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sábado, 16 de junho de 2012

Como anda meu jardim ...




                            

Tô revendo minha vida, minha luta, meus valores
Tô relendo minha lida, minha alma, meus amores
Refazendo minhas forças, minhas fontes, meus favores
Tô regando minhas folhas, minhas faces, minhas flores
Tô limpando minha casa, minha cama, meu quartinho
Tô soprando minha brasa, minha brisa, meu anjinho
Tô bebendo minhas culpas, meu veneno, meu vinho
Escrevendo minhas cartas, meu começo, meu caminho
Estou podando meu jardim
Estou cuidando bem de mim

Música: Meu Jardim - Vander Lee

Imagens:  Kimberly Chorney


terça-feira, 6 de março de 2012

SÓ DEZ POR CENTO É MENTIRA...

Eu já falei sobre ele. Aqui. Um dos meus poetas preferidos. Hoje ele é  reconhecido nacional e internacionalmente  como um dos poetas mais originais do século e um dos mais importantes do Brasil. A sua poesia sempre me toca profundamente ... e me emociona ... e como diz este poeta :

“Poesia não é para compreender mas para incorporar
Entender é parede: procure ser árvore.”


Então, pra que ficar falando, né?



"O rio que fazia uma volta
atrás da nossa casa 
era a imagem de um vidro mole...


Passou um homem e disse:
Essa volta que o rio faz...
se chama enseada...


Não era mais a imagem de uma cobra de vidro
que fazia uma volta atrás da casa.
Era uma enseada.
Acho que o nome empobreceu a imagem."




"Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas
mais que a dos mísseis.
Tenho em mim
esse atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância
de ser feliz por isso.
Meu quintal
É maior do que o mundo."



"Quando as aves falam com as pedras e as rãs com as águas - é de poesia que estão falando."


"O mundo não foi feito em alfabeto. 
Senão que primeiro
em água e luz. 
Depois árvore."



"Passava os dias ali, quieto, no meio das coisas miúdas. 
E me encantei."



"A maior riqueza do homem
é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como sou - eu não aceito. 

Não agüento ser apenas um sujeito que abre portas, 
que puxa válvulas, que olha o relógio, 
que compra pão às 6 horas da tarde,
que vai lá fora, que aponta lápis, 
que vê a uva etc. etc. 

Perdoai
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem usando borboletas."




"Por viver muitos anos dentro do mato
Moda ave
O menino pegou um olhar de pássaro -
Contraiu visão fontana.
Por forma que ele enxergava as coisas
Por igual
como os pássaros enxergam."



"Liberdade busca jeito. Sou água que corre entre pedras. Quem anda no trilho é trem de ferro..."


"A palavra amor anda vazia. Não tem gente dentro dela."



"Nasci para administrar o à-toa, o em vão, o inútil. Pertenço de fazer imagens. Opero por semelhanças.
Retiro semelhanças de pessoas com árvores, de pessoas com rãs, de pessoas com pedras, etc.
Retiro semelhanças de árvores comigo.
Não tenho habilidade pra clarezas. Preciso de obter sabedoria vegetal.(Sabedoria vegetal é receber com naturalidade uma rã no talo.)
E quando esteja apropriado para pedra, terei também sabedoria mineral."




"Um passarinho pediu a meu irmão para ser sua árvore.

Meu irmão aceitou de ser a árvore daquele passarinho.

No estágio de ser essa árvore, meu irmão aprendeu de

sol, de céu e de lua mais do que na escola.

No estágio de ser árvore meu irmão aprendeu para santo

mais do que os padres lhes ensinavam no internato.

Aprendeu com a natureza o perfume de Deus

seu olho no estágio de ser árvore aprendeu melhor o azul

E descobriu que uma casa vazia de cigarra esquecida

no tronco das árvores só serve pra poesia.

No estágio de ser árvore meu irmão descobriu que as árvores são vaidosas.

Que justamente aquela árvore na qual meu irmão se transformara,

envaidecia-se quando era nomeada para o entardecer dos pássaros

e tinha ciúmes da brancura que os lírios deixavam nos brejos.

Meu irmão agradecia a Deus aquela permanência em árvore

porque fez amizade com muitas borboletas."




"Poesia é voar fora da asa."


"A voz de uma passarinho me recita."


“(…) E, aquele 
Que não morou nunca em seus próprios abismos
Nem andou em promiscuidade com os seus fantasmas
Não foi marcado. Não será exposto
Às fraquezas, ao desalento, ao amor, ao poema.”





Todas as lindas Iluminuras são da maravilhosa artista-plástica Shara Jane Costa. Acho-as bem parecidas com as Iluminuras de Martha  Barros, filha de Manoel, que também são maravilhosas e que inclusive ilustram alguns livros do poeta.
Pensei em falar sobre Manoel novamente quando revi nas férias este brilhante filme "Só dez por cento é mentira", que fala  sobre a sua vida. Lindo de viver!!!! Achei-o no You Tube. Esse vídeo tem duração de mais de uma hora. Portanto, é só como referência mesmo. Mas quando puder, assista. É bom por demais!!!  E viva Manoel !!!!  Ah, como eu gosto dele...



Suas principais  (e maravilhosas!) Obras :

1937 — Poemas concebidos sem pecado
1942 — Face imóvel
1956 — Poesias
1960 — Compêndio para uso dos pássaros
1966 — Gramática expositiva do chão
1974 — Matéria de poesia
1982 — Arranjos para assobio
1985 — Livro de pré-coisas (Ilustração da capa: Martha Barros)
1989 — O guardador das águas
1990 — Poesia quase toda
1991 — Concerto a céu aberto para solos de aves
1993 — O livro das ignorãças                    (MEU PREFERIDO)
1996 — Livro sobre nada (Ilustrações de Wega Nery)
1998 — Retrato do artista quando coisa (Ilustrações de Millôr Fernandes)
1999 — Exercícios de ser criança
2000 — Ensaios fotográficos
2001 — O fazedor de amanhecer
2001 — Poeminhas pescados numa fala de João
2001 — Tratado geral das grandezas do ínfimo (Ilustrações de Martha Barros)
2003 — Memórias inventadas - A infância (Ilustrações de Martha Barros)
2003 — Cantigas para um passarinho à toa
2004 — Poemas rupestres (Ilustrações de Martha Barros)

Um beijo com carinho!

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Um anjo...



Um anjo subia pela alameda dos sonhos
Levava uma estrela
E uma caixinha de surpresas...


De repente ele viu
Uma menina tristonha...

Bateus asas e surgiu
Um acalento pro seu sono...


Dentro da noite estrelada
Anjo e menina se abraçaram...
E a caixinha foi deixada...


Estava cheia de sonhos
E de estrelas prateadas


Cheia de surpresas coloridas
E alegrias imaginadas
 Pela manhã
A menina risonha
Abriu a janela de mansinho...

E jura ter visto atrás do sol
Seu anjo virar passarinho...


(Autoria Desconhecida)

Para mim, as crianças são os seres encarnados na terra que mais se aproximam de Deus, dos Anjos, das Fadas e Querubins...
Me lembro dos doces e ternos dias em que vivia enrolada no meio delas...enrolada mesmo, pois eu rolava no chão com elas...e era  carinhosamente abraçada, acalentada, beijada...
Lembro-me que elas adoravam pentear meus longos cabelos...e me enchiam de amor e carinho terno...
Perto delas, eu me sentia cercada de muita energia e muita luz... luzes de chamas violetas...
As lindas histórias inocentes de um dia comum,  que me contavam, enchiam meu dia de alegria e de muitas risadas...eram muito engraçadas...como as antenas da minhoca, as perninhas das centopéias, o rabinho dos porquinhos e as orelhas dos elefantes...um dia ainda conto pra todos voces...garanto que voces vão morrer/viver de tanto rir...eu anotava tudinho em um diário...
Ainda hoje vivo da energia destes lindos dias que não voltam mais, mas que para sempre carregarei em minha alma...

Feliz Dia das Crianças!...Cuidem,  zelem, orem por elas...

Texto: Lizete Ferraz
Imagens: Natalya Smirnova

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Poemas: "Fragmentos D'Amélie..."

PALCO
PRIMEIRO ATO

Tô doente da alma, moribundo do coração.
Doendo da vida, crônico de solidão.

Tô infeliz até os dentes, descontente com tanto não.
Cabisbaixo, chutando lata, triste como um cão.

Tô chorando todo engano, pranteando decepção.
Transbordando oceano, inundado de desilusão.

(Curvo-me aos aplausos. Fecho a porta do camarim.
Dispo-me de quem sou, deixo tudo atrás de mim)

SEGUNDO ATO
(Tô de volta à realidade.
Caprichei na maquiagem,
vesti-me de personagem)

Tô saudável, tô contente.
Feliz da vida, sorridente.
                                        "DESFOLHADO POR POUPÉE AMÉLIE™ 


Gostou? eu amei! fiquei tão encantada com esse belíssimo poema escrito pela Poupée Amélie, do lindo blog "Fragmentos de Poupée Amélie" que pedi autorização dela para postar aqui no meu blog, para que também todos voces pudessem desfrutar desse belíssimo blog, onde ela escreve lindos textos. Visite! voce vai adorar!
Brigada, Amélinha!!!

Beijos com carinho!

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Rodando


 Depois de muita e boa chuva, Célia voltava de Belo Horizonte para sua casa no interior do Estado. Era bom viajar de ônibus, vendo, parecia-lhe que pela primeira vez, o verde rebrotando com força. Ouviu um passageiro falando pra ninguém: que cheiro de mato! Sol farto e os moradores desses conjuntos habitacionais de caixa de papelão e zinco, que brotam como grama à margem das rodovias, aproveitavam pra esquentar o couro rodeados de criança e cachorro. Os deserdados desfilavam, a moça e seu namorado com bota de imitação de peão boiadeiro iam de mãos dadas, com certeza à casa de uma tia da moça, comunicar que pretendiam se casar. Uma avó gorda com seu neto também passou, ela de sombrinha, ele de calcinha comprida de tergal. Iam aonde? Célia fantasiou, ah, com certeza na casa de uma comadre da avó, uma amiga dela de juventude. O menino ia sentir demais a morte daquela avó que lhe pegava na mão de um jeito que nem sua mãe fazia. Desceram três moços de bermuda e camisa do Clube Atlético Mineiro, e um quarto com grande inscrição na camiseta: SÓ CRISTO SALVA! Camiseta e bermuda não favorecem a ninguém, ela pensou desgostosa com a feiúra das roupas. Bermudas principalmente, teria que se ter menos de dez anos pra se usar aquela invenção horrorosa. Teve dó dos moços que só conheciam futebol e dupla sertaneja. Foi um pensamento soberbo, se arrependeu na hora. Tinha preconceitos, lembrou-se de que gostara muito de um jogo de futebol em Londrina, rodeada de palavrões e chup-chup com água de torneira e famílias inteiras se esturricando gozosamente entre pão com molho e adjetivos brutais, prodigiosamente colocados, lindos e surpreendentes como as melhores invenções da poesia. Concluiu sonolenta, o mundo está certo. Uma criança começou a chorar muito alto: quero ficar aqui não, quero sentar com meu pai, quero o meu pai. A mãe parecia muito agoniada e pelo tom do choro Célia achou que ela abafava a boca da criança com uma fralda ou a apertava raivosa contra o peito, envergonhada de ter filha chorona. Suposições. Tudo estava muito bom naquele dia, não sofria com nada, nem ao menos quis ajudar a mãe, botar a menina no colo, estas coisas em que era presta e mestra. Assistia ao mundo, rodava macio tudo, o ônibus, a vida, nem protagonista nem autora, era figurante, nem ao menos fazia o ponto naquele teatro perfeito, era só platéia. Aplaudia, gostando sinceramente de tudo. Contra céu azul e cheiro de mato verde Deus regia o planeta. Estava muito surpresa com a perfeita mecânica do mundo e muitíssimo agradecida por estar vivendo. Foi quando teve o pensamento de que tudo que nasce deve mesmo nascer sem empecilho, mesmo que os nascituros formem -hordas e hordas de miseráveis e os governos não saibam mais o que fazer com os sem-teto, os sem-terra, os sem-dentes e as igrejas todas reunidas em concílio esgotem suas teologias sobre caridade discernida e não tenhamos mais tempo de atender à porta a multidão de pedintes. Ainda assim, a vida é maior, o direito de nascer e morar num caixote à beira da estrada. Porque um dia, e pode ser um único dia em sua vida, um deserdado daqueles sai de seu buraco à noite e se maravilha. Chama seu compadre de infortúnio: vem cá, homem, repara se já viu o céu mais estrelado e mais bonito que este! Para isto vale nascer.  

 Adélia Prado

 Texto do esplêndido livro   "Filandras" -  ´Editora Record - pág. 119

Agora, se voces querem conhecer um pouquinho mais dessa pessoa linda que é Adélia, assista essa entrevista.
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Beijos!

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Pablo Neruda...


Primeiro, aperte o botão de pausa das músicas aqui do blog (está aí ao lado).
Segundo, antes de começar a ler aperte o play para ouvir esta música, abaixo.
Você está prestes a ler um dos poemas mais lindos de Pablo Neruda, para mim...(entre tantos)...

Leia devagar, sentindo a música, que o levará a uma linda viagem pelas palavras encantadas...se quiser, leia várias vezes, junto com a música...cada vez voce irá sentir mais...se encantar mais...se emocionar mais...isto é "viver"...


center

Nos Bosques, Perdido

Nos bosques, perdido, cortei um ramo escuro
E aos lábios, sedento, levante seu sussurro:
era talvez a voz da chuva chorando,
um sino quebrado ou um coração partido.
Algo que de tão longe me parecia
oculto gravemente, coberto pela terra,
um grito ensurdecido por imensos outonos,
pela entreaberta e úmida treva das folhas.
Porém ali, despertando dos sonhos do bosque,
o ramo de avelã cantou sob minha boca
E seu odor errante subiu para o meu entendimento
como se, repentinamente, estivessem me procurando as raízes
que abandonei, a terra perdida com minha infância,
e parei ferido pelo aroma errante.
Não o quero, amada.
Para que nada nos prenda
para que não nos una nada.
Nem a palavra que perfumou tua boca
nem o que não disseram as palavras.
Nem a festa de amor que não tivemos
nem teus soluços junto à janela...



Neftalí Ricardo Reyes, conhecido como Pablo Neruda. Poeta chileno (Parral 1904 - Santiago 1973).
Cônsul no Chile, na Espanha e no México; eleito senador em 1945 no Chile; foi embaixador na França (1970). Suas poesias da primeira fase são inspiradas por uma angústia altamente romântica. Passou por uma fase surrealista. Tornou-se marxista e revolucionário, sendo, primeiramente, a voz angustiada da República Espanhola e, depois, das revoluções latino-americanas.

Esteve no Brasil em diversas oportunidades, e, em uma delas, declamou poemas seus perante grande massa popular, concentrada no estádio do Pacaembu, em São Paulo.

Obras principais: A canção da festa (1921), Crepusculário (1923), Vinte poemas de amor e uma canção desesperada (1924), Tentativa do homem infinito (1925), Residência na terra [vol. I, 1931; vol.II, 1935; vol.III,1939, que inclui Espanha no coração (1936-1937)], Ode a Stalingrado (1942), Terceira residência (1947), Canto geral (1950), Odes elementares (1954), Navegações e retornos (1959), Canção de gesta (1960), ensaios (Memorial da ilha negra, 1964) e a peça teatral Esplendor e morte de Joaquín Murieta (1967).
Em 1974, foi publlicado o volume autobiográfico Confesso que vivi (Prêmio Nobel de Literatura, 1971).

Leia...leia muito Pablo...ele é maravilhoso...
Beijos...!

Imagem: Pinterest

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Cinema: quando a poesia fala...


Sabe, sou um pouco como a senhorinha (como fala a Beteh, do Mãe Gaia, acho bonitinho...) do filme "Poesia"...acredito que através das poesias nosso mundo realmente fica mais belo...passamos a enxergar a vida e os fatos de uma outra maneira...com os olhos de um poeta...mesmo que você não escreva...só leia...tudo fica mais mágico...mais leve...mais encantado...através da poesia também sinto que encarei o mundo e seus problemas como se estivesse assistindo a um filme...como uma telespectadora...mas eu sempre fui assim...muito sonhadora...como diz um amigo: "às vezes, utópica"...mas só sei que a poesia me embalou...me fez um redoma de luz e magia...e assim eu viajei...por aí afora...vivendo a vida...me encantando...outras vezes chorando...mas sempre, sonhando...

Já citei alguns filmes sobre a vida de grandes artistas da Pintura e agora vou falar de alguns filmes que contam a vida de Poetas, iniciantes e renomados. Vale a pena assistir e conhecer um pouquinho de suas vidas.

Brilho de uma paixão
O filme fala sobre o romance do poeta inglês John Keats, em 1819, com Fanny Brawne. Achei este filme brilhante, uma performance perfeita dos artistas e com uma belíssima fotografia.



O carteiro e o poeta
A vida do poeta chileno Pablo Neruda. Este filme é uma verdadeira "obra de arte". Um dos meus filmes favoritos.



Sylvia, Paixão além das palavras
A vida da poetisa americana Sylvia Plath e seu conturbado relacionamento com o marido, também poeta, Ted Hughes. Apesar de ser um filme dramático e triste, pois ela se suicida, eu me sinto fascinada por este filme. Também está na lista dos meus preferidos.



Lope
A vida do poeta espanhol Lope de Vega, dirigido pelo brasileiro Andrucha Waddington, numa brilhante recriação da época, Madri no pós guerra do século 16.



Cyrano de Bergerac
Um filme da vida do poeta francês Cyrano de Bergerác, interpretado pelo brilhante ator Gerard Depardieu.



Vinícius
Um documentário sobre a vida deste grande poeta brasileiro.




Howl
O filme fala do julgamento, em 1950, do polêmico poeta americano Alen Ginsberg - James Franco - que foi acusado de pornográfico, por seu poema "Howl".



Eclipse de uma paixão
O filme retrata a amizade de dois grandes poetas franceses, Arthur Rimbaud e Paul Verlaine. No elenco, Leonardo Di Caprio e David Thewlis, em excelentes atuações.



Poesia
A linda história se passa em Seul, onde uma senhora resolve cursar aulas de poesias e através delas, passa a ver o mundo de uma outra forma.



Sociedade dos poetas mortos
O clássico filme de Peter Weir, onde um professor procura abrir a visão de seus alunos através da leitura de poemas dos grandes poetas ingleses. Um excelente filme.





Mais alguns:

- Poeta de sete faces: Documentário da vida de Carlos Drummond de Andrade

- Só dez por cento é mentira: Documentário da vida de Manoel de Barros

- O tigre e a neve: A vida do poeta italiano Atillo De Giovanni

- O libertino:  A vida do poeta inglês John Wilmot

Se vocês se lembrarem de mais algum, me falem. Beijos!

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Inspiração...de onde vem?...


"Às vezes tenho idéias felizes, idéias subitamente felizes...Depois de escrever, leio...Por que escrevi isso? Onde fui buscar isso? De onde me veio isso?...
Isto é melhor do que eu..."
por Fernando Pessoa


Image by:   Stock.xchng  Image ID: 209612

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Carlos Drummond de Andrade

Os ombros suportam o mundo
Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.

Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.

Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

Carlos Drummond de Andrade


Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira, Minas Gerais em 1902. Após estudos em sua terra natal e Belo Horizonte, foi interno no Colégio Anchieta, em Friburgo, em 1918. No ano seguinte, foi expulso devido a um incidente com o professor de português. Em Itabira, apesar de formado em farmácia, vivia das aulas de português e geografia. Tornou-se funcionário público em 1929, e, em 1934, o cargo no Ministério da Educação transferiu-o para o Rio de Janeiro. Em 1945, foi co-editor do jornal comunista Tribuna Popular a convite de Luís Carlos Prestes. A partir da década de 50, dedicou-se apenas à literatura, escrevendo novos livros de poesias e contos. Além de intensificar a produção de crônicas, fez também traduções. Carlos Drummond morreu no Rio de Janeiro em 1987.

Quer saber mais sobre Drummond? Entre aqui
Image 1 by Rico Cavallo
Image 2 by Google

terça-feira, 31 de maio de 2011

Fernando Pessoa


Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlaçemos as mãos).

Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para o pé do Fado,
Mais longe que os deuses.

Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente.
E sem desassossegos grandes.




Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa: "Navegar é preciso; viver não é preciso." (*)
Quero para mim o espírito desta frase, transformada a forma para a casar com o que eu sou:
Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso. Só quero torná-la grande, ainda que 
para isso tenha de ser o meu corpo e a minha alma a lenha desse fogo.
Só quero torná-la de toda a humanidade; ainda que para isso tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso.
Cada vez mais ponho na essência anímica do meu sangue o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir para a evolução da humanidade.
(*) "Navigare necesse; vivere non est necesse" - latim, frase de Pompeu, general romano, 106-48 aC., dita aos marinheiros, amedrontados, que recusavam viajar durante a guerra, cf. Plutarco, in Vida de Pompeu.


"Tenho pensamentos que, se pudesse revelá-los e fazê-los viver, acrescentariam nova luminosidade às estrelas, nova beleza ao mundo e maior amor ao coração dos homens."


(Fernando Pessoa, em "O eu profundo")





Quer mais sobre Fernando Pessoa? entre aqui, ó!
Imagens de: Carlos Eduardo Ferraz

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Manoel de Barros


Com pedaços de mim eu monto um ser atônito.
Tudo que não invento é falso.
Há muitas maneiras sérias de não dizer nada, mas só a poesia é verdadeira.
Não pode haver ausência de boca nas palavras: nenhuma fique desamparada do ser que a revelou.
É mais fácil fazer da tolice um regalo do que da sensatez.
Sempre que desejo contar alguma coisa, não faço nada; mas se não desejo contar nada, faço poesia.
Melhor jeito que achei para me conhecer foi fazendo o contrário.
A inércia é o meu ato principal.
Há histórias tão verdadeiras que às vezes parece que são inventadas.
O artista é um erro da natureza. Beethoven foi um erro perfeito.
A terapia literária consiste em desarrumar a linguagem a ponto que ela expresse nossos mais fundos desejos.
Quero a palavra que sirva na boca dos passarinhos.
Por pudor sou impuro.
Não preciso do fim para chegar.
De tudo haveria de ficar para nós um sentimento longínquo de coisa esquecida na terra
— Como um lápis numa península.
Do lugar onde estou já fui embora.

Manoel de Barros
Do:  "Livro sobre nada"
Image by: Ambra



Manoel de Barros nasceu em Corumbá, no Mato Grosso do Sul, em 1916, onde passou sua infância. Aos 13 anos foi estudar num internato religioso no Rio de Janeiro. 

Em 1949 saiu do Rio e voltou ao Pantanal para tomar conta de uma fazenda que herdou do pai. Viajou por vários lugares do mundo e chegou inclusive a viver em Nova York, Paris, Itália e Portugal. Afastado dos círculos literários só começou a ter êxito ao publicar ar-ranjos para assobio, em 1980, com 66 anos.

Hoje, aos 93 anos, tem uma obra consagrada, com mais de 20 livros publicados e é considerado um dos poetas da língua portuguesa mais originais de todos os tempos. Se tiver oportunidade, não deixe de assistir o filme sobre sua vida "Só dez por cento é mentira". Você vai se emocionar...


quinta-feira, 19 de maio de 2011

Poemas para as crianças

O Gato


Com um lindo salto
Lesto e seguro
O gato passa
Do chão ao muro
Logo mudando
De opinião
Passa de novo
Do muro ao chão
E pega corre
Bem de mansinho
Atrás de um pobre
De um passarinho
Súbito, pára
Como assombrado
Depois dispara
Pula de lado
E quando tudo
Se lhe fatiga
Toma o seu banho
Passando a língua
Pela barriga.


Vinícius de Moraes


Poema integrante do livro de poesias para crianças "A arca de Noé", de Vinícius.


Para saber mais sobre este livro, http://caracol.imaginario.com/discoteca/arcadenoe/index.html#1980arca

Palavras que bailam 
Como diz o educador Rubem Alves, a poesia tem razões que a prosa desconhece. Seu segredo mais secreto é confundir nas rimas, brincar com a forma e dançar com as palavras. Para sorte das crianças, muitos poetas já conseguiram. Assim os pequenos conhecem uma forma diferente de texto e aguçam seus sentidos. Algo que pode acontecer com versos de Vinicius de Moraes, os despropósitos de Manoel de Barros ou a delicadeza de Roseana Murray.