encostam no chão antes dos pés do Lúcio. Não dá outra: caímos para frente, ele em cima de mim. Que mico! Ainda bem que as pedras arredondadas do círculo de pouso amortecem a queda e saímos ilesos.

Depois de o instrutor desconectar o pára-quedas, levanto-me com as pernas ainda tremendo, mas com a sensação de ter vivido uma experiência sensacional. Lá em cima, perdi completamente a noção do tempo, mas agora, lamento que tudo acabou em míseros sete minutos. Bem que a Sueli disse ser quase impossível descrever um salto desses...

O Lúcio recolhe o pára-quedas e caminhamos até a escola. Ali, encontro a Sueli e o Fernando já me aguardando (ele havia pousado num local mais próximo da escola). Corremos para o abraço e, por um momento, não dizemos nada. De alguma maneira, entendemos que algo mais nos une, como se tivéssemos nos tornando membros de um clube fechado, exclusivo – a confraria daqueles que sabem o que é voar como um pássaro.

(Texto de Michelson Borges, originalmente publicado na revista Conexão JA de janeiro-março de 2008. Fotos: Otávio Augusto Bonomi e Otávio de Camargo Jr.)

terça-feira, maio 27, 2008

Einstein ou Marilyn?

Quando você olha esta imagem ao lado de perto, vê Albert Einstein. Mas se se afastar cerca de 5 metros, ela vai se “transformar” em Marilyn Monroe. Como isso é possível? Parece quase “mágico”... Para ajudá-lo a entender, é preciso explicar como essas imagens foram construídas. Um retrato normal, fotográfico ou desenhado, contém variações das chamadas “freqüências espaciais”, que podem ser de dois tipos. As freqüências espaciais “altas” se referem aos detalhes, aos traços finos de uma imagem. Já as freqüências espaciais “baixas” estão nas linhas largas e nas bordas embaçadas, sobretudo de objetos grandes. A maioria das imagens contém um espectro de freqüências que vão da alta à baixa, em proporções variáveis.

Usando algoritmos de computador, pode-se processar um retrato normal para remover seletivamente diferentes freqüências espaciais. Se as altas forem removidas, teremos uma imagem borrada. Esse procedimento de embaçamento é chamado “filtro passa-baixo”, porque barra as freqüências altas (bordas precisas, linhas finas) e deixa passar as baixas. O “filtro passa-alto”, por sua vez, faz exatamente o contrário: mantém as bordas definidas e os contornos delicados e remove variações de larga escala. O resultado parece um pouco um esboço sem sombreamento.

Esses tipos de imagens processadas por computador são combinados de maneira atípica, para criar os rostos que se transformam “misteriosamente”. No caso da foto acima, foram usadas fotografias normais com a face de Einstein e de Marylin. Então, cada rosto foi filtrado para obter tanto imagens passa-alto (contendo linhas finas e definidas) quanto passa-baixo (borradas). Depois, foram combinadas a foto do passa-alto com a face do passa-baixo.

O que acontece quando os retratos são vistos de perto? Primeiro, a imagem precisa estar próxima para você ver as características mais definidas. Segundo, quando visíveis, elas “mascaram” objetos de larga escala (freqüências espaciais baixas) ou desviam a atenção deles. Assim, quando você traz a imagem para perto, as características definidas tornam-se mais visíveis, mascarando aquelas pouco definidas. Ao deslocar a página mais para longe (ou afastar os olhos do monitor), seu sistema visual não é mais capaz de processar os detalhes finos; a expressão transmitida por eles desaparece e apenas as freqüências baixas são expostas e percebidas.

Esta foto ilustra uma idéia originalmente formulada pelos cientistas Fergus Campbell e John Robson, da Universidade de Cambridge. Eles demonstraram que informações de diferentes freqüências espaciais são paralelamente captadas por vários canais neurais, cujos campos receptivos são de variados tamanhos (o campo receptivo de um neurônio visual é a porção da retina na qual um estímulo precisa ser apresentado para ativá-lo). Isso também mostra que os canais não funcionam isolados. Ao contrário, interagem de maneiras interessantes, por exemplo: as bordas definidas captadas por pequenos campos receptivos mascaram as variações borradas de grande escala sinalizadas pelos campos receptivos maiores

(Adaptado de Vilayanur S. Ramachandran e Diane Rogers-Ramachandran, Mente e Cérebro)

Colaboração: Renato Jungbluth

sexta-feira, maio 09, 2008

Subliminar boa

Tendências para o futuro

O casal de futurólogos Alvin e Heidi Toffler, autores de vários livros sobre tendências, esteve na semana passada em Portugal para uma conferência organizada pela Ordem dos Biólogos. A biotecnologia, disseram, vai ajudar a transformar a sociedade e a economia.

A que ponto vai a biotecnologia moldar o futuro?

Alvin Toffler: A biotecnologia é muito importante. É parte de uma quarta onda. Mas não é a única tecnologia do futuro. Terá que ser combinada com a nanotecnologia e com a tecnologia no espaço para conseguirmos dar grandes saltos. Muitas pessoas não sabem que quando usam o multibanco, ou quando vêem televisão, estão de fato dependentes de tecnologia que está no espaço. Muitos pensam que o espaço não é importante, que é uma brincadeira, ou que é um assunto militar. Mas não é. É o início de uma parte fundamental da economia do futuro.

Em que áreas pode a biotecnologia ter mais impacto?

Heidi Toffler: Todos os países hoje têm problemas com a saúde. A genética está a ajudar a resolver muitos desses problemas. Hoje sabemos que muitas das doenças que julgávamos serem causadas por vírus ou bactéria têm afinal uma base genética. Se conhecermos os genes que herdamos podemos intervir e, até certo ponto, mudar o nosso estilo de vida para nos tornarmos menos suscetíveis às doenças.

Os cientistas prevêem que as populações do mundo que estão envelhecendo serão muito caras, devido a doenças como diabetes ou Alzheimer. Ainda não sabemos exatamente quais as consequências disso para a economia e para a sociedade, mas serão enormes.

A biotecnologia será característica de uma quarta onda. Isso quer dizer que já estamos na terceira onda que descreveram no livro de vocês?

Alvin: Não. Estamos no limiar da mudança, que vai demorar provavelmente uma geração.

Heidi: Um dos exemplos são os jornais. Os jornais estão assistindo a um declínio da publicidade, que está indo para a internet. Isso é um desenvolvimento típico da terceira onda. E a transição é o que está causando o problema. Ainda não sabemos como nos adaptar a essas mudanças.

Alvin: Enquanto alguém que adora a imprensa e que fica coberto de tinta preta todos os dias ao pequeno almoço e que escreveu para jornais, acho triste que a imprensa vai de fato...

Heidi: Nós não concebemos comprar uma máquina para onde possamos descarregar as notícias. Ainda gostamos de jornais. Somos da geração errada, não lemos notícias na internet.

Alvin: Mas não vamos gostar dos jornais para sempre. Eu leio todos os dias, durante horas, pelo menos três jornais. Mas me pergunto: "Por que não leio na tela?", como fazem muitos jovens. A resposta é que não quero estar sentado em frente à tela. O fim do jornal acontecerá quando o papel for eletrônico, quando o pudermos dobrar, virar e pôr no colo. O jornal é uma invenção fantástica da segunda onda. Mas aquilo que faz é dar a todos a mesma informação. Não é personalizado.

Defendem que a personalização é uma das grandes mudanças do futuro próximo. Mas não haverá sempre produtos que precisam ser fabricados em massa?

Heidi: Com a ajuda dos computadores, os produtos poderão ser todos personalizados...

Alvin: Os diferentes produtos vão fazer a transição para a personalização a velocidades diferentes. Nem tudo terá forçosamente que ser feito à medida de cada um. Mas se alguém quiser algo à medida, poderá tê-lo. Estamos passando da produção em massa para a desmassificação. Essa desmassificação está começando a acontecer em vários setores da sociedade.

A internet está ajudando esse fenómeno. As pessoas juntam-se online em grupos de interesses muito específicos. Isso tem tido efeitos na comunicação de massa e na política, por exemplo. Numa entrevista em 1998, o professor Toffler mostrou-se cético quanto às comunidades online. Mantém essa posição?

Alvin: Não sou cético. As comunidades virtuais existem. É possível criar grupos online para todo o tipo de finalidades. São pessoas que nunca estiveram fisicamente na mesma sala, mas que se organizam. A questão é saber se essa organização pode ser transposta da tela do computador para outro nível, de forma a criar um movimento. Por exemplo, um movimento político. É possível criar um partido político online. Mas se quisermos fazer uma marcha... Bem, podemos marchar na tela, mas se queremos que as pessoas nos prestem atenção, temos que marchar à porta da casa delas.

Será que podemos transferir um movimento político, ou de outro gênero, de um espaço virtual e criar a mesma coisa no terreno, face a face? Acho que é muito difícil. Na internet, é possível juntar pessoas de todo o mundo, mas elas não vão do Japão ou da Coreia para participar numa marcha em Washington...

É possível fazer isso em algumas escalas. Todos os candidatos à presidência americana apostaram numa forte presença online. Barack Obama tem sido bem-sucedido em usar a internet para motivar os jovens. Não é um exemplo de que os movimentos online podem passar para o mundo offline?

Heidi: Sim, mas ele continua a ter que ir a cada Estado falar com as pessoas.

Alvin: Penso que virá o dia em que teremos online uma experiência que será muito próxima da interacção humana...

Heidi: Vai continuar precisando de contato face a face! Isso não pode ser substituído. Eu não me imagino sentada em casa com o Second Life como um substituto para a minha própria vida. É preciso ter uma vida muito ruim para querermos ter um substituto artificial. Até certo ponto, é triste que haja pessoas que gastem a vida assim. O que é a vida deles?

As comunidades que se formam online são novas formas de associação. Poderão vir a substituir outras formas de associação, como as religiões ou simplesmente grupos de vizinhos?

Alvin: Suspeito que vamos assistir ao nascimento de novas e estranhas religiões. Já há muitas religiões no mundo. Mas temos espaço para muitas mais. Pequenos grupos, e isso já aconteceu, podem criar novas versões de religiões já existentes, ou então religiões completamente novas. E há partes de religiões existentes que vão autonomizar-se. Podemos chamar-lhes quase-religiões.

Heidi: Pessoalmente, não me interessa o que as religiões fazem. Podem existir todos os grupos religiosos que quiserem, desde que não influenciem a política.

Essa influência existe, nomeadamente nos EUA...

Alvin: Aconteceu durante a última administração...

Heidi: E isso é um grande problema!

Alvin: As igrejas fundamentalistas têm sido muito ativas politicamente...

Heidi: E decidem quem é nomeado para o Supremo Tribunal e, portanto, decidem as leis que influenciam a minha vida. Um dos elementos-chave nestas primárias é que os grupos da direita religiosa perderam poder. [Mike] Huckabee é o único que representa a direita religiosa.

Alvin: Vamos votar em Obama. Não por causa do que ele promete. Os candidatos fazem promessas, mas a verdade é que é impossível para eles cumprir as promessas que fazem. Vamos votar nele porque é um bom sinal para o mundo que a América tenha um presidente negro. E é um candidato inteligente.

(Publico.pt)

Colaboração: Antonio M. Barradas

terça-feira, maio 06, 2008

O segredo da Muralha

Jovens de Bertioga caminham dez horas na Mata Atlântica para repetir expedição militar de 1943

Nenhum dos 11 jovens estava disposto a desistir da aventura só porque estava chovendo naquela manhã de domingo. Com o lanche na mochila, tênis confortáveis e roupa do tipo topa-tudo, eles sabiam que a caminhada seria árdua. Mas não imaginavam o quanto.

Às 7h30, assumi o papel do 12º membro de uma equipe composta por jovens adventistas de Bertioga e Boracéia, no litoral paulista. Destino: Serra da Mata Atlântica, também conhecida como “A Muralha”. Iríamos nos embrenhar por cerca de 17 km de mata virgem – só de ida.

Nosso guia foi o suboficial reformado da Aeronáutica George Silva de Souza, famoso por ter cruzado o Brasil correndo e pedalando, em 2003, e por estar percorrendo os países de fala castelhana na América do Sul (acompanhe o diário de viagem dele aqui no blog). George, que também é conhecido como Atleta da Fé, treina na Mata Atlântica várias vezes por mês. Da janela de seu sobrado dá para ver a Muralha. Segundo ele, poucas pessoas conhecem a trilha que iríamos percorrer e menos gente ainda sabe do segredo que nos aguardava no fim da expedição. Ele mesmo descobriu o local quase por acaso. Mas que local e que segredo são esses? Calma, calma... Por ora, encaremos a mata pela frente.

** A SUBIDA

A caminhada de subida, entre trilhas cercadas de árvores, densa vegetação e sobre pedras no leito do rio (o que tornou a viagem ainda mais molhada), levou cerca de sete horas. Logo de início, avistamos o “Morro da Fornalha”, também conhecido como “peito de moça”, pelo formato óbvio.


A certa altura, quando ainda faltava pouco menos da metade do caminho para chegarmos ao nosso objetivo, tivemos que cruzar uma caverna natural, formada por uma laje de pedra sobre o rio, com água até a cintura. Mal dava para uma pessoa passar. Foi uma das partes mais “adrenalizantes” da viagem, depois de termos nos equilibrado sobre troncos de árvores caídas e nos pendurado em cipós.

O mascote vira-lata Branquinho, um cachorro que mora na rua do George, nos acompanhou em toda a viagem. Não teve jeito: ele precisou ser levado no colo em vários trechos.


Perto do meio-dia, a chuva deu uma trégua e paramos para devorar o lanche que trazíamos em nossas mochilas encharcadas. Àquela altura, o cansaço já era visível. O George aproveitou para sair na frente com o “mateiro” Aldemir Porto, de 64 anos, a fim de averiguar se estávamos na trilha certa. Enquanto aguardávamos o retorno deles, alguns dos aventureiros ainda tiveram motivação para dar mergulhos numa pequena piscina natural no rio. Eu, hein?! Foi só me deitar sobre uma pedra para “apagar” por alguns minutos.

Quando acordei, os músculos das pernas haviam esfriado e estavam doendo um pouco. Percebi, então, que o restante da viagem seria bem penoso. Mas não queria perder a surpresa prometida pelo guia. Verifiquei a câmera fotográfica, recoloquei os tênis com as meias molhadas e continuei a caminhada com o grupo.

Tivemos que retornar pelo menos 1 km rio abaixo, já que havíamos perdido a trilha e precisávamos voltar a um ponto conhecido deixado para trás pouco antes da parada para o lanche. A partir daquele local, reforçamos a camada de repelente sobre a pele e voltamos a nos embrenhar na mata fechada. Tendo feito várias fotos do grupo em diversas situações, procurei me manter imediatamente atrás do guia, pois sabia que faltava pouco para chegar ao local visado e queria vê-lo em primeira mão. Mas, então, a chuva voltou a cair...

** O SEGREDO


Depois de mais alguns quilômetros de caminhada extremamente penosa, já que a ladeira naquele trecho era um pouco mais acentuada, minhas pernas avisaram que estavam no “automático”, movendo-se sozinhas, meio bambas. De repente, porém, o George parou de andar. Virou-se para mim e, em silêncio, apontou para um local à sua esquerda. Então pude ver o que buscávamos (e agradecer a Deus o fim do “sofrimento”).

Aos poucos, os jovens que haviam ficado mais para trás foram chegando ao local. Todos estavam extremamente exaustos, mas, assim como eu, recobraram o ânimo ao saber que havíamos conseguido concluir a expedição. À nossa frente, finalmente estava o tão aguardado segredo: no meio daquela mata virgem, encravado na pedra, havia um pequeno santuário dedicado à santa católica Nossa Senhora de Lourdes, com três pequenas estátuas enegrecidas e desgastadas pelo tempo.

Ao lado esquerdo da imagem maior, havia uma placa de prata com a inscrição:

“N. Sra. de Lourdes.

“Imagem aqui colocada por Euclides Ribeiro de Souza, da expedição chefiada por Francisco dos Santos, em setembro de 1943.

“Viandante [sic], se tens crença e fé, descobre-te e reza. Se não as tens, respeita esta imagem ao menos.”

George nos informou que a estátua foi levada até ali provavelmente por um grupo de militares do Forte São João, da cidade de São Vicente. Em 1992, um caçador entrou naquela mata e acabou se perdendo. Ele fez um rancho para se abrigar e não conseguiu encontrar o caminho de volta. Um ano se passou, até que, numa de suas andanças, encontrou o santuário e pôde a partir dali localizar a velha trilha aberta em 1943, que o levou até a civilização. Ele conta essa história num bilhete bastante deteriorado, colocado num porta-retrato ao lado das imagens e da placa de prata. Dizem que todos os anos ele volta para limpar o santuário.

** A LIÇÃO

Tiramos algumas fotos, descansamos um pouco e conversamos sobre o que motivou aquelas pessoas a fazer sacrifício tão grande na década de 1940. George nos lembrou que, “naquela época, não havia estradas nem trilhas. A expedição deve ter vindo por rio, utilizando-o como estrada”. Àquela altura, estávamos a 20 km da rodovia Rio-Santos. Por causa das palavras “expedição” e “chefiada”, George acredita que tenha sido um grupo de militares que levou a estátua para lá, quem sabe a pedido de religiosos ou para pagar uma promessa.

Tiramos outras lições e concluímos que, muitas vezes, criamos barreiras para levar a “imagem” de Jesus às pessoas. “A fé dos homens que chegaram aqui em 1943 deve ser respeitada, pois eles tiveram coragem para isso. Coragem que nosso povo também precisa ter para levar a mensagem da volta de Jesus a todas as pessoas”, comparou George. “Quando se entra na mata, a gente se sente frágil, sem saber o que nos vai acontecer a cada curva da trilha; a gente sente a proximidade com Deus e a necessidade dEle”, completou.

“Aqui no mato ainda podemos ver a beleza do que Deus fez”, disse uma das componentes da expedição, Márcia Garcia, de 17 anos. Dabson Reis Santos, 21, admitiu que ficou em dúvida se iria ou não. “Mas não me arrependi de ter vindo. Os banhos de cachoeira foram muito bons. Ser jovem adventista é divertido. Faz um ano que me tornei adventista.”

Pouco depois das 15 horas, com a chuva ficando mais forte, estávamos prontos para iniciar o caminho de volta, agora todo feito na floresta, num trajeto mais curto. George nos desafiou. Segundo ele, em mais umas sete horas, chegaríamos ao topo da Muralha. Agradeci a informação, mas disse que preferia deixar para outra ocasião.

Michelson Borges, jornalista e editor da Casa Publicadora Brasileira

(Texto originalmente publicado na revista Conexão JA julho-setembro de 2007. Na edição de outubro-dezembro, o jornalista Fernando Torres conta como foi a subida ao Pico do Bandeira, o terceiro mais alto do Brasil. Não perca!)

Já fez a sua assinatura?

domingo, maio 04, 2008

Deficiências

"Deficiente" é aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino.

"Louco" é quem não procura ser feliz com o que possui.

"Cego" é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria, e só tem olhos para seus míseros problemas e pequenas dores.

"Surdo" é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão. Pois está sempre apressado para o trabalho e quer garantir seus tostões no fim do mês.

"Mudo" é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia.

"Paralítico" é quem não consegue andar na direção daqueles que precisam de sua ajuda.

"Diabético" é quem não consegue ser doce.

"Anão" é quem não sabe deixar o amor crescer. E, finalmente, a pior das deficiências é ser miserável, pois:

"Miseráveis" são todos que não conseguem falar com Deus.

Mario Quintana (escritor gaúcho 30/07/1906-05/05/1994)

sexta-feira, maio 02, 2008

Fazer o bem faz bem

No livro The Healing Power of Doeing Good [O poder curativo de fazer o bem], os autores Allan Luks e Peggy Payne revelam: pessoas que ajudam os outros têm boa saúde e vivem melhor. Entre os benefícios observados estão otimismo, aumento de energia, diminuição de problemas psicológicos como depressão e solidão e sistema imunológico mais forte. Pessoas que “fazem o bem” sentem menos dor, são mais relaxadas e dormem melhor.

“O que hoje chamamos de helper’s hight (felicidade que se tem ao fazer um trabalho voluntário) envolve sensações físicas que reduzem o estresse bruscamente e liberam substâncias analgésicas naturais do corpo”, definem os autores no livro. Ou seja, quanto mais a pessoa ajudar ao próximo, mais benefícios ela terá como recompensa.

(Coop Revista, agosto de 2006)

Nota: Jesus já dizia que mais bem-aventurada coisa é dar do que receber. E em sua belíssima oração, Francisco de Assis afirma que é dando que se recebe.[MB]

Citações pra lá de interessantes

"Há luz suficiente para os que desejam ver e há escuridão suficiente para os de propensão contrária." Blaise Pascal, Pensees, pág. 149

"Eu pertenço ao grupo de cientistas que não adotam uma religião convencional, mas, contudo, negam que o Universo é um acidente sem propósito. Através do meu trabalho científico, vim a acreditar mais e mais veementemente que o universo físico é formado com uma genialidade tão espantosa que não posso aceitá-lo meramente como um fato bruto.” Paul Davies, Mind of God, 1992, pág. 16

"Muito da evolução parece ter sido planejado para resultar no homem e em outros animais e plantas que tornassem o mundo um lugar adequado para ele viver." Robert Broom, evolucionista teísta, citado no livro Origins Reconsidered, por Richard Leaky e Roger Lewin, 1992, pág. 342

"Com que finalidade", pergunta Cícero, "foi construída a grande fábrica do Universo? Foi meramente com a finalidade de perpetrar as várias espécies de árvores e ervas, que nem mesmo são dotadas de sensação? Essa suposição é absurda. Ou foi para o uso exclusivo dos animais inferiores, que, embora dotados de sensação, não possuem fala nem inteligência? Para quem então o mundo foi produzido? Sem dúvida nenhuma, para os únicos seres dotados de razão." John Kidd, Bridgewater Treatise, The Physical Condition of Man, 1852

"Foi mostrado nos capítulos anteriores que um grande número de qualidades e leis parecem ter sido selecionadas na construção do Universo; e que, mediante o ajuste das magnitudes com as leis assim selecionadas, a constituição do mundo é o que podemos ver, sendo adaptada para dar suporte aos vegetais e animais, de tal maneira que não seria possível caso as propriedades dos elementos fossem diferentes do que são." William Whewell, Bridgewater Treatises, 1833

"Na década de 60, o astrônomo Fred Hoyle notou que o elemento carbono, cujas propriedades químicas peculiares o tornam crucial para a vida terrestre, é fabricado a partir do hélio no interior de grandes estrelas, de onde é liberado através de explosões de supernovas... Enquanto investigava as reações nucleares que resultaram na formação de carbono nos núcleos estelares, Hoyle ficou impressionado com o fato de que a reação principal prossegue apenas por uma sorte tremenda. Os núcleos do carbono são feitos através de um complicado processo que envolve o encontro simultâneo de três núcleos de hélio de alta velocidade, que são então mantidos unidos. Devido à raridade dos encontros de núcleo triplo, a reação pode prosseguir num índice significativo apenas sob certas energias bem-definidas (denominadas 'ressonâncias'), nas quais o índice de reação é substancialmente amplificado por efeitos quânticos. Por sorte, uma dessas ressonâncias está quase corretamente posicionada de forma a corresponder ao tipo de energia que os núcleos de hélio têm no interior das grandes estrelas. Curiosamente, Hoyle não sabia disso na época, mas previu que deveria ser assim com base no fato de que o carbono é um elemento de natureza abundante. Experimentos posteriores provaram que ele estava certo. Um estudo detalhado revelou também outras 'coincidências', sem as quais o carbono não poderia ser produzido nem preservado no interior das estrelas. Hoyle ficou tão impressionado com essa 'assombrosa série de acidentes' que prontamente comentou que era como se 'as leis da física nuclear tivessem sido deliberadamente projetadas levando-se em consideração as conseqüências produzidas no interior das estrelas'. Mais tarde, ele exporia a idéia de que o Universo se parece com uma 'trama', como se alguém estivesse 'brincando' com as leis da física.” Paul Davies, Mind of God, 1992, pág. 199

"Eis a prova cosmológica da existência de Deus: o argumento do desígnio (design argument) de Paley, atualizado e restaurado. A sintonia perfeita do Universo dá evidência, à primeira vista, do desígnio deísta. Faça sua escolha: o acaso irracional, que requer multidões de universos, ou o desígnio, que requer apenas um." Harrison, E. 1985. Masks of the Universe, New York: Collier Books, Macmillan, pá. 252

"Todas as coisas são artificiais, pois a natureza é a arte de Deus." Sir Thomas Browne (1605-1682), pesquisador e médico britânico