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domingo, 5 de agosto de 2012

Literatura: "O Mar" - J. Banville




Há muito tempo, sempre que posto algo sobre cinema, alguém me pede para indicar livros também.  
Eu já fiz vários posts de literatura, mas indicando especialmente os livros clássicos. Resolvi então, indicar livros que leio e que são sucessos nas redes de críticas literárias, pois assim, divido com eles a responsabilidade (risos).



O mar - John Banville

Foi o primeiro livro que li dele, e me causou profundo encantamento. É um romance descrito com tanta sensibilidade, intensidade e ao mesmo tempo, uma delicadeza e beleza de narrativa, que me deixou a sensação de um romance mágico.

Max Mordem, após a morte de sua esposa, parte para uma cidadezinha da Irlanda, uma estância balneária, onde passava as suas férias com  a família na infância e na adolescência. Observava com um certo deslumbramento a família dos gêmeos Myles e Chloe, os Grace, uma rica e palaciana família do lugar. E é este lugar, tendo como fundo o mar, que chamará profundas recordações à Max, como a admiração secreta que tinha pela mãe dos gêmeos e a relação que chegou a ter com a fria e distante Chloe.  Na narrativa que nos leva do passado ao presente, e ao inverso também, conheceremos Ana, sua esposa que morre doente, sua filha misteriosa Rosa e mais alguns personagens, alguns estranhos e curiosos, outros fascinantes e  engraçados.  Viveremos com Max, através de suas recordações de gestos, olhares,  acontecimentos, imagens, frases, visões, dores e perdas do passado, e no presente, a perda de Ana, sua esposa, um  profundo questionamento sobre a vida, mas sobretudo, sobre a morte, mostrando o quão pequeno é frágil pode ser o ser humano, ante a vida e ante a imensidão do Mar. Um belíssimo livro de Banville, premiado com justiça.

terça-feira, 6 de março de 2012

SÓ DEZ POR CENTO É MENTIRA...

Eu já falei sobre ele. Aqui. Um dos meus poetas preferidos. Hoje ele é  reconhecido nacional e internacionalmente  como um dos poetas mais originais do século e um dos mais importantes do Brasil. A sua poesia sempre me toca profundamente ... e me emociona ... e como diz este poeta :

“Poesia não é para compreender mas para incorporar
Entender é parede: procure ser árvore.”


Então, pra que ficar falando, né?



"O rio que fazia uma volta
atrás da nossa casa 
era a imagem de um vidro mole...


Passou um homem e disse:
Essa volta que o rio faz...
se chama enseada...


Não era mais a imagem de uma cobra de vidro
que fazia uma volta atrás da casa.
Era uma enseada.
Acho que o nome empobreceu a imagem."




"Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas
mais que a dos mísseis.
Tenho em mim
esse atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância
de ser feliz por isso.
Meu quintal
É maior do que o mundo."



"Quando as aves falam com as pedras e as rãs com as águas - é de poesia que estão falando."


"O mundo não foi feito em alfabeto. 
Senão que primeiro
em água e luz. 
Depois árvore."



"Passava os dias ali, quieto, no meio das coisas miúdas. 
E me encantei."



"A maior riqueza do homem
é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como sou - eu não aceito. 

Não agüento ser apenas um sujeito que abre portas, 
que puxa válvulas, que olha o relógio, 
que compra pão às 6 horas da tarde,
que vai lá fora, que aponta lápis, 
que vê a uva etc. etc. 

Perdoai
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem usando borboletas."




"Por viver muitos anos dentro do mato
Moda ave
O menino pegou um olhar de pássaro -
Contraiu visão fontana.
Por forma que ele enxergava as coisas
Por igual
como os pássaros enxergam."



"Liberdade busca jeito. Sou água que corre entre pedras. Quem anda no trilho é trem de ferro..."


"A palavra amor anda vazia. Não tem gente dentro dela."



"Nasci para administrar o à-toa, o em vão, o inútil. Pertenço de fazer imagens. Opero por semelhanças.
Retiro semelhanças de pessoas com árvores, de pessoas com rãs, de pessoas com pedras, etc.
Retiro semelhanças de árvores comigo.
Não tenho habilidade pra clarezas. Preciso de obter sabedoria vegetal.(Sabedoria vegetal é receber com naturalidade uma rã no talo.)
E quando esteja apropriado para pedra, terei também sabedoria mineral."




"Um passarinho pediu a meu irmão para ser sua árvore.

Meu irmão aceitou de ser a árvore daquele passarinho.

No estágio de ser essa árvore, meu irmão aprendeu de

sol, de céu e de lua mais do que na escola.

No estágio de ser árvore meu irmão aprendeu para santo

mais do que os padres lhes ensinavam no internato.

Aprendeu com a natureza o perfume de Deus

seu olho no estágio de ser árvore aprendeu melhor o azul

E descobriu que uma casa vazia de cigarra esquecida

no tronco das árvores só serve pra poesia.

No estágio de ser árvore meu irmão descobriu que as árvores são vaidosas.

Que justamente aquela árvore na qual meu irmão se transformara,

envaidecia-se quando era nomeada para o entardecer dos pássaros

e tinha ciúmes da brancura que os lírios deixavam nos brejos.

Meu irmão agradecia a Deus aquela permanência em árvore

porque fez amizade com muitas borboletas."




"Poesia é voar fora da asa."


"A voz de uma passarinho me recita."


“(…) E, aquele 
Que não morou nunca em seus próprios abismos
Nem andou em promiscuidade com os seus fantasmas
Não foi marcado. Não será exposto
Às fraquezas, ao desalento, ao amor, ao poema.”





Todas as lindas Iluminuras são da maravilhosa artista-plástica Shara Jane Costa. Acho-as bem parecidas com as Iluminuras de Martha  Barros, filha de Manoel, que também são maravilhosas e que inclusive ilustram alguns livros do poeta.
Pensei em falar sobre Manoel novamente quando revi nas férias este brilhante filme "Só dez por cento é mentira", que fala  sobre a sua vida. Lindo de viver!!!! Achei-o no You Tube. Esse vídeo tem duração de mais de uma hora. Portanto, é só como referência mesmo. Mas quando puder, assista. É bom por demais!!!  E viva Manoel !!!!  Ah, como eu gosto dele...



Suas principais  (e maravilhosas!) Obras :

1937 — Poemas concebidos sem pecado
1942 — Face imóvel
1956 — Poesias
1960 — Compêndio para uso dos pássaros
1966 — Gramática expositiva do chão
1974 — Matéria de poesia
1982 — Arranjos para assobio
1985 — Livro de pré-coisas (Ilustração da capa: Martha Barros)
1989 — O guardador das águas
1990 — Poesia quase toda
1991 — Concerto a céu aberto para solos de aves
1993 — O livro das ignorãças                    (MEU PREFERIDO)
1996 — Livro sobre nada (Ilustrações de Wega Nery)
1998 — Retrato do artista quando coisa (Ilustrações de Millôr Fernandes)
1999 — Exercícios de ser criança
2000 — Ensaios fotográficos
2001 — O fazedor de amanhecer
2001 — Poeminhas pescados numa fala de João
2001 — Tratado geral das grandezas do ínfimo (Ilustrações de Martha Barros)
2003 — Memórias inventadas - A infância (Ilustrações de Martha Barros)
2003 — Cantigas para um passarinho à toa
2004 — Poemas rupestres (Ilustrações de Martha Barros)

Um beijo com carinho!

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Um passeio muito legal...LIVRARIA CULTURA


Tem um blog que se chama "Quero morar em uma livraria"...se ela conhecesse a Livraria Cultura, ela ia querer mesmo morar por lá. Esta unidade que estou mostrando é a que fica no Conjunto Nacional, aqui em São Paulo, pois aqui ainda há mais duas unidades, fora as que ficam em Brasília, Porto Alegre e Recife. É um espaço maravilhoso, com uma arquitetura super moderna, espaço à vontade, 4,3 metros quadrados ( e olha que circula muita gente lá dentro), com lugares pela livraria inteira para voce sentar e ler livros à vontade, inclusive espaços lúdicos, com puffs, alegres e coloridos para a criançada. Tem até um café lá dentro, dirigido pelo Grupo Viena, onde é quase impossível voce não encontrar famosos, como artistas, poetas e escritores, sentados, lendo ou com grupos de amigos.
Lá voce ainda encontra Teatro, área para exposições, uma revistaria e um espaço acústico para testar e comprar cds e dvds (esta área é uma delícia).
A Livraria possui quase 3 milhões de títulos, além de um acervo com cerca de 150 mil exemplares.
Foi fundada em 1947, por Eva Herz, hoje dirigida por seus filhos e netos.

Entrando, pela Galeria do ConjuntoNacional...



Espaço para a criançada...lindo de viver...

Lendo...

Procurando...


Saindo para o calçadão...



Observando...como sempre...(adoro fazer isso...)

Descendo...

Escolhendo...

Pesquisando...

A Galeria...

O único probleminha(ão) são realmente os preços. Neste dia (há um mês atrás), comprei 2 livros. Um eu paguei R$ 60, 00 e o outro R$ 40,00. Quando cheguei em casa pesquisei os mesmos livros e os encontrei por R$ 20,00 (o que paguei R$ 60,00) e por R$ 15,00 (o que paguei R$ 40,00). Muita diferença, né?
O que vale mesmo é o passeio (sempre estou por lá) e também vale fazer pesquisas por lá.
Quando passar por aqui, não deixe de visitar este lugar fantástico...voce vai se encantar...!

Pedi pra Chica  mostrar a livraria de Porto Alegre e pra Roberta (Blog Luz) mostrar a de Recife. Estamos todos esperando, né? hahahahaha!!!
Um beijo!

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Rodando


 Depois de muita e boa chuva, Célia voltava de Belo Horizonte para sua casa no interior do Estado. Era bom viajar de ônibus, vendo, parecia-lhe que pela primeira vez, o verde rebrotando com força. Ouviu um passageiro falando pra ninguém: que cheiro de mato! Sol farto e os moradores desses conjuntos habitacionais de caixa de papelão e zinco, que brotam como grama à margem das rodovias, aproveitavam pra esquentar o couro rodeados de criança e cachorro. Os deserdados desfilavam, a moça e seu namorado com bota de imitação de peão boiadeiro iam de mãos dadas, com certeza à casa de uma tia da moça, comunicar que pretendiam se casar. Uma avó gorda com seu neto também passou, ela de sombrinha, ele de calcinha comprida de tergal. Iam aonde? Célia fantasiou, ah, com certeza na casa de uma comadre da avó, uma amiga dela de juventude. O menino ia sentir demais a morte daquela avó que lhe pegava na mão de um jeito que nem sua mãe fazia. Desceram três moços de bermuda e camisa do Clube Atlético Mineiro, e um quarto com grande inscrição na camiseta: SÓ CRISTO SALVA! Camiseta e bermuda não favorecem a ninguém, ela pensou desgostosa com a feiúra das roupas. Bermudas principalmente, teria que se ter menos de dez anos pra se usar aquela invenção horrorosa. Teve dó dos moços que só conheciam futebol e dupla sertaneja. Foi um pensamento soberbo, se arrependeu na hora. Tinha preconceitos, lembrou-se de que gostara muito de um jogo de futebol em Londrina, rodeada de palavrões e chup-chup com água de torneira e famílias inteiras se esturricando gozosamente entre pão com molho e adjetivos brutais, prodigiosamente colocados, lindos e surpreendentes como as melhores invenções da poesia. Concluiu sonolenta, o mundo está certo. Uma criança começou a chorar muito alto: quero ficar aqui não, quero sentar com meu pai, quero o meu pai. A mãe parecia muito agoniada e pelo tom do choro Célia achou que ela abafava a boca da criança com uma fralda ou a apertava raivosa contra o peito, envergonhada de ter filha chorona. Suposições. Tudo estava muito bom naquele dia, não sofria com nada, nem ao menos quis ajudar a mãe, botar a menina no colo, estas coisas em que era presta e mestra. Assistia ao mundo, rodava macio tudo, o ônibus, a vida, nem protagonista nem autora, era figurante, nem ao menos fazia o ponto naquele teatro perfeito, era só platéia. Aplaudia, gostando sinceramente de tudo. Contra céu azul e cheiro de mato verde Deus regia o planeta. Estava muito surpresa com a perfeita mecânica do mundo e muitíssimo agradecida por estar vivendo. Foi quando teve o pensamento de que tudo que nasce deve mesmo nascer sem empecilho, mesmo que os nascituros formem -hordas e hordas de miseráveis e os governos não saibam mais o que fazer com os sem-teto, os sem-terra, os sem-dentes e as igrejas todas reunidas em concílio esgotem suas teologias sobre caridade discernida e não tenhamos mais tempo de atender à porta a multidão de pedintes. Ainda assim, a vida é maior, o direito de nascer e morar num caixote à beira da estrada. Porque um dia, e pode ser um único dia em sua vida, um deserdado daqueles sai de seu buraco à noite e se maravilha. Chama seu compadre de infortúnio: vem cá, homem, repara se já viu o céu mais estrelado e mais bonito que este! Para isto vale nascer.  

 Adélia Prado

 Texto do esplêndido livro   "Filandras" -  ´Editora Record - pág. 119

Agora, se voces querem conhecer um pouquinho mais dessa pessoa linda que é Adélia, assista essa entrevista.
center

Beijos!

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Pablo Neruda...


Primeiro, aperte o botão de pausa das músicas aqui do blog (está aí ao lado).
Segundo, antes de começar a ler aperte o play para ouvir esta música, abaixo.
Você está prestes a ler um dos poemas mais lindos de Pablo Neruda, para mim...(entre tantos)...

Leia devagar, sentindo a música, que o levará a uma linda viagem pelas palavras encantadas...se quiser, leia várias vezes, junto com a música...cada vez voce irá sentir mais...se encantar mais...se emocionar mais...isto é "viver"...


center

Nos Bosques, Perdido

Nos bosques, perdido, cortei um ramo escuro
E aos lábios, sedento, levante seu sussurro:
era talvez a voz da chuva chorando,
um sino quebrado ou um coração partido.
Algo que de tão longe me parecia
oculto gravemente, coberto pela terra,
um grito ensurdecido por imensos outonos,
pela entreaberta e úmida treva das folhas.
Porém ali, despertando dos sonhos do bosque,
o ramo de avelã cantou sob minha boca
E seu odor errante subiu para o meu entendimento
como se, repentinamente, estivessem me procurando as raízes
que abandonei, a terra perdida com minha infância,
e parei ferido pelo aroma errante.
Não o quero, amada.
Para que nada nos prenda
para que não nos una nada.
Nem a palavra que perfumou tua boca
nem o que não disseram as palavras.
Nem a festa de amor que não tivemos
nem teus soluços junto à janela...



Neftalí Ricardo Reyes, conhecido como Pablo Neruda. Poeta chileno (Parral 1904 - Santiago 1973).
Cônsul no Chile, na Espanha e no México; eleito senador em 1945 no Chile; foi embaixador na França (1970). Suas poesias da primeira fase são inspiradas por uma angústia altamente romântica. Passou por uma fase surrealista. Tornou-se marxista e revolucionário, sendo, primeiramente, a voz angustiada da República Espanhola e, depois, das revoluções latino-americanas.

Esteve no Brasil em diversas oportunidades, e, em uma delas, declamou poemas seus perante grande massa popular, concentrada no estádio do Pacaembu, em São Paulo.

Obras principais: A canção da festa (1921), Crepusculário (1923), Vinte poemas de amor e uma canção desesperada (1924), Tentativa do homem infinito (1925), Residência na terra [vol. I, 1931; vol.II, 1935; vol.III,1939, que inclui Espanha no coração (1936-1937)], Ode a Stalingrado (1942), Terceira residência (1947), Canto geral (1950), Odes elementares (1954), Navegações e retornos (1959), Canção de gesta (1960), ensaios (Memorial da ilha negra, 1964) e a peça teatral Esplendor e morte de Joaquín Murieta (1967).
Em 1974, foi publlicado o volume autobiográfico Confesso que vivi (Prêmio Nobel de Literatura, 1971).

Leia...leia muito Pablo...ele é maravilhoso...
Beijos...!

Imagem: Pinterest

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Cinema: quando a poesia fala...


Sabe, sou um pouco como a senhorinha (como fala a Beteh, do Mãe Gaia, acho bonitinho...) do filme "Poesia"...acredito que através das poesias nosso mundo realmente fica mais belo...passamos a enxergar a vida e os fatos de uma outra maneira...com os olhos de um poeta...mesmo que você não escreva...só leia...tudo fica mais mágico...mais leve...mais encantado...através da poesia também sinto que encarei o mundo e seus problemas como se estivesse assistindo a um filme...como uma telespectadora...mas eu sempre fui assim...muito sonhadora...como diz um amigo: "às vezes, utópica"...mas só sei que a poesia me embalou...me fez um redoma de luz e magia...e assim eu viajei...por aí afora...vivendo a vida...me encantando...outras vezes chorando...mas sempre, sonhando...

Já citei alguns filmes sobre a vida de grandes artistas da Pintura e agora vou falar de alguns filmes que contam a vida de Poetas, iniciantes e renomados. Vale a pena assistir e conhecer um pouquinho de suas vidas.

Brilho de uma paixão
O filme fala sobre o romance do poeta inglês John Keats, em 1819, com Fanny Brawne. Achei este filme brilhante, uma performance perfeita dos artistas e com uma belíssima fotografia.



O carteiro e o poeta
A vida do poeta chileno Pablo Neruda. Este filme é uma verdadeira "obra de arte". Um dos meus filmes favoritos.



Sylvia, Paixão além das palavras
A vida da poetisa americana Sylvia Plath e seu conturbado relacionamento com o marido, também poeta, Ted Hughes. Apesar de ser um filme dramático e triste, pois ela se suicida, eu me sinto fascinada por este filme. Também está na lista dos meus preferidos.



Lope
A vida do poeta espanhol Lope de Vega, dirigido pelo brasileiro Andrucha Waddington, numa brilhante recriação da época, Madri no pós guerra do século 16.



Cyrano de Bergerac
Um filme da vida do poeta francês Cyrano de Bergerác, interpretado pelo brilhante ator Gerard Depardieu.



Vinícius
Um documentário sobre a vida deste grande poeta brasileiro.




Howl
O filme fala do julgamento, em 1950, do polêmico poeta americano Alen Ginsberg - James Franco - que foi acusado de pornográfico, por seu poema "Howl".



Eclipse de uma paixão
O filme retrata a amizade de dois grandes poetas franceses, Arthur Rimbaud e Paul Verlaine. No elenco, Leonardo Di Caprio e David Thewlis, em excelentes atuações.



Poesia
A linda história se passa em Seul, onde uma senhora resolve cursar aulas de poesias e através delas, passa a ver o mundo de uma outra forma.



Sociedade dos poetas mortos
O clássico filme de Peter Weir, onde um professor procura abrir a visão de seus alunos através da leitura de poemas dos grandes poetas ingleses. Um excelente filme.





Mais alguns:

- Poeta de sete faces: Documentário da vida de Carlos Drummond de Andrade

- Só dez por cento é mentira: Documentário da vida de Manoel de Barros

- O tigre e a neve: A vida do poeta italiano Atillo De Giovanni

- O libertino:  A vida do poeta inglês John Wilmot

Se vocês se lembrarem de mais algum, me falem. Beijos!

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Rubem Alves: Ovo frito


"Gosto muito de ovo. Ovo frito. Ovo escaldado, com pão torrado. coisa boba, o fato é que comecei a pensar sobre as razões porque gosto de ovo. Lembrei-me...Meu pai era viajante. Passava a semana fora de casa. Voltava às sextas-feiras, no trem das oito. Noite escura, o trem das oito vinha apitando na curva, resfolegando de cansado, expelindo enxames de vespas vermelhas, chamuscava uma paineira, entrava na reta, passava a dez metros da nossa casa, todos nós estávamos lá, o pai com a cabeça de fora, sorrindo, e todos corríamos para a estação. Ele vinha com fome e sujo. Água quente não havia. Mas não tinha importância. Da leitura do Evangelho havíamos aprendido de Jesus, no lava-pés, que quem está com os pés limpos tem o corpo inteiro limpo. A coisa, então, era lavar os pés. E esse era o costume geral lá em Minas. Minha mãe esquentava água no fogão de lenha, punha numa bacia e eu lavava os pés do meu pai. Depois de limpo, ele se assentava à mesa e o que tinha para comer era sempre a mesma coisa: arroz feijão, molho de tomate e cebola, ovo frito e pão. Ele me punha assentado ao joelho e comia junto. Ah, como é gostoso comer pão ensopado no molho de tomate, pão lambuzado no amarelo mole do ovo! Era um momento de felicidade. Nunca me esqueci. Acho que quando enfio o pão no amarelo mole do ovo eu volto àquela cena da minha infância. Os poetas, somente os poetas, sabem que um ovo é muito mais que um ovo..."

Do livro:  "Ostra feliz não faz pérola - pág. 35"
Imagem:   Pinterest - Egils Steinberg

Rubem Alves


Quero falar um pouquinho deste ser humano maravilhoso. Às vezes pode acontecer de adorarmos um escritor, poeta, músico, artista, mas não sabermos muito da vida pessoal dele. Vou fazer bem resumidinho.

Ele nasceu em Boa Esperança, sul de Minas Gerais (é mineiro uai!... só podia, né?), em 15/09/33.
Mudou-se para o Rio de Janeiro em 45. Vivia solitário e sem amigos, por isso, resolveu buscar ajuda na religião. Entre 57 e 63, tornou-se pastor da Igreja presbiteriana (isso mesmo, pastor??!!). Em 59 casa-se e tem 3 filhos. Em 63 foi estudar em Nova York, retornando ao Brasil em 64, como Mestre em Teologia pelo Union Theological Seminary. Em 68, foi denunciado como subversivo pelas autoridades da Igreja Presbiteriana, e com isso, foi perseguido pelo regime militar. Abandonou a igreja presbiteriana e retornou com a família para os Estados Unidos, fugindo das ameaças que recebia. Lá, torna-se Doutor em Filosofia (Ph.D.) pelo Princeton Theological Seminary.
Em 69 volta para o Brasil. Vai viver em Campinas. É nomeado professor-titular na Faculdade de Educação da UNICAMP e, em 79, professor livre-docente no IFCH daquela universidade. É nomeado professor-titular na Faculdade de Educação da UNICAMP e, em 79, professor livre-docente no IFCH daquela universidade. Em 88, foi professor-visitante na Universidade de Birmingham, Inglaterra. Posteriormente, a convite da "Rockefeller Fundation" fez "residência" no "Bellagio Study Center", Itália.
Ele é escritor, psicanalista, teólogo e educador brasileiro.Na literatura e na poesia encontrou a alegria que o manteve vivo nas horas más por que passou. Admirador de Adélia Prado, Guimarães Rosa, Manoel de Barros, Octávio Paz, Saramago, Nietzsche, T. S. Eliot, Camus, Santo Agostinho, Borges e Fernando Pessoa, entre outros, tornou-se autor de inúmeros livros, é colaborador em diversos jornais e revistas com crônicas de grande sucesso.
Hoje o autor é membro da Academia Campinense de Letras, professor-emérito da Unicamp e cidadão-honorário de Campinas, onde recebeu a medalha Carlos Gomes de contribuição à cultura.

Pois é...isto tudo é Rubem Alves. Quem o lê muito, sabe bem que nem parece...
Por vezes quando o estou lendo, sinto vontade de levantar e aplaudi-lo de pé, mesmo que ele não esteja me vendo...
A humildade, simplicidade e sabedoria sem fim passou por aqui...e nós tivemos a honra de viver ou conviver com ele, aqui, na mesma época...
Aproveitemos e leiamos mais e muito Rubem Alves...e que apreendamos as suas valiosas lições...

Esta é uma das suas obras mais recentes.  Aqui ele vai passear por diferentes mundos (eu diria 'roças',  ao observar como ele consegue com tanta simplicidade falar dessas pessoas...só ele mesmo): Descartes, Nietzsche, Marx, Agostinho de Hypona, Kierkegaard, Kant (autores difíceis de ler, só para quem gosta muito de Filosofia profunda...teve uma época em que eu os devorava, numa busca incrível, procurando desvendar  a existência humana...), assim como Goethe, Mário Quintana, Fernando Pessoa, R. Barthes, Manoel de Barros, Octavio Paz, entre outros, passando também pela música e pelos grandes pintores, mas como só R. Alves  enxerga, fala, escreve...como se falasse de flores, jardinagem, cozinha...maravilhoso...!



Você quer mais Rubem Alves? saber de toda a sua bibliografia? entre aqui ó, na Casa de Rubem Alves!

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Carlos Drummond de Andrade

Os ombros suportam o mundo
Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.

Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.

Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

Carlos Drummond de Andrade


Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira, Minas Gerais em 1902. Após estudos em sua terra natal e Belo Horizonte, foi interno no Colégio Anchieta, em Friburgo, em 1918. No ano seguinte, foi expulso devido a um incidente com o professor de português. Em Itabira, apesar de formado em farmácia, vivia das aulas de português e geografia. Tornou-se funcionário público em 1929, e, em 1934, o cargo no Ministério da Educação transferiu-o para o Rio de Janeiro. Em 1945, foi co-editor do jornal comunista Tribuna Popular a convite de Luís Carlos Prestes. A partir da década de 50, dedicou-se apenas à literatura, escrevendo novos livros de poesias e contos. Além de intensificar a produção de crônicas, fez também traduções. Carlos Drummond morreu no Rio de Janeiro em 1987.

Quer saber mais sobre Drummond? Entre aqui
Image 1 by Rico Cavallo
Image 2 by Google

quarta-feira, 8 de junho de 2011

ROMEU E JULIETA / RUTH ROCHA

Uma linda história, onde duas borboletas, Romeu e Julieta, vão mostrar que mesmo possuindo cores diferentes, uma é azul e a outra é amarela, elas podem construir fortes laços de amor e amizade.

Um livro de Ruth Rocha, recomendado para crianças a partir de 4 anos.



Chame as crianças e assista aqui a  linda historinha:


Audiobook - Palavra cantada - Mil Pássaros - 7 histórias de Ruth Rocha - Sandra Pires e Paulo Tatit
Mil pássaros é um CD musicado que  traz 7 histórias de Ruth Rocha, super gostoso de se ouvir, embaladas por músicos da MPB.

FAIXAS
1. A Primavera Da Lagarta
2. A Borboleta E A Lagarta
3. A Arca De Noé
4. Noé
5. Nosso Amigo Ventinho
6. Do Vento
7. Bom Dia Todas As Cores
8. Camaleão
9. Romeu E Julieta(Ruth Rocha)
10. Romeu E Julieta(Paulo Tatit/ Zé Tatit)
11. Mil Pássaros Pelos Céus
12. Mil Pássaros
13. Lá Vem O Ano Novo
14. Relógio


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