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sexta-feira, junho 24, 2016

Desunião europeia: cada vez mais barro e menos ferro

A profecia bíblica é infalível
Está em todos os jornais: primeiro-ministro britânico renuncia e Reino Unido abandona União Europeia. “Os britânicos votaram pela saída e sua vontade deve ser respeitada”, afirmou David Cameron. As Bolsas na Ásia despencaram e os mercados futuros da Europa e dos Estados Unidos também, antes mesmo de o resultado oficial ser divulgado. A libra esterlina, moeda do Reino Unido, atingiu o menor valor frente ao dólar em 31 anos. A opção de “sair” venceu por mais de um milhão de votos de diferença. A decisão é histórica e tem potencial para mudar o rumo da geopolítica mundial pelas próximas décadas. Há forte preocupação de que o voto pela saída tenha um efeito dominó, com outros países organizando consultas similares. Marine Le Pen, da extrema-direita francesa, afirmou que seu desejo é que cada país faça uma votação popular sobre a pertinência da União Europeia. Na Holanda, o chefe do Partido da Liberdade e membro do Parlamento, Geert Wilders, escreveu: “Agora é a nossa vez! Hora de um referendo holandês!”

Essa situação toda me fez viajar no tempo, mais de 20 anos atrás. Na época, exatamente no dia 27 de outubro de 1990, eu havia apresentado o tema da volta de Jesus no grupo de jovens católico do qual eu ainda fazia parte. Poucos meses antes, estudando as profecias de Daniel pela primeira vez, havia me deparado com o relato impressionante do capítulo 2, no qual a história da humanidade é esboçada por meio de uma estátua formada por partes de metais diferentes: a cabeça de ouro, que representa Babilônia; o peito e os braços de prata, símbolo dos medos e persas; o ventre de bronze, que representa a Grécia; as pernas de ferro, símbolo do Império Romano; e os pés de barro misturado com ferro (na verdade uma mistura imiscível), representando a fragmentação do Império Romano e a formação das nações da Europa que seriam em parte fortes, em parte fracas, e nunca mais se reunificariam, a despeito de vários esforços históricos, como os de Napoleão e Hitler, para mencionar apenas dois.

Conforme escreveu hoje Teresa de Souza, no portal de notícias Público, de Portugal, “as divisões, a falta de confiança mútua, a falta de coragem política, as vistas curtas apoderaram-se da Europa num grau demasiado elevado para alimentar algum otimismo”.

Quando expliquei isso para meus amigos duas décadas atrás, muitos deles expressaram incredulidade. Estávamos em plena fase 1 da União Econômica e Monetária (UEM) e já havia ocorrido a liberalização completa dos movimentos de capitais na União Europeia. Em dezembro do ano seguinte, o Tratado de Maastricht seria assinado, instaurando a União Europeia e prevendo uma moeda única no espaço de livre circulação de capitais. O tratado entrou em vigor em 1º de novembro de 1993. A unificação da Europa parecia fato consumado. E “minha” interpretação da profecia, ilusão. Saí daquela reunião um tanto frustrado, mas com a certeza de que a profecia era certa. Tanto que escrevi num papelzinho que carrego até hoje dentro de minha Bíblia de estudos: “Hoje, 27/10/90, de acordo com a profecia de Daniel 2, declaro que a Europa jamais se reunificará, como prova do iminente retorno de Jesus Cristo.” O tempo passou rápido. A Europa não se reunificou; a União Soviética caiu (sim, também sou desse tempo); e o evangelho do reino está sendo pregado em todo o mundo, como testemunho a todas as gentes, e então virá o fim (Mt 24:14).

Essa desagregação europeia, a crise financeira decorrente desse e de outros fatores, as ameaças terroristas, a aversão a todo tipo de fundamentalismo e a decadência moral no mundo clamarão pela interferência de um líder moral, influente o suficiente para conduzir as nações a uma falsa expectativa de paz (1Ts 5:3).

Bem, para quem estuda as profecias bíblicas, o fim desse filme já é conhecido. Leia sua Bíblia o quanto antes! Confira por si mesmo, como fiz lá nos anos 1990. Além do mais, não quero ficar dando spoilers por aqui. Por isso, vou dizer só mais uma coisa: o final será feliz!

Em 2012, publiquei em meu blog um texto do amigo Frank Mangabeira. Veja o que ele escreveu na época: “Ouro, prata, bronze e ferro: cada metal da estátua a seguir seu precedente é inferior. O poder humano está se desvanecendo na passagem dos séculos, embora aparente uma ilusória força. Os pés do ídolo já não são metal puro, e sim uma mistura de ferro com barro, denotando a debilidade e o iminente fracasso da civilização atual. O poderio tecnológico, a força pensante expressa na filosofia, o avanço e a arrogância do cientificismo, a suposta espiritualidade – elementos condensados nas grandes conquistas tão proclamadas pela raça humana – apresentam a aparência de ferro, mas estão fragilizados pela argila. O mundo moderno se faz de forte e resistente como o duro metal; contudo é evidente a sua fraqueza, especialmente nos campos moral e espiritual. As tentativas de melhora e união, nestes últimos dias, vêm resultando em fracassos contínuos. O homem, pobre barro, procura reafirmar-se sem Deus, esquecendo-se de que ‘tu és pó e em pó te tornarás’ (Gn 3:19). O barro nos pés da imperiosa estátua indica a falência do gênero humano, caso opte pela separação do Criador.

“No presente, na Terra ‘metalicamente’ dividida, as nações do mundo, sejam poderosas ou não, lutam em combate para ver qual ficará em ascensão. Entre o ouro da cabeça da estátua e a Pedra que inaugurará o reino do Altíssimo, estamos nós. Nesse intervalo histórico nossas escolhas definem nosso destino. Assim, em face do sonho profético dado a toda a humanidade, resta a cada indivíduo posicionar-se diante da Pedra. Só existem duas opções: ou cairemos sobre ela e nos despedaçaremos em arrependimento ou a Rocha dos Séculos cairá sobre nós e nos esmiuçará. O desejo de Deus é o melhor. Qual será o nosso? Nabucodonosor “caiu com o rosto em terra” (Dn 2:46) e reconheceu a grandeza e o poder do Altíssimo. O humilde gesto real foi a mais sábia e realista escolha. Expressaremos a mesma atitude ou nos manteremos arrogantemente erguidos?”

“Certamente cedo venho”! Esse é o aviso da Pedra que vem do céu, da Rocha eterna que breve virá.

Michelson Borges

domingo, agosto 24, 2014

Daniel 10, 11 e 12: Aposentando os mísseis

sexta-feira, agosto 22, 2014

Daniel 8 e 9: A batalha é muito mais antiga

quinta-feira, agosto 21, 2014

Daniel 7: Termina na bandeirada

terça-feira, agosto 19, 2014

Daniel 5 e 6: Escolhas

segunda-feira, agosto 18, 2014

Daniel 4: Sempre existe esperança

domingo, agosto 17, 2014

Daniel 3: Salvos do meio do fogo

sexta-feira, agosto 15, 2014

Daniel 2: A história do mundo em 49 versos

Daniel 1: Exilados

quinta-feira, agosto 14, 2014

O evangelismo divino e o livro de Daniel

Um Deus que Se revela
[A propósito do início da leitura do livro do profeta Daniel no projeto Reavivados por Sua Palavra, publico este texto do pastor Luís Gustavo Assis.] Deus encontra as pessoas onde elas estão. Esse é um princípio conhecido de evangelismo público. Mas ele não deve ser limitado a isso. Esse é um dos principais princípios de interpretação bíblica. Ao comunicar Sua mensagem, Deus não a revelou de uma forma desconhecida para o público. Antes, Ele a revelou de uma forma que fez sentido para os recipientes da mensagem. Creio que o livro do profeta Daniel seja capaz de demonstrar a aplicação desse princípio. É evidente que Daniel tem um significado especial para o adventismo. Nos últimos anos, diversos novos estudos foram produzidos por nossos teólogos abordando aspectos interessantes dessa obra.[1] Abaixo, gostaria de compartilhar como o livro de Daniel é capaz de nos ensinar muito sobre a didática divina e como esse conteúdo pode ajudar em nosso trabalho missionário.

Daniel 2 – Quem sabe esse seja o capítulo de Daniel mais abordado em estudos bíblicos, sermões e evangelismos. Gostamos de enfatizar o poder da profecia bíblica e sua capacidade de revelar o futuro muito tempo antes de ele acontecer. Mas por que será que Deus utilizou uma imagem para representar a história da humanidade? Entre os povos do antigo oriente médio, a história da humanidade costumava ser descrita como uma estátua humana.[2] Se os sábios da corte real soubessem qual era o sonho, eles não teriam muita dificuldade para entendê-lo. Eles estavam familiarizados com essa linguagem.

Mas aquela não era uma simples imagem. Era um ídolo. Se virarmos a página e lermos o capítulo três, veremos isso mais claramente. Ali está o relato de que o rei Nabucodonosor construiu uma imagem de ouro – o mesmo metal que representava seu reino na estátua do capítulo 2 –, e ela deveria ser adorada! Para um rei pagão como Nabucodonosor Deus revelou o futuro da humanidade na forma de um ídolo, e este sendo destruído. Deus estava indo ao encontro do rei em sua própria realidade!

A visão é concluída com uma rocha destruindo toda a estátua e se tornando uma grande montanha que encheu a terra. Trata-se do reino de Deus sendo estabelecido e durando para todo o sempre (2:44, 45). Essa linguagem não era desconhecida nem para Nabucodonosor, nem para o profeta Daniel. Inúmeros textos sumerianos, como o Cilindro de Gudea (c. 2500 a.C.), de Lagash, descrevem a inauguração de um templo como uma pedra se tornando uma montanha e enchendo toda a terra![3]

O que seria o reino de Deus, senão a presença de Deus com Seu povo, proporcionando paz e segurança? E o que seria um templo, senão a habitação de Deus entre Seu povo? Parte do currículo acadêmico de Babilônia envolvia o estudo da língua e da literatura sumeriana, tópicos a que Daniel deve ter sido exposto durante seus três anos de treinamento lá (1:5).[4] Deus moldou Sua mensagem de forma que Nabucodonosor e Daniel a compreendessem! Para nós que temos um abismo cultural e linguístico separando nossa realidade da deles, pode ser difícil reconhecer isso, mas, quando analisamos a cultura da época, esses símbolos fazem muito mais sentido.

Daniel 7 – A visão de Daniel 7 é basicamente a mesma do capítulo 2. Para tentar amenizar o fato de um rei pagão receber uma revelação divina, costumamos dizer que Nabucodonosor teve um sonho e Daniel teve uma visão. Na verdade, ambos foram profetas. O aramaico de Daniel 2:28 e 7:1 é praticamente idêntico. Tanto o profeta hebreu como o rei babilônico receberam a mesma revelação divina. No caso de Daniel, um fiel judeu, a visão não foi de um ídolo composto de vários metais. Ao invés disso, Deus utilizou o esboço da história da criação. Em Gênesis 1, temos as águas caóticas (v. 2; o ruach, palavra que pode significar tanto “espírito” como “vento”; pairar do Espírito de Deus), criação dos animais e a criação do homem, e este recebendo domínio sobre toda a criação. A mesma sequência pode ser vista em Daniel 7. A visão começa com os quatro ventos do céu agitando o mar (v. 1), quatro animais surgem na visão (v. 3), e o Filho do homem aparece para ter domínio sobre esses animais (v. 13 e 14). Esse simbolismo não seria claro para Nabucodonosor, mas para o profeta hebreu era. Deus foi ao encontro de Daniel com uma linguagem que era conhecida por ele.[5]
           
Além de Gênesis 1, outros elementos parecem ter influenciado a forma como Deus apresentou a visão no capítulo 7. A linguagem do capítulo é muito parecida com aquela usada em manuais de interpretação de sonhos e presságios da religião babilônica, algo que era muito familiar para alguém responsável por todos os magos, encantadores, caldeus e feiticeiros (Dn 5:11). Expressões como “quatro ventos do céu” (Dn 7:1) e animais com múltiplas cabeças e chifres são comuns nesse tipo de literatura.[6]

Outra influência provável na escolha dos animais da visão pode ser encontrada em Oseias 13:7, 8. Ali Deus afirma que atacaria Israel como um leão, um leopardo e uma ursa. O que temos em Daniel 7 é justamente isto: poderes opressores do povo de Deus ao longo dos séculos, isto é, Babilônia, Medo-Pérsia, Grécia e Roma. Se essa reconstrução estiver correta, Deus apresentou uma visão que fez perfeito sentido para o profeta, não apenas como um fiel seguidor e conhecedor das tradições do Antigo Testamento, mas também como um acadêmico da religião babilônica. 
           
Essa visão deve ter encorajado o profeta. Por anos ele estava vivendo em Babilônia e até aquele momento Nabucodonosor, um rei pagão, era quem recebia mensagens divinas (capítulos 2 e 4). Agora Daniel recebe a confirmação de que um dia o Filho do homem terá todo o domínio em Suas mãos, e esse domínio não passará para outra pessoa.

Daniel 8 – Alguns estudiosos do livro de Daniel tentaram ver uma conexão entre o capítulo 8 e calendários astrológicos usados entre os persas e gregos.[7] Ali, o carneiro simbolizava a Pérsia e o bode, a Síria, território dominado pelos Selêucidas após a morte de Alexandre, o Grande. Apesar de atrativa, essa ideia apresenta sérias fragilidades, sendo a principal delas o fato de estar baseada em fontes tardias (2º século a.C.), o que torna difícil verificar se alguém vivendo na Babilônia no 6º século a.C. estaria familiarizado com essa associação.

Se o pano de fundo de Daniel 7 parece ter sido Gênesis 1 e manuais de interpretações de sonhos e presságios babilônicos, o conteúdo da visão do capítulo 8 parece ser exclusivamente cúltico.[8] Por cúltico quero dizer que estava totalmente relacionado com a linguagem do tabernáculo israelita. Por exemplo, os símbolos do carneiro e do bode nos remetem a Levítico 16, o capítulo que descreve a cerimônia do Dia da Expiação. O “príncipe do exército” (v. 11) está relacionado com o homem vestido de linho em Daniel 10:5, exatamente o tipo de vestes que o sumo sacerdote usava nesse dia (Lv 16:4, 23, 32).[9] O uso do termo pesha’, traduzido como “transgressão” ou “abominação”, é sugestivo, já que esse tipo de pecado também era removido do tabernáculo no dia da expiação (cf. Dn 8:12, 13; Lv 16:16, 21). O uso do verbo “purificar” (heb. nisdaq; v. 14) também parece ter uma conotação cúltica, sendo utilizado como sinônimo do verbo hebraico tahar, purificar (cf. Jó 4:17; 17:9),[10] o mesmo utilizado para descrever a atividade de purificação no Yom Kippur.[11]

Um judeu piedoso como Daniel entenderia todo o simbolismo do capítulo 8. Depois de revelar que há um futuro promissor (Dn 7), Deus revelou quando Ele responderia aos diversos ataques dos Seus inimigos, neste caso, do chifre pequeno (Dn 8:9-14). O conteúdo básico da mensagem divina era compreensível para o profeta, apesar de uma porção precisar de mais esclarecimentos, no caso “a visão da tarde e da manhã” (Dn 8:26; 9:23-27). De qualquer forma, ao revelar Sua mensagem, Deus não o fez de uma forma totalmente aleatória em relação ao conhecimento e à realidade do profeta.
 
Concepção artística de Babilônia na época de Daniel
Conclusão – Especialmente em Daniel 2 e 7, Deus deu a mesma revelação para pessoas com bagagens culturais e religiosas totalmente diferentes e creio que essa postura divina tem muito a nos ensinar. Se Ele vai ao encontro das pessoas onde elas estão, por que não podemos fazer o mesmo? Por muitas décadas nosso evangelismo pessoal tem sido focado quase que exclusivamente entre cristãos de outras denominações. Quase que esquecemos por completo aqueles que não têm um vínculo religioso. Alguns mensageiros são tão afoitos que já começam um estudo bíblico falando sobre a guarda do sábado, o que a Bíblia ensina sobre a morte, santuário celestial, e outras doutrinas distintivas do adventismo. O que nos esquecemos é que em cada pessoa existe uma história, uma cultura, um estilo de vida. Se não criarmos uma ponte entre nossa mensagem e a realidade diária do ouvinte, a beleza da mensagem que temos não será apreciada.

Permita-me ilustrar. Quando fui professor de ensino religioso em Esteio, RS, aprendi na prática como não dar uma aula. Foi muito simples. Era simplesmente trazer um conteúdo pronto e despejar em cima dos alunos. Por outro lado, quando comecei a fazer debates sobre o conteúdo de alguns filmes que faziam parte da realidade deles e a partir daí levá-los às Escrituras Sagradas, podia notar o interesse crescente deles. Pegue, por exemplo, um filme como Man of Steel, a mais recente versão da história do Super-Homem. São inegáveis as semelhanças do enredo com Apocalipse 12 e a história de Jesus. Por que não posso usar essa produção de Hollywood como uma introdução ou ponto de contato para apresentar o evangelho para um jovem? Seria inapropriado? Não à luz do que vimos em Daniel 2! Essa abordagem pode ser útil para um adolescente ou jovem, mas não para uma senhora alheia a qualquer filme recém-lançado. Pessoas diferentes requerem abordagens diferentes. Não podemos imaginar que todos somos iguais.

Precisamos alcançar as pessoas onde elas estão. Isso envolve relacionamento, contato pessoal. Quem sabe isso seja difícil para nossa sociedade atual, já que estamos o tempo todo plugados em redes sociais. Elas podem ter o seu valor, mas nada substitui o contato pessoal. Quando o Deus do livro de Daniel Se tornou carne e habitou entre nós (Jo 1:14), Ele nos deixou um maravilhoso exemplo do que é alcançar as pessoas dentro da sua realidade. Será que estamos seguindo Seu exemplo?

(Luiz Gustavo Assis é pastor e faz mestrado nos Estados Unidos)

Referências:
1. Alguns dos recentes estudos feitos por teólogos adventistas sobre o livro de Daniel: Enrique Baez, Allusions to Genesis 11:1-9 in the Book of Daniel: An Exegetical and Intertextual Study (PhD. diss., Andrews University, 2013); Patrick Mazani, The Book of Daniel in Light of the Ancient Near Eastern Literary and Material finds: An Archaeological Perspective (PhD. diss., Andrews University, 2008); Winfried Vogel, The Cultic Motif in the Book of Daniel (New York, NY: Peter Lang, 2010); Martin Pröbstle, Truth and Terror: A Text-Oriented Analysis of Daniel 8:9-14 (PhD. diss., Andrews University, 2005); Lewis Anderson, The Michael Figure in the Book of Daniel (PhD. diss., Andrews University, 1997); Zdravko Stefanovic, Correlations Between Old Aramaic Inscriptions and the Aramaic Section of Daniel (PhD. diss., Andrews University, 1987); idem., Daniel, Wisdom for the Wise: Commentary on the Book of Daniel (Pacific Press, 2007).
2. Para uma introdução sobre o processo de interpretação de sonhos no Antigo Oriente Médio, ver A. Leo Oppenheim, The Interpretation of Dreams in the Ancient Near East (Gorgias Press, 2009).  
3. Greg K. Beale, The Temple and the Church’s Mission: A Biblical Theology of the Dwelling Place of God (Downers Grove, IL: IVP Academic, 2004), p. 51.
4. Jacques Doukhan, Secrets of Daniel: Wisdom and Dreams of a Jewish Prince in Exile (Hagerstown, MD: Review and Herald, 2000), 17.
5. Devo a Jon Paulien a ideia da relação entre Gênesis 1 e Daniel 7. Ele os apresentou em uma palestra aos pastores da Associação Central Sul-Riograndense, em agosto de 2011. Para mais detalhes sobre a história da criação no livro de Daniel, ver: Martin G. Klingbeil, “Creation in the Prophetic Litetature of the Old Testament”, Journal of the Adventist Theological Society 20/1-2 (2009), p. 47, 48; Jacques B. Doukhan, “Allusions à la creation dans le livre de Daniel”, em Adam S. vam der Wounde, The Book of Daniel in Light of New Findings (Biblioteca Ephemeridum Theologicarum Lovaniensium 106, Leuven: University Press and Peeters, 1993).
6. Ernest Lucas, “The Source of Daniel’s Animals Imagery”. Tyndale Bulletin 41.2 (1990), p. 161-185.
7. Aage Bentzen, Daniel: Handbuch zum Alten Testament 19 (Tübingen: J. C. B. Mohr, 1952), p. 69; Andre Lacocque, The Book of Daniel (Atlanta: John Knox Press, 1979); Norman W. Porteus, Daniel (Philadelphia, PN: The Westminster Press, 1965), p. 122; John Goldingay, Daniel, in World Biblical Commentary (Dallas, TX: Word Books, 1989), p. 208, 209.
8. Para uma introdução à linguagem cúltica do livro de Daniel, ver a já citada obra de Winfried Vogel, The Cultif Motif in the Book of Daniel, uma das mais recentes obras sobre esse aspecto do livro de Daniel.
9. Para mais argumentos sobre a identificação de Miguel como o “homem vestido de linho” em Daniel 10 e 12, ver a já citada dissertação de Lewis Anderson, The Michael Figure in the Book of Daniel, p. 296-317.
10. Richard Davidson, “The Meaning of Nisdaq”, Journal of the Adventist Theological Society 7/1 (1996), 107–119.
11. Existem outros indicativos para um pano de fundo do Dia da Expiação em Daniel 8. Estes foram listados apenas a título de ilustração. Ver Luiz Gustavo Assis, “The Background of the Imagery of Daniel 8: Cultic or Pagan?”, artigo não publicado.

segunda-feira, fevereiro 20, 2012

Daniel 10, 11 e 12 - Aposentando os mísseis

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Daniel 8 e 9 - A batalha é muito mais antiga

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sexta-feira, agosto 12, 2011

Daniel 10 - O making of da História

Depois de assistir a um bom filme, eu me obrigo a ver o making of. Desconfio que não seja o único a me interessar por isso, tal a qualidade dos making ofs em filmes recentes. O que me leva a assistir ao making of é o desejo de entender melhor o porquê de algumas opções estéticas do diretor, a maneira como o elenco e a equipe técnica interagiram, os desafios na realização do projeto e os “truques” de filmagem. Atualmente, além dos making ofs, muitos DVDs trazem a opção de se assistir ao filme com os comentários do diretor e/ou roteirista. Sabe de uma coisa? Quantas vezes na vida você e eu não gostaríamos de contar com um menu que disponibilizasse os “comentários do diretor”, ao mesmo tempo em que as coisas acontecem. Somente dessa forma poderíamos entender os motivos para a entrevista de emprego cair no sábado. Saberíamos há mais tempo que estávamos sendo traídos pela pessoa amada. Veríamos a mágoa que nossas palavras impensadas trouxeram a pessoas queridas...

Não pense que no fim da vida será possível fazer um retrospecto. Muitas vezes faltará uma perspectiva adequada. Pessoas que não tiveram discernimento ao longo da vida raramente poderão se autoavaliar próximo ao fim dela. Em outras ocasiões, não sobrará tempo hábil. E mesmo no caso de discernimento se conjugar com oportunidade, ainda assim a pessoa se defrontará com outra barreira: o desconhecido. Ninguém sabe dizer o que estava nos bastidores de cada ato de sua vida.

Se as considerações anteriores são válidas para o plano pessoal, também o são para a história humana como um todo. Como avaliar o amontoado de eventos de povos e indivíduos, imiscuídos em conquistas sanguinárias, motins, revoluções, manifestações do povo comum, avanços tecnológicos e relações diplomáticas? Os historiadores profissionais não se atêm a uma única alternativa quando se trata de encarar os fatos. Mas poucos se arriscam a delimitar um fluxo da História, capaz de explicar razoavelmente o passado, compreender o presente e prover a chave para o entendimento do futuro.

Entretanto, posso assegurar a você que, se fosse possível olharmos para o segredo da “máquina do mundo” (como no poema de Drummond), veríamos o Deus de amor, como o grande diretor da vida de indivíduos e da própria História. Esse quadro é o que Daniel nos oferece no capítulo 10 de seu livro.

Daniel descreve uma visão ocorrida na época de Ciro, que se caracterizava como uma “guerra prolongada” (Dn 10:1). Em virtude do quadro profético, Daniel enfermou por três semanas (v. 2), período no qual mal conseguia se alimentar (v. 3), o que também parece ter se devido à atitude dele de se humilhar para entender melhor o assunto (v. 12).

Após esse início assustador, o profeta foi confortado por um ser celestial que, à semelhança do que vimos no capítulo 9, afirmou que Deus o enviou por consideração ao profeta, o qual é considerado “homem muito amado” (Dn 9:22-23; 10:11,18, 19). Apesar de tamanhas manifestações sobrenaturais e da grandiosidade da mensagem, apenas Daniel recebeu a visão – seus acompanhantes nada viram (Dn 10:7).

O anjo que fala com Daniel (v. 11-21) revela que a visão trata de um combate entre ele e o “Príncipe da Pérsia” (v. 13, 20), e outro combate vindouro, dessa vez, contra o “Príncipe da Grécia” (v. 20). Seria irrazoável crer que tais príncipes citados se referem a meros seres humanos, porque assim teríamos que admitir um combate entre eles e um anjo de Deus! O contexto dá a entender que seriam entidades espirituais em luta, tentando influenciar nações e governos, quer para o bem, quer para o mal. De fato, “a nossa luta não é contra seres humanos, mas contra os poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestes” (Ef 6:12, NVI).

A boa notícia em face disso é que há um Deus participativo, e Ele Se envolve em todas as esferas nas quais enfrentamos conflitos. O anjo reconheceu que Miguel (outro nome para Jesus) o assistia (Dn 10:13). Mas o que mais me fascina nesse texto é que o mesmo Miguel Se identifica conosco, a ponto de ser intitulado “o príncipe de vocês”, isto é, de toda a raça humana. Se os Céus se abrissem, veríamos um Deus todo-amoroso nos acompanhando atentamente em nossa jornada de lágrimas, decepções e apertos no peito. A mão dEle Se estende para amparar carinhosamente os que sofrem por amor à cruz ou que enfrentam a pressão do grupo, por teimarem em agir de acordo com a Bíblia, contrariando assim o padrão comportamental desta época. E o fato de Deus estar lá (e aqui!) é motivo suficiente para crermos que há um sentido para a vida.

(Douglas Reis é pastor e capelão em Santa Catarina)

Pense e discuta:

1. Mencione uma situação negativa ou traumática pela qual você passou sem conseguir entender o propósito de Deus. Como Daniel 10 o ajuda a aceitar as coisas que não entendemos?
2. Percebendo que Satanás e seus anjos tentam dominar os líderes das nações, estamos intercedendo por nossos governantes? De que forma poderíamos fazer isso de maneira organizada?
3. Como saber que Deus conduz a História o conforta?

Quem é o Arcanjo Miguel

Êxodo 23:20, 23 – O Anjo de Israel
Atos 7:38 e versos anteriores – O Anjo de Israel é Jesus
1 Coríntios 10:4 – Quem os seguia (a Pedra) era Cristo (cf. Êxodo 14:19)
Judas 9 – O Arcanjo Miguel (hebraico = “Quem é como Deus”)
Josué 5:13-15 – O Príncipe do exército do Senhor (“Descalça as sandálias...”)
Êxodo 3:5, 6, 2 – O “Anjo do Senhor” é o “Eu Sou”
Gênesis 22:11, 12 – Anjo do Senhor
Juízes 6:11, 14, 16 – O Anjo do Senhor aparece a Gideão
Malaquias 3:1 e Tiago 2:25 – Anjo = mensageiro
João 17:3 – Jesus, o supremo Mensageiro
Isaías 63:9 – O “Anjo da Sua presença”
Gênesis 48:16 – O Anjo que redime
1 Tessalonicenses 4:16 – A voz do Arcanjo ressuscita os mortos
João 5:28, 29 – A voz do Filho de Deus chama os mortos à vida
Daniel 12:1-4 – Quando Miguel Se erguer, no tempo do fim, ocorrerá a ressurreição

Clique aqui para fazer o download da palestra em PowerPoint.

domingo, julho 17, 2011

Daniel 9 (parte 2) – O Jesus pouco divulgado

Em que você pensa quando ouve a palavra “Jesus”? Algumas imagens, sem dúvida, aparecem de forma automática em seu cérebro: um homem ainda jovem estendendo a mão sobre um cego acamado ou alguém submetido a ofensas e maus-tratos até ser pendurado em uma cruz. Conhecemos o Jesus que nasceu de uma virgem e foi acolhido em um estábulo. Ouvimos do Jesus que no início da adolescência impressionou os experts em religião. Estamos familiarizados com poucos pães alimentando grandes públicos, travessias sobre ondas bravias, mortos deixando suas tumbas em rochas e paralíticos que, ao serem curados, pareciam estar em uma aula de aeróbica, de tão eufóricos!

A questão é que, para além de um Jesus atrelado a essas atividades tão bem retratadas nos evangelhos, vemos outro Jesus: aquele que morreu, ressuscitou, ascendeu ao Lar e hoje ministra no santuário celestial. E este aspecto importantíssimo é retratado nas profecias de Daniel. O estudo do magnífico ministério de Cristo em Seu santuário vai exigir mais de nossa atenção, contudo, irá nos presentear com uma compreensão mais clara de Jesus e Sua obra.

Primeiramente, vamos relembrar o que descobrimos no capítulo 8. Além de apresentar os grandes impérios mundiais desde a época de Daniel até o fim, a profecia destaca o poder perseguidor que se colocaria contra Deus e Seu povo – o poder romano. Tal poder perseguidor é retratado em suas duas fases: a Roma dos imperadores e a Roma dos papas. Esta última ganha maior destaque em Daniel 8.

Outro detalhe vale ser mencionado: no capítulo 8, nem tudo recebe explicação. O próprio anjo, que serve de intérprete para Daniel, declara: “A visão da tarde e da manhã, que foi dita, é verdadeira; tu, porém, preserva a visão, porque se refere a dias ainda muito distantes” (Dn 8:26). Qual parte da profecia deixou de receber esclarecimento? Aquela que se referia a um período específico de tempo, as 2.300 tardes e manhãs (Dn 8:14). Daniel se incomodou bastante por não compreender esse pedaço da visão, a ponto de adoecer (Dn 8:27).

Passam-se os anos, Babilônia é subjugada pela Medo-Pérsia e a situação dos judeus continua a mesma. Talvez isso perturbasse Daniel, conhecedor que era de que o cativeiro de Israel duraria 70 anos (como descobrimos, Daniel era profundo estudioso das profecias de Jeremias). E se a parte não esclarecida da visão (capítulo 8) indicasse uma nova resolução divina, no sentido de prolongar o tempo de cativeiro?

Neste ponto, Daniel é como você e eu, alguém que tinha dúvidas a respeito do cumprimento da vontade de Deus. A saída? Orar! O experiente estadista só poderia pedir ao Senhor para restaurar Sua nação desgarrada. O mais tocante é que o coração do Santo do Universo não fica imune aos rogos de Seus filhos sinceros e, por isso, a oração do profeta cativo em terra estranha teve pronta resposta.

O mesmo anjo responsável por dar a notícia a uma jovem israelita de que ela seria mãe do Salvador da raça humana foi incumbido de socorrer Daniel. O motivo? Deus amava e tinha em alta conta o profeta (Dn 9:21-23). O mesmo tipo de interesse pela alma em dúvida, que se ajoelha em busca de luz, é manifestado pelo Céu em nossos dias.

O anjo didaticamente responde a dúvida de Daniel a respeito da visão. De qual visão estamos falando? A única visão que não fora completamente elucidada, como vimos, é a que acompanhamos no capítulo 8. As “2.300 tardes e manhãs” não receberam uma explicação; sendo assim, voltar para esse assunto era parte da tarefa do anjo Gabriel.

Vale observar que “tardes e manhãs” é o fraseado que na Bíblia descreve o dia judaico – que se inicia ao pôr do sol (à tarde, portanto) e se estende ao poente do dia seguinte (cf. Gn 1). Logo, 2.300 tardes e manhãs são 2.300 dias.

“Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo” (Dn 9:24). O termo “determinadas” significa, literalmente, que as setenta semanas foram “cortadas”, “separadas” de um período maior. Setenta semanas equivalem a 400 dias, um período menor do que os 2.300 dias. Na verdade, as setenta semanas são uma fatia dos 2.300 dias.

Quando tem início essa profecia? De acordo com a exposição feita por Gabriel, a partir da “saída da ordem para edificar Jerusalém”, que naquele instante histórico estava reduzida a escombros (Dn 9:25 ). Houve pelo menos três decretos permitindo aos judeus o retorno a sua pátria. Somente um deles, o último, nos interessa, pelo seu caráter definitivo que levou à libertação de Israel. Esse decreto, assinado por Artaxerxes, em 457 a.C., se acha registrado em Esdras 6:6-12.

Temos de aplicar o princípio dia/ano que usamos para compreender o capítulo 7. O uso dessa ferramenta nos levará a entender que as 70 semanas ou 490 dias equivalem a 490 anos literais. Esse período começa em 457 a.C. e termina em 27 d.C. (isso porque não existe o ano-zero; o ano 1 a.C. é seguido pelo ano 1 d.C.). Qual a finalidade desse tempo especial predito por Daniel? Os 490 anos servem como uma oportunidade para que os judeus, como povo, deixassem de pecar, tivessem suas faltas removidas, experimentassem a justiça eterna e o santuário celestial fosse ungido, como uma forma de inauguração (Dn 9:24).

Para entender como isso iria acontecer na prática, temos que nos voltar para a última semana (de 27 a 34 d.C.). Nos últimos sete anos, viria o Ungido, ou seja, Jesus estaria capacitado para a Sua missão como Salvador. Sabemos que antes de começar Seu ministério efetivamente, Jesus foi batizado por João Batista (Mt 3:13-17). O batismo foi Sua unção. O que viria a seguir?

“Ele [o Unido, Jesus] fará firme aliança com muitos por uma semana; na metade da semana [o que equivale a três anos e meio] fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares […]” (Dn 9:27). O ministério de Jesus durou três anos e meio, exatamente como Daniel predisse! Ao fim desse tempo, Jesus foi sacrificado na cruz, anulando a lei cerimonial judaica, que servia apenas como um símbolo de Sua vinda. Cordeiros não precisavam mais ser mortos, porque o Cordeiro de Deus finalmente chegara (Jo 1:29).

Se Jesus começou Seu ministério em 27 d.C. e morreu três anos e meio depois, estamos no ano 31 d.C. Mas ainda haveria outros três anos e meio equivalentes à segunda metade da última semana. Só daí acabaria a oportunidade que Deus dera aos judeus.

De fato, a oportunidade passou sem ser aproveitada. No ano 34 d.C., os judeus marcaram sua recusa ao plano de Deus, condenando o diácono Estêvão (At 7) e iniciando uma perseguição que dispersou os cristãos de Jerusalém. Com isso, os seguidores de Cristo passaram a compartilhar as boas-novas em outras terras.

As 70 semanas apontam para o amor incondicional de Deus, e também mostram a ingratidão e descaso humano diante das oportunidades da graça.

Como foi falado, as 70 semanas (ou 490 anos) são uma “fatia” dos 2.300 anos. Levando-se em conta que os 490 anos terminam em 34 d.C., temos que continuar a partir dessa data para contabilizar a última parte da profecia. Dos 2.300 anos, descontando 490 (que se aplicam aos judeus especialmente), sobram 1.810 anos. Contando de onde paramos, chegamos à data de 1844. O que aconteceria, portanto, em 1844? “Até duas mil trezentas tardes e manhãs e o santuário será purificado” (Dn 8:44).

Em 22 de outubro de 1844,* Jesus iniciou Sua obra no santuário celestial, “que o Senhor erigiu, não o homem” (Hb 8:2). O santuário celeste, que serviu de modelo para Moisés construir o tabernáculo do deserto (Hb 8:5), agora serviria de palco para uma nova fase da obra de Jesus. Graças a essa nova obra, você pode se aproximar de Deus. Atenda ao convite inspirado: “Acheguemos-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna.”

(Douglas Reis é pastor, escritor e capelão em Santa Catarina)

Pense e discuta:

1. Revise os cálculos dos 2.300 anos e das 70 semanas e faça o seu próprio gráfico da profecia.
2. Que benefícios a obra de Jesus no santuário celeste traz para a sua vida cristã?
3. A ideia de um Juízo antes da volta de Jesus o assusta? Como podemos encarar o juízo de forma positiva?

(*) A data 22 de outubro corresponde à comemoração do dia da expiação judeu no ano de 1844. Levando-se em conta que o dia da expiação, quando o sumo sacerdote comparecia ao compartimento Santíssimo do templo, é símbolo do juízo antes da volta de Jesus, não restam dúvidas de que o início da última obra de intercessão realizada pelo Salvador ocorreu no mesmo dia que a festa que a prefigurava. Um grupo de judeus rígidos, chamados caraítas, chegou à data de 22 de outubro para o acontecimento do dia da expiação em 1844 mediante observação rigorosa dos preceitos bíblicos, usando o aparecimento da Lua e da cevada no campo para estabelecer o início dessa festa religiosa. Mesmo os caraítas tendo aberto mão de sua contagem do tempo, aceitando formas não bíblicas de cálculos como os demais judeus, ainda em 1844 eles continuavam com seu calendário a parte. (Para maiores detalhes, ler o artigo “22 de Outubro ou 23 de Setembro”, de Christian Alvarez, publicado na revista Ministério de julho-agosto de 2008, p. 17-20).

Leia também: “Daniel 9 (parte 1): Fazendo o melhor pelos outros”

sexta-feira, julho 08, 2011

Daniel 9 (parte 1): Fazendo o melhor pelos outros

De mãos dadas com a mulher, o homem negro avança com nobreza até a saída da penitenciária. A imprensa e o povo se espremem na tentativa de vê-lo, acenando entre sorrisos confiantes. Os quase trinta anos de detenção não amenizaram as marcas de intrepidez no rosto de alguém que lutou pelo povo – uma luta pelo direito de voz e voto, de liberdade e cidadania, de justiça e igualdade para o homem negro. Era o fim do apartheid, regime que segregava desumanamente na África do Sul as pessoas de acordo com sua etnia. As pressões internacionais aliadas às revoltas populares consolidaram a libertação de um dos maiores vultos do século 20: Nelson Mandela.

Ao longo da História, poucos homens abraçaram causas humanitárias com tanto destemor e abnegação como Mandela. Isso porque é natural a todos nós buscar aquilo que é de nosso interesse, ao invés da procura por interesses alheios. Por esse fator, a vida dos heróis que lutaram por seus países, povos ou grupos sociais nos emociona tanto.

Semelhante em disposição a Mandela, um estadista hebreu abriu mão de seus interesses com o objetivo de priorizar seu povo. Os judeus sofriam em exílio, inseridos em uma realidade mais atroz do que a enfrentada por homens e mulheres negros contemporâneos de Nelson Mandela. Tendo servido na corte desde a época de Nabucodonosor, o profeta Daniel permanecia na política, mesmo após a substituição da dominação babilônica pelo comando do Império Medo-Persa. Na ótica do mensageiro de Deus, parecia que o cativeiro era interminável. Embora soubesse pelo estudo das profecias de Jeremias (Jr 29:10) que o exílio duraria 70 anos, Daniel se sentia inseguro, uma vez que nada em seu horizonte apontava para o fim do cativeiro.

Uma possibilidade começou a se desenhar na mente daquele estadista experiente: Será que o cativeiro não estava sendo postergado devido aos pecados do povo? Afinal, a própria razão de ser da condição dos judeus, arrastados para um país estrangeiro, tinha explicação na extrema rebeldia nacional, que os levara a rejeitar coletivamente a mensagem divina dada por meio de vários profetas, entre os quais contava-se o próprio Jeremias (2Cr 36:15-21). Se o comportamento rebelde da nação se repetisse, como Deus poderia abençoá-los?

Como você é capaz de notar, Daniel, a quem a Bíblia não atribui nenhum erro específico e que sempre procurou manter conduta exemplar, tinha motivos suficientes para criticar a postura de seus compatriotas. Aliás, não é assim que agimos ao perceber erros na forma como a liderança da igreja atua? Não criticamos os organizadores quando o culto jovem fica aquém do esperado? Numa geração marcadamente influenciada pelo padrão de qualidade das emissoras de televisão, a exigência é constante. Temos uma percepção mais crítica em relação às atividades da igreja. Mas não para por aí. Tendemos a criticar indivíduos por suas deficiências e fracassos. Esse espírito corrosivo, invariavelmente, volta-se contra nós mesmos, agindo como um ácido sobre a espiritualidade – já que a crítica aos que nos rodeiam tira o foco de nós mesmos, deixamos de enxergar a “trave” de nosso olho enquanto reparamos no cisco que invade a retina do próximo (Lc 6:42)…

Daniel, felizmente, tinha outra mentalidade; ele resolveu orar por seu povo. Não foi uma corriqueira oração antes do almoço – Daniel realmente orou! Ele jejuou e deixou de usar as finas roupas da realeza, passando a se cobrir com um tecido áspero, além de jogar terra sobre a própria cabeça, em sinal de humilhação na presença do Senhor (Dn 9:3).

Por favor, não deixe esta cena passar despercebida: Daniel intercede pelo seu povo. Em sua oração, não há discriminação entre ele e Israel como um todo; os pecados são confessados em nome de um “nós” que engloba indistintamente Daniel e toda a comunidade da qual ele fazia parte. Que autoconceito equilibrado Daniel manifestou! Longe de qualquer sentimento de prepotência ou arrogância, ele se inclui entre aqueles que necessitam de restauração espiritual (Dn 9:4-8).

Simultaneamente, o profeta e estadista revela um senso peculiar de dependência divina. Sua confiança na palavra de Deus confiada a Moisés praticamente dirige o raciocínio dessa comovente oração (Dn 9:11-13).

Quando nossa disposição é orar em lugar de criticar, algumas coisas mudam, primeiramente em termos de suprimento relativo às necessidades que nós temos. Deus nos atende quando vê não egoísmo, mas altruísmo no coração que ora. Afinal, Ele sabe que, ao responder a prece do altruísta, a bênção se multiplicará, porque será repartida com outras pessoas. Não quer você também permitir que o Espírito Santo crie em você o desejo de interceder pelos anelos e urgências de outros? Deus o convida agora para olhar para algo maior do que o seu próprio umbigo – a mão estendida de quem carece do seu melhor.

(Douglas Reis, pastor e professor em Santa Catarina)

Pense e discuta:

1. Cite pelo menos três atitudes que Daniel manifestou ao orar que podem ser aplicadas em sua vida hoje.
2. Que semelhanças você encontra entre Daniel 9:3-19 e Neemias 1:4-11?
3. Só orar não basta! O que você pode fazer de prático para ajudar a outros?
4. Já ouvi testemunhos que começam descrevendo diversas tentativas humanas para resolver determinado problema; havendo todas elas fracassado, a pessoa afirmou que, naquele momento, havia decidido orar. Por que deixamos a oração por último? De que precisamos a fim de priorizar a oração na hora da crise?

Clique aqui para fazer o download do PowerPoint da palestra sobre os capítulos 8 e 9 de Daniel.

Leia também: "Capítulo 8 – A batalha é muito mais antiga"

quarta-feira, julho 06, 2011

Vídeo: Daniel 1 - Exilados

sexta-feira, julho 01, 2011

Daniel 8 – A batalha é muito mais antiga

Eu me encontrava em uma cidade do Rio Grande do Sul, realizando meu estágio em evangelismo. Naquele dia, um membro de igreja se ofereceu para me acompanhar na visitação aos interessados na mensagem bíblica. Logo na primeira casa em que entramos, enfrentei uma situação que me pegou completamente despreparado. Meu acompanhante, um senhor de meia-idade, tinha um relacionamento familiar complicado, com poucas oportunidades para falar e ser ouvido (como vim a descobrir posteriormente). Por isso, não demorou muito para que ele começasse a falar incontrolavelmente por quase vinte minutos! Aquele homem bondoso, mas pouco estudado, certamente estava munido das melhores intenções.

O que realmente me chamou a atenção foi uma das “provas” usadas por ele para convencer a pessoa que estávamos visitando: o cumprimento de Daniel 8. Para o senhor adventista que estava comigo, Daniel 8 se cumpriu quando um avião do grupo terrorista da Al Qaeda (o bode voador) “quebrou” as duas torres do World Trade Center (os dois chifres do carneiro). O ano era 2001 e o maior atentado da História tivera lugar havia menos de dois meses.

Aquela interpretação curiosa da profecia foi muito difundida nos meios evangélicos; talvez por isso alguns adventistas, por falta de informação, a tenham adotado, embora não seja a forma adventista de ver o cumprimento de Daniel 8. E aqui é preciso dizer que uma interpretação só é válida quando faz com que se “encaixem” todos os detalhes encontrados em determinado texto (essa regra simples pode ser aplicada a praticamente qualquer interpretação de qualquer livro). Esse conceito está presente na velha máxima segundo a qual “a Bíblia é sua própria intérprete”. Então, cabe a pergunta: Como interpretar Daniel 8 à luz da própria Bíblia?

No capítulo 8, vemos imediatamente dois animais: um carneiro invencível, com dois chifres – um era maior do que o outro (Dn 8:3, 4); o outro animal, um bode com um chifre notável, era tão rápido que nem sequer tocava no chão (Dn 8:5-7).

Poderíamos “quebrar a cabeça” na tentativa de adivinhar de que ou quem a profecia está tratando. A boa notícia, porém, é que o capítulo 8 se explica sozinho. O carneiro é identificado com o reino da Medo-Pérsia (Dn 8:20), que já estava em ascensão nessa época e viria a se tornar o próximo grande império, de acordo com a sequência que vimos nos capítulos 2 e 7. Babilônia, o primeiro desses impérios, não aparece representada por nenhum símbolo, provavelmente porque já se achava em declínio.

O segundo animal é o poder grego (Dn 8:21, 22). Novamente a principal liderança grega, personificada por Alexandre, o Grande, dá lugar a uma liderança múltipla (o grande chifre cai, sendo substituído por quatro chifres – os quatro generais que sucederam Alexandre após sua morte, você se lembra?). Já deu para perceber que o conflito retratado no capítulo 8 de Daniel não envolve os EUA e os terroristas islâmicos; estamos diante de um conflito muito mais antigo…

Mas não é só isso. Surgiria ainda um terceiro poder. E, mais uma vez, temos que prestar atenção nos detalhes para interpretar corretamente a Bíblia. Vamos ler os versículos 8 e 9 da profecia: “O bode [que já sabemos se refere à Grécia] se engrandeceu sobremaneira; estando, porém, na sua maior força, aquele grande chifre foi quebrado [a morte de Alexandre, o Grande], e surgiram no seu lugar quatro também notáveis [os quatro generais que dividiram o Império Grego entre si], para os quatro ventos do céu [isto é, para todas as regiões da Terra]. De um deles saiu um chifre pequeno, o qual cresceu muito para o sul, para o oriente e para a terra formosa.”

A pergunta é: De onde vem o chifre pequeno? O texto diz que o chifre pequeno sai “de um deles”. Do modo como a frase se acha em nossa Bíblia, temos duas possibilidades: (1) o pequeno chifre sai de um dos quatro chifres ou (2) o pequeno chifre sai de um dos quatro ventos. Antes de prosseguirmos, alguém poderia perguntar: Saber de onde vem o chifre pequeno faz alguma diferença? Faz, sim!

Veja as consequências das duas interpretações: se aceito que o pequeno chifre sai de um dos quatro chifres (interpretação número 1), tenho que admitir que o pequeno chifre é parte do Império Grego, já que os quatro chifres nada mais representam do que os quatro generais de Alexandre, ou seja, a continuidade do Império Greco-Macedônico.

De fato, os evangélicos em geral aceitam essa interpretação. Quem seria, então, o chifre pequeno para muitos cristãos? Um rei medíocre da dinastia dos selêucidas (originária de Seleuco, um dos quatro generais de Alexandre) chamado Antíoco Epifânio. Ocorre, porém, que Epifânio não cumpre todas as exigências da profecia. A prosperidade por um longo tempo (Dn 8:12) não descreve seu reinado de altos e baixos. Outro argumento contrário a essa interpretação é que o próprio Jesus, reportando-Se a essa profecia, alegou que a “abominação desoladora” ainda iria acontecer e Epifânio reinou de 175 a 164 a.C. Como Jesus poderia Se enganar tanto em relação à interpretação de Daniel capítulo 8?

Resta pensarmos na segunda alternativa (interpretação número 2): o pequeno chifre sai de um dos quatro ventos. Mas seria essa interpretação adequada ou apenas “menos ruim” do que a primeira? Pare e pense: os quatro ventos simbolizam as quatro regiões da Terra. Assim, podemos concluir que o chifre pequeno surge de um dos quatro pontos cardeais. Logo, ele é um poder novo, distinto da Grécia. Isso combina com o que já vimos em Daniel 2 e 7. A mesma sequência de impérios mundiais aparece em todos os capítulos estudados (com a omissão justificada de Babilônia). O poder romano (que se segue à Grécia, tanto em Daniel 2, 7, como no capítulo 8), em sua fase papal, corresponde às características que a profecia atribui ao chifre pequeno, o qual iria (1) engrandecer-se (Dn 8:10), (2) substituir o sacrifício de Cristo (v. 11, 25), (3) ter sucesso em sua oposição à verdade (v.12, 24) e (4) perseguir o povo de Deus (v. 24).

Como endosso a essa segunda interpretação, há um dado importante: as línguas escritas apresentam a ideia básica de concordância de gêneros. Ninguém diz: “Minha tia é bonito”, por exemplo. Masculino concorda com masculino e feminino com feminino. Essa constatação óbvia nos ajuda a entender melhor o que Daniel escreveu. Em Português, tanto “chifres” como “ventos” são palavras masculinas, o que torna a expressão “de um deles” dúbia. Mas na língua original, a palavra correspondente a “chifres” é feminina, enquanto as demais são masculinas, o que não deixa dúvidas quanto ao fato de que o chifre pequeno surge de um dos quatro ventos (C. Mervin Maxwell, Uma Nova Era Segundo as Profecias de Daniel, p. 158).

À semelhança do que ocorre em Daniel 7, vemos que a ação de um poder maléfico desperta uma reação divina. E isso nos leva a um diálogo singular em Daniel 8. Dois anjos estão conversando. Um deles pergunta sobre a duração do sucesso de Roma papal em se opor a Deus e Seu povo. Até quando o mal prosperaria? “Até duas mil trezentas tardes e manhãs, e o santuário será purificado”, responde o segundo anjo.

Não se trata apenas de chifres, animais exóticos, anjos e perseguições; estamos diante do desdobramento do grande conflito. Verdades ignoradas por muito tempo seriam revitalizadas. Um Deus justo acionaria Seu julgamento para condenar o poder romano e reivindicar a causa de Seus seguidores fiéis. Daniel 8 revela a luta entre o bem e o mal. A batalha é muito mais antiga do que muitos podem entender em uma leitura superficial do texto. E o mais importante, dentro dessa batalha, é que você escolha de que lado vai lutar.

(Douglas Reis é pastor e capelão em Santa Catarina)

Pense e discuta:

1. Descreva o que fazer para evitar que os grandes acontecimentos criem interpretações sensacionalistas da Bíblia.

2. Daniel se angustia no fim da visão (Dn 8:27) por não conseguir entender de forma completa o que lhe fora revelado. Isso mostra o quanto o profeta estava interessado em aprender as coisas celestiais. Faça uma lista de suas prioridades para a vida espiritual, descrevendo quanto tempo você quer dedicar a cada um dos itens citados.

3. Exponha dentro de seu grupo de estudos o que mais lhe chamou a atenção no estudo de Daniel 8.

4. Em muitas das profecias de Daniel, alguns grupos cristãos são caracterizados como perseguidores e contrários à verdade. Ainda assim, Deus conhece os corações sinceros das pessoas que participam dessas instituições religiosas corrompidas; por isso, Deus as convida para sair de onde estão e juntar-se a Seu povo (Ap 18:4). Pense em três maneiras de “resgatar” essas pessoas sinceras do lugar em que se encontram.

Leia também: "Daniel 7 - Termina na bandeirada"

terça-feira, junho 21, 2011

Daniel 7 - Termina na bandeirada

Os fãs do automobilismo por todo o Brasil anteviam seu triunfo com certa nostalgia, vendo no jovem de 27 anos a esperança de um novo período de conquistas sobre quatro rodas; uma era como fora a de Ayrton Senna, que emocionou o País. E já tendo cruzado a linha de chegada com sua potente Ferrari, Felipe Massa aguardava o fim da prova que o consagraria campeão mundial da Fórmula 1 – e justamente em Interlagos, durante o Grande Prêmio do Brasil. Seria um presente inesquecível para a torcida verde e amarela. Seria. Em pleno 2 de novembro de 2008, Dia de Finados, foram as esperanças de Massa que acabaram sepultadas no autódromo. Para sagrar-se campeão, o piloto brasileiro tinha a obrigação de vencer a prova e torcer para que seu rival, o inglês Lewis Hamilton, chegasse em 6º lugar. Entretanto, na última volta, Hamilton ultrapassou o carro de Timo Glock, piloto da equipe Toyota, chegando assim em 5º lugar e marcando um ponto a mais que Felipe Massa. Naquele domingo, Lewis Hamilton competentemente tirou das mãos de Massa uma vitória que mesmo o mais amargurado pessimista daria como certa.

Apesar de perder o título na última volta, Felipe Massa, minutos após o término da corrida, falou que aquele fora um “dia sensacional”, completando em seguida: “Lógico que as coisas mudarem na última curva era um pouco... não era esperado; acho que mostra que a corrida acaba na bandeirada.”

Vamos aproveitar essa valiosa lição vinda da Fórmula 1 para refletir em algo mais sério. Pare e pense a respeito das condições do mundo: a corrupção na política que é deixada impune; a violência nos lares ganhando espaço nos telejornais; a imoralidade oferecida como produto pelos grandes portais na internet... Se existe um conflito entre o bem e o mal, quem parece estar ganhando? Tudo nos leva a crer que a vitória do mal está assegurada. Mas, por favor, espere mais um pouco – espere até chegarmos à última bandeirada. Porque, à semelhança da temporada de 2008 da Fórmula 1, o triunfo do bem (que foi definitivamente alcançado na cruz do Calvário) será visível para todos na última prova, na última bandeirada.

Daniel 7 é uma confirmação disso. Para que você e eu tenhamos certeza de que Deus está no controle absoluto da História, o Espírito Santo nos deixou essa profecia. Muito do que você já viu em Daniel capítulo 2 se repete agora. Isso nos dá a oportunidade de rever o que já aprendemos e expandir ainda mais nossa compreensão.

No capítulo 2, Daniel ora para compreender o sonho do rei Nabucodonosor. O profeta se inteira, então, tanto do sonho como de seu significado. Na presença do rei de Babilônia, Daniel apresenta o “pacote completo”: sonho mais interpretação. Você lembra?

No capítulo 7, é Daniel quem tem um sonho. Em lugar de estátua, surge um desfile de animais estranhos. Cada animal corresponde a uma parte da estátua, representando os mesmos reinos conhecidos desde o segundo capítulo do livro de Daniel.

Em Daniel 7, vemos o primeiro dos animais – um leão com duas asas – representar o reino da Babilônia, assim como a cabeça de ouro; em seguida, surge um urso manco, que, da mesma forma que o peito de prata, simboliza a Medo-Pérsia, império que sucederia Babilônia; o terceiro reino é a Grécia, que em Daniel 2 aparece como o quadril de bronze, enquanto no capítulo 7 é prefigurado por um leopardo com sete asas e quatro cabeças (as asas indicam a velocidade das conquistas de Alexandre, o Grande, e as quatro cabeças, a divisão do império após a morte de Alexandre entre seus quatro generais: Lisímaco, Cassandro, Ptolomeu e Seleuco); finalmente, temos Roma, antes sob o símbolo das pernas de ferro (Daniel 2) e agora presente na forma do animal terrível e espantoso, com dentes também de ferro (Daniel 7).

O foco de Daniel 7 se torna a perseguição contra o povo de Deus durante as duas fases do último reino (Roma). Diversos imperadores romanos ordenaram que os seguidores de Jesus fossem perseguidos, torturados e, caso se recusassem a abrir mão de sua fé, que fossem mortos de forma humilhante (em muitos casos, por crucificação). Geralmente, a perseguição aos cristãos durante o reinado de Diocleciano (entre os anos 303 a 313 d.C.) é citada como uma das mais drásticas.

Mas o poder romano apresentaria uma segunda fase. Por isso, o quarto animal, terrível e espantoso, se subdivide em dez reinos (chifres), representando a divisão que se seguiu no território romano com a invasão dos povos bárbaros (o que ocasionou a origem da moderna Europa Ocidental). Por essa época, surgiria um novo poder, reunindo a mesma autoridade política do Império Romano, com o acréscimo da autoridade religiosa.

O novo poder, caracterizado como uma ponta pequena, iria (a) falar contra Deus (isto é, blasfemar), (b) perseguir os cristãos fiéis aos princípios da fé evangélica, (c) mudar o único mandamento que trata de um tempo específico (isto é, o quarto, que manda separar o dia de sábado para adorarmos ao Criador) e (d) perseguir o povo cristão por um período de 1.260 anos. Com uma descrição tão exata da atuação da ponta pequena (Dn 7:25), e entendendo que seu surgimento ocorreria no contexto europeu (v. 24), fica fácil entender qual entidade ela representa: a ponta pequena é um símbolo da Igreja Romana, herdeira da autoridade do Império Romano, bem como de seu ódio pelos cristãos que tinham apenas na Bíblia sua fonte de autoridade espiritual.

Aparentemente, o mal triunfou. Durante 1.260 anos, a Igreja Romana perseguiu cristãos, mandou e desmandou em reis e ditou as regras no Ocidente. Mas, lembre-se, ninguém vence até ser dada a bandeirada! Deus deu um basta nos abusos satânicos. Para refrear o mal e garantir a recompensa dos filhos do Reino, foi instalado um tribunal – um tribunal celestial (Dn 7:9-10, 26-27). O tribunal é o meio divino para alcançar a vitória.

Não precisamos nos desesperar em face de violência, imoralidade, impunidade, guerras e demais problemas modernos. O nosso Senhor Jesus, que Se assentou em Seu tribunal, diante do Pai, completará o julgamento e virá nos resgatar. Ele tem nos reservado um reino eterno. Ali, o mal será menos do que a lembrança de um competidor vencido na última volta.

(Douglas Reis é pastor e professor na Escola Adventista de São Francisco do Sul, SC)

Pense e discuta:

1. O que podemos fazer para evitar que o mal presente na sociedade diminua a esperança dos cristãos? Dê exemplos práticos.
2. No fim do capítulo 7, Daniel confessa que reteve no coração as palavras da profecia (Dn 7:28). Quais atitudes você pode tomar a fim de manter em sua mente o que aprende com as profecias?
3. Escreva numa folha pelo menos três verdades que vimos no capítulo 7 de Daniel que podem aumentar sua fé diante dos desafios do dia a dia.
4. “Sejam também pacientes e fortaleçam o seu coração, pois a vinda do Senhor está próxima” (Tg 5:8). De que maneiras a profecia de Daniel 7 nos revela que Jesus está próximo de voltar?
5. Pense de que forma você poderia compartilhar a mensagem de Daniel 7 com um amigo não-adventista durante esta semana.

Clique aqui para fazer o download da palestra em PowerPoint.

sexta-feira, junho 10, 2011

Daniel 6 – Pé na cova, olhos no Céu

Frank Westphal foi o primeiro pastor adventista do sétimo dia a pisar em solo brasileiro. Em fevereiro de 1895, ele desembarcou no Rio de Janeiro com uma missão muito especial: batizar os primeiros conversos em nosso país. Primeiramente, ele se dirigiu ao interior do Estado de São Paulo. No rio Piracicaba, em abril de 1895, Westphal batizou Guilherme Stein Jr. Depois, o pastor se dirigiu a Santa Catarina, para batizar em Brusque e Gaspar Alto os primeiros conversos ao adventismo no Brasil, entre eles o pioneiro Guilherme Belz, convencido da santidade do sábado em 1890. Westphal ficou cinco meses trabalhando no Brasil, mas, finalmente, chegou o momento de voltar para sua família, que na época residia na Argentina. Quando chegou em casa, a esposa e o filho de quatro anos foram recebê-lo à porta, mas a filhinha Helen não apareceu. A Sra. Westphal, com o olhar triste, contou ao esposo que a menina havia falecido duas semanas antes. Muitas cartas foram enviadas ao Brasil, relatando a situação de Helen, mas nenhuma delas chegou às mãos do pastor.

O texto a seguir é um dos relatos missionários mais emocionantes que já li. Foi escrito por Westphal e o reproduzi em meu livro A Chegada do Adventismo ao Brasil: “À medida em que ela me contou os detalhes acerca da batalha perdida para a morte, nossos corações sofreram, mesmo que não desejássemos reclamar. Além do mais, essa triste experiência abriu mais ainda nossa compreensão do maravilhoso amor de Deus. Percebemos mais profundamente quão grande foi o amor do Pai Celeste em ter dado Seu único Filho para morrer uma morte cruel, numa terra estranha, distante de Seu lar celestial e de todos aqueles de quem recebia amor e simpatia. Isto nos levou a consagrar nossas vidas uma vez mais a Deus e à Sua obra, e trabalhar fielmente, para que venha logo o dia em que o Senhor aparecerá e devolverá nossa pequena filha aos braços de sua mãe.” Que maturidade espiritual!

Daniel, no alto de seus mais de 80 anos de idade, também poderia ter reclamado do que a vida lhe aprontou. Graças a uma trama diabólica arquitetada por seus invejosos colegas da corte medo-persa (sempre eles), acabou sendo condenado à cova dos leões. “[Daniel] era fiel, e não se achava nele nenhum vício nem culpa” (Dn 6:4). Mas quem disse que isso é garantia de ausência de problemas? A dor, as provações e as lutas batem à porta de todos neste planeta; o que os diferencia é a atitude em face da tragédia.

Manipulado pelos ministros, governadores e prefeitos, o rei Dario baixou um decreto segundo o qual pelo período de 30 dias todo mundo deveria orar apenas ao rei, sob pena de, caso desobedecesse, ser jogado aos leões. Claro que o monarca gostou daquilo. A vaidade falou alto e ele assinou a lei; e nem se lembrou do ancião judeu a quem aprendera a respeitar – tanto que inicialmente pensou até em colocá-lo como a mais alta autoridade no reino (v. 3), justamente o que motivou o plano vingativo.

Em lugar de se desesperar ou reclamar, Daniel manteve a serenidade e fez exatamente o que fazia todos os dias: “Entrou em sua casa, no seu quarto em cima, onde estavam abertas as janelas para o lado de Jerusalém, e três vezes no dia se punha de joelhos, orava e dava graças, diante do seu Deus, como também antes costumava fazer” (v. 10, grifo acrescentado). Dava graças?! Que maturidade espiritual!

“Em tempos de provação e tristeza, os filhos de Deus devem ser precisamente o que eram quando suas perspectivas brilhavam de esperança e estavam cercados de tudo o que poderiam desejar” (Ellen G. White, Profetas e Reis, p. 545).

Daniel suportou a prova porque tinha por hábito orar três vezes ao dia (e, como já vimos, ele também era estudioso das Escrituras). Se ele tivesse deixado para orar somente no momento do aperto, como se Deus fosse um bombeiro a quem Se invoca apenas para apagar fogos, certamente não teria resistido à pressão.

Quando o rei Dario entendeu o que estava acontecendo, era tarde demais. As leis medo-persas não podiam ser revogadas, nem por ele. Daniel teria que ir para a cova. “O teu Deus, a quem tu continuamente serves, Ele te livrará”, disse Dario (v. 16). O soberano passou a noite em claro e em jejum (v. 18). Bem, parece que ele teve uma noite pior que a de Daniel...

Com os pés na cova, Daniel tinha os olhos no Céu. Ele sabia que “o Céu está mais próximo daqueles que sofrem por amor da justiça” (Profetas e Reis, p. 545). Ficou tranquilo, pois tinha certeza de que o Deus em quem confiava guardava-lhe a vida. Ao longo de oito décadas, mantivera relacionamento íntimo com seu Criador e sabia que podia depositar total confiança nEle.

De manhã cedo, o rei correu para a cova e gritou: “Daniel, servo do Deus vivo! Será que o seu Deus, a quem você serve com tanta dedicação, conseguiu salvá-lo dos leões?” (v. 20, NTLH). Na voz de Daniel não havia angústia, como na do rei: “O meu Deus mandou o Seu anjo, e fechou a boca dos leões, para que não me fizessem dano” (v. 22). O rei passou a noite em claro. Daniel pode ter dormido encostado na juba de um leão!

Por vezes, os cristãos terão que passar pelo “vale da sombra da morte” (Sl 23:4), mas uma coisa ninguém pode tirar deles: a paz e a confiança. Pode ser que sejamos livrados dos leões, mas noutras ocasiões, por causa de nossa fidelidade a Deus e aos Seus mandamentos, poderemos até perder o emprego, um ano de faculdade ou até a vida. O que importa é ser fiel como Daniel, Westphal e tantos outros. O resultado poderá ser um testemunho como o dado pelo rei Dario, após tirar Daniel da cova:

“[O Deus de Daniel] é o Deus vivo, que vive para sempre. O Seu reino nunca será destruído; o Seu poder nunca terá fim. Ele socorre e salva; no céu e na terra, Ele faz milagres e maravilhas. Foi Ele quem salvou Daniel, livrando-o das garras dos leões” (NTLH).

E Ele quer salvar você do “leão que ruge, procurando alguém para devorar” (1Pe 5:8, NTLH). Ande com Jesus e Ele fechará também a boca desse leão.

(Michelson Borges, jornalista e mestre em teologia)

Pense e discuta:

1. Por que a oração é importante na vida do cristão?
2. Como desenvolver a fé para resistir nos momentos de pressão e prova?
3. Que resultados pode ter nosso testemunho de fidelidade a Deus?

Leia também: “Daniel 5 – Escolhas”

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sábado, junho 04, 2011

Daniel 5 – Escolhas

Raynald III viveu no século 14. Era um verdadeiro bom vivant e extremamente gordo, tanto que também ficou conhecido pelo apelido latino Crassus, que quer dizer gordura. Após uma disputa violenta, seu irmão mais novo, Edward, comandou uma rebelião contra ele. Edward capturou Raynald e em vez de matá-lo construiu um quarto ao redor dele, no Castelo de Nieuwkerk, e prometeu que ele poderia recuperar a liberdade assim que conseguisse sair dali. Detalhe: o quarto tinha várias janelas e uma porta de tamanho quase normal, que ficavam abertos, mas impediam a passagem do corpanzil de Raynald. Para recuperar a liberdade, portanto, ele precisava perder peso. Mas Edward conhecia bem o irmão mais velho e todos os dias lhe enviava comidas deliciosas. Raynald não perdeu peso. Pelo contrário, engordou mais e ficou no quarto por dez anos, até que o irmão morreu em batalha. Entretanto, logo em seguida, sua saúde ficou tão arruinada que ele morreu dentro de um ano. Raynald foi prisioneiro do próprio apetite; escolheu a satisfação em lugar da liberdade.

O capítulo 5 de Daniel também fala de escolhas. Pouco mais de vinte anos haviam se passado desde a morte de Nabucodonosor. Quem reinava agora era Nabonido, auxiliado pelo filho Belsazar. A triste cena narrada por esse capítulo mostra o corregente dando uma festa no palácio. Não contente com a bebedeira e as orgias idolátricas, mandou trazer os utensílios que outrora haviam sido utilizados no santuário de Deus, em Israel. Iria se embriagar com os recipientes que haviam recebido o sangue dos cordeiros que representavam a Jesus. O pecado é assim mesmo: uma vez acariciado, leva a pessoa à cegueira, a tal ponto que ela não mais discerne entre o sagrado e o profano.

Quando a mente já estava entorpecida pelo vinho, Belsazar sentiu um calafrio lhe percorrer a espinha. O que era aquilo? Ele deve ter esfregado os olhos quando viu uma mão misteriosa escrevendo algo na parede branca. Tentando se recompor (embora os joelhos tremessem de medo), ele deu uma ordem: que os encantadores e os feiticeiros fossem trazidos ali imediatamente, a fim de interpretar o que a mão havia escrito. E prometeu que quem fizesse isso seria o terceiro no reino, ou seja, ocuparia função apenas abaixo de Nabonido e dele mesmo.

Belsazar não aprendera a lição. No tempo de Nabucodonosor, ficara mais que provado que os feiticeiros e astrólogos não passavam de charlatães inúteis. E, como tal, mais uma vez falharam; não puderam ler a escrita na parede, o que deixou o rei ainda mais perturbado.

Naquele momento, entrou no salão de festas a rainha mãe (possivelmente uma das esposas de Nabucodonosor). Ela conhecia Daniel e fez lembrar ao rei que o hebreu tinha o “espírito dos deuses santos” (v.11; ela não sabia dizer Espírito Santo, mas tudo bem...). Daniel, agora com mais ou menos 80 anos, foi chamado à presença do rei, que lhe ofereceu todas as riquezas prometidas aos outros sábios. Como quem não deve nada a ninguém, movido pela fé e coragem que o caracterizavam, o profeta disse: “As tuas dádivas fiquem contigo, e dá os teus presentes a outros. Todavia lerei ao rei a escritura, e lhe farei saber a interpretação” (v. 17).

Em seguida, Daniel recapitulou a história da ascensão, queda e conversão de Nabucodonosor. Disse também que, embora Belsazar soubesse de tudo isso, não humilhou o coração (v. 22). Nas palavras de Ellen White, “a oportunidade de conhecer e obedecer ao verdadeiro Deus tinha-Lhe sido dada, mas não tinha sido levada ao coração, e ele estava prestes a colher as consequências da sua rebelião” (Profetas e Reis, p. 529).

De uma forma ou de outra, todos têm oportunidades de escolher o caminho certo. Se usam mal a liberdade que possuem, à luz da verdade que lhes foi apresentada, devem assumir as consequências dessa escolha. Foi o que aconteceu com o inconsequente Belsazar.

A inscrição traduzida por Daniel era um juízo contra Babilônia e seu rei. Dizia: “Mene, mene, tequel e parsim.” Decifrada, fica: “Contou Deus o teu reino e o acabou. Pesado foste na balança, e foste achado em falta. Dividido foi o teu reino, e dado aos medos e persas” (v. 26-28).

Naquela mesma noite, os persas desviaram o curso do rio Eufrates, que cruzava Babilônia, entraram por baixo dos muros, pelo leito seco, e mataram os guardas sonolentos. O período da cabeça de ouro da estátua de Daniel 2 estava acabado. Os braços de prata agora dominavam o cenário histórico. Dario, o medo, era o novo rei.

Já pensou que você pode estar sendo “pesado” hoje? Agora é o dia da salvação, diz Paulo, em 2 Coríntios 6:2. Qual a sua situação diante de Deus? Para que lado vai pender o prato da balança? Satanás, como o irmão mais velho de Raynald, nos conhece bem. Sabe que pontos fracos explorar para nos manter presos a uma vida de pecado.

Aquilo que ouvimos, lemos, assistimos, pensamos, comemos... de uma forma ou de outra contribuirá para decidir nosso destino. Por isso, devemos fazer escolhas sábias, orientados pela Palavra de Deus e fortalecidos pelo poder do Espírito Santo – o mesmo Espírito de quem Daniel era cheio.

(Michelson Borges, jornalista e mestre em teologia)

Pense e discuta:

1. Quais as consequências de se manter um pecado consciente e acariciado?
2. Como podemos fortalecer nossa força de vontade para resistir aos apelos do mundo e nos “desviar do mal” (Jó 1:1)?
3. De que forma podemos ser “cheios do Espírito” (Ef 5:18)?

Testemunho da arqueologia

O livro do profeta Daniel, no capítulo 5, menciona que o rei de Babilônia em 539 a.C. era Belsazar. Mas a história oficial afirmava que esse homem nem sequer existira. “Para vexação de tais críticos, W. H. F. Talbot publicou em 1861 a tradução de uma oração – escrita em caracteres cuneiformes – oferecida pelo rei Nabonidus, na qual ele pede aos deuses que abençoem seu filho Belsazar!” (H. Fox Talbot, “Translation of Some Assyrian Inscriptions”, Journal of the Royal Asiatic Society 18 [1861]:195 – citado por C. Mervyn Maxwell, Uma Nova Era Segundo as Profecias de Daniel, p. 91 [Casa]. Ver também: Revista Adventista, abril de 1996, p. 11).

Os críticos, então, aceitaram a existência de Belsazar, mas em sua resistência contra a Palavra de Deus, alguns deles continuaram insistindo que Belsazar jamais fora identificado como rei, fora da Bíblia. Até que, em 1924, foi traduzido e publicado o Poema de Nabonidus (Tablete nº 38.299 do Museu Britânico) por Sidney Smith. Esse documento histórico oficial atesta que Nabonidus deixou Babilônia e se dirigiu a Tema, e no trono deixou quem? Belsazar!

E mais: o livro Profetas e Reis, de Ellen White, saiu do prelo em 1917, portanto, sete anos antes da publicação do Poema de Nabonidus. E a afirmação da Sra. White de que Belsazar fora admitido em sua juventude a partilhar da autoridade real, não apenas era desconhecida pela História, na época, como não constava na Bíblia! Como poderia ela ter sabido, em detalhes, que Nabonido havia partilhado sua autoridade real com o filho? Certamente o mesmo Espírito que inspirou Daniel também inspirou Ellen White.

Para vergonha dos críticos, uma vez mais o relato bíblico estava confirmado. Daniel vivia na corte de Babilônia e estava familiarizado com esse costume de o filho assumir o cargo do pai, quando este saia em excursões militares. Portanto, “em instância após instância quando se destacava a inexatidão histórica como sendo prova da autoria tardia e espúria dos documentos bíblicos, o relatório dos hebreus tem sido vindicado pelos resultados das escavações recentes, e comprovou-se que os juízos zombeteiros dos documentaristas carecem de fundamento” (Gleason L. Archer Jr., Merece Confiança o Antigo Testamento, p. 183, 184).

Leia também: "Daniel 4 - Sempre existe esperança"