Seguidores

terça-feira, 31 de dezembro de 2024

E QUE A LUZ DO SALVADOR SEJA A NOSSA DIREÇÃO.


 

E QUE A LUZ DO SALVADOR

SEJA A NOSSA DIREÇÃO.

*

Saúde e prosperidade

Eu desejo a cada amigo

Que interagiu comigo

Nesse ano com lealdade

Manter a nossa amizade

É preito de gratidão

Desejo de coração

Um ano com muito amor

E QUE A LUZ DO SALVADOR

SEJA A NOSSA DIREÇÃO.

*

Mote e Glosa de Dalinha Catunda

dalinha@gmail.com

terça-feira, 3 de dezembro de 2024

A MULHER E AS PERIPÉCIAS DA IDADE





A MULHER E AS PERIPÉCIAS DA IDADE
1
Recebi duma comadre
O nome não vou dizer
Uma carta reclamando
Da vida ao envelhecer
Chorosa se maldizia
Até falava heresia
Porém fiz questão de ler:
2
Saudações minha comadre
Espero que esteja bem
Pois aqui vou como posso
Pouca coisa me entretém
Não sei que será de mim
Chegou a velhice, enfim
Trazendo o que não convém.
3
Se me levantar depressa
Me levanto com tonteira
Se não correr pro banheiro
A xana vira torneira
Se eu começar a tossir
Comadre, não é pra rir!
Já começa a peidadeira.
4
Arrumei uma bengala
É nela que me seguro
Até que é jeitosinha
E me protege no escuro
Só assim eu passo a mão
Com certa satisfação
Num cajado de pau duro.
5
Minha vista estava curta
Porém mandei operar
O resultado foi bom
Eu nem posso reclamar
Eu que enxergava ruim
Vejo até um micuim
Bem antes dele coçar.
6
Os gemidos lá de casa
Não são gemidos de amor
Qualquer esforço que faço
Começo a gemer de dor
Não há tarefa sem ai
Quando um palavrão não sai
Grito por Nosso Senhor.
 
7
Agachar-me, faço bem
O problema é levantar
Não tenho força nas pernas
Que possam me impulsionar
Sofro, porém, dou meu jeito
Nada no mundo é perfeito
Eu tenho que aguentar.
8
Quando me vejo no espelho
Meu Deus, que situação
Tem prega pra todo lado
Deus não teve compaixão
Botox não vou botar
Também não quero operar
Plástica não faço não.
9
A bunda já ficou murcha
Caída se quer saber
A calcinha virou calçola
Para a desgraça esconder
Tudo enquanto vai caindo
Da desgraça vou sorrindo
Pra minorar o sofrer.
10
Aqueles seios bonitos
Que eu tinha na juventude
Que amamentaram meus filhos
Lhes repassando saúde
Já não são mais exibidos
Atualmente estão caídos
Perderam a plenitude.
11
A carne só como mole
Vou chupando se for dura
Meus dentes se desgastaram
Venho usando dentadura
Isso eu chamo de maldade
Porque morro de vontade
De mastigar rapadura.
12
No boxe do meu banheiro
Eu costumo sempre usar
Um tapete de borracha
Que é mais firme pra pisar
Velha não pode cair
Tenho que me prevenir
Não deixo de me cuidar
13
Aquele creme cheiroso
Que sempre gostei de usar
andei trocando por outro
O fiz com grande pesar
Vem escrito na embalagem
É creme para massagem
Próprio pra lubrificar.
14
Para melhorar as juntas
Uso sebo de carneiro
Para aliviar as cãibras
Passo arnica bem ligeiro
E tenho minhas reservas
Que é do gel Sete Ervas
Esse, sim, é milagreiro.
15
Eu   não tenho uma suíte
Porém sou remediada
Para não passar aperto
E nem aprontar cagada
Um penico já comprei
E no meu quarto instalei
Pra ficar despreocupada.
16
Caminhar, até caminho
Contudo já estou manca
O meu boi da cara preta
Virou boi da cara branca
Para falar a verdade
Eu já perdi a vontade
De pegar numa chibanca.
17
Marquei ginecologista
Porém fiquei acanhada
E no boi da cara branca
Eu quis dar uma arrumada
Sem querer sair da linha
Só não me lasquei todinha
Porque já nasci lascada.
18
Dias antes da consulta
Resolvi me barbear
Quase que eu me cortava
Mas achei melhor parar
Pra não ficar esquisito
Eu levei o meu “priquito”
No salão pra depilar.
19
Paguei todos meus pecados
Nessa tal depilação
Com cera quente no bicho
A moça deu um puxão
Gritei puta que pariu
Sapecaram meu chimbiu
Sentindo o cheiro do cão.
20
Revoltada fui pra casa
Andando de perna aberta
Botei um ventilador
E me deitei descoberta
Pra refrescar o pelado
Que continuava inchado
Vibrando com pisca alerta.
21
Uma coisa lhe garanto
Minha comadre querida
Nunca mais vou depilar
Os pelos da perseguida
Inda estou me maldizendo
Pois ela escapou fedendo
Mas me deixou combalida.
22
Desculpe minha comadre
Foi grande meu alarido
Apesar de tudo isso
Na vida vejo sentido
Pra suportar a jornada
Estou bem acompanhada
Tenho filhos e marido.
23
Da carta espero resposta
Responda por caridade
Me diga como se sente.
Na tal da melhor idade
Estou brigando com ela
Entretanto a vida é bela
Mesmo com dificuldade.
24
Comadre chego ao final
Dessa minha narrativa
Resolvi desabafar
Nas linhas dessa missiva
Receba meu forte abraço
Para apertar nosso laço
De maneira afirmativa.
*
Cordel de Dalinha Catunda
 
*
Nota da autora
A idade chega, é inevitável! Não adianta chorar, lamentar, porque pior do que envelhecer é partir, antes da hora, para o reino eterno.
Em conversa com amigas, sempre vem à tona os contratempos da velhice. As queixas são muitas e foi assim que nasceu em mim a vontade de escrever um cordel expondo essas lamúrias, mas de modo especial.
Como gosto de um gracejo, e acho que não devemos levar a vida tão a sério, meu relato é feito em forma de carta, num tom jocoso, propositalmente, para arrancar sorrisos e zombar da tão propagada melhor idade que inevitavelmente nos acomete.
Acredite: Nada como o bom humor para minorar as desventuras.
Dalinha Catunda
dalinhaac@gmail.com

sexta-feira, 15 de novembro de 2024

ERA ASSIM: 1- O NAMORO


 

ERA ASSIM:

1 - O NAMORO

*

Houve um tempo que era assim:

E tudo tinha mais graça

Os flertes aconteciam,

A conquista era na praça,

E como não recordar,

O tempo de namorar

Que o pensamento hoje traça.

*

Na pracinha do colégio,

Na avenida do pecado,

A colega alcoviteira

No leva e traz de recado.

No seu papel de cupido

Sem fazer muito alarido

Torcia por resultado.

*

Namorados de mãos dadas

Davam voltas na pracinha,

Esperando por um banco,

Que para todos não tinha.

A rádio local tocava,

Da pracinha se escultava,

A romântica modinha.

*

Quando a luz dava sinal

Não se podia teimar

Era hora de ir embora

Nem pensar em atrasar

Era surra, era carão,

E pisa de cinturão,

E nada de reclamar!

*

Dalinha Catunda

dalinhaac@gmail.com

sábado, 2 de novembro de 2024

NO BALANÇO DA PENEIRA


NO BALANÇO DA PENEIRA

*

Vou seguindo meu caminho

Como alegre criatura

Que balançando a peneira

Vai semeando cultura

Repassando tradição

Como mulher do sertão

Que faz versos com fartura.

*

Versos e fotos de Dalinha Catunda

Cordelista – Cirandeira – artesã e gestora dos blogs:

www.cantinhodadalinha.blogspot.com

www.cordeldesaia.blogspot.com 

dalinhaac@gmail.com



 

terça-feira, 22 de outubro de 2024

Mote: Quem vive só de vaidade, diz que é, mesmo sem ser.


 

Poetas e poetisas “Glosando na Rede com Dalinha”

 

QUEM VIVE SÓ DE VAIDADE

DIZ QUE É, MESMO SEM SER.

1

Quem vive se pabulando

Dizendo que muito é,

Confesso não levo fé,

E vejo o povo mangando,

Pois quem anda se exaltando

Não tem tempo de aprender,

E se você quer saber

Digo com sinceridade:

QUEM VIVE SÓ DE VAIDADE

DIZ QUE É MESMO SEM SER.

Glosa e mote de Dalinha Catunda

2

Quem disser que é o tal

É porque não é ninguém

Não tem sequer um vintém

É coitado, marginal,

Ignorante brutal,

Precisa ver para crer;

Escreve e não sabe ler,

Não tem curiosidade

QUEM VIVE SÓ DE VAIDADE

DIZ QUE É MESMO SEM SER.

Arimaté Sales

3

Alguém diz que é o tal

Quer estar na passarela

É só um pé de chinela

Mas quer ser um sem igual

Comprou lugar no mural

Só querendo aparecer

A todos quer convencer

Mas logo vem a verdade

QUEM VIVE SÓ DE VAIDADE

DIZ QUE É, MESMO SEM SER.

Rivamoura Teixeira igutu Ceará

4

Que conta muita lorota

Só querendo se gabar

O seu dia vai chegar

Ninguém é pois , idiota

Pra tudo tem sua cota

Todo mundo vai saber

Mostra pois queremos ver

Se procede de verdade

QUEM SÓ VIVE DE VAIDADE

DIZ QUE É MESMO SEM SER.

Glosa : Dulce Esteves

5

Gente que fala besteira

Que se exibe sem ter nada

Só pabulagem e zuada

Igual vendedor de feira

Será bem curta a carreira

De quem assim proceder

Ninguém queira se crescer

Através da falsidade

QUEM VIVE SÓ DE VAIDADE

DIZ QUE É, MESMO SEM SER.

Glosa:Jerismar Batista

6

Nariz empinado é

Coisa de gente idiota

Que come feijão e arrota

E diz que comeu filé

Anda de jumento e a pé

E fala com todo prazer

Como é bom a gente ter

Dólar que não é verdade

QUEM VIVE SÓ DE VAIDADE

DIZ QUE É, MESMO SEM SER.

Vânia Freitas

7

Quem quer chamar atenção,

Mostrando toda arrogância,

Com desdém e petulância,

Demonstrando ostentação,

É cheio de presunção,

Sem ter nada pra comer,

Quem ostenta sem poder,

É um ser sem humildade,

QUEM VIVE SÓ DE VAIDADE,

DIZ QUE É, MESMO SEM SER.

Glosa: Joabnascimento

8

Igual sepulcro caiado

Só importa a aparência

Seu miolo, sua essência

É de eterno fracassado,

Tenho dó desse coitado

Não vê o tempo correr

Seu verniz vai derreter

Pois perdeu a validade:

QUEM VIVE SÓ DE VAIDADE

DIZ QUE É, MESMO SEM SER.

Glosa de Bastinha Job

9

Agradável é ser real

Em nada dissimulada

Assim tal uma fachada

Em tudo artificial

Bom mesmo é ser natural

Ter beleza e dá prazer

O gostoso é a gente ver

Uma pessoa de verdade

QUEM VIVE SÓ DE VAIDADE

DIZ QUE É, MESMO SEM SER.

Glosa: F.de Assis Sousa

10

Quem explora a própria imagem

Como sendo o mais gostoso

Anda inchado e orgulhoso

Quer em tudo ter vantagem

Não carrega na bagagem

A semente do saber,

Pois no fundo ele quer ter

O que não tem, de verdade

QUEM VIVE SÓ DE VAIDADE

DIZ QUE É, MESMO SEM SER

Glosa: Giovanni Arruda

11

Quem come pura farinha,

Dizendo que é caviar,

Quem vive só de falar,

Sem nunca entrar na linha,

Quem não levanta e caminha

Nos caminhos do fazer,

Vive só do "vou vencer",

Mas a preguiça lhe invade...

QUEM VIVE SÓ DE VAIDADE,

DIZ QUE É, MESMO SEM SER!

Glosa: Compadre Lemos

12

Já chega falando grosso

Querendo me intimidar

Não tem nada pra doar

Só vive roendo um osso

Preço no fundo do poço

Fingindo que tem poder

É pobre sem nada ter

E detido na vaidade.

QUEM VIVE SÓ DE VAIDADE

DIZ QUE É MESMO SEM SER

Glosa: Jairo Vasconcelos.

*

Amigos e amigas, muito obrigada pela interação é muito bom contar com vocês.

Sempre que estou em minhas palestras, falo destes espaços virtuais que juntos mantemos, tanto O Conversa de Calçada Virtual, como O Glosando na Rede com Dalinha. Agradeço muito a participação de todos.

Dalinha Catunda

Cordelista – Cirandeira – artesã e gestora dos blogs:

www.cantinhodadalinha.blogspot.com
www.cordeldesaia.blogspot.com

dalinhaac@gmail.com

sábado, 19 de outubro de 2024

Dalinha Catunda Na I FLI


 Estarei participando da I FeiraLiterária  de Inclusão no Instituto Benjamin Constant.

dalinhaac@gmail.com

sexta-feira, 18 de outubro de 2024

O Cantador e o Comentário


O Cantador e o Comentário

Inspirado no poema, Sou Dalinha do Cordel, Aldy Carvalho – O Cantador – a quem mais uma vez agradeço, escreveu este significante comentário que me deixou bem lisonjeada e com vontade de dividir com meus amigos e amigas.

SOU DA LINHA DO CORDEL

*

Sou Cordel de Saia

Cordel de vestido

Cordel feminino

Cordel atrevido

Cordel de Calcinha

Cordel de Dalinha

Cordel divertido.

*

Sou manha e gracejo

Sou verso ladino

Sou canto nascido

No chão nordestino

Sou nesse universo

Cabocla do verso

Santo e libertino.

*

Sou alma do verso

Sou rima no ar

Sou dedos que contam

Pra metrificar

Sou inspiração

Dou voz a oração

No palco a cantar.

*

Saudações, Dalinha Catunda

Dalinha celebra a força e a identidade feminina dentro da tradição da literatura de cordel. A voz poética assume uma postura orgulhosa e autônoma e como é comum nesta poetisa, nesse poema, ela constrói uma imagem em que se define a partir de sua feminilidade e ousadia. A repetição da palavra "Cordel" com diferentes complementos – "de saia", "de vestido", "feminino", "atrevido" – sugere a multiplicidade de papéis e identidades que a mulher pode assumir. "Cordel de Calcinha" e "Cordel de Dalinha" reforçam essa ideia de intimidade com a arte e da autora consigo.

A metáfora de ser "alma do verso" e "rima no ar" sugere que ela se funde com a poesia, transcendendo as barreiras físicas e tornando-se parte da própria criação.

Dalinha, nesses versos, articula, com destreza, a presença e a força da mulher no cordel, revelando a profundidade e versatilidade da voz feminina no espaço da cultura popular. A cordelista se coloca como uma mulher múltipla, dona de sua criação e capaz de se expressar tanto com graciosidade quanto com irreverência.

Minhas todas palmas a esta nossa colega cordelista de prima.

Aldy Carvalho o Cantador

 

Dalinha Catunda – Cordelista Cirandeira – Artesã e gestora dos blogs:

www.cantinhodadalinha.blogspot.com
www.cordeldesaia.blogspot.com

dalinhaac@gmail.com


 

quinta-feira, 17 de outubro de 2024

CORDEL NA FLIP EM 2024

 CORDEL NA FLIP EM 2024

Mais uma vez o cordel marcou presença, na Festa Literária Internacional de Paraty. Desta feita os cordelistas arcaram com suas despesas, o patrocínio dos anos passados, infelizmente, não rolou este ano. Contudo, o IPHAN nos abriu as portas da Casa do Cordel, lutou por parcerias, ampliou nossos espaços, fora da casa do cordel, nos oferecendo muitas atividades.

Além da exposição e venda de cordéis, participei organizando e colocando em prática a Ciranda que já virou tradição com o grupo do Rio de Janeiro e a equipe do IPHAN.

Fiz a Ciranda da Peneira No Coreto do Areal, lá também me apresentei com Edi Maria e Cleusa Santo, mostrando a As Três Faces de Maria, enfocando Maria Bonita. Ainda no Coreto do Areal, dei início a uma roda de versos, com Edi e Cleusa, aproveitando o público presente.

Fiz parte da mesa de debates sobre Cordel e Ciranda e sobre o registro do cordel como bem imaterial. Fora isso, fiz animação na Casa do Cordel com Santini, fiz declamações e conversei muito com os leitores.

Posso garantir que valeu a pena ir a Paraty, prestigiar essa nossa conquista que foi a primeira ação de salvaguarda proposta pelo IPHAN do Rio após o registro.

Quero agradecer aos cordelistas que interagiram comigo, agradecer a Letícia, ao André, Pedro e agradecer muito a Lívia pela simpatia e por se desdobrar para fazer o seu melhor, e fez!

Dalinha Catunda

Cordelista

Cirandeira

Gestora dos blogs:

www.cantinhodadalinha.blogspot.com
www.cordeldesaia.blogspot.com

 

terça-feira, 20 de agosto de 2024

Cordel no Cine Teatro Copacabana - Dalinha Catunda





 








CORDEL NO TEATRO

Ontem, dia 18/08, eu Dalinha Catunda, estive no Cine Teatro SESC Copacabana atuando, ao lado de Edmilson Santini a convite de João Pedro Fagerlande.       Introduzir a literatura de cordel em novos espaços na cidade do Rio de Janeiro me deixa feliz e animada. Os convites vão chegando dos mais diversos lugares: Museus, institutos, escolas, shopping e feiras.

 É gratificante propagar nossa cultura na Cidade Maravilhosa onde tantos nordestinos escolheram para morar. Só tenho a agradecer e dividir com os amigos e parceiros virtuais e os amigos do dia a dia.

Dalinha Catunda

Idealizadora e responsável por administrar o blog Cantinho da Dalinha

dalinhaac@gmail.com


sábado, 17 de agosto de 2024

Dalinha Catunda e Edmilson Santini no SESC Copacabana

Cordel no SESC de Copacabana

Com Dalinha Catunda e Edmlson Santini

Estaremos amanhã, dia 18 de agosto, as15H, no SESC Copacabana. Eu, Dalinha Catunda e Edmilson Santini, com nossas performances e muita alegria. Com declamações, rimas e versos, apresentando o mundo encantado da nossa literatura de cordel, interagindo com o público com cirandas de versos e muito mais.

  É uma oportunidade e tanto de presenciar e saber mais sobre cordel.

Convido a todos vocês para esse evento, que tem a curadoria de João Pedro Fagerlande e com entrada é gratuita.

Dalinha Catunda - Gestora e idealizadora do Cantinho da Dalinha

contato: dalinhaac@gmail.com


 

quarta-feira, 10 de julho de 2024

CARTA-CORDEL RESISTÊNCIA


 

CARTA-CORDEL RESISTÊNCIA

1

Paraty foi para nós

Um motivo de alegria.

Lá na Casa do cordel,

Com o IPHAN acontecia

Uma das grandes conquistas,

Empolgando cordelistas,

Bela festa promovia.

*

“O que era doce acabou,”

Só por falta de orçamento!

A primeira salvaguarda

Foi um marcante momento.

Essa majestosa ação,

Hoje sem continuação,

Nos traz tristeza e tormento.

*

Vai aqui o meu lamento,

Mais do que reclamação,

Pois desse descaso todo

Falo com reprovação!

Em defesa do cordel,

Que faz bonito papel,

Mas “tá” fora da inclusão.

(Dalinha Catunda)

02

Poetas estão vivendo

Sem fé e sem esperança,

As autoridades não

Nos passam confiança,

Nessa situação crítica

Não vemos uma política

Voltada pra liderança.

*

O IPHAN proporcionou

Bons momentos de alegria,

Reconhecendo o cordel

Com muita sabedoria.

Mas logo decepcionou

Quando a verba nos negou

para o transporte e estadia.

*

Agora nos resta então

Lutar com inteligência,

Para tentarmos vencê-lo

Precisa resiliência.

O cordel rico em cultura

Tem sua desenvoltura

Sempre conquista audiência.

(Erinalda Villenave)

03

Se a FLIP é uma Festa

Poético-literária,

Com a presença do Cordel

Tornou-se quase lendária,

Por que no melhor do jogo,

Senhor IPHAN negou fogo,

Negando nossa diária?

Com isso o próprio vai contra

A tudo que apregoou,

No decorrer da campanha,

Quando o Cordel se tornou

Nosso vivo patrimônio.

Dizei-me, cá, Santo Antônio:

Será que o IPHAN se enganou?

Ou será que optando

Pelo descaso, atitude

Nada louvável, acredita

Que aos Cordelistas ilude?

Antônio, meu Santo Forte,

Que sempre nos dá um norte,

Clamo em Cordel: Nos ajude!

(Edmilson Santini)

04

Um Governo progressista

Não nega a identidade!

Ainda mais quando este

Contribui pra igualdade...

Pois que sendo inclusivo

Na cultura ver motivo

No aprimorar da verdade.

*

Meu cordel é patrimônio

O Governo acionista!

Como pode o burocrata

Ignorando a conquista,

Negar o direito certo

A quem batalhou esperto

Qual pena do cordelista?!

*

Negar estes subsídios

É o congelar do encanto

Dos fazedores das artes

Que além de verso, é canto

Pois que nos basta apoiar

Para a vida mergulhar

No embalo do acalanto.

(Severino Honorato)

.

05

O IPHAN abriu as portas

para o cordel se abancar,

dando força ao cordelista

para poder trabalhar

e nos chamou detentores

com direitos — sem favores —

e agora quer nos tirar?

*

Nos anos anteriores

trabalhamos a contento,

agora estão nos negando

com um raso argumento,

— isto ao artista, exacerba —

quando alegam não ter verba

pra custeio do orçamento.

*

O cordel é patrimônio

registrado em dossiê.

E isto, meu caro IPHAN,

quem nos deu, fora você.

Lembra, dois mil e dezoito,

seu entusiasmo afoito

recebendo o comitê?

(Zé Salvador)

06

Faltou dinheiro na FLIP,

Pro Cordel houve escassez,

Eu fiquei contrariado,

Cortaram na minha vez.

Deve ser ordem Doutor,

Mas não sei qual o Setor

Do Governo que isto fez.

*

De ter ido ano passado,

Perdi a oportunidade,

Passei mal cheio de dor.

Tinha lugar na Cidade...

Fui chamado de faltoso,

Um nome nada honroso,

Nada bom na minha idade.

*

O Relógio nunca volta,

Nós não vamos reclamar

Nestes Versos em conjunto

Temos chance de tentar,

Não mostrando mansidão,

Mas fazendo Petição

Para o Cordel divulgar.

(José Franklin da Silveira)

07

Por isso tudo, o Cordel,

De importância nacional,

Patrimônio da Cultura

Na FLIP, tradicional,

Precisa de prioridade

Em Paraty, a cidade

Da Feira internacional

*

Precisamos de conquistas,

De suportes: acolhida

De palco, mesa e debate;

De estadias, e comida

Dignidade, estrutura

Pra não causar ruptura

Porque é essa a nossa lida.

*

Cobramos dos responsáveis

Apoio, cumplicidade,

Atenção especial

A esta especialidade,

Aos líderes nordestinos,

Entregamos os destinos

Pra findar a crueldade.

(Cilene Oliveira)

08

O IPHAN parece negar

O Registro oferecido

Pois a FLIP sendo cortada

O Poeta é agredido.

Só andamos para trás

Assim, tudo se desfaz.

O valor desconhecido.

*

É preciso gritar alto.

Marcar nossa posição.

Cordel é literatura,

Conquistamos o bastão.

Dela, somos detentores

E não queremos favores,

Não pode cair ao chão.

*

O poeta cordelista

Merece maior respeito.

A continuar assim,

Cultura não terá jeito.

A Feira FLIP é todo ano

Não somos qualquer fulano.

O Cordel tem seu conceito.

(Rosário Pinto)

Fim

dalinhaac@gmail.com