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sábado, agosto 07, 2021

Pesquisadores encontram estromatólitos em cavernas de MG

No mês de julho deste ano, os portais de notícias da Universidade Federal de Uberlândia (UFU)[1] e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)[2] publicaram matéria intrigante sobre uma recente descoberta que reforça a tese de que o mar já esteve presente na região de Minas Gerais. A pesquisa foi realizada por pesquisadores da UFU e Unifesp, que fazem parte do Grupo Alto Paranaíba de Espeleologia (Gape). O projeto é coordenado por Marco Delinardo Silva, especialista em Geologia Estrutural e professor da UFU,[1] e vice-coordenado por Fernanda Quaglio, especialista em Paleontologia e professora do Departamento de Ecologia e Biologia Evolutiva (Debe) do Instituto de Ciências Ambientais, Químicas e Farmacêuticas (ICAQF/Unifesp), Campus Diadema.[2]

Essa equipe de pesquisadores, que que se dedica a estudar, preservar, conservar e promover o patrimônio espeleológico brasileiro, com ênfase na região do Alto Paranaíba, descobriu, no interior das cavernas de Coromandel, icnofósseis (vestígios que ficaram preservados) da era Neoproterozóica [sic]. Segundo o professor coordenador, os icnofósseis identificados são chamados de estromatólitos, que representam estruturas bio-induzidas (cuja deposição é determinada pela ação de organismos) edificadas em carbonato de cálcio (CaCO3).[1]

Estromatólitos são fósseis vivos e supostamente as formas de vida mais antigas em nosso planeta. O nome deriva do grego, stroma, que significa “colchão”, e lithos, que quer dizer “pedra”. Estromatólito significa literalmente “rocha em camadas”.

Como o desenvolvimento de estromatólitos ocorre em ambiente marinho raso, a presença deles em Coromandel reforça a tese de que o mar já esteve presente na região, afirma o geocientista Silva. “Os estromatólitos representam uma das principais evidências que sustentam essa hipótese, pois esses icnofósseis são vestígios de organismos que vivem em ambiente marinho, especialmente na região costeira. Nós reconhecemos o ambiente onde esses organismos vivos ocorreram no passado por meio de análogos modernos, como os estromatólitos que ocorrem nas praias de Shark Bay, no extremo oeste da Austrália”, ressalta.[1]

Fernanda Quaglio, vice-coordenadora do projeto, traz alguns questionamentos que acompanham a descoberta: “Sabemos de ocorrências dessas rochas mais para o norte. Mas, nessa região, esses fósseis podem acrescentar informações sobre o mar que existia ali. Os estromatólitos indicam água rasa, porque o tapete microbiano precisa ter proximidade com a luz para poder fazer fotossíntese. Mas como era essa água? Havia ondas? Ocorreram ciclos climáticos importantes, por exemplo, com uma queda brusca ou subida do nível do mar?”[3]

Mardem Melo Silva, um dos membros fundadores do Gape, cedeu entrevista ao portal da UFU: “Acredito que a descoberta mais significativa que o Gape realizou foi a identificação dos fósseis de estromatólitos no interior de algumas cavidades de Coromandel, MG, especialmente na Gruta do Ronan I. Estromatólitos são vestígios de organismos que constroem estruturas biossedimentares, resultantes da interação de comunidades microbianas bentônicas (cianobactérias e bactérias) com o meio em que vivem. Estromatólitos são considerados importantes registros para a compreensão da origem e diversificação da vida na Terra, sendo merecedores de proteção e conservação.”[1]

(Liziane Nunes Conrad Costa é formada em Ciências Biológicas com ênfase em Biotecnologia [UNIPAR], especialista em Morfofisiologia Animal [UFLA] e mestranda em Biociências e Saúde [UNIOESTE]. É vice-presidente do Núcleo Cascavelense da SCB [Nuvel-SCB])

Nota: De tempos em tempos, temos nos deparado com descobertas de fósseis marinhos em localidades muito distantes da costa, como no caso dos estromatólitos das cavernas de Coromandel, MG. Na verdade, fósseis marinhos em áreas continentais e montanhosas não deveriam causar estranheza, considerando que são encontrados em diversos locais ao redor do mundo. Grande parte dos sedimentos continentais são de origem marinha, conforme referências presentes no livro A História da Vida. Descobertas como essa vêm reforçar os relatos bíblicos de Gênesis, os quais indicam a existência de um período em que toda a Terra foi coberta pelas águas.

Ademais, a existência da grande variedade de espécies fossilizadas em diversas localidades pelo mundo fornece forte evidência de que houve uma catástrofe hídrica global, responsável pelo sepultamento repentino de tantos seres vivos. Muitos desses fósseis foram preservados em estado de agonia e sufocamento; alguns foram pegos de surpresa, abocanhando sua presa; outros animais foram fossilizados em pleno ato de dar à luz. Na sequência, seguem dois artigos que relatam a descoberta de sítios encontrados com manadas inteiras: confira aquiaqui e aqui.

É valido lembrar que existem pesquisas não criacionistas que já admitem inundações catastróficas (confira aquiaqui e aqui).

Referências:

[1] PORTAL DE NOTÍCIAS DA UBU:

http://www.comunica.ufu.br/noticia/2021/07/pesquisadores-da-ufu-identificam-cavernas-em-coromandel

[2] PORTAL DE NOTÍCIAS DA UNIFESP:

https://www.unifesp.br/reitoria/dci/noticias-anteriores-dci/item/5279-projeto-de-pesquisa-realiza-expedicoes-em-cavernas-de-minas-gerais

[3] SUPERINTERRESANTE:

https://super.abril.com.br/ciencia/fosseis-de-bacteria-em-cavernas-de-minas-mostram-que-o-estado-ja-teve-mar/

LEIA MAIS SOBRE O ASSUNTO

http://www.criacionismo.com.br/2008/05/dilvio-lenda-ou-fato.html

http://www.criacionismo.com.br/2013/01/pesquisador-diz-que-encontrou-novas.html

http://www.criacionismo.com.br/2014/06/retracao-de-geleira-expoe-grandes.html

http://www.criacionismo.com.br/2011/01/diluvio-universal-e-suas-implicacoes.html

http://www.criacionismo.com.br/2019/02/gordura-fossilizada-e-encontrada-pela.html

quarta-feira, julho 29, 2020

Nuvens de gafanhoto: praga bíblica?

De fato, o ano de 2020 tem se tornado pano de fundo para uma diversidade de “memes” em virtude da quantidade de catástrofes naturais que vêm ocorrendo. Agora, considerando a aproximação de nuvens de gafanhotos com o Brasil, há quem diga que as pragas do Egito estão de volta. Outros, porém, questionam sua relação com as pragas apocalípticas. Mas, afinal, o que é essa nuvem de gafanhotos? Como ela surgiu e será que existe relação com alguma praga ou profecia bíblica? Antes de tudo, vamos entender o que são esses animais e por que podem ser considerados uma ameaça.

O que são os gafanhotos?
           
São animais que possuem patas articuladas e exoesqueleto quitinoso, chamados de artrópodes.  Dentro desse Filo, a Classe dos insetos difere das demais porque seus integrantes possuem três pares de pernas, um par de antenas e três divisões do corpo (tagmas): cabeça, tórax e abdome.
           
Os gafanhotos pertencem à subordem Caelifera e à ordem Orthoptera (insetos com asas em linha reta), e estão classificados dentro da Família Acrididae em virtude de seu terceiro par de pernas saltatórias. Além dos gafanhotos, integram esse grupo as esperanças, os grilos, as paquinhas e as taquarinhas. Dentro dessa família Acrididae, a espécie Schistocerca cancellata, a mesma que está na Argentina, é considerada a mais robusta e de maior comprimento. Os machos geralmente têm quatro centímetros e as fêmeas, seis.

Aparelho bucal e alimentação
           
O aparelho bucal dos insetos foi minuciosamente projetado de acordo com o tipo de alimento que consomem. Os gafanhotos possuem um aparelho bucal do tipo mastigador, com uma mandíbula enorme, capaz de devorar um galho em segundos.
 
Labro
: forma o “céu” da boca dos insetos, articulando-se sobre o clípeo. Relaciona-se a uma função gustativa.
Mandíbulas: são duas peças dispostas lateralmente abaixo do labro, articuladas e resistentes. Sua função é mastigar, triturar ou dilacerar os alimentos
Maxila: articuladas na parte lateral inferior da cabeça, são peças auxiliares durante a alimentação.
Lábio: representa a parte inferior da boca.  
           
Em relação aos hábitos alimentares, esses insetos são polífagos (comem mais de uma variedade de alimento) geralmente consomem folhas de vários tipos de plantas tais como: citrosarrozsojapastagensalfafaeucalipto e outras. Estima-se que a quantidade diária de alimento ingerido seja equivalente ao seu peso. Em se tratando de um único inseto, não se percebem grandes alterações no ambiente, mas o problema é que algumas espécies de gafanhotos são gregárias (vivem em grupos) e podem representar uma grande ameaça para a agricultura e, indiretamente, para a agropecuária, uma vez que os rebanhos se alimentam dos vegetais.

A formação da nuvem e o deslocamento dos gafanhotos
           
A formação de uma nuvem de gafanhotos está diretamente relacionada com questões ambientais específicas. Um dos motivos para a formação dessas nuvens é o clima. Outro fator importante é a diminuição dos inimigos naturais desses insetos (sapos, pássaros, fungos e bactérias), em parte decorrente do uso abusivo e incorreto de inseticidas e agrotóxicos. Dessa forma, ao encontrarem condições favoráveis pelo caminho, como tempo quente e seco, vento e alimento, esses insetos vão se reproduzindo rapidamente, avançando pelas lavouras enquanto devoram tudo o que encontram pela frente.
           
Estima-se que haja cerca de 40 milhões de indivíduos por quilômetro quadrado da “nuvem”. Nesse caso, como não há alimento suficiente para sustentar todos os insetos do bando, o grupo se desloca em busca de comida, o que pode incluir plantações e áreas agrícolas. Das 400 espécies conhecidas, cerca de 50 são nômades, podendo percorrer uma média de 150 quilômetros por dia. Embora não transmitam doenças, o prejuízo econômico de uma nuvem de gafanhotos pode ser enorme.


As atuais nuvens de gafanhotos têm alguma relação com as pragas do Egito?

Definitivamente NÃO! O fato de uma nuvem de gafanhotos ter sido a 8ª praga do evento bíblico relacionado à libertação do povo de Israel do jugo egípcio tem dado “asas” à imaginação de muitos internautas. Porém, as dez pragas foram um evento pontual, específico, e não vão acontecer novamente. Qualquer semelhança é mera coincidência. Mantenha distância de sites que abordam tais especulações que visam atrair “likes” de curiosos e desinformados. Você pode ler a história dessa fantástica atuação de Deus para livrar seu povo no livro de Êxodo, nos capítulos 7 a 12.

Invasões de gafanhotos são novidade?
           
Não estamos acostumados a ouvir noticiários sobre “bandos” de gafanhotos invadindo lavouras, mas o fenômeno tem se tornado cada vez mais frequente. Na América do Sul, há registros de nuvens de gafanhotos atacando cultivos de mandioca na província de Buenos Aires em 1538. Em 2004, uma nuvem de gafanhotos chegou ao Cairo e as imagens dos insetos tapando a visão das Pirâmides de Gizé correram o mundo. Em janeiro de 2016 houve uma infestação no noroeste da Argentina, sendo considerado o maior ataque em 50 anos.

Infestações por gafanhotos no Brasil já causaram grandes perdas às lavouras de arroz na região Sul do País, nas décadas de 1930 e 1940. Desde então, o controle tem sido eficiente, mantendo-os em sua fase “isolada”, evitando a formação “nuvens”. Atualmente a única espécie nômade que vive regularmente no País e causa problemas é a Rhammatocerus schistocercoides, encontrada no Mato Grosso. Recentemente vemos uma ameaça em virtude de manifestações dos insetos no Paraguai e na Argentina.
           
Por outro lado, a praga está há meses assolando parte da África, do Oriente Médio e Sudeste Asiático, regiões já vulneráveis. Entre o fim de 2019 e o início de 2020, gafanhotos geraram alertas da FAO a países do leste da África para as piores infestações dos últimos 70 anos. A situação foi pior no Quênia, na Somália e na Etiópia, e fazendeiros relataram preocupação com a fome depois que os insetos comeram plantações inteiras de produtos como milho e feijão.

De fato, os noticiários mencionam que as atuais infestações são as piores em décadas. Diante disso, muitos têm voltado os olhos para o livro do Apocalipse, considerando que esse livro também faz menção a pragas no fim dos dias da Terra. Vimos que as infestações de gafanhotos nada têm que ver com as dez pragas do Egito, mas pode haver alguma relação com as pragas do Apocalipse ou com suas profecias?
           
Gafanhotos e o Apocalipse
           
Quando analisamos o cenário mundial, temos a percepção de que tudo ao nosso redor parecer estar em convulsão, prestes a ruir. Os noticiários do mundo todo estão repletos de rumores de guerras, manifestações públicas cheias de intolerância e ódio, causando depredação de patrimônios culturais, públicos e privados, incêndios que esforços humanos custam para controlar e apagar, terremotos, ciclones, disseminação de doenças (pestes) que causam danos físicos, sociais, econômicos e emocionais, além da crescente preocupação com pragas, como a dos gafanhotos. Cenários comuns em locais distintos, acontecendo em períodos próximos e cuja intensidade tem sido classificada como “a pior em décadas” nos fazem pensar se estamos mesmo vivendo o “fim dos tempos”, assim como descrito em Mateus 24.
           
Não bastasse isso, alguns recorrem à Bíblia e se deparam com o texto em que João também vê as guerras e pragas derramadas durante o sétimo selo, em Apocalipse 9:1-3: E o quinto anjo tocou a sua trombeta, e vi uma estrela que do céu caiu na terra; e foi-lhe dada a chave do poço do abismo. E abriu o poço do abismo, e subiu fumaça do poço, como a fumaça de uma grande fornalha, e com a fumaça do poço escureceram-se o sol e o ar. E da fumaça saíram gafanhotos sobre a terra; e foi-lhes dado poder, como o poder que têm os escorpiões da terra.”
           
Apesar disso, é preciso atentar para o fato de o livro do Apocalipse ser simbólico, e a única relação com as atuais nuvens de gafanhotos se dá pela característica voraz desse animal, e não ao inseto propriamente dito.  Você pode ler mais sobre os gafanhotos do apocalipse aqui.
             
Embora não seja uma das sete pragas apocalípticas, a Bíblia menciona que a maior frequência no aparecimento das “pragas” seria um dos sinais de que o mundo estaria, sim, chegando ao fim. E agora?

Uma boa notícia
           
Parece impossível conciliar os atuais eventos com qualquer boa nova, não é mesmo? Mas acredite, é exatamente o que tudo isso representa: o fim do sofrimento e da dor e a proximidade de uma vida eterna e feliz. Como assim? Tudo faz parte do plano de salvação elaborado por Deus para nos livrar da morte decorrente do pecado.
           
Cristo selou Seu pacto com a humanidade na cruz do calvário, mas o fim do pecado se dará somente com a segunda vinda de Cristo. Ele prometeu e vai cumprir. É aí que se encaixam as peças de toda desgraça que temos visto. Cristo sabia que o ser humano se esqueceria do “manual de instruções” deixado por Ele nos dez mandamentos, e consequentemente os hábitos destrutivos humanos refletiriam no caos que vemos hoje.
           
Por isso ele deixou na Bíblia os sinais de Sua volta para que pudéssemos nos preparar e poder ter “paz em meio à tempestade”. Um desses sinais é que a frequência de pagas e pestes iria aumentar com o passar do tempo, e estamos vendo isso diante de nossos olhos. Os sinais são muitos, mas o cenário da gloriosa volta de nosso Criador está quase completo.
           
Você sabe quais são os sinais da volta de Jesus? O que ainda falta acontecer? Não se deixe enganar por fontes duvidosas e especulativas. As respostas estão na Bíblia e vamos deixar links de estudo abaixo. Ore, peça orientação divina, estude e reparta essas boas-novas com as pessoas que você ama.
           
Quando tudo parecer ruir, lembre-se das palavras de Jesus: “Eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos.”

(Liziane Nunes Conrad Costa é formada em Ciências Biológicas com ênfase em Biotecnologia [UNIPAR], especialista em Morfofisiologia Animal [UFLA] e mestranda em Biociências e Saúde [UNIOESTE]. É diretora-presidente do Núcleo Cascavelense da SCB [Nuvel-SCB])

Referências:
MARTINEZ, Natasha Macias; ROCHA-LIMA, Ana Beatriz Carollo. A importância dos insetos e as suas principais ordens. Unisanta BioScience, v. 9, n. 1, p. 1-14, 2020.
MEDINA, HECTOR E.; CEASE, A.; TRUMPER, E. The resurgence of the South American locust (Schistocerca cancellata). Metaleptea, v. 37, n. 3, p. 17-21, 2017.
Canal Rural

LEIA MAIS SOBRE O ASSUNTO EM:

SÉRIE “AS PROFECIAS DE DANIEL”:

ESTUDOS SOBRE O APOCALIPSE:

quarta-feira, dezembro 04, 2019

Recombinação gênica: planejados para a diversidade


Recentemente, fui questionada sobre o mecanismo do crossing-over, em especial o motivo pelo qual esse evento biológico tem sido amplamente divulgado como uma “prova” de evolucionismo, haja vista seu importante papel na promoção de variações no código genético dos seres vivos. Nesse ponto, ao abordarmos “variabilidade genética”, é preciso lembrar que muitos “ataques” direcionados aos criacionistas ocorrem em virtude de nossa cosmovisão ter sido respaldada no passado (antes do advento da genética e dos conhecimentos sobre seleção natural), em uma visão fixista, na qual a vida criada por Deus era imutável.

Porém, essa ótica fixista foi sendo repensada e abandonada à medida que descobertas científicas, especialmente no ramo da genética, foram sendo reveladas. Com isso, a verdade é que a ideia da recombinação gênica revela um design ainda mais elaborado da criação de Deus, pois esse mecanismo é fundamental não apenas para permitir a sobrevivência dos seres vivos nos mais diversos ambientes, mas, especialmente, para garantir relevantes variações que lhes façam prosperar.

Compreendendo a biodiversidade

O conceito de diversidade biológica inicialmente esteve atrelado à quantidade de espécies que habitavam certo espaço geográfico. Entretanto, com o passar do tempo, a abundância dessas espécies no ambiente, a variação entre os organismos da mesma espécie, entre outros fatores, foram se somando ao conceito, promovendo profundas alterações. Assim, o conceito contemporâneo de biodiversidade visa a referir e integrar toda a variedade e variabilidade que encontramos em organismos vivos, nos seus diferentes níveis, e os ambientes nos quais estão inseridos.[1]

Convenção sobre Diversidade Biológica(CDB) define a biodiversidade em seu art. 2º, in verbis, como “a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte, compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas”. Essa definição foi incorporada ao nosso ordenamento jurídico pelo Decreto n° 2.519 de 1998, que promulgou a CDB no Brasil, sendo também integralmente repetida no artigo 2º, III, da Lei n° 9.985 de 2000, que, entre outras providências, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza. O art. 2º, III, da Lei Brasileira n° 9.985/2000.[1]

Como surgiu toda essa biodiversidade?

A grande diversidade de seres vivos reflete-se nas variadas formas de reprodução dos organismos vivos: a reprodução assexuada e a reprodução sexuada. A reprodução assexuada é a forma mais simples de reprodução, envolvendo apenas um indivíduo, geralmente com mobilidade limitada. É uma forma de clonagem natural, pois na reprodução são gerados indivíduos idênticos ao organismo que os gerou.[2] No caso de organismos unicelulares, por exemplo, a reprodução é feita a partir da fissão da célula que se divide em duas, idênticas ao organismo progenitor. Em organismos pluricelulares também há reprodução assexuada, apesar de não ser a única forma de reprodução das espécies. Nesse tipo de reprodução, a única fonte de variabilidade é a mutação, que, por sinal, ocorre em frequências significativamente baixas.[3]

A reprodução sexuada, por sua vez, é muito mais complexa e requer um gasto maior de energia. Nesse modelo de reprodução, são necessários dois indivíduos de cada espécie: um produz o gameta masculino e o outro o gameta feminino (mesmo no caso de indivíduos que produzam os dois tipos de gametas, eles por si sós não os fecundam, havendo necessidade de um segundo indivíduo para que ocorra a fecundação). A união dos dois gametas dá origem a uma célula ovo que, a partir de um processo de divisão celular e diferenciação, origina um novo indivíduo.[2] Embora existam variadas formas de reprodução sexuada, é importante ressaltar que em todos os casos o indivíduo originado a partir da fusão dos gametas é diferente de seus progenitores.

Desse modo, a reprodução sexuada origina uma variabilidade maior nos indivíduos, por meio de combinações entre os caracteres cromossômicos maternos e paternos no processo chamado crossing-over. Esse mecanismo permite que os 23 pares de cromossomos paternos e maternos, na espécie humana, por exemplo, sejam separados em diferentes combinações, refletindo na possibilidade de mais de oito milhões de gametas diferentes.[3]

Entendendo o crossing-over

Durante o processo de produção de gametas, mais especificamente durante a meiose (com mais detalhes aqui) ocorre o que conhecemos como crossing-over. Os cromossomos homólogos trocam pedaços, gerando um cromossomo distinto daquele presente na célula-mãe.[3]

A importância desse fenômeno é a possibilidade do surgimento de novas combinações gênicas a cada indivíduo que nasce, fazendo com que, apesar das diferenças, os indivíduos e seus familiares possuam algumas semelhanças.


Essa imagem representa o modelo básico da divisão celular para a formação dos gametas parentais, nos quais se percebe a presença de recombinação gênica, tendo em vista os diferentes gametas formados ao final da divisão meiótica. Apesar de o crossing-over parecer ser um mecanismo simples, no qual os cromossomos simplesmente “cruzam suas perninhas” em pontos específicos (quiasmas) e trocam informações, é importante lembrar que os cromossomos são compostos por DNA, que contém vários genes, com sequências nucleotídicas específicas, perfeitamente posicionadas, e uma pequena alteração em uma dessas bases nitrogenadas pode levar a mutações muito prejudiciais ao organismo. Esse processo precisa ser tão perfeitamente guiado a pronto de formar gametas com código genético funcional.

Nesse contexto, acreditar que processos aleatórios não guiados possam produzir um genoma funcional parece contrariar princípios lógicos. Assim, muito mais coerente e lógico é entender que o genoma deve conter mecanismos biológicos que permitam induzir a variação a partir de dentro, criteriosamente planejados para promover a variabilidade genética funcional: a recombinação gênica.[4]

A recombinação gênica não é acidental

No modelo evolucionário padrão o conceito de alteração não direcionada é fundamental. Logicamente, alterações acidentais em um sistema complexo devem ser consistentemente prejudiciais em algum grau. Os criacionistas apontam isso enfatizando a implausibilidade dos acidentes na explicação da complexidade da vida.[4]

Deus projetou a meiose de uma forma que naturalmente tende a aumentar a diversidade. O processo todo é complexo e conduzido por enzimas específicas, como as endonucleases, por exemplo. Ainda, estudos têm demonstrado que uma variedade de fatores genéticos e epigenéticos influenciam grandemente esse mecanismo de crossing over.

O ponto aqui é que a natureza mutagênica da meiose parece fornecer um mecanismo plausível para induzir esse tipo de variação dentro de um período de criação. A exigência de enzimas específicas e o padrão não aleatório de mudança na recombinação meiótica sugere que ela poderia desempenhar um papel significativo na produção da diversidade genética útil observada.[4]

Conclusão

Biólogos criacionistas reconhecem que a diversidade biológica observada dentro dos tipos criados hoje não pode ser adequadamente explicada pelo simples “embaralhamento” de versões pré-existentes de genes (alelos) e erros “acidentais” que se acumulam dentro do genoma. Os diversos fatores envolvidos na recombinação gênica reforçam grandemente os pressupostos criacionistas de que a variabilidade genética dos seres vivos é mediada por mecanismos complexos e interativos, resultantes de um planejamento minucioso.

Em Gênesis 1, Deus instruiu Suas criaturas recém-criadas a “serem fecundas, multiplicarem-se e preencherem” a terra.

1. Para que eles fossem frutíferos, Deus deu a cada grupo distinto a capacidade de reproduzir uma nova geração do mesmo tipo. 

2. Para que eles se multiplicassem, Deus concedeu às criaturas a capacidade de produzir mais de um descendente a cada geração. 

3. E para que eles preenchessem, Deus os equipou com a capacidade de expressar variações de traços entre as gerações. Essas variações ajudam os indivíduos não apenas a sobreviver, mas a prosperar em diferentes ambientes.

Dessa forma, os indivíduos de uma geração podem ser menores ou maiores que os de outra geração. A cor da pelagem ou o tamanho, a forma ou o número de barbatanas, escamas, chifres, flores ou folhas também podem ser diferentes. Apesar de todas essas variações, cada geração mantém fielmente os principais atributos de seu tipo, como o plano corporal e os órgãos vitais integrados, mesmo depois das inúmeras gerações que surgiram e se foram nos milhares de anos desde a criação.

Quanto mais estudo, mais me impressiono com o design da vida projetado por Deus. Em Sua infinita sabedoria Ele muniu Suas criaturas com todos os mecanismos biológicos necessários para se adaptar – dentro dos limites de um tipo criado – de maneiras que lhes permitem ser pioneiras e preencher os ambientes, mesmo com as constantes mudanças da Terra. Cada ser vivente fornece inúmeras razões para nos maravilharmos com a genialidade da engenharia do Criador.

(Liziane Nunes Conrad Costa é formada em Ciências Biológicas com ênfase em Biotecnologia [UNIPAR], especialista em Morfofisiologia Animal [UFLA] e mestranda em Biociências e Saúde [UNIOESTE]. É diretora-presidente do Núcleo Cascavelense da SCB [Nuvel-SCB])

Referências:

[1] AMÂNCIO, Mônica Cibele; CALDAS, Ruy de Araujo. Biotecnologia no contexto da Convenção de Diversidade Biológica: análise da implementação do Art. 19 deste Acordo. Editora UFPR: Revista Desenvolvimento e Meio Ambiente, n. 22, p. 125-140, jul./dez. 2010.
[2] GARCIA, Sonia M. Lauer; FERNÁNDEZ, Casimiro G. Embriologia-3. Artmed Editora, p.14,15, 2009.
[3] NUSSBAUM, Robert. Thompson & Thompson genética médica. Elsevier Brasil, 2008.
[4]LIGHTNER, J. K. Meiotic recombination—designed for inducing genomic change. Journal of Creation, v. 27, n. 1, p. 7-10, 2013.
[5] Cole, F., Keeney, S. and Jasin, M., Preaching about the converted: how meiotic gene conversion influences genomic diversity, Annals of the New York Academy of Sciences 1267:95–102, 2012

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quinta-feira, agosto 29, 2019

Diplópode de “99 mi de anos” força revisão na “evolução” dos artrópodes


O milípede recém-descrito (Burmanopetalum inexpectatum) visto em âmbar (Crédito da foto: Leif Moritz)

Uma equipe de paleontólogos da Bulgária e da Alemanha encontrou uma nova espécie de diplópode ou milípide, popularmente conhecido como “piolho de cobra”, em âmbar de Mianmar (antiga Birmânia). Usando as mais recentes tecnologias de pesquisa, os cientistas perceberam que não estavam apenas manipulando o primeiro fóssil de diplópode da subordem Burmanopetalidae, mas, especialmente, um indivíduo que, além de muito pequeno, apresentava uma morfologia tão incomum que se desviava drasticamente de seus equivalentes contemporâneos.[1]

Seu corpo, levemente enrolado na forma de um S, foi preservado tão perfeitamente que surpreendeu a equipe ao observá-lo no âmbar amarelo-limão. Os cientistas perceberam que o artrópode era uma espécie recém-descrita de diplópode com uma morfologia tão distinta que revisa o que os pesquisadores têm postulado sobre quando e como esses artrópodes evoluíram. Os resultados desse novo estudo foram publicados em 2 de maio de 2019, na revista ZooKeys.[1]

Os diplopodes são uma classe de artrópodes altamente diversificados, com mais de 11 mil espécies descritas. Apelidada de Burmanopetalum inexpectatum, a espécie de artrópode recém-descoberta de “99 milhões de anos” [segundo a cronologia evolucionista], tem cerca de 8,2 milímetros de comprimento e estava envolta em âmbar no vale de Hukawng, no estado de Kachin, no norte de Mianmar.[2]

Imagem processada em 3D
A fim de analisar e confirmar que o Burmanopetalum era de fato uma novidade, os cientistas utilizaram a microscopia de raios-x 3D para construir um modelo virtual do animal, incluindo seu esqueleto, anatomia interna e abundância de pernas minúsculas. A extraordinária e perfeita conservação do milípide possibilitou a observação dos minúsculos detalhes de sua morfologia, os quais raramente são preservados em fósseis.[1]

“Foi uma grande surpresa para nós que esse animal não possa ser colocado na atual classificação de milípedes”, relatou Storev.[1] As características que o diferem dos demais gêneros existentes de Callipodida estão relacionadas ao seu tamanho diminuto (menos de 1 cm de comprimento), olhos compostos por cinco ommatídeos (unidades formadoras dos olhos compostos) bem separados, ausência de cerdas pleurotérgicas e seu telson espatulado, que tem o dobro do tamanho do penúltimo anel do corpo.[2]

Como resultado, Stoev, juntamente com seus colegas Dr. Thomas Wesener e Leif Moritz, tiveram que revisar a classificação atual do diplópode e introduzir uma nova subordem (Burmanopetalidea) e uma nova família (Burmanopetalidae).

Curiosamente, o artrópode estudado não foi o único descoberto nesse depósito âmbar específico. Pelo contrário, foram encontradas aproximadamente 529 espécimes de diplópodes, contudo foi o único representante da sua ordem. É por isso que os cientistas o chamaram de Burmanopetalum inexpectatum: “inexpectatum” significa “inesperado” em latim, enquanto o epíteto genérico “Burmanopetalum” se refere ao país da descoberta (Myanmar, antiga Birmânia). O âmbar birmanês provou ser uma fonte importante de fósseis de artrópodes, contendo aproximadamente 849 espécies de artrópodes descritos.[2]

Nota: Primeiramente, conforme outros artigos já postados, reforço que os fósseis de âmbar são datados com idade na casa dos “milhões de anos” em virtude da camada estratigráfica em que são encontrados, além dos fósseis de idade nela contidos, não sendo assim uma datação direta.

É fantástico verificar que a cada nova espécie descoberta, especialmente as bem preservadas em âmbar, podemos contemplar a complexidade anatômica e morfofisiológica dos indivíduos, apesar dos supostos “milhões de anos” geralmente a eles atribuídos.

Algo que me chama muito a atenção é a complexidade visual dos seres vivos. A nova espécie relatada apresenta olhos compostos por cinco ommatídeos, um número bem maior que em outras. As imagens formadas pelos omatídeos são unidas como em um mosaico. As libélulas, por exemplo, possuem mais de 28 mil omatídeos nos olhos. Em biologia, omatídeos são unidades formadoras dos olhos compostos de um artrópode qualquer, com exceção dos aracnídeos, que têm olhos simples. Os omatídeos podem ir de um pequeno número até aos milhares. São formados por um conjunto de células fotorreceptoras rodeadas por células de suporte (células pigmentares).

A parte exterior do omatídeo contém uma camada transparente, denominada cristalino, que funciona como uma lente, responsável pelo foco da imagem. A luz é transmitida às células fotorreceptoras que a transformam num impulso nervoso. Cada omatídeo funciona como um olho individual e possui seu nervo óptico individual. Nesse sentido, a nova espécie, “supostamente” mais primitiva, tem um conjunto óptico muito complexo para um ancestral.

Nesse sentido, ressalto que a visão tem sido objeto de assombro durante toda a história, devido às suas funções críticas. Certamente a existência de olhos compostos e completamente funcionais em indivíduos que “antecedem” outros tem feito com que, de quando em quando, evolucionistas pensantes questionem seriamente a base de sua origem.

Permanece o questionamento sobre a ausência de ancestrais evolutivos que apresentem sistemas corpóreos com menor complexidade, a fim de fundamentar os dados das árvores evolutivas dos seres vivos, propostas pelos evolucionistas. O que percebemos é um constante “adequamento” por parte dos evolucionistas, ora acrescentando um ancestral, ora retirando e colocando outro, conectando indivíduos outrora separados, separando outros anteriormente conectados.

O curioso nesse artigo é que a nova espécie descoberta apresenta grande similaridade com as demais representantes contemporâneas. Apesar dos “99 milhões de anos” a ela atribuídos, as variações adaptativas não são significativas e estão dentro de um padrão aceitável e explicável de baixas variações.

(Liziane Nunes Conrad Costa é formada em Ciências Biológicas com ênfase em Biotecnologia [UNIPAR], especialista em Morfofisiologia Animal [UFLA] e mestranda em Biociências e Saúde [UNIOESTE]. É diretora-presidente do Núcleo Cascavelense da SCB [Nuvel-SCB])

Referências:
[1] IMBLER, Sabrina. Found: A 99-Million-Year-Old Millipede, Perfectly Preserved in Amber. Atlas Obscura. May 02, 2019. Disponível em: https://www.atlasobscura.com/articles/millipede-preserved-in-amber (acesso em 7/5/2019).
[2] STOEV, Pavel; MORITZ, Leif; WESENER, Thomas. Dwarfs under dinosaur legs: a new millipede of the order Callipodida (Diplopoda) from Cretaceous amber of Burma. ZooKeys, v. 841, p. 79, 2019. doi: 10.3897/zookeys.841.34991 disponível em: https://zookeys.pensoft.net/article/34991/ (acesso em 7/5/2019).

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