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quinta-feira, janeiro 12, 2023

Resposta ao texto do Dr. Eberlin sobre Big Bang

Escrevi recentemente um artigo sobre uma corrente de fake news que afirma que o James Webb Space Telescope (JWST) invalidou o modelo do Big Bang. Esse artigo recebeu uma réplica do Dr. Marcos Eberlin (veja aqui). O objetivo aqui é responder aos pontos mais importantes dessa réplica. Itens que precisam de aprofundamento adicional são tratados em outros artigos, para que este não fique ainda mais longo. Infelizmente, a quantidade de problemas conceituais da réplica é grande e requer esclarecimentos.

Atenuante

Antes de falar diretamente dos numerosos erros presentes na réplica, convém mencionar um dos fatores atenuantes que nos ajudam a entender como pessoas tão inteligentes e competentes em suas especialidades, como Marcos Eberlin, Adauto Lourenço e outros, podem, ao mesmo tempo, manter ideias equivocadas sobre uma série de assuntos.

Trata-se de um excesso de confiança na intuição e no que se fundamenta nela, como a razão humana desarmada e a organização sistemática do entendimento coletivo, também conhecida como Filosofia.

A razão humana baseada na intuição não funciona corretamente em certos domínios. Ela “dá pro gasto” em assuntos restritos à prática cotidiana, mas tende a falhar miseravelmente em tudo o mais. É por isso que precisamos dos métodos matemáticos para lidar corretamente com diversos domínios da realidade. Em particular, fenômenos relativísticos e quânticos estão entre os mais contraintuitivos. É justamente onde a razão humana mais falha que os métodos matemáticos da Ciência mais brilham, são mais necessários e dão resultados mais surpreendentes. Aliás, foi justamente por isso que pioneiros como Roger Bacon e Galileu Galilei propuseram que a Ciência Matemática (expressão de Roger Bacon) substituísse a Filosofia (organização do entendimento coletivo, das ideias que parecem razoáveis) nos estudos mais profundos em todos os domínios.

O Big Bang está nesses domínios. É por isso que até mesmo muitos físicos tendem a manter erros conceituais quanto a esse modelo, pois as pessoas fluentes em Relatividade Geral (que depende de Cálculo Tensorial aplicado a espaços semi-riemannianos) são relativamente poucas. Mesmo entre os que possuem os pré-requisitos técnicos para lidar com o assunto, é comum ocorrer de a pessoa inadvertidamente usar a intuição onde ela falha e esquecer de conferir matematicamente alguma ideia equivocada, o que pode induzir até mesmo um profissional a fazer alguma afirmação equivocada. Um exemplo é a ideia popular de uma singularidade no início do Universo.

Se profissionais podem cair em armadilhas quando não conferem cada detalhe matematicamente, imagine o que acontece com quem não é da área e resolve emitir opiniões sobre o assunto.

Mais uma vez, esses pontos ajudam a entender por que pessoas inteligentes e competentes em suas respectivas áreas, como Marcos Eberlin, Adauto Lourenço e outros, conseguem exibir tantos erros conceituais por parágrafo, quando falam em Cosmologia. Não é a área deles e constantemente demonstram não dominar os pré-requisitos necessários para lidar adequadamente com esses assuntos. Essa situação gera grande quantidade de premissas falsas, que alimentam diversas outras falácias. O desconhecimento nessa área não é vergonha, mas demonstra publicamente que as opiniões deles sobre esses assuntos não têm respaldo técnico. Esse é mais um motivo para que cada um fale apenas daquilo que domina tecnicamente.

Desqualificações

Esse assunto tem tudo a ver com a seção anterior. Há muitos que, além de não ter os pré-requisitos para lidar com assuntos sobre os quais divulgam opiniões fortes, ainda se baseiam na razão humana desarmada em domínios nos quais sabemos que ela falha miseravelmente. Divulgação assim é um desserviço não apenas ao criacionismo, mas à divulgação de conhecimento em geral. Infelizmente, é o que mais encontramos online por todos os lados.

Esclarecimentos que tenho fornecido a diversos formadores de opinião sobre tópicos que são minha especialidade e não a deles têm tido efeito em reduzir o problema. Houve época em que todas as palestras criacionistas a que assisti terminavam com argumentos do espantalho sobre Big Bang. Todos, biólogos, químicos, teólogos, filósofos, historiadores, educadores, paleontólogos, geólogos... todos pareciam considerar-se especialistas em Cosmologia e Astrofísica. Felizmente, a maioria dos divulgadores com quem conversei sobre o problema percebeu a situação e passou a se concentrar em sua especialidade.

Infelizmente, alguns preferiram as opiniões de pessoas de sua rede de confiança, o que faz sentido, que parecem especialistas, mas dão inúmeras demonstrações de também não possuir todos os pré-requisitos necessários para entender o assunto de que falam.

Meu propósito é defender a verdade, doa a quem doer. Todos temos falhas, todos temos lacunas de entendimento, lacunas de conhecimento e pontos comportamentais a melhorar. Entretanto, isso não nos dá liberdade de divulgar erros conceituais sobre temas que não dominamos. Quando erros conceituais importantes forem divulgados e eu tiver oportunidade de alertar o público sobre o problema, assim o farei, mesmo que isso seja entendido como desqualificação de alguém.

Associações com ateus

Não, o que achei irônico não foi o uso de argumentos de ateus. Para quem não quiser se dar ao trabalho de ler essa seção do meu artigo novamente, resumo aqui a ironia: criacionistas do universo jovem usaram argumentos falsos de Eric Lerner em favor do universo eterno.

Eles querem defender o universo eterno? Claro que não. Então por que usam esses argumentos? Porque têm dificuldades técnicas para avaliar suas consequências. Intuitivamente, lhes parece correto e coerente. Não é a área deles.

Sempre tenho defendido o diálogo entre todos os que estão abertos a isso e defendo que se julguem os argumentos por seu mérito, independentemente da origem. Acho ótimo quando cristãos dialogam com ateus, desde que todos o façam racional e respeitosamente.

Também defendo que tudo possa ser discutido e questionado, seja para correção de ideias equivocadas, seja para aprofundamento. Mas não tenho misericórdia de argumentos falsos. O respeito por ideias alheias não deve opor-se à verdade. Se isso ofende alguém, paciência. Meu compromisso é com a verdade.

Lista dos principais erros

Tenho muito a dizer sobre cada uma das seções da réplica do Dr. Eberlin; explicar por que os conceitos utilizados são incorretos, quais as falácias empregadas, o que sabemos de fato sobre cada um daqueles itens, e assim por diante. Infelizmente, um texto assim ficaria tão longo que não caberia neste blog. Seria material para um livro. Isso exige estratégias para encurtar o texto.

Com esse objetivo, apresento a lista dos principais erros conceituais que observei na réplica, comento resumidamente alguns pontos e reservo outros detalhes para artigos específicos sobre cada tópico em que houver tal necessidade.

Falácias

Várias falácias foram amplamente utilizadas na réplica. Cito algumas:

Falsa premissa (parte-se de uma ideia falsa como se fosse verdadeira para defender algo). Esta é uma das mais usadas na réplica. Exemplos: elétrons feitos de quarks; redução de entropia do Universo em função da formação de hádrons; Big Bang como modelo da origem do universo (“Big Bang Primordial”, sendo que o modelo do Big Bang apenas implica na criação, mas não trata dela); galáxias gigantes e supermassivas no início do Universo; argumentar sobre o modelo do Big Bang como se tratasse de expansão de matéria em um espaço euclidiano, ao invés da expansão de uma hipersuperfície em um espaço quadridimensional hiperbólico (isso leva a inúmeros argumentos do espantalho, vários dos quais estão presentes na réplica).

Equívoco (usar palavras com mais de um sentido, partir de uma premissa em um sentido para justificar uma conclusão em outro sentido). Exemplo: chamar o “Big Bang Expandido” de modelo, quando é um imenso quebra-cabeças no qual são colocadas muitas peças excelentes juntamente com peças que não se encaixam, o que serve de base para vários argumentos por equívoco.

Composição (tomar a parte pelo todo). Exemplo: ataque a uma peça que não se encaixa no “Big Bang Expandido” na tentativa de derrubar todas as outras.

Non sequitur (a conclusão não é consequência da premissa). Exemplo: citar nuvem de Oort e outros fenômenos do Sistema Solar para defender a ideia de universo jovem.

Espantalho (distorcer modelos, ideias e argumentos alheios para que fique mais fácil combatê-los). Exemplos: nuvem de gás expandindo-se contra o nada (algo que não existe no modelo do Big Bang ou assemelhados); pânico entre astrofísicos, modelos e simulações como se fossem apenas imaginação (versus conjuntos de leis físicas aplicadas a dado contexto), etc.

Deus das lacunas (Deus Se esconde nas lacunas de conhecimento; o que Ele faz é inexplicável, não tem método e não segue regras; o que é explicável não é feito por Deus). Exemplo: rejeitar modelos que mostram como leis físicas geram estrelas e galáxias, pois a Bíblia diz que o Universo foi criado por Deus, e se Ele criou, então não pode haver um processo ou explicação via leis físicas.

Falsa dicotomia (tratar de possibilidades como se fossem mutuamente exclusivas, quando não são). Exemplo: as galáxias se formaram como consequência de leis físicas ou foi Deus quem as criou? (Ignorar que as principais ações de Deus no Universo, que sustentam todas as demais, são justamente as manifestações de leis físicas.)

Argumento da projeção mental (imaginar que a realidade coincide com nossa intuição sobre ela). Tipicamente, essa falácia consiste em ignorar o que mencionamos sobre as limitações da razão humana e, por isso, deixar de usar a Matemática em domínios nos quais só ela funciona.

Medidas de distâncias e intervalos de tempo

Eberlin falou como se a fórmula simples que apresentei não funcionasse em função de fenômenos relativísticos. Porém, as correções relativísticas no contexto em que a apliquei são muito menores do que as margens de erro nas medidas de distância. Moral da história: a fórmula funciona. Explico melhor em outro artigo.

Galáxias minúsculas como se fossem gigantes

GL-z13 e DLA0817g são apresentadas como exemplos de galáxias gigantes, supermassivas e maduras.

DLA0817g: é vista em uma época em que o Universo tinha cerca de 1,5 bilhão de anos de idade, segundo estimativas atuais. Sua massa era de 72 bilhões de massas solares. Isso pode parecer muito, mas a Via Láctea tem uma massa de mais de 1 trilhão de massas solares. A DLA0817g não é uma galáxia grande para os padrões atuais, apenas se a compararmos com galáxias anãs. Seu diâmetro é de cerca de 13 mil anos-luz, o que é minúsculo comparado com a Via Láctea, que tem mais de 100 mil.

GL-z13 ou GLASS-z13: possui massa entre 0,05% e 0,08% da massa da Via Láctea. Isso corresponde a cerca de 15% da massa da galáxia anã conhecida como Pequena Nuvem de Magalhães. Seu tamanho é da ordem de 5% do da Via Láctea (cerca de 3 mil anos-luz; a Via Láctea tem mais de 100 mil anos-luz de diâmetro). O brilho intrínseco dela está de acordo com esses parâmetros (ou seja, é fraco). Os dados também indicam uma metalicidade da ordem de 2% da solar, o que faz sentido para uma galáxia em seus primeiros estágios de formação. Em que esse pessoal se baseia para afirmar que se trata de galáxias gigantescas, superbrilhantes e com metalicidade solar?

Nuvem expandindo-se contra o nada

Esse é um dos pontos em que a falta de familiaridade com o assunto cobra seu alto preço. Não existe algo sequer parecido com isso no modelo do Big Bang, até porque as equações do modelo não poderiam prever algo que vai contra elas próprias. O resultado dessa ideia absurda seria um colapso gravitacional sem direito a apelo a um processo de inflação para impedir a formação de um buraco negro de proporções cósmicas.

Essa ideia é fisicamente absurda por essa e por outras razões, e suas variantes têm sido usadas em argumentos do espantalho contra a ideia de que o espaço-tempo foi criado, mas com a distorção de que o que teria sido criado seria matéria em um ponto do espaço inicialmente vazio. Quem usa esses argumentos ignora tudo o que é essencial ao modelo do Big Bang.

Explicamos isso em outro artigo. É importante entender a ideia de Lemaître sobre o Universo como a hipersuperfície de uma hiperesfera cuja direção radial é uma dimensão de tempo, superfície essa que está toda preenchida de matéria e energia desde o início.

Falha em entender a dimensionalidade do modelo do Big Bang

A tal nuvem que se expande contra o nada é apenas uma das consequências de se ignorarem as características reais do modelo e de usar como fonte de informação apenas material divulgado por quem não tem conhecimentos técnicos na área.

Trata-se de um espaço hiperbólico quadridimensional cuja parte espacial se expande com o tempo, havendo ou não matéria (que entra via parâmetros do modelo). Se há matéria, ela é “arrastada” pela expansão do espaço.

De qualquer forma, mesmo entender um pouco disso não basta para equipar alguém a entender exatamente como funciona o modelo, muito menos a gerar argumentos sobre o assunto, que acabam recaindo na categoria do espantalho por se tratar de algo fora dos limites normais da razão humana. Não há o que fazer quanto a isso, exceto usar explicitamente métodos matemáticos adequados.

“Big Bang Primordial”

Pode-se usar essa expressão como referência à criação do universo? Claro. Pode-se usar essa expressão para referir-se ao modelo de Lemaître ou sua generalização (eliminação da hipótese de curvatura positiva)? Aí não faz sentido, pois esse modelo não fala diretamente da criação. O assunto dele é a evolução da geometria do espaço-tempo ao longo do tempo como consequência das leis da Relatividade Geral e da Termodinâmica. A criação do Universo está fora dos limites de validade do modelo.

Porém, como o domínio do modelo no tempo se inicia com o tempo macroscópico (a sequência de acontecimentos que vivenciamos), podemos inferir a criação do Universo a partir desse modelo. Percebe a diferença?

“Big Bang Expandido” como se fosse um modelo

Trata-se de um enorme quebra-cabeças com muitas peças que se encaixam de maneira excelente, outras que não se encaixam bem e outras que faltam.

Matéria sem antimatéria

Este assunto é interessante, mas se encaixa na falácia do argumento non sequitur (não se sabe como surgiu a matéria do Universo e, portanto, o Big Bang está errado). Trata-se de um problema que preocupa muitos físicos, mas, além de estar fora do escopo do modelo do Big Bang, ainda se trata de um falso problema que pretendo explicar em outro artigo.

Temperatura de 2,7 K

Eberlin fala como se isso fosse alguma hipótese absurda sobre as condições iniciais do Universo (espero que tenha sido apenas uma forma acidental de expressar suas ideias e não um erro conceitual de fato). Na verdade, para simplificar os cálculos, Lemaître (autor do modelo do Big Bang) imaginou o Universo aproximadamente homogêneo em larga escala (isso não é realmente necessário, mas simplifica o problema para resolvermos as equações manualmente). Ele ainda imaginou a parte espacial do Universo como sendo a hipersuperfície tridimensional de uma esfera quadridimensional, sendo que a direção radial da esfera seria o tempo. Essa esfera nasce toda preenchida, com raio muito pequeno, altíssima densidade e, portanto, temperatura elevadíssima. Se essas condições iniciais ocorreram, então hoje em dia deveríamos observar uma radiação cósmica de fundo também aproximadamente homogênea, aproximadamente com a mesma temperatura de corpo negro em todas as direções (exceto pelo efeito Doppler do nosso deslocamento em relação ao referencial sincrônico). Isso é exatamente o que se observa, inclusive com a temperatura de 2.72548±0.00057 K. Não se trata de especulação, mas de medidas obtidas. Mais uma evidência em favor do modelo do Big Bang.

Falso pânico

Não há pânico entre os astrofísicos, como Eberlin sugere. Trata-se do efeito troll: algumas pessoas leram apressadamente o título bem-humorado de um artigo e um tuíte e espalharam conclusões mirabolantes.

Química como se fosse oposta à Física em certos casos

Na verdade, o assunto da Física é tudo o que ocorre em qualquer universo físico. Como isso é abrangente demais, físicos concentram-se nas leis físicas e as utilizam para prever e entender fenômenos; também estudam como descobri-las e quais são suas relações entre si e com todos os fenômenos possíveis; nesses estudos, fica bem óbvia a insuficiência da razão humana e a eficácia e eficiência de métodos matemáticos. A Química trata de uma parte dos fenômenos regidos pela Eletrodinâmica Quântica, que é parte da Física. Essas coisas são levadas em conta nos modelos de Astrofísica.

Desprezo por simulações

Na réplica vemos algo que já vinha ocorrendo há anos: tratar simulações como se fossem faz-de-conta, pura imaginação. Na verdade, para fazer uma simulação, partimos de leis físicas relevantes para um determinado sistema físico e expressamos essas leis na forma de algoritmos para serem executados por computadores poderosos. O que os algoritmos fazem é calcular o que acontece ao longo do tempo como consequência das leis físicas e das condições iniciais. Essas condições iniciais podem ser observadas ou imaginadas. No caso de alguns modelos de formação de galáxias iniciais, as condições iniciais imaginadas estavam erradas. Mas esses mesmos modelos funcionam bem para condições observadas.

Desprezo por teorias científicas

Em Física, simplificadamente, podemos dizer que teorias são essencialmente conjuntos de leis físicas relevantes para determinado domínio. Essas leis são quase sempre expressas por equações diferenciais. Exemplos: teoria da Mecânica de Newton (três leis de movimento); teoria eletromagnética de Maxwell (quatro leis); Relatividade Especial (três leis de Newton, mais a equivalência entre sistemas inerciais; mais a existência de uma velocidade igual em todos os referenciais); Relatividade Geral (cinco leis da Relatividade Especial e mais uma que relaciona distribuição de energia com curvatura do espaço-tempo). O ápice do conhecimento científico sobre algum domínio da realidade é a correspondente teoria científica. Até mesmo as interpretações feitas pelos pesquisadores da área são tremendamente mais limitadas e menos confiáveis do que essas teorias matemáticas em si.

Desprezo por modelos

Existem os modelos conceituais que todos criamos espontaneamente desde o berço. Há quem tente rebaixar os modelos científicos a esse nível. Em Física, modelos são aplicações de teorias (conjuntos de leis) a casos particulares. Comparar um modelo conceitual com um modelo científico é como comparar uma bicicleta a um avião, ou seja, a diferença é abissal! Por exemplo, o modelo do Big Bang é uma aplicação da Relatividade Geral e da Termodinâmica ao caso particular que é o espaço-tempo como um todo. A quantidade de previsões acuradas geradas por esse modelo é enorme, apesar de se saber que se trata de um modelo incompleto. Outros exemplos de modelos: projetos de circuitos dos mais variados tipos, o que permite toda a tecnologia eletro-eletrônica moderna (aplicações da teoria eletromagnética de Maxwell); modelos de dinâmica do Sistema Solar, que permitem prever acuradamente, entre outras coisas, a posição de planetas e outros objetos no futuro, no presente ou no passado.

Desprezo por exegese bíblica

É preocupante o desdém demonstrado na réplica em relação a se fazerem estudos cuidadosos de textos bíblicos, levando-se em conta a língua original, as expressões idiomáticas, as definições apresentadas pelo próprio texto, o estilo e a estrutura literária; tudo isso é tratado implicitamente com desdém na réplica, como se bastasse uma leitura apressada do texto e não fosse necessário tipo algum de filtro para descartar interpretações incorretas.

Desprezo por hermenêutica bíblica

Também é preocupante o descuido com que interpretações que não se encaixam nem nas definições locais nem no contexto bíblico geral são aceitas e tratadas como se fossem a infalível Palavra de Deus. Essa atitude coloca um selo de infalibilidade na imaginação humana estimulada por uma leitura superficial e descontextualizada de textos bíblicos.

É um desprezo semelhante ao demonstrado na réplica por métodos da Ciência.

Interpretação anacrônica de Gênesis 1

Eberlin usa argumentos forjados por pessoas que também advogam que qualquer um entenderá corretamente textos bíblicos porque Deus o ajudará, independentemente de demonstrar reverência pelo uso de técnicas para evitar interpretações equivocadas. Como resultado dessa atitude, usam apenas a própria intuição (que sabidamente falha em qualquer domínio fora dos limites da prática cotidiana) para interpretar textos bíblicos. O resultado tem sido muitos erros básicos de exegese, a começar por anacronismo.

Um exemplo de anacronismo é atribuir um significado moderno a uma expressão antiga. Exemplo: shamayim como se significasse necessariamente “Universo”, e erets como se necessariamente significasse “planeta Terra”, apesar de o próprio texto explicitamente dizer que essas palavras significam outras coisas localmente (respectivamente, atmosfera e terra firme).

Por que existem tantas interpretações de textos bíblicos incompatíveis entre si? Justamente por causa do desrespeito por princípios de exegese e hermenêutica. A quantidade de doutrinas divergentes em denominações cristãs é grande em função disso, e as interpretações que lhes deram origem não podem estar todas certas.

Pensamento mágico

Em Opus Majus, Roger Bacon fala da luta do misticismo pagão contra a racionalidade cristã. Os pagãos tentavam “explicar” tudo por magia; até mesmo os milagres cristãos eram vistos como atos mágicos de Deus, sem qualquer regra ou explicação possível. Já o cristianismo falava de um culto racional, de leis da natureza estabelecidas por Deus, de ordem e coerência. Após a revolução científica, que Roger Bacon ajudou grandemente a fundamentar, ficou claro que as dicas bíblicas sobre as leis da natureza eram acuradas e aplicam-se até mesmo aos milagres, que são intervenções divinas sempre em harmonia com o caráter divino e, por consequência, com Suas leis.

Obviamente, é preciso conhecer de perto essas leis para perceber isso. Temos um artigo que explica esse assunto. O essencial aqui é que o pensamento mágico de que o que Deus faz não segue lógica e é necessariamente inexplicável é uma ideia de origem pagã que se infiltrou no cristianismo. Foi o contrário dessa ideia que permitiu a revolução científica e é o que está por trás do tremendo sucesso da Ciência Matemática (expressão de Roger Bacon) em todas as áreas em que ela tem sido aplicada (todas as áreas do conhecimento humano, atualmente).

O pensamento mágico induz outras falácias, como a da falsa dicotomia: será que foi Deus quem criou ou foram as leis naturais? Lembremo-nos de que, no criacionismo bíblico, leis naturais são o resultado das ações mais fundamentais de Deus, das quais todas as demais dependem, inclusive os milagres. O que as leis naturais criam (como sistemas planetários que vemos em plena formação em vários estágios) são criações divinas. Essa suposta separação gera ainda a falácia do deus das lacunas.

Uso de Jó 9:8

Essa passagem se encontra em uma seção do livro de Jó que apenas cita as falas dele e de seus amigos, falas essas desabonadas por Deus no capítulo 38. Esse trecho intermediário do livro de Jó serve apenas para entendermos o pensamento deles, nunca para obter qualquer informação sobre a realidade física. Porém, existem passagens legítimas que mencionam Deus estendendo o firmamento (atmosfera, que mantém nas alturas as águas da chuva) sobre a terra (solo, porção seca), como quem estende um cobertor sobre alguém que dorme, ou como quem estende uma tenda para servir de abrigo. Passagens assim não devem ser usadas para chegarmos a qualquer conclusão sobre o Universo como um todo.

Buracos negros primordiais

A réplica os trata como se fossem tentativas ad hoc de explicação. Um dos assuntos discutidos em livros didáticos de Relatividade Geral refere-se aos tipos de buracos negros. Em particular, as leis envolvidas preveem a existência tanto de buracos negros formados por colapso gravitacional quanto buracos negros primordiais, bolas de espaço-tempo formadas com a criação do Universo. A influência desses últimos nos primeiros tempos do Universo deve ter sido colossal. Apesar de sabermos disso há muitas décadas, ainda não vi um modelo astrofísico levando em conta buracos negros primordiais na fase escura do Universo. Mas essa falha é fácil de explicar: a maioria dos astrofísicos só lembra dos buracos negros criados por colapso gravitacional e poucos possuem uma formação mais profunda no âmbito da Relatividade Geral. De qualquer maneira, é um erro não levar em conta buracos negros primordiais e a importância deles tem uma probabilidade altíssima. Porém, para sabermos em detalhes qual é sua influência, é preciso modelar e simular, já que nossa intuição é insuficiente para lidar com essas coisas.

Supostos impeditivos para contração gravitacional

Há algumas décadas, alguém propôs um modelo supostamente criacionista que tentava mostrar que estrelas não podem se formar pelo efeito da própria gravidade do gás inicial. O modelo era simplista, incompleto.

Atualmente, observamos diversas instâncias de sistemas planetários e estrelas em formação em várias partes de nossa vizinhança cósmica. Contra fatos não há argumentos.

A questão é: Quais condições iniciais formam cada tipo de objeto que vemos? Muitas condições têm sido encontradas que levam aos mesmos resultados que observamos na prática. Em alguns casos, ainda não foram encontradas as condições iniciais corretas.

Inflação para impedir o Big Crunch?

Mais uma ideia absurda originada em desinformação. Inflação é um mecanismo de expansão muito mais rápida do que a do Big Bang proposto (de maneira ad hoc) por Allan Guth, no “1980 Texas Symposium”. Seu objetivo não estava relacionado ao que é sugerido na réplica.

A ideia de que todo o material do Universo esteve um dia concentrado em um único ponto do espaço que veio a explodir ou expandir-se rapidamente é fisicamente absurda por vários motivos, como mencionamos. Essa concentração implicaria em que esse material estaria em um buraco negro de proporções cósmicas e nenhuma inflação faria diferença quanto a isso.

O que Guth queria fazer era conseguir explicar de alguma forma como é possível que a hipótese de Lamaître sobre a homogeneidade aproximada do Universo seja tão exata.

A ideia de inflação foi também generalizada para tentar imaginar o nascimento do Universo como um entre uma infinidade de fenômenos que constantemente gera universos ao longo da eternidade. Porém, o próprio Guth conseguiu provar que o tempo necessariamente teve um início mesmo em seu modelo.

Citação infeliz

Eberlin faz uma citação interessante: “Se a ação da 2° Lei da Termodinâmica submete todo o Universo a um aumento contínuo e irreversível da desordem, então, como partículas elementares de quark puderam espontaneamente se unir e gerar três estruturas diferentes e, ao mesmo tempo, compatíveis entre si (prótons, elétrons e nêutrons)? E como essas partículas subatômicas puderam continuar violando a 2° Lei se organizando para que surgissem os fótons, os gases, a matéria de toda a Tabela Periódica (e só matéria, sem antimatéria) e dos demais sistemas ordenados existentes no Cosmos?”

Vejamos os principais erros a começar pelo menos grave, mas que demonstra falta de familiaridade com Termodinâmica:

1. Termodinâmica e desordem: não, a Termodinâmica não fala em aumento da desordem do Universo, mas essa confusão é comum. Até poderíamos fazer vista grossa, em outro contexto. O que temos na Segunda Lei é o aumento de entropia (que não é sinônimo de desordem) com o tempo em sistemas isolados. O Universo é um sistema isolado? Não para os criacionistas. Ainda assim, é válido dizer que a entropia do Universo aumenta com o tempo. O problema são algumas conclusões erradas que alguns que não são da área tiram disso.

2. Quarks como geradores de “prótons, elétrons e nêutrons”?! Desde quando elétrons são feitos de quarks?! Essas partículas violariam a Segunda Lei da Termodinâmica para formar fótons (também seriam feitos de quarks?!), os gases e toda a Tabela Periódica e os demais sistemas existentes no Cosmos.

O pior é que, como esses assuntos estão longe do cotidiano do público em geral, enganos assim podem soar como bons argumentos. Então vamos tentar desfazer um pouco dessa confusão sem entrar em detalhes técnicos inacessíveis aos não iniciados.

Entropia: pode ser definida de várias maneiras mais ou menos equivalentes, mas nunca como desordem. Podemos, sim, associar entropia com desordem em certas circunstâncias especiais, dependendo de como definimos desordem. Como é comum utilizarmos a desordem como recurso didático para explicar entropia, quem não conhece o assunto em primeira mão tende a pensar que entropia e desordem são sinônimos.

Entropia tem relação com várias coisas, como indisponibilidade de energia para gerar trabalho, quantidade de informação em um sistema, e até mesmo desordem em alguns casos específicos do cotidiano humano.

Felizmente, não precisamos de analogias didáticas para lidar tecnicamente com esse assunto. Grandezas e leis físicas são definidas por suas características matemáticas, frequentemente expressas como equações diferenciais (ou inequações diferenciais, como é o caso da Segunda Lei da Termodinâmica).

Enunciados verbais de leis e significados de grandezas apenas fornecem uma ideia pálida e distorcida do assunto e não devem ser tomados como base para conclusões importantes.

Mas, enfim, é verdade que a entropia do Universo aumenta (e muito) com o tempo. O leitor deve se lembrar de que um sistema pode baixar sua entropia às custas do aumento da entropia de outro. Isso ocorre muito em todo o Universo, e a expansão do espaço tem um papel importante especialmente nos primeiros instantes. Mas esse é um assunto longo e complexo que merece uma discussão à parte. Adiantamos que o próprio espaço tem entropia e sua expansão por si só causa um aumento de entropia no Universo, mesmo que a matéria não existisse. O aumento de entropia associado à expansão do espaço em si causa a redução de entropia de subsistemas, como se observa no caso do abaixamento da temperatura média do Universo.

Quarks: quanto à questão dos quarks que supostamente geram elétrons, vou me abster de comentar mais sobre o aspecto cômico da declaração e esclarecer logo o assunto.

Quando estudamos as propriedades das partículas subatômicas, encontramos padrões interessantes que nos ajudam tanto a classificar as partículas observadas quanto a prever algumas novas, confirmadas mais tarde. Além disso, as próprias leis físicas já preveem muitos fenômenos e propriedades de partículas, muitas das quais não fazem sentido para a intuição humana.

Entre as propriedades de partículas, temos massa de repouso, carga elétrica, carga de cor, número leptônico, spin, e assim por diante.

Partículas com spin inteiro classificam-se como bósons e não obedecem ao “princípio” da exclusão de Pauli. Partículas com spin inteiro mais meio são classificadas como férmions e obedecem ao “princípio” da exclusão de Pauli.

Entre os férmions fundamentais, encontramos os léptons (elétron, táuon, múon e seus respectivos neutrinos) e os quarks (up, down, top, bottom, charm, strange).

Entre os bósons fundamentais, encontramos partículas como fóton, Z, W, glúon…

Quarks não formam léptons, mas formam hádrons. Por exemplo, prótons e nêutrons (ao contrário dos elétrons) são sistemas complexos formados por quarks que interagem entre si por meio de glúons.

A altíssima densidade que se imagina haver por todo o espaço pouco depois que o Universo foi criado faria com que toda a atual massa do Universo estivesse condensada na forma de plasma de quarks (com glúons), contendo também léptons, diversos tipos de bósons e, possivelmente, mais alguns tipos de partículas que ainda não conhecemos. Imagina-se que, antes do plasma de quarks, teria havido uma situação em que as forças básicas estivessem unificadas e as partículas ainda não tivessem sofrido diferenciação por um processo chamado de quebra espontânea de simetria. Mas esse é outro detalhe.

Será que a formação de prótons e nêutrons a partir do plasma de quarks violaria a Segunda Lei da Termodinâmica?

Uma das características das interações entre quarks é a liberdade assintótica: significa que, quando estão próximos entre si, comportam-se como se estivessem livres. Quando se afastam demais uns dos outros, são puxados de volta violentamente. Se fornecermos suficiente energia para romper essa barreira, o resultado será a criação de pares quark-antiquark para manter sistemas de quarks confinados.

No caso do plasma primordial de quarks, a expansão do volume do espaço (com seu aumento de entropia) induziria os quarks a se afastarem uns dos outros. Em algum momento, isso causaria a separação entre cada parte desse plasma em relação às demais. Cada parte dessas é um hádron, isto é, um próton, nêutron, píon, etc.

Ok, mas isso não reduz a entropia do Universo? Não, pelas seguintes razões: primeiro, a expansão do espaço em si já representa um aumento na entropia; segundo, hádrons possuem entropia interna, de maneira que formação de hádrons a partir do plasma de glúons parece ter pouca influência sobre a entropia total do sistema (este é um estudo em andamento).

Vejamos um exemplo para ilustrar: imagine um gás contido em um recipiente em forma de paralelepípedo. Ele tem uma dada entropia. Imagine que introduzimos uma série de paredes nesse recipiente isolando umas partes do gás em relação às demais. Essencialmente, partimos de uma caixa de gás e passamos a ter várias caixas de gás. Se levarmos cada uma dessas caixas para um lugar diferente, continuaremos a ter a mesma entropia.

Se o plasma inicial de quarks for subdividido em regiões (chamadas hádrons), a soma das entropias internas dos hádrons seria aproximadamente a mesma da entropia do plasma original.

Quanto à formação de elementos mais pesados do que hidrogênio e hélio, as leis físicas implicam em que, nas condições adequadas, ocorrem reações nucleares que realmente os produzem. Essas condições existem no núcleo das estrelas. E esses núcleos se formam por colapso gravitacional, como vemos tanto na prática quanto pelas leis físicas em si, o que inclui a Segunda Lei da Termodinâmica. Aliás, essa lei é importante para que as reações nucleares aconteçam.

Afirmar que esses fenômenos espontâneos violam a Segunda Lei da Termodinâmica, especialmente sem fazer as contas para conferir, não tem cabimento.

Cálculos de Adauto Lourenço

Adauto e eu participamos juntos de alguns congressos em que ambos palestramos. Em certa ocasião, ele apresentou seus cálculos sobre a taxa de afastamento da Lua. Achei muito interessante a forma como ele conseguiu trabalhar com simplificações de um sistema terrivelmente complexo e calcular extrapolações.

O problema é que não se sabe até onde aquelas simplificações são válidas para fazer extrapolações de centenas de milhões de anos, a fim de poder afirmar que a Lua estaria praticamente tocando no solo da Terra na época que evolucionistas estimam que dinossauros habitavam a Terra.

Mas esse nem é o ponto. O importante aqui é a falácia do argumento non sequitur, como se uma suposta prova de que o Sistema Solar é jovem implicaria em que o Universo também é jovem. Não faz sentido algum.

100% dos modelos falharam?

Mencionei no artigo que 100% dos modelos de universo jovem propostos até o momento falharam de mais de uma maneira. Citei o de Humphreys como exemplo.

Na réplica, Eberlin tenta explicar por que os modelos científicos todos falham. Na verdade, eles têm-se mostrado bastante acurados em geral, e os que têm falhado consistentemente são apenas os que partem da premissa de que o Universo é jovem. Em alguns casos apenas, houve erro ao se imaginarem as condições iniciais usadas como parâmetros de entrada nos modelos. Temos aqui mais um exemplo da falácia da falsa premissa.

Mágica para resolver o problema da luz estelar distante

Eberlin tenta varrer para baixo do tapete esse problema reconhecido por militantes do universo jovem. Como ele faz isso? Apela para o pensamento mágico: de alguma forma, Deus faz com que a luz chegue instantaneamente a todos os lugares do Universo com imagens em tempo real e isso não se explica porque é Deus quem faz.

Basicamente, a luz teria velocidade infinita nessa concepção e nenhuma tentativa deve ser feita para harmonizar essa ideia com os experimentos que confirmam que a velocidade da luz é de 299.792.458 m/s. No pensamento mágico, nada se explica e nada tem sentido, de fato.

Mesmo assim, vamos tratar dessa e de outras ideias dos militantes do universo jovem em outro artigo, levando em conta suas consequências observáveis e parte de seu impacto teológico e nas leis físicas. Tratar de todos os problemas gerados por ideias mirabolantes como essas é inviável pela extensão do domínio do problema, mas podemos apresentar uma amostragem que dê ao leitor uma ideia do que elas representam na vida real.

Conclusão

Nenhum dos argumentos apresentados na réplica procede no sentido de justificar a posição apresentada. Trata-se apenas de um castelo de falácias construídas sobre premissas falsas.

Lembremo-nos de que o pensamento mágico opõe-se aos ensinamentos bíblicos. Enquanto o pensamento mágico diz “não tente entender porque é inexplicável”, Deus diz “vinde e arrazoemos” (Isaías 1:18); enquanto o pensamento mágico faz coro com a pseudociência e diz que o evangelho é loucura, a Bíblia diz que “a mensagem da cruz é loucura para os que estão perecendo, mas para nós, que estamos sendo salvos, é o poder de Deus” (1 Coríntios 1:18). Não permitamos que o pensamento mágico seja usado para acobertar conclusões falsas sob o rótulo de “questões de fé”. A verdadeira fé não se opõe às evidências nem à Lógica, embora nem sempre concorde com a intuição humana, que muitos chamam de “razão”.

Na medida do possível, prepararemos artigos que forneçam maiores detalhes aos interessados.

(Eduardo Lütz é bacharel em Física e mestre em Astrofísica Nuclear pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul)

quarta-feira, dezembro 21, 2022

Houve um “big bang primordial”?

Réplica de Marcos Eberlin ao artigo “O James Webb provou que o Big Bang nunca aconteceu?”, de Eduardo Lütz

Este artigo é minha réplica ao texto “O James Webb provou que o Big Bang nunca aconteceu?”, do físico Eduardo Lütz. É também um pouco mais: ofereço nele minha avaliação de como o Universo se formou. Sobre o artigo de Lütz, vou discuti-lo ponto a ponto, não especificamente pela ordem. O texto ficou longo, eu sei, mas me siga, pois quiz fazer valer a pena cada palavra. [Observação de Michelson Borges: o conhecimento científico é ampliado com a discussão ampla, honesta e respeitosa de ideias – esse é o objetivo da publicação desta réplica. No entanto, deixo claro que nem tudo aqui reflete o ponto de vista deste blog, e que eu, particularmente, assumo a posição segundo a qual o Universo é antigo e a vida é “recente” na Terra – na ordem de menos de uma dezena de milhares de anos.]

A tática. Lütz, de pronto, nas primeiras linhas, deixa clara sua principal estratégia: “desqualificar” para vencer. Assim, ele inicia e recheia abundantemente seu artigo com adjetivações desnecessárias, tais como “boatos”, “fake news”, “ironia”, “doutrina”, “desconhecedores do hebraico” ou “de física de colegial”, ou “confundidos” que não “conseguem discernir entre o gado e o caminhão de transporte do gado”, ou “criacionistas” que “dispõem apenas de boatos como fontes de informações sobre Cosmologia”. Nada mais deselegante, ainda mais quando discordamos de irmãos em Cristo.

É “irônico” nos associar a ateus em discussões científicas? Lütz inicia suas críticas contra os “criacionistas de Universo Jovem” destacando nossa associação “a um ateu” nos “boatos” que foram divulgados combatendo o Big Bang, classificando esse “ajuntamento” como “irônico” e “teologicamente incoerente”. Mas a inconsistência da crítica é latente: “posicionamentos teológicos” nunca foram bons argumentos na defesa de posições científicas. E “motivações” são péssimos guias ao avaliarmos teorias ou formarmos parcerias científicas. Darei em exemplo: quando o evolucionista Stephen J. Gould se levantou contra o registro fóssil como prova da evolução de Darwin, por que eu não me aliaria a ele? Faço esse alinhamento constantemente. Podemos ter motivações filosóficas ou teológicas diferentes, mas razões cientificas convergentes. Gould combateu o registro fóssil para introduzir outro modelo, eu o combato para defender o Design Inteligente, mas juntos cientificamente estamos na mesma boa causa: combater uma teoria equivocada!

O que é incorreto é defender “cientificamente” uma tese, com argumentos equivocados, mesmo frente a sua falência iminente, se associando inclusive a ateus, só porque gostamos de uma teoria e achamos que ela satisfaz nossa teologia e nossa exegese bíblica. Como no Big Bang Expandidoque Lutz defendeu tão ardentemente em seu artigo. Esse, sim, é um compromisso inadequado!

Uma aula dispensável de Física de colegial. Lütz, para “provar” que o Universo é velho e nos imputar desconhecimento, nos dá então uma “aula” de “Física 1.0”, fazendo com ela uns cálculos de velocidade e tempo com a fórmula “t = D/c”. Com esse “cálculo”, Lütz acredita ter calculado não a distância, mas a “idade do Universo”. E acrescenta: “É muito fácil [por essa equação] calcular o tempo que a luz demorou para chegar até nós”, pois bastaria “adotarmos unidades de distância como [...] ano-luz, [...] para sabermos imediatamente o tempo que a luz demorou para chegar até nós.” Percebeu a certeza no “sabermos imediatamente”?

Mas será que seria simples assim? Teria Lütz resolvido um debate que dura séculos, com seus cálculos?Não, nada de simples e muito de equivocado neles! Posso hoje medir a distância de um objeto que emite luz aqui na Terra, desde que meça hoje o tempo da chegada de uma emissão de luz, na Terra inserida no Universo de hoje, e desde que eu sincronize perfeita e exatamente a emissão com a recepção dessa luz, ou seja, o liga-desliga? Sim, parece que sim. Conhecemos a velocidade “absoluta” da luz “c”? Sim, parece que sim. Mas posso usar essa mesma “Física de colegial” que Lütz usou para calcular, com absoluta segurança, não a distância, mas a idade do objeto que emitiu luz, estando esse objeto em um ponto extremamente longínquo no Universo, e em um Universo de que quase nada sabemos de como foi feito ou como era no passado, ou mesmo se está em uma suposta expansão por 13,8 bilhões de anos? Claro que não! Pois a fórmula física me dá, na melhor das hipóteses, de fato só a distância. Ou o tempo “teórico” que demoraria para a luz emitida hoje, no objeto ou pelo objeto, chegar do objeto até nós, mas não o quanto a luz que chega hoje aqui na Terra de fato demorou para chegar. Entendeu? Não há como, então, alguém determinar a idade do objeto, com essas “contas colegiais”, ou sair divulgando a “fake news” de que teria determinado a idade do Universo com elas!

Como Einstein tão bem mostrou, nem o tempo se mede pelas equações que Lütz usou, ainda mais em um Universo com processo de formação e expansão desconhecido, e posicionamentos, portanto, desse astro no passado também desconhecido, com mecanismos e processos que desconhecemos, pois o tempo é relativo, e o desconhecimento sobre posicionamentos e expansões passadas é imenso e indeterminável. Inúmeros fenômenos “incertos e desconhecidos” e dilatações do tempo podem ter ocorrido, sem que saibamos ou possamos comprovar, ou ser invocados para invalidar a equação simplória que Lütz usou (t=D/c), o que mostra claramente que as contas de Lütz são absolutamente ineficazes em calcular – com absoluta certeza – a idade real (e não aparente) do Universo. Essa conta é que foi, sim, “irônica”!

Até mesmo um dos argumentos que o próprio Lütz utiliza, mas não explica, contradiz a validade de suas contas, pois ele diz que “o espaço se expandiu e estava todo preenchido desde o início”. Ora, se o Universo estava “todo preenchido desde o início”, Deus poderia ter preenchido todo o Universo com a luz dessas estrelas de uma só vez, ou ter expandido o Universo abruptamente, tendo feito a luz chegar instantaneamente a todos os lugares, em uma fração de segundos até, por processos naturais ou sobrenaturais, afinal, Ele é Deus, e Ele tem “virtudes” que desconhecemos. A fonte dessa luz pode estar HOJE, supostamente, a aparentes “bilhões de anos-luz” de distância, mas a distância se traduz diretamente em idade? Claro que não. Mas não crerei nessas hipóteses que eu mesmo levantei, pois faltam-me razões firmes para essa esperança.

Jason Lisle – outro “propagador de fake news”e outro um físico que comete erros crassos de Física, pois discorda de Lütz –, em seu livro The Physics of Einstein: Black Holes, time travel, distant starlight, E=mc2, também expõe uma teoria interessante, com uma Física bem mais elaborada. Eu gosto dela, e gosto muito, mas não a defendo com a “certeza de Lütz”, porque, quanto ao mecanismo e as “virtudes” que Deus usou para que a luz chegasse de pronto à Terra, só sei que nada sei. A “Hipótese de Lisle”, elaborada por um astrofísico, diz que Deus pode ter ajustado parâmetros da Equação de Maxwell (e≠1/2) para que a luz incidente chegasse, e ainda chegue instantaneamente à Terra, independentemente da distância de sua emissão. Essa seria uma estratégia para a qual não tenho evidência alguma, mas que “combina” bem com o Deus em que creio: um “exibido e exagerado”, que não “dá bola” alguma para a “física dos físicos” nem a “matemática dos matemáticos”, mas “brinca” com elas a Seu bel-prazer.

Conclusão sobre a idade do Universo. Apesar da “certeza de Lütz”,justificada por sua Física 1.0 e seu “saber imediato”, admitamos: há físicas muito mais elaboradas e alternativas, e muita controvérsia, e nenhuma certeza por leis físicas quanto à real idade do Cosmos.E Deus tem “virtudes” que desconhecemos, como a de Cristo que saiu para curar a mulher que vertia sangue.

O que o Big Bang significa? Lütz nos acusa também de ignorar o real, e para ele aparentemente único, modelo do Big Bang. Mas será? Será que somos de fato tão ingênuos cientificamente a ponto de “confundir o gado com o caminhão que o transporta”, ou ignorantes ao ponto de sequer saber que o Big Bang não foi uma “explosão” que teria “saído por aí atirando estilhaços pelo Universo”? Pois bem, eu e muitos entre nós estamos fartos de saber que não há um único, mas de fato pelo menos dois significados “plenamente válidos”, pois se estabeleceram pelo uso, mesmo a contragosto de Lütz, para a expressão “Big Bang”. Há um que sim, descreve o modelo pelo qual equações matemáticas e leis físicas conseguem prever (nunca demonstrar) que o Universo (e junto o tempo) teve um início em uma “violenta expansão” de seu espaço, criando o tempo (espaço-tempo), junto a matéria, e que este, deste então, continua se expandindo. Sim, sabemos desse modelo, o modelo que chamarei aqui do Big Bang Primordial, e ninguém entre nós “deposita sua fé plena nele”, mas também ninguém entre nós parece discordar muito da previsão que “essas contas” conseguem oferecer. Nem eu, nem Adauto, nem o João Pedro, nem qualquer criacionista, seja de Terra e Universo velhos, seja de jovens. O que discordamos, é claro, é quanto à “idade” desse bang e suas consequências. O que discordamos é sobre a “evolução do Comos” que se segue, e que teria se dado por processos meramente naturais (físicos, químicos e matemáticos), do bang inicial até hoje.

Discordamos sobre o que esse bang teria finalmente formado e como ocorreu a sequência posterior de eventos depois dele. Claro que se discordamos todos de um Universo eterno, e concordamos todos que se nada existia, e se Deus criou “ex-nihilo” e, portanto, do nada Ele fez o Universo com seu espaço, tempo, matéria e energia, que então necessariamente, em um dado momento no passado, teria que ter havido indesculpavelmente um bang bem big e violento. Quanto a esse bang ninguém discorda. Mas o “diabo está nos detalhes”, e é nesses “detalhes” que ele nos divide.

Mas o modelo do Big Bang Primordial é lógico e evidente; depois do bang, precisa seguir em frente, porque senão ofereceríamos só “migalhas no jantar do Universo”. Temos todo um Universo estruturado para explicar, senão sobra uma lacuna imensa entre o bang e o Universo que vemos aqui e agora. É nesse “day after” que o modelo do Big Bang Expandido entra em cena. E quem criou esse modelo? Cosmólogos com sua Matemática e sua Física! Graças a Deus, encontro pouca Química nesse modelo, pois se de Química conhecessem, nunca o proporiam.

E assim o modelo do Big Bang Expandido entra em cena pegando, um pouco mais à frente, no “dia seguinte”, uma nuvem gasosa em expansão contra o nada e a transformando, por processos naturais não guiados, no Universo que vemos hoje. É esse modelo que se popularizou na mídia, nas escolas, em Hollywood, e por muitos “pop stars” como Carl Sagan, Tyson e Hawking, e é nele que muitos criacionistas evolucionistas, infelizmente, têm encontrado refúgio para suas “doutrinas de Universo velho” e assentados na roda junto com os ateus em sua defesa. É esse o modelo que criticamos, quando falamos do “Big Bang”, e é esse modelo que Hubble e James Webb reduziram a pó cósmico! Simples, assim.

Esse modelo é o que alega que, de uma nuvem de átomos de hidrogênio (H) salpicada com hélio (He) se formou todo o Cosmos, com suas estrelas, galáxias, asteroides, planetas, cometas, buracos negros e quasares. Um processo que teria formado um Universo de fato inexplicável: só com matéria, sem antimatéria, e com uma temperatura toda homogênea, de 2,7 K. Tudo teria então se formado pela ação “milagrosa e espetacular”, agora de um segundo bang: de fato, um Big Bang Bang! Fé ao cubo, um bang!2 Foi esse modelo que o James Webb “explodiu” de vez – aqui uma explosão literal –, e é esse modelo que os criacionistas de Terra e Universo jovens combatem, e hoje o veem refutado!

De onde veio o pânico com o James Webb? O pânico de todos os que defendem que o Cosmos se estruturou ao longo de 13,8 bilhões de anos – do crente ao ateu – veio da falência total do modelo do Big Bang2 Expandido. Ele já jazia moribundo, e só ganhou sobre seu túmulo não uma pá, mas uma “tonelada de cal”. Muitos cristãos também, com as imagens do James Webb, ficaram sem refúgio na Física e na Matemática, pois achavam eles que o modelo explicava o “mecanismo” que Deus – atrelado que seria às “forças” – teria que ter necessariamente usado para construir o Universo, “calibrando-as” e criando as leis para que essas forças – e não Ele – estruturassem o Universo.

Qual o grande problema que o James Webb exacerbou? Não há como fugir do vexame. O modelo (Figura 1) exige bilhões de anos. Pelo menos ½ bilhão, para a formação de estrelas jovens, azuis, com pouca ou nenhuma metalicidade (elementos mais pesados que o H e He), e mais tempo ainda, razoavelmente uns 2 ou 3 bilhões, para estrelas com metalicidades iguais ou próximas às do Sol. O modelo exige ainda muitas gerações e gerações de estrelas – estrelas após estrelas – explodindo e explodindo, para que elementos “metálicos” se formem, completando a Tabela Periódica toda, e para que supernovas no processo formem buracos negros ou estrelas de nêutrons. O modelo exige ainda uma idade das trevas – Dark Age – entre uns 380 mil a 300 milhões de anos (Figura 1), onde nada se observaria, e uma escuridão imensa se teria, e mais à frente exige que estrelas “aos sextilhões” se formem, para que seus “filhos”, os buracos negros, se formem, e ao redor deles se agrupem as galáxias, ao longo de bilhões de anos. Uma verdadeira “cascata de milagres, sem santo”!

E a cascata de milagres segue mais à frente, com a poeira cósmica formada na explosão (ups, aqui é uma explosão mesmo) de supernovas, se agreguem com poeira colando em poeira, no efeito que chamo “carinhosamente” de “super bonder cósmico”. Entendeu? Eu não, pois a Química proíbe! Nessa colagem, teriam se formado os planetas, os cometas, asteroides e o sistema solar, e tudo o mais. Já existiam “lacunas” imensas de conhecimento nessas etapas, mas o James Webb foi impiedoso e matou o processo já na sua manjedoura.

O que o James Webb mostrou para o Universo? Bem, o Hubble havia sido impiedoso com o Big Bang2 Expandido desde quando Robert Willians, em 1995, gastou todo o seu tempo nesse telescópio para fotografar, por umas cem horas, “sabe-se lá por que” (Deus guia a Ciência), um ponto escuro do Universo. Para a surpresa de todos, desse ponto escuro emergiu um “desastre cosmológico”: uma coleção de mais de três mil galáxias a uns meros 800 milhões de anos do nascimento do Universo (note a inconsistência com a Figura 1). E todas essas “galáxias inesperadas” se mostravam prontas, e de todas as formas conhecidas e cores (azuis, vermelhas, laranjas e amarelas). Essa foto “desesperadora” de um “Universo de pronto criado por Deus” se tornou famosa: a Hubble Deep Field.

Mas o James Webb foi ainda mais impiedoso, pois mais “inesperadamente” mostrou, em uma maternidade do Universo ainda mais tenra (meros 200 milhões e anos), bem no meio da “Dark Age” (Figura 1), onde nada (nem luz) deveria existir, galáxias prontas, estruturadas, suaves, lisas, maduras, imensas, superbrilhantes e supermassivas! E lá o Webb observou estrelas só azuis, só com H e He, ou seja, estrelas jovens? Não, muitas das estrelas do James Webb Deep Field se mostraram amarelas, laranjas e vermelhas, com metalicidade “solar”. Uma dessas galáxias, a GLz-13, por exemplo, com dados confirmados pelo telescópio ALMA, se mostrou gigantesca e superbrilhante. E como Adauto Lourenço tem analisado, nos espectros de emissão, essas estrelas contêm elementos “hiper mega pesados”, até o ferro! Um paradoxo aparentemente insolúvel para a evolução do cosmos! E o “mais desesperador” ainda foi perceber que essas “galáxias primordiais” apareceram na foto “bem pequenas”, mas estavam, paradoxalmente, quase no ponto zero do Universo, em “trabalho de parto”!

Mas quanto ao tamanho pequeno das “galáxias primordiais”, qual o problema? O problema foi que, se o Universo de fato tem se expandido, por 13,8 bilhões de anos, essas galáxias deveriam “aparecer na foto”, pelo contrário, muito maiores, por uma ilusão de ótica criada pela expansão. E ainda pior foi notar que se consideramos um Universo sem expansão, só com o desvio para o vermelho (red shift), essas galáxias parecem se mostrar mais ou menos do mesmo tamanho e das mesmas estruturas das galáxias atuais! Ou seja, aquela expansão do Universo ocorrendo até aqui por 13,8 bilhões de anos, como defendem os “crentes” na “doutrina do Universo velho”, parece ter sido também refutada pelo James Webb! Tentarão “dissimular” ou, como Lütz fez, dizer que “não há problema algum”, só temos que “considerar outras coisas”, o que traduzido é: tudo de novo, do zero:

“Isso não entra em conflito algum com o modelo do Big Bang, apenas nos alerta de que mais coisas precisam ser levadas em conta nos modelos de surgimento das primeiras galáxias e estrelas.”

Sim, tentarão, com “novos modelos”, consertar esse vexame; esteja certo de que tentarão, mas, por enquanto, ainda parece que a “expansão primordial” do Universo foi refutada!

O Universo se expande? Parece que sim, mas essa expansão pode ter partido de um Universo pronto, muito próximo ao que vemos hoje, e há pouco tempo. Parece que Deus de fato esticou o Universo, como a Bíblia afirma em vários versículos, como sendo inclusive esse “esticar” obra que só Ele é capaz de fazer, com Suas “virtudes”. Jó 9:8: “Só Ele estende os céus e [ao dominar a gravidade] anda sobre as águas do mar”; mas esse “esticar” pode ter se iniciado há alguns milhares, não bilhões de anos. Extrapolar demais, como extrapolaram para 13,8 bilhões de anos, nunca foi uma tática segura em Ciência. Note que aqui, pelo James Webb, podemos estar testemunhando outra grande descoberta da Ciência, que mostra que a Bíblia acertou, de novo, quanto a um Universo em expansão, mas um Universo bem jovem!

Galáxias suaves? A “suavidade” das galáxias, por mostrar que “protogaláxias” nunca existiram, também refutou o modelo do Big Bang2 Expandido, caindo por terra a explicação do crescimento das galáxias primordiais por “fusão de galáxias” (tipo as colisões de carros no trânsito). Nem protogaláxias nem as cicatrizes de suas pretensas fusões foram vistas pelo James Webb. Assim, as galáxias lisinhas e enormes observadas comprovam o quê? Temos galáxias supermassivas hoje? Sim, fato! Vemos galáxias bem massivas também no início do Universo, como a DLA0817g? Sim, outro fato! Então a conclusão parece óbvia: galáxias sempre foram imensas, brilhantes, lisas e suaves, e com as cores e formas que vemos hoje, e de pronto “nasceram”, assim como as vemos hoje! E os cosmólogos bigbangistas estão hoje onde? Estão todos “Back to the Drawing Board”!

Note ainda que Lütz, tentando “minimizar o estrago”, afirmou:

“As galáxias (que alguns chamam de ‘maduras’) que podemos ver na infância do Universo são minúsculas, uma fração do tamanho das galáxias anãs de hoje em dia.”

O “pseudo-maduras” e as “galáxias minúsculas” foram outros dois equívocos de Lütz. As galáxias podem “parecer pequenas”, mas são, de fato, gigantes, e não só “alguns criacionistas desinformados”, mas muitos físicos e cosmólogos notaram nelas fortes evidências de serem muito bem maduras, lisas, supermassivas e serem assim totalmente inesperadas.

Do modelo só sobrou mesmo, tudo indica, a “migalha” do Big Bang Primordial, pois todo o modelo expandido e tão propagado, anunciado como “mais lei do que a lei da gravidade”, de “Evolução do Cosmos”, que pretendia explicar o Cosmos com suas galáxias, planetas, cometas, asteroides, buracões negros, nebulosas e quasares atuais, ruiu por completo, bem no seu início, pelas estrelas e galáxias. Kaput Big Bang2 expandido! Negar o “estrago” seria como “declarar que um tornado não destruiu a casa, não! Pois só teria derrubado suas paredes e telhados, e arrancado seus móveis, rede elétrica e hidráulica, mas o terreno continua lá, basta reconstruir outra casa”.

Surgirão novas “propostas salvadoras” do modelo do Big Bang Expandido? Claro que sim, pois imaginação não lhes falta, e eles já estão trabalhando intensamente. Mas, por hora, o modelo jaz refutado. Em suas pranchetas e simulações computacionais, e por outros “modelos matematicamente e fisicamente infalíveis”, estão se levantando já algumas propostas, para tentar ressuscitar o falecido, e logo essas propostas serão divulgadas e, como sempre, serão anunciadas como sendo “evidentes e infalíveis, mais lei do que a lei da gravidade”! Mas estou certo de que o Big Bang2 Expandido, que já era o modelo “menos pior” para explicar a estruturação do Cosmos, ficará ainda pior.

Lütz, parece, se juntou rápido ao time dos “resgatadores de teorias falidas”, “ingressando” onde sempre esteve: no rol dos “bigbangistas expandidos”, propondo outro “saci-pererê científico” para explicar a evolução do Cosmos. Essa evolução que ele aparenta às vezes não querer defender, mas que claramente defende. E qual foi a solução de Lütz? Buracos-negros primordiais! Sim, por essa nova “doutrina”, ele crê poder explicar a formação quase que imediata das primeiras galáxias supermassivas e brilhantes, multicoloridas e multiformes. Mas haja fé, do tipo que eu não tenho! Não gosto de modelos que “vivem correndo atrás de novas hipóteses”, criando frente a novos dados novas explicações “ad hoc”; essas que chamo de “saci-pererês científicos”. Modelos que fogem do óbvio, como “o diabo foge da cruz”. 

Mas o que seriam esses buracos negros primordiais? Sim, esses “seres mitológicos” são coisas que “Lütz sabe” que se formaram aos montes bem no início do Universo, com “altíssimas concentrações de matéria sugadora de tudo por perto”, e de pronto juntaram as estrelas em galáxias. Fácil, não é? Mas esses “seres” são coisas como as ondas de choque que formaram estrelas, vindas da explosão de estrelas, onde estrelas não havia. Coisas que existem aos montes, mas que ninguém nunca as viu! Creria você neles? Eu não!

Apelar para buracos-negros primordiais, para bilhões deles, porque bilhões de galáxias prontas, lisas, massivas e bem brilhantes, com estrelas multicoloridas, que exigiriam inúmeras gerações de estrelas para os seus elementos pesados se formarem, todas já se acham no início do Universo, soa para mim como uma “desesperação” para lá de desesperada! Pois, pelo que sabemos hoje, buraco negros teriam se formado na explosão de estrelas bem massivas, as supernovas, bem mais à frente no tempo. Sim, temos também aqueles buracos negros supermassivos no interior das galáxias, que são bem diferentes dos estelares, mas, como aprendi outro dia sobre eles por outra “fake news” de uns astrofísicos, pasmem ateus: “Não sabemos ao certo como eles [os buracos negros supermassivos que habitam seus centros e estabilizam galáxias] nascem nem quanto tempo demora para ativá-los.”

Ou seja, o problema com esses buracos negros é igual aos problemas com o modelo inteiro: não temos a menor ideia de onde esses buracões negros supermassivos vieram, nem das estrelas, nem das galáxias, nem dos planetas, nem dos cometas, mas, claro, sabemos “muito bem explicar o Cosmos”! Só faltam “bons modelos” para tudo no Cosmos. Entendeu?

Por que a insistência em salvar o Big Bang? O motivo dessa insistência me parece óbvio. Muitos entre nós, inclusive Lütz, pensam ter encontrado, pela Ciência e sua Física, Matemática e/ou Cosmologia e pelo “modelo sacrossanto” do Big Bang2 Expandido, o mecanismo que Deus usou, não só para criá-lo com um grande bang, mas também para estruturar o Universo com outro bang e outros “milagres físicos” afins. Pensam eles que Deus calibrou tudo com equações e forças, e deixou aquela grande nuvem gasosa seguir seu curso, por “bilhões de anos”; Ele ficando só “de lado” observando. Até na evolução teísta da vida teria sido assim. Esse ser é o que chamo de “deus do devagarinho”: um deus menor, desfigurado.

Assim, não importa quantas teorias sejam elaboradas e quantas sejam refutadas para ligar o bang inicial ao cosmos final, ou quantos novos modelos tenhamos que elaborar, ao longo desses bilhões de anos, sempre uma teoria melhor surgirá para salvar a recém-refutada. Vamos de “plasma” ou “buracos negros primordiais”, ou “ressuscitemos” modelos como o “MONO”, pois da Física e da Matemática nunca blasfemaremos. “Pois na Matemática e na Física em um Universo velho cremos!” Se precisar, esticaremos até mesmo a idade do Universo, para mais velho do que 13,8 bilhões de anos, como Lütz outro dia ousou propor.

Buracos negros primordiais salvariam a evolução do Cosmos? Bem, parece que não salvariam não, pois mesmo que explicassem galáxias, os problemas a seguir com o modelo são inúmeros e indesculpáveis! O mais grave é que galáxias prontas e massivas, “velhas” e com estrelas também “velhas” já no início do Universo, hoje com 13,8 bilhões de anos, tornariam necessariamente o Universo que vemos hoje muito mais velho do que o Universo jovem que vemos. O combustível estaria quase todo gasto. Ou seja: seria o presente que refutaria o passado. O problema aqui é do tipo: “Se ficar (com o modelo atual) o bicho come, se correr (com um novo modelo de galáxias mais “rápidas”) o bicho pega de vez, e de pronto!”

No meu livro Fomos Planejados (www.kovalpress.com), no capítulo de “Evolução do Cosmos”, discuto em detalhes outros problemas cruciais do modelo. Se foi Ele mesmo que calibrou as forças, Deus Se perdeu nessas contas, pois vemos claramente que o modelo não somente tem hoje, com o Hubble e o James Webb, imensos problemas em explicar as galáxias já maduras na maternidade do Universo, mas perduram grandes problemas na sua sequência toda. Mencionarei mais uma “pequena amostra” deles.

Primeiro, qual mecanismo teria feito uma “massa de gás ardente em expansão contra o nada” se contrair em estrelas? Ninguém sabe! Apelam para flutuações de densidade e ondas de choque de supernovas, em um ajuste finíssimo de forças, usando até mesmo “estrelas para gerar estrelas”! Pode? Veja o enorme enrosco aqui, pois o modelo que quer explicar galáxias já tem seríssimas dificuldades com seus blocos fundamentais, as estrelas!

Segundo, como agrupar essas estrelas ao redor de “buracões negros supermassivos”, se não temos a menor ideia de como esses “monstros mitológicos primordiais” surgiram?

Terceiro, como agregar poeira cósmica das explosões de supernovas em planetas, e assim formar planetas de vários tipos: rochosos, metálicos, de gás e de gelo? E planetas com atmosferas todas diferentes, de ácido sulfúrico a metano, com só a Terra cheia de nitrogênio e oxigênio, e aquela pitada “aquecedora” de gás carbônico? E com todos os planetas “rodopiando” ao redor do Sol, este supermassivo, mas com o momento (massa x velocidade) do sistema concentrado nos planetas, e não no Sol, como deveria estar? E como explicar Vênus girando para um lado, Marte para o outro, e Urano girando deitado? Tentam explicar essas “anomalias irônicas e desconcertantes” por acreção, pó colando em pó, mas essa é uma “cola química” que simples e quimicamente não cola!

Quarto: quando chegamos à Terra com a Lua de ¼ de seu tamanho ao seu lado, aí, sim, é pânico total! E a“Theia, aquele astro que teria “arrancado” a Lua da Terra, seria uma boa explicação para a formação da Lua? Não, a colisão da Theia é só uma “elocubração mental” estatística e quimicamente impossível, pela análise dos isótopos da Terra e da Lua, e pelas leis da probabilidade, só isso.

Quinto: e os cometas de gelo, com vida máxima de uns 100 milhões de anos? Teríamos que crer em outro saci-pererê científico, a “nuvem de Orr”, aquela coisa que todo “bigbangista” sabe que existe, mas que ninguém nunca viu? E os problemas seguem com a suposta “assimetria” antimatemática (½ – ½ = ½), que teria feito sobrar só matéria de um Universo formado incialmente de ½ de matéria e ½ de antimatéria.

Sexto: mas a maior “desesperação”, entendo eu, vem com aquele segundo bang, a inflação. Um Big Bang Bang, que gerou aquela mega explosão – ups, expansão violenta – que se seguiu à primeira, hiper-mega-ultra ajustada e milagrosa, que impediu o Universo de se autocolapsar em um Big Crunch, e outros fenômenos afins.

E mais, como João Paulo, autor do livro A Fé dos Ateus (www.kovalpress.com) tão bem me alertou: Contra leis não deveríamos ter argumentos, então quem responderia a uma pergunta ainda mais “primordial”:

 “Se a ação da 2° Lei da Termodinâmica submete todo o Universo a um aumento contínuo e irreversível da desordem, então, como partículas elementares de quark puderam espontaneamente se unir e gerar três estruturas diferentes e, ao mesmo tempo, compatíveis entre si (prótons, elétrons e nêutrons)? E como essas partículas subatômicas puderam continuar violando a 2° Lei se organizando para que surgissem os fótons, os gases, a matéria de toda a Tabela Periódica (e só matéria, sem antimatéria) e dos demais sistemas ordenados existentes no Cosmos?”

Há os que dizem que foram eles que ajudaram, mas eu já há muito tempo deixei de crer nos “sacis pererês científicos” que por aí são propostos.  

Só esses “meros” problemas? Não, temos mais, pois os problemas são intermináveis. Planetas como Júpiter, que irradiam duas vezes mais calor do que recebem do Sol, ainda são “batatas quentes” em um freezer hiper-megacongelante (Universo de uns -271 oC), sem falar dos campos magnéticos, megaintensos ainda na Terra e mais ainda em Júpiter. Seria bom não nos esquecermos também do afastamento da Lua da Terra, que criaria imensos tsunamis em 500 milhões de anos passados e faria a Lua colidir com a Terra se regredíssemos o relógio só há meros 1,5 bilhão de anos, como Adauto discute e com “Física com F maiúsculo” calcula em seu livro Como Tudo Começou (www.editorafiel.com.br). Ouço por aí críticas de que os criacionistas de Terra e Universo jovens, esses “trolls internáuticos”, erraram nas contas desse afastamento, por desconhecem Matemática, Física e Cosmologia e só assistirem a vídeos de “sites negacionistas”. Sigo, porém, este debate por uns 15 anos. Estive do outro lado, e a cada novo artigo, cada novo conhecimento, cada novo vídeo, cada novo cálculo, me convenço claramente de que os “trolls” são eles! E que o Adauto venceu!

E o que diz a Bíblia? Bem, entendo que a Bíblia é clara, necessária, suficiente, infalível e autoridade final. Entendo, portanto, que Deus tem cuidado, ao longo dos séculos, para que a Bíblia continue infalível e clara. Ou seja, a Bíblia é assim: quando você a lê, para entendê-la bem, você não precisa da Ciência, nem dessas “teorias de cosmólogos” que mudam “ao sabor dos ventos”. Nem das “hipóteses de Lütz” e de sua exegese hebraica que se opõe à exegese hebraica de mais de 17 séculos de grandes hebraístas, e de muitos hebraístas atuais de grande renome, como o hebraísta do documentário sensacional do Is Genesis History, com o Dr. Boyde (https://youtu.be/3txmpHQJ520). É assim que eu leio a Bíblia, e vejo nela o cuidado de seu escritor. Se o texto atual, em português, expressa claramente uma verdade, ainda mais em passagens diversas, eu entendo que essa é a verdade que Deus quis me transmitir, e que eu não preciso de Ciência de homens nem de “malabarismos de exegese hebraica” de alguns homens específicos, pois “maldito o homem que confia nos homens” para entender a mensagem clara que é exposta.

Se a tradução atual me levasse a entender uma inverdade, só revelada com “Ciência” ou por “exegeses hebraicas” defendidas por “alguns”, Deus teria cuidado para que esse erro não fosse acrescentado ou para que fosse, de pronto, corrigido. Pois em 2 Timóteo 3:16 leio claramente: “Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça.”

Em Gênesis 1:1 leio então: “No princípio criou Deus os Céus a e Terra.” Ou seja, o Universo e a Terra foram criados no princípio, os dois juntos, e de pronto, e assim não preciso esperar explosões de estrelas ao longo de bilhões de anos para que gerem pó, e que por acreção esse pó se transforme na Terra. Ele disse: “Haja Céus e Terra, e luz, e houve Céus e Terra, e luz”, no dia primeiro.

Em Êxodo 20:11 a Bíblia também é explicita e tremendamente clara: “Porque em seis dias fez o Senhor os céus, a Terra e o mar, e tudo o que neles há.” Aqui novamente entendo claramente que o tudo de Êxodo 20:11 é de fato TUDO: tudo o que há nos céus. Esse tudo engloba tudo, assim as estrelas, as galáxias, os planetas, os cometas e os asteroides. Mesmo que a palavra céu aqui possa ser uma palavra que descreveria em hebraico só o céu visto pelos homens da Terra, ainda assim temos que entender que o Cosmos foi formado por Deus em ordens específicas dadas ao longo somente dos seis dias da criação. Veja o céu noturno “visto pelos homens”, em um dia bem escuro, na Patagônia, por exemplo, e entenda que esse céu engloba de fato TUDO, e que Êxodo 20:11 engloba, de fato, o Universo todo.

Mas quer ter a permissão de fazer um exercício de “exegese hebraica” com Êxodo 20:11? Então saiba que esse “tudo que neles há” e os extremos que o texto cita são uma construção clássica do hebraico, que é usada como estratégia de englobar tudo o que se conhece, ou até mesmo o que se desconhece. Fuja então das “exegeses bíblicas bigbangistas” dos céus como sendo “somente a atmosfera da Terra”, reduzindo o tudo a somente “uma mínima parte”.

E quando então Deus criou o Universo? Ele criou nos seis dias da criação. E há quanto tempo? Há cerca de seis mil anos, como a cronologia de Gênesis, Mateus e Lucas tão bem definem. Pois em Hebreus 11:3 lemos: “Pela fé, entendemos que os mundos, pela palavra de Deus, foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente.” Ou seja, nada de pó cósmico ou gás em expansão, pois tais coisas são aparentes.

Qual o mecanismo que Deus usou? Simples, Deus usou única e exclusivamente o poder de Sua palavra! E ponto final. Ele disse: “Haja, e houve”! História contada! E temos uma lista extensa de versículos, como Salmos 33:6, que detalha um pouco mais o “mecanismo”: “Porque pelo sopro de Sua boca [pela Sua palavra] foram feitos os céus (primeiro dia), e todo o exército deles (quarto dia).” Percebeu o mecanismo? O “sopro de sua boca”! E o que foi formado? Todo o exército deles, dos céus! E quanto tempo demorou o processo, após a ordem ser dada? Salmo 33:9 nos revela o tempo: “E Ele falou, e tudo se fez; Ele ordenou, e de pronto tudo foi criado!”

Por que todos os modelos falham? Percebeu agora por que todos os modelos físicos ou matemáticos, quânticos ou clássicos, seja de criacionistas de Terra e Universo velhos ou jovens, sejam os do Humphreys ou do Hawking, ou os “buracos negros primordiais” de Lütz falharam, falham ou falharão em explicar os “mecanismos” da criação e estruturação do Cosmos, da Terra e da Lua? Todos eles falham porque partem de um pressuposto equivocado: o pressuposto que entende que podemos, por processos e forças naturais, explicar o sobrenatural: a ação de um Deus todo-poderoso, com “poderes ilimitados e desconhecidos”. Esse é um erro tremendo de lógica, filosofia e Ciência, e de exegese da Palavra de Deus. Ele criou e estruturou seu Universo e a Terra por algo que só Ele tem e domina: sua “virtude”, como meu irmão em Cristo, o Dr. Rodrigo Silva, tão bem me alertou em uma live recente (https://youtu.be/e3Jmi9KROME). Ou seja, Ele usou “forças sobrenaturais” que só Ele conhece e a elas tem acesso.

Esses modelos se assemelham a tentar explicar como Jesus restaurou um Lázaro pútrido por processos bioquímicos, ou como Ele andou sobre as águas por forças naturais que cancelaram a gravidade, ou qual força natural teria sido aquela do “poder” que de Jesus saiu quando foi tocado pela mulher que vertia sangue. Ou, ainda, como naquele livro “esquisito” E A Bíblia Tinha Razão, que sugeriu que Deus teria aberto o Mar Vermelho se valendo de um mero “ventinho”, que lá de vez em quando sopra, e de uma maré baixa! Nada mais bizarro!

E eu, sigo fazendo o quê? Também sigo eu, respeitando ao máximo meus adversários de ideias, procurando não usar de desqualificações para combatê-los, mas mantendo o respeito pelo contraposto no máximo que meu sangue “guerreiro” permite. Sigo, assim, anunciando ao mundo a minha conclusão, científica e, sobretudo, bíblica:

Sim, houve um Big Bang2 Primordial!

E o que aconteceu nesses bangs? Ele no primeiro dia falou “HAJA”, e o primeiro bang ocorreu: os céus, a Terra e a luz se fizeram, numa megaexpansão hiperviolenta que durou “menos do que um piscar de olhos”. E por esse primeiro bang todo o Universo com seu espaço e tempo se formou. E no quarto dia Ele falou de novo, e por esse segundo bang o Universo se estruturou: tudo o mais que há nos céus, na Terra e no mar se fez, de pronto: o Sol, a Lua, e as estrelas, galáxias, planetas, asteroides e cometas. O Universo foi no quarto dia preenchido e estruturado, e se viu bem parecido com aquele Universo que lá fora vemos hoje.

Qual o mecanismo desses big bangs2? Simples: Sua Palavra! “Pois Ele falou, e de pronto tudo se fez!” Palavra de Deus que fez atuar “virtudes”: forças e processos que só Ele conhece e domina!

Quanto tempo demorou para Deus estruturar o Universo criado pronto, a Terra no meio, e quanto tempo faz? Quando em dias específicos, durante os seis dias da criação, Ele ordenou, de pronto tudo o que Ele ordenou que se fizesse naquele dia específico e por aquele bang específico, tudo o que foi ordenado se fez, há seis mil anos.

Mas como explicar estrelas azuis mais jovens e outras multicoloridas, mais velhas? Ela as fez assim, prontas, simplesmente porque Ele gosta de colorir! Para que os céus manifestassem a Sua glória, e o firmamento cheio de estrelas coloridas e galáxias esplêndidas como o James Webb mostrou, anunciassem as obras de Sua mão! E obra exclusiva da mão Dele! De nada mais! Nada de obra de “buracos negros primordiais”! E tudo foi criado colorido e multiforme, pois Ele é um Deus que gosta de colorir, e variar, e de Ele mesmo fazer, não deixando nada para “sacis pererês” fazerem por Ele. Assim Ele criou galáxias prontas, e com estrelas prontas, mas de composições diferentes: azuis, amarelas, vermelhas, brancas, de “quase” todas as cores e formas e tamanhos. E por quê? Porque Ele é Deus! E um Deus que gosta de colorir, e “confundir os sábios”!

E como explicar a luz de “bilhões de anos”? Para que víssemos a sua Glória, para que os céus a manifestassem, em um Universo imenso – porque Ele é imenso – e, independentemente da distância, Ele, sem “dar bola” para as equações da Física, ordenou à luz que chegasse aqui na Terra também “de pronto”! Foi semelhante ao que aconteceu com o parar do Sol e a Lua, de fato de todo o Universo, quando Ele ordenou, e eles pararam, para que seu servo Josué vencesse a batalha. Ele acertou os parâmetros da equação de Maxwell? Pode ser; seria um “truque” genial, mas “como” Ele fez, eu desconheço. Foi um capricho que só Deus tem o direito e a “virtude” para fazer. Deus simplesmente ordenou e “simplesmente” a luz aqui chegou, “sabe-se lá exatamente como”; a Ele perguntarei, simples assim. A luz de pronto chegou aqui na Terra, pelo Seu falar! Para que tudo possamos ver, hoje aqui na Terra, e ver em tempo real, do próximo ao mais longínquo Universo, a olho nu ou com os olhos de telescópios. É nesse Deus que creio!

E eu tenho evidências desse “meu modelo”? Claro que sim! Tenho, sobretudo, a Bíblia clara e infalível, e seus muitos versículos. E só para complementar, tenho também fotos, e muitas! E fotos esplêndidas! Mas quais? Tenho as fotos indesculpáveis do Hubble e do James Webb.

Portanto, a esse Deus “exibido e exagerado, muito bem-humorado e um tanto irreverente com teorias de homens”, que tudo fez, e fez pronto, e de pronto, e pelo poder único e exclusivo de Sua Palavra, seja toda a Glória!

(Marcos N. Eberlin, com colaborações de Adauto Lourenço e João Paulo Reis Braga)

terça-feira, fevereiro 25, 2020

Katherine Johnson: a matemática da Nasa que levou a humanidade à Lua


Morreu Katherine Johnson, a matemática da agência espacial norte-americana que calculou a rota da Apollo que levou a humanidade até a Lua. Tinha 101 anos. A história de Katherine Johnson e das outras mulheres negras nos bastidores da missão lunar foi contada pela primeira vez no filme “Hidden Figures”, que chegou a ser indicado para o Oscar em 2017. Corria o ano de 1966 quando Katherine Johnson desenhou milimetricamente o percurso da missão Apollo até a Lua com o poder da mente e a ajuda de uma régua, um lápis, folhas de papel e calculadoras rudimentares. “Naquela época, os computadores vestiam saias”, chegou a dizer entre risos. Depois de ter construído os pilares matemáticos da missão Mercury de 1961, que fez de Alan B. Shepard Jr. o primeiro norte-americano a passear no espaço, Katherine Johnson foi uma das responsáveis pelo primeiro passo (talvez o mais popular de todos) que colocou os Estados Unidos na linha da frente da Guerra Fria pela primeira vez – a alunissagem.

Além dela, outras 29 mulheres afroamericanas compunham parte da equipe de matemática da Nasa na Divisão para Investigação de Voo – uma equipa que, em tempos de segregação racial nos Estados Unidos, era colocada à parte dos outros trabalhadores. A história desse grupo de mulheres e o contexto social em que viviam estão na base no filme de Theodore Melfi, em que Katherine Johnson é interpretada por Taraji P. Henson e tem um papel central no enredo.

Quando “Hidden Figures” foi indicado ao Oscar, Katherine Johnson era a única funcionária daquela equipe da Nasa que estava viva. Tinha 98 anos. A matemática foi convidada a assistir à cerimônia da Academia ao lado dos atores do filme e foi recebida no palco com a plateia a aplaudir em pé.

Pouco depois, a Nasa abriu um centro de investigação computacional batizado com o nome de Katherine Johnson. Dois anos antes, ela já tinha recebido a Medalha da Liberdade pelas mãos de Barack Obama. A Nasa lamentou a morte de Katherine Johnson. Num comunicado publicado na página da Agência, o administrador Jim Bridenstine considerou que a cientista “ajudou a nação a abrir as fronteiras do espaço”. E acrescentou: “Ela atingiu grandes feitos que abriram portas às mulheres e aos negros na aventura humana universal para explorar o espaço.”

Mas Katherine Johnson nunca quis colocar-se em cima desse pedestal. Nas entrevistas que se seguiram à publicação do filme que inspirou, a matemática norte-americana, natural de West Virginia, disse que era “tão boa quanto outra pessoa qualquer, mas não melhor”, embora ressalve que nunca teve qualquer “complexo de inferioridade”. Sobre todos os feitos que foram alcançados pela agência espacial norte-americana graças aos cálculos que fez, Katherine Johnson simplificava: “Estava só fazendo o meu trabalho.”

Um trabalho que exigiu muito da família da cientista. Filha de uma professora e de um agricultor, Katherine Johnson estudou no centro de um sistema educacional de segregação racial. Aos 10 anos ingressou na escola secundária e aos 14 anos estava graduada, após ter assistido a todas as disciplinas de matemática que a instituição tinha, desde álgebra, geometria, trigonometria, entre outras áreas. Katherine Johnson absorvia de tal modo essas matérias que William Claytor, o terceiro homem negro a obter um doutoramento nos Estados Unidos, criou aulas só para ela.

Cena do filme “Hidden Figures"

Impossibilitada de entrar no ramo da investigação, tornou-se professora e casou com um químico. Quando as ofertas acadêmicas universitárias começaram a ser abertas a negros, graças aos movimentos de defesa dos direitos civis que tinham despertado no país, Katherine Johnson entrou na Universidade de West Virginia para estudar matemática avançada. Desistiu no final do ano letivo ao descobrir que estava grávida. E passou a dedicar-se à família até a filha completar 12 anos.

Em 1952, no entanto, uma notícia despertou nela uma vontade de regressar aos livros: o Centro de Investigação Langley da Nasa – à época era chamada Naca – tinha aberto vagas para mulheres negras. Depois de ter feito isso para mulheres caucasianas com o objetivo de poupar os homens das tarefas mais repetitivas, começou a recrutar também mulheres negras por precisar de mais mão-de-obra.

Quando conseguiu o emprego, Katherine Johnson chamou atenção por ter quebrado as regras de segregação, segundo as quais mulheres negras só podiam utilizar os “computadores de cor”. Os banheiros para negras estavam identificadas como tal, mas muitos dos banheiros reservados para caucasianas não tinham qualquer sinalização que o indicasse. Por isso, Katherine Johnson usou um deles. E nunca deixou de fazer isso.

Ao fim de dois anos, Katherine Johnson foi então transferida para a Divisão de Investigação de Voos porque os engenheiros daquele escritório – todos homens brancos – já não se lembravam das regras de geometria. Foi nessa altura que a matemática começou a desenvolver os voos aeronáuticos, uma tarefa que a ajudou a superar a morte do primeiro marido, pai dos três filhos dela, vítima de câncer no cérebro. A matemática viria a casar novamente e a publicar dezenas de relatórios científicos relacionados com os cálculos secretos feitos naquela divisão. O segundo marido de Katherine Johnson morreu no ano passado.

Com a chegada da Guerra Fria e a impressionante capacidade da União Soviética em conquistar o espaço, Katherine Johnson participou no esforço norte-americano para fazer frente aos russos. Trabalhava 16 horas por dia, fazia comunicação de ciência para ensinar a importância da exploração espacial às crianças e participava em conferências de imprensa que ajudavam o governo a conquistar o apoio dos cidadãos no investimento na área aeroespacial.

Todas essas funções tinham ficado na sombra até serem contadas no filme “Hidden Figures”, mas esse é o legado de Katherine Johnson que fica agora na memória como uma das maiores contribuições para uma das épicas aventuras da humanidade. A morte da matemática norte-americana foi anunciada pela família.


Katherine Johnson trabalhando em 1962 na Nasa