No último feriado da independência (7 de setembro), visitamos duas fantásticas grutas mineiras a caminho da histórica cidade de Diamantina, terra natal do ex-presidente Juscelino Kubitschek e da famosa ex-escrava Chica da Silva.
O objetivo da viagem não era somente conhecer Diamantina, mas aproveitar o trajeto de Belo Horizonte até a cidade para visitar algumas atrações como a Lagoa do Paulino e a Gruta Rei Mato em Sete Lagoas, além da Gruta de Maquiné e o Museu Casa de Guimarães Rosa em Cordisburgo.
Lagoa do Paulino, Sete Lagoas-MG
Planejamos a viagem com antecedência e conseguimos comprar as passagens aéreas Rio-Belo Horizonte-Rio a um custo menor do que se fôssemos de ônibus. Chegamos no aeroporto de Confins bem cedo, pegamos o carro alugado e partimos direto para Sete Lagoas, parando na Lagoa do Paulino. Ao redor da lagoa há vários bares, restaurantes e hotéis. O lugar é bem agradável, ideal para uma caminhada matinal, que foi o que fizemos. Demos uma volta completa na lagoa e seguimos para a Gruta do Rei Mato.
A gruta Rei do Mato tem 998 metros de extensão, dos quais somente 220 metros estão abertos à visitação pública. A entrada da atração não cria muitas expectativas nem prepara o visitante para as maravilhas que se vê lá dentro.
Depois de andar alguns metros em uma plataforma de metal, é preciso descer por uma escadaria iluminada. A visita é feita em grupos acompanhados por guias locais.
A gruta é dividida em quatro salões: Couve-Flor, Blocos Desabados, Poço dos Desejos e Poço das Raridades. Dentro dela foram descobertas pinturas rupestres feitas há seis mil anos.
O nome da gruta teve origem no fato dela ter sido habitada por um homem misterioso que instigava a curiosidade da população. Ele era possivelmente um fugitivo da Revolução de 1930 que ganhou o apelido de "Rei do Mato".
À medida que descíamos as escadas, cruzávamos com gigantescos blocos de estalactites (formas pontiagudas que nascem a partir do teto) e estalagmites (formas arredondadas que crescem a partir do chão).
Esses blocos são surpreendentemente gigantescos e adquirem uma aura mágica com a incidência de luzes especiais. O guia nos informou que nenhuma gruta brasileira tem em seu interior formações tão complexas.
O projeto de iluminação parece ter sido elaborado com o objetivo de fazer o visitante se sentir em outro planeta e as crianças vibravam com a novidade!
A ação da água é responsável pela formação de espeleotemas, espécie de esculturas que ornamentam as cavernas. Esses cristais, geralmente brancos e brilhantes, são moldados a partir de substâncias químicas ou sais minerais das rochas que, aos poucos, são transportados pela água. Alguns espeleotemas adquirem formas conhecidas, como de vegetais e objetos, que ajudam a batizar os salões.*
A gruta possui vários conjuntos de escorrimentos, formações que cobrem as paredes, também chamadas de cascatas de pedras.
O que mais me impressionou foram as colunas resultantes do encontro entre estalactites e estalagmites. É difícil imaginar que esse fenômeno demora milhares de anos para acontecer. Incrível mesmo!!!!!
O salão Desabados é um dos mais importantes da gruta Rei do Mato por possuir formações raríssimas, como as duas colunas cilíndricas e harmônicas compostas de cristais de calcita, com diâmetro médio de 20 cm a 30 cm e altura aproximada de 20 metros.*
Quando chegamos ao fim da visita, o guia se ausentou por alguns segundos e acionou um botão que encheu o salão de luzes coloridas que incidiam sobre as rochas aumentando a sensação de experiência extraterrestre!
A iluminação realmente cria um cenário deslumbrante e a cor das luzes muda a cada segundo, produzindo imagens completamente diferentes, conforme vocês podem conferir nas fotos a seguir.
Eu fiquei fascinada com tudo o que vi e recomendo muito esse passeio!!!!
Em seguida, partimos em direção à cidade de Cordisburgo para conhecer o Museu Casa de Guimarães Rosa antes de visitar a Gruta do Maquiné.
Infelizmente nem eu nem o Marcelo somos familiarizados com a obra do autor de “Grande sertão: Veredas” e acho que por esse motivo não nos demoramos muito por lá.
O museu possui uma coleção de aproximadamente 700 documentos textuais, dentre os quais se destacam registros pessoais (certidões, correspondências, discursos, originais manuscritos ou datilografados). Além do acervo literário, preserva outros registros da vida de Guimarães Rosa como médico e diplomata, objetos de uso pessoal, vestuário, utensílios domésticos, mobiliário e fragmentos do universo rural presente na literatura roseana.*
Apesar de eu não ter me interessado pelo museu, a sinalização dos banheiros me chamou a atenção pela criatividade. As placas das portas consistiam em trechos de “Grande sertão: Veredas” com destaque em negrito nas palavras ELE e ELA. Gostei dessa ideia inusitada! No fim das contas, acho que a gente sempre aprende alguma coisa nos lugares por onde passa.
A entrada da Gruta do Maquiné é bem sinalizada e tem boa infraestrutura. Um novo restaurante estava sendo construído quando visitamos o local.
A entrada da gruta parecia mais promissora do que a Rei do Mato, mas achei seu interior menos impactante. Os salões me pareceram maiores e algumas cascatas de rochas eram gigantescas, mas a impressão que eu tive foi a de que a gruta Rei do Mato possuía formações mais intrigantes.
Vou copiar aqui alguns trechos sobre a história da exploração da Gruta do Maquiné:
“A gruta foi descoberta em 1825 pelo fazendeiro Joaquim Maria Maquiné, na época proprietário das terras. O berço da paleontologia brasileira foi explorada cientificamente pelo sábio naturalista dinamarquês Dr. Peter Wilhelm Lund em 1834, que em seguida, mostrou ao mundo as belezas naturais de raro primor”.*
“A gruta possui 7 salões explorados, totalizando 650 metros lineares e desnível de apenas 18 metros. O preparo de iluminação e passarelas possibilitam aos visitantes vislumbrarem, com segurança, as maravilhas de Maquiné, onde todo o percurso é acompanhado por um guia local. Forma uma galeria contínua com uma largura média de 30 a 40 pés e uma altura de 50 a 60 pés”.*
“Dr. Lund permaneceu dentro da caverna quase dois anos fazendo seus estudos sobre a paleontologia brasileira e descobriu restos humanos e de animais em petrificação do Quaternário. Entre outros, foram achados esqueletos de aves fossilizadas com a extraordinária curvatura de até três metros”.*
Estalactites na Gruta do Maquiné
O salão da foto acima foi o que mais me impressionou pelo tamanho, pelas cascatas de rocha que me lembraram muito a região de Pamukkale, na Turquia, e pelo lago de água cristalina que brotava do solo. Pena que estava muito escuro e não consegui tirar fotos melhores!
Terminada a visita a Cordisburgo, seguimos para nosso destino final, Diamantina, mas esse relato precisa ser escrito em outro post, já que o feriado foi bastante proveitoso e tenho muita coisa pra mostrar. Adoro a arquitetura colonial brasileira!
Na volta para o aeroporto, ainda deu tempo de visitar a pequena e charmosa Serro. Espero vocês aqui para a continuação dessa viagem!!!!!
Passadiço da Glória em Diamantina-MG
Igreja de Santa Rita em Serro-MG
Um grande beijo com votos de uma semana proveitosa!!!!